Dissertations and Theses
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2022-03
O município do Rio de Janeiro no tráfico interno de pessoas escravizadas no Império do Brasil (1850-1888)
TítuloO município do Rio de Janeiro no tráfico interno de pessoas escravizadas no Império do Brasil (1850-1888)
Autor
Larissa Bagano DouradoOrientador(a)
Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de CastroData de Defesa
2022-03-09Nivel
DoutoradoPáginas
190Volumes
1Banca de DefesaHebe Maria da Costa Mattos Gomes de CastroLarissa Moreira VianaMaria da Vitória Barbosa LimaSolange Pereira da RochaThiago Campos Pessoa Lourenço
ResumoO fim efetivo do tráfico atlântico de escravizados(as) provocou uma mudança nas
dinâmicas internas de compra e venda de pessoas, crescia o tráfico interprovincial e
intraprovincial de cativos(as), sobretudo em direção à região cafeicultura das províncias
do Rio de Janeiro e São Paulo. Nesse cenário, a cidade do Rio de Janeiro, Corte do
Império do Brasil, que até então foi o principal porto onde os navios negreiros
desembarcavam, se tornou mais uma vez um entreposto comercial fundamental, no qual
as rotas dos comerciantes do grosso trato se cruzavam. Diante dessa circunstância, o
objetivo dessa tese é compreender as muitas formas de sobreviver e se deslocar da
população escravizada comercializada na Corte. A partir da perspectiva da história social
inglesa, em particular dos conceitos de E. P. Thompson (2011), foram consultados os
registros de compra e venda de escravizados(as) do Rio de Janeiro; relatórios dos
presidentes da província do Rio de Janeiro; relatórios do chefe de polícia da Corte, que
compõem as mensagens dos ministros da Justiça do Império; anúncios de fuga
consultados no jornal Diário do Rio de Janeiro; censo de 1872 entre outros materiais. O
argumento dessa tese é que, devido à centralidade do município do Rio de Janeiro no
tráfico interno de escravizados(as) e à alta circulação de pessoas nas suas ruas,
desenhavam-se possibilidades para que os cativos e as cativas que estavam sendo
comercializados agenciassem os seus destinos.
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2022-02
A cor da cidade: raça, controle social e reformas no Rio de Janeiro (1890-1906)
TítuloA cor da cidade: raça, controle social e reformas no Rio de Janeiro (1890-1906)
Autor
Thiago Campos da SilvaOrientador(a)
Laura Antunes MacielData de Defesa
2022-02-18Nivel
MestradoPáginas
207Volumes
1Banca de DefesaHeloisa de Faria CruzKaroline CarulaLaura Antunes Maciel
ResumoO objetivo desta dissertação é averiguar as transformações urbanas no Centro do Rio de
Janeiro durante os anos 1890-1906, problematizando se conteúdos raciais e culturais
orientaram essas intervenções e como elas impactaram a vida dos moradores pobres na
região central da cidade. Mapeando as ruas e endereços mais atingidos pela ação da
polícia para conter as práticas culturais associadas à população afro-brasileira e, também,
para reprimir a "vagabundagem", busco avaliar os seus possíveis nexos com as
intervenções nomeadas de "reformas urbanas". A partir desses caminhos, indago se em
alguma medida a cor dos moradores e as práticas culturais associadas à "raça" dos sujeitos
orientaram as obras de transformação do espaço urbano, isto é, se as reformas
implementadas se articularam à repressão às práticas culturais, aos costumes e
sociabilidades afro-brasileiras. Proponho avaliar se estes espaços foram, também, os
lugares mais associados pela imprensa e pelas autoridades policiais à existência de uma
"cidade negra" no Rio de Janeiro. Diante desse problema histórico, trabalho com a cultura
como dimensão na qual as questões raciais são travadas.
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2022-02
CINEMA & HIP HOP NOS ANOS 1990: O INVASOR NAS DISPUTAS DE REPRESENTAÇÃO ENTRE CENTRO, PERIFERIA, CRIME E VIOLÊNCIA
TítuloCINEMA & HIP HOP NOS ANOS 1990: O INVASOR NAS DISPUTAS DE REPRESENTAÇÃO ENTRE CENTRO, PERIFERIA, CRIME E VIOLÊNCIA
Autor
Guilherme Muniz SafadiOrientador(a)
Juniele Rabêlo de AlmeidaData de Defesa
2022-02-08Nivel
DoutoradoPáginas
317Volumes
1Banca de DefesaAna Maria Mauad de Sousa Andrade EssusJuniele Rabêlo de AlmeidaMarcos Francisco Napolitano de EugenioMônica Almeida KornisRafael Lopes de Sousa
ResumoEsta tese toma como eixo o filme O invasor (2001), de Beto Brant, para investigar formas e
disputas de representação sobre grupos sociais em relação à criminalidade e à violência
urbana no Brasil dos anos 1990. Pensando as relações entre filme e história sociocultural e
atentando aos debates públicos no tempo presente, busca-se abordar os processos de
significação da obra e os contatos que estabelece com imagens e discursos disponíveis em seu
contexto. Ao investigar formas cinematográficas, materiais de composição, a narrativa e suas
articulações com os conflitos simbólicos presentes, dois fios são fundamentais para leitura
histórica do filme: a operacionalidade de "centro" e "periferia" e a abrangência do crime e da
violência em representações da sociedade brasileira. O protagonismo assumido no filme pelo
quadro de referências em torno de "centro-periferia", envolvendo desde as figurações à
focalização narrativa, informa a maneira de construir a representação da sociedade e da
violência. Indaga-se ainda em que medida essas referências contribuem para as singularidades
e deslocamentos na construção audiovisual de hierarquias sociais do crime, em relação a
filmes do passado e do seu tempo. Tais categorias vinham adquirindo um destaque particular
em São Paulo, passando da academia à imprensa, até serem apropriadas, durante os anos
1990, por novos agentes que se identificavam como periféricos, com destaque para um
insurgente movimento hip hop, a partir de elaborações que construíram novas matrizes de
abordagem das dinâmicas sociais da violência e do crime. Para além das expressões do rap na
trilha sonora e do envolvimento do rapper Sabotage com o projeto, o hip hop é considerado
em sua relação dialógica com o cinema, para se problematizar os conflitos simbólicos entre
"centro" e "periferia" na abordagem da violência. Investiga-se em que medida as elaborações
do hip hop constituem uma matriz para a construção das formas de tensão social e
interpelação do "centro" construídas pelo filme, num processo dialógico, em que diferentes
vozes sociais são combinadas na construção narrativa. Sem que se esgote em O invasor, a
película aponta para um ponto de inflexão importante num momento em que alguns filmes
brasileiros buscaram formas particulares de diálogo com o hip hop, o que leva a avaliar a
força dessa relação para deslocamentos de imagens e sentidos das relações entre centro,
periferia, crime e violência na história recente do Brasil.
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2022-01
VEJA E O GOLPE DE 2016: HEGEMONIA, IDEOLOGIA E PROJETO NEOLIBERAL.
TítuloVEJA E O GOLPE DE 2016: HEGEMONIA, IDEOLOGIA E PROJETO NEOLIBERAL.
Autor
Alessandro Guerra MendonçaOrientador(a)
Marcus Ajuruam de Oliveira DezemoneData de Defesa
2022-01-31Nivel
MestradoPáginas
218Volumes
1Banca de DefesaMarcus Ajuruam de Oliveira DezemoneRenata Torres SchittinoVivian Luiz Fonseca
ResumoA deposição de Dilma Rousseff ocorrida em agosto de 2016 trata-se de um dos processos
políticos mais relevantes das últimas décadas no Brasil. As interpretações sobre este tema
indicam a participação decisiva de parlamentares, membros do Poder Judiciário,
entidades de classe empresariais, movimentos sociais e grandes veículos de imprensa. O
objetivo deste trabalho é compreender a atuação de um periódico de circulação nacional,
a revista VEJA, neste processo. Trata-se de compreender o posicionamento do semanário
e, principalmente, suas razões a partir da análise de suas relações sociais, suas ideias e
propostas políticas, assim como as interpretações sobre o domínio político, econômico e
a deposição de Rousseff presentes em suas páginas. A investigação sobre o papel de
VEJA se faz dentro da referência da tradição marxista, sobretudo amparada pelas obras
de Marx e Gramsci, compreendendo o processo histórico e seus sujeitos à luz da estrutura
social capitalista, da luta de classes, da disputa por hegemonia na sociedade civil, e da
produção e reprodução de ideologia. A conclusão é de que a revista legitima e justifica a
derrubada de Rousseff. Legitima por meio da ênfase na legalidade do processo, como a
previsão constitucional do impeachment e o suposto crime de responsabilidade da
presidenta, negando assim a existência de um do golpe de Estado. E justificativa com
base no destaque aos temas da corrupção e da crise econômica. Nas páginas da revista, o
PT seria o grande responsável pela corrupção no país e o governo Dilma beneficiário
direto. Quanto à questão econômica, o governo confundido com o partido seriam os
responsáveis por jogar o país numa de suas maiores crises econômicas. O trabalho
demonstrou que a razão da atuação de VEJA tem por base a defesa de um projeto
neoliberal de sociedade que antecede e sustenta sua interpretação e crítica à gestão de
Dilma Rousseff. Isso seria explicado numa lógica de representação de classes sociais, em
articulação da alta burguesia financeira, da industrial e de uma burguesia financista e
intelectual, com a finalidade colaborar com a mudança de direção e orientação política
do Estado em favor de uma agenda econômica neoliberal.
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2022-01
"Isto não é retrogradação, é adiamento da perfeição": o liberalismo conservador regressista (1835-1841).
Título"Isto não é retrogradação, é adiamento da perfeição": o liberalismo conservador regressista (1835-1841).
Autor
Luaia da Silva RodriguesOrientador(a)
Gladys Sabina RibeiroData de Defesa
2022-01-31Nivel
DoutoradoPáginas
448Volumes
1Banca de DefesaAndrea SlemianCamila Borges da SilvaGladys Sabina RibeiroLúcia Maria Paschoal GuimarãesMarcello Otávio Neri de Campos Basile
ResumoTendo como fio condutor os debates parlamentares oitocentistas, a tese investiga o
surgimento, o desenvolvimento e a legitimação do movimento regressista, bem como a
sua importância para a consolidação das instituições políticas brasileiras. Inspirado em
um liberalismo conservador – que também encontrava ecos em outros partidos –, o
Regresso surgiu no seio da Câmara dos Deputados, no final de 1835, e se fortaleceu, entre
1836 e 1837, ao fazer oposição aos ideais descentralizadores defendidos pela
administração de Feijó. A partir de um projeto que pregava a centralização, a ordem e um
governo parlamentar, os regressistas forjaram alianças que lhes garantiram a maioria na
Câmara e, mediante estratégias parlamentares diversas, impediram a aprovação dos
principais projetos governamentais de Feijó. Nesse cenário, em setembro de 1837, o padre
regente acabou renunciando, Araújo Lima assumiu interinamente e os regressistas foram
nomeados para o ministério. A partir de então, lutaram para efetivar as suas pautas
centralizadoras e ordenatórias, e, graças à sua política transacionista, conquistaram o
apoio da maioria parlamentar e conseguiram a força necessária para aprovar os seus
projetos, a exemplo da revisão do Ato Adicional e do Código de Processo Criminal,
sancionados, respectivamente, em 1840 e 1841, além do desenvolvimento de uma política
escravista que ia ao encontro dos interesses senhoriais.
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2022-01
Memória em movimento: repertórios de ação e experiências do tempo no movimento estudantil do "fora Collor" às "jornadas de junho" (1992-2013)
TítuloMemória em movimento: repertórios de ação e experiências do tempo no movimento estudantil do "fora Collor" às "jornadas de junho" (1992-2013)
Autor
Maria Julia Dias RodriguesOrientador(a)
Angelica MüllerData de Defesa
2022-01-25Nivel
MestradoPáginas
157Volumes
1Banca de DefesaAmérico Oscar Guichard FreireAngelica MüllerFrancine Iegelski
ResumoO presente trabalho tem como proposta analisar os repertórios de ações coletivas, as
tensões e disputas do movimento estudantil de esquerda brasileiro dos anos 1990, com
destaque para o ano de 1992, e as manifestações dos ‘caras pintadas’, até 2013. Dois tipos
de repertórios importantes serão foco da análise: o primeiro, sobre as políticas de
memória, em especial, as disputas em torno da construção de uma história oficial da UNE
e a tentativa de cristalizar a memória da luta das entidades estudantis. E o segundo ponto,
sobre as rupturas trazidas pelos "novos movimentos sociais" dos anos 1970 e 1980,
identificando, sobretudo, a inclusão e o desenvolvimento das bandeiras dos movimentos
feministas, de negritude e LGBT nas pautas estudantis no recorte temporal proposto. O
estudo objetiva corroborar os debates em torno das disputas ideológicas e da
desarticulação das esquerdas nas jornadas de junho, e perpassa também analisar a relação
do movimento estudantil com passado, presente e futuro, procurando identificar 2013
como um ano-chave para pensar a história do tempo presente brasileiro.
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2022-01
"Quereis ou não quereis a liberdade?: Perspectivas republicanas sobre escravidão e abolicionismo no Brasil, 1866-1871
Título"Quereis ou não quereis a liberdade?: Perspectivas republicanas sobre escravidão e abolicionismo no Brasil, 1866-1871
Autor
Fabiano DauweOrientador(a)
Humberto Fernandes MachadoData de Defesa
2022-01-12Nivel
DoutoradoPáginas
408Volumes
1Banca de DefesaHumberto Fernandes MachadoKaroline CarulaLucia Maria Bastos Pereira Das NevesTâmis Peixoto ParronTânia Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira
Resumo"Quereis ou não quereis a liberdade?": Perspectivas republicanas sobre escravidão
e abolicionismo no Brasil, 1866-1871.
No início da década de 1870, duas questões políticas movimentaram a opinião pública
brasileira. O Manifesto Republicano, surgido no Rio de Janeiro em 3 de dezembro de
1870, marcou o início da atuação política do republicanismo no Brasil. Seis meses
depois, o Parlamento brasileiro iniciou as discussões do projeto que viria a se tornar a
Lei do Ventre Livre, que preconizava o fim da escravidão em um médio prazo.
Recorrendo a panfletos políticos, artigos de jornal e à literatura especializada da época,
esta Tese analisa a participação de alguns signatários do Manifesto Republicano no
debate público sobre a escravidão no período entre a publicação do Manifesto e a
aprovação da Lei do Ventre Livre (28 de setembro de 1871). O objetivo é perceber o
que poderia haver de distinto na perspectiva dos republicanos sobre a escravidão em
relação ao que os partidos tradicionais ofereciam, considerando-se seu desejo de ruptura
com a monarquia e sua origem social e profissional específica, e de que forma eles
aproveitaram a ocasião para anunciar as vantagens do sistema que propunham. Em
especial, a pesquisa observa os debates nos círculos técnico-científicos, na imprensa e
em associações de classe, tomando-se por referência, respectivamente, as obras do
engenheiro Antônio da Silva Netto, dos jornalistas Quintino Bocaiuva, Miguel Vieira
Ferreira, José Carlos Rodrigues e especialmente Luís Barbosa da Silva (sob o
pseudônimo Theodoro Parker), e do ex-deputado Cristiano Benedito Ottoni. A grande
disparidade de perspectivas sobre o assunto e de propostas apresentadas não permite
considerar esses indivíduos como um grupo coeso, tendo sido frequentes as
discordâncias entre os próprios republicanos. A pesquisa procurou demonstrar que as
perspectivas podem ser divididas, fundamentalmente, em duas correntes. Os
republicanos que observavam a questão de forma mais teórica propunham uma abolição
mais rápida e com menos contrapartidas aos proprietários, e em muitos casos prevendo
medidas de apoio aos libertos. Os mais pragmáticos adotavam posições mais próximas
do pensamento senhorial, rejeitavam a libertação sem indenização e se opunham
fortemente ao projeto de lei oficial. Ainda assim, todos esses republicanos se
consideravam abolicionistas, mesmo os que defendiam ideias que poderiam ser — e
eram — consideradas pró-escravidão.
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2022-01
TERRITÓRIO NACIONAL EM MOVIMENTO: A trajetória de Henrique Beaurepaire Rohan (1844-1884)
TítuloTERRITÓRIO NACIONAL EM MOVIMENTO: A trajetória de Henrique Beaurepaire Rohan (1844-1884)
Autor
Eveline Almeida de SousaOrientador(a)
Marcus Ajuruam de Oliveira DezemoneData de Defesa
2022-01-10Nivel
DoutoradoPáginas
238Volumes
1Banca de DefesaFrancivaldo Alves NunesMárcia Maria Menendes MottaMarcus Ajuruam de Oliveira DezemoneMarina Monteiro MachadoMauro Cezar Coelho
ResumoNeste trabalho, analiso as percepções sobre o território nacional na perspectiva do
engenheiro militar Henrique Pedro Carlos de Beaurepaire Rohan, entre 1844 e 1884. Ao
investigar sua trajetória, é possível observar que a maioria das atividades que exerceu estavam
de alguma maneira associadas a formas de esquadrinhar, registrar e controlar o território
nacional e suas populações, revelando vínculos entre experiências e sua profícua e extensa
produção. Em sua viagem ao Paraguai (1846), na construção da Carta Geral do Império de
1875, e da Carta do Brasil de 1883, e durante seu engajamento nas discussões sobre a reforma
agrícola no Brasil do Oitocentos (1878-1884), identifiquei propostas para mapear o território e
estabelecer um modelo de registro das informações sobre o Império, bem como apontar os
meios para o melhoramento econômico e material do país. Nesse sentido, a corografia e a
cartografia (principalmente das Cartas de 1875 e de 1883) cumpriam um papel determinante
nas formulações de Henrique Beaurepaire Rohan, como meios de apropriação do território
nacional do Império, em um processo de "expansão para dentro". Em sintonia com os objetivos
do Estado e com certa leitura dos engenheiros militares sobre o espaço físico nacional, ao
produzir reflexões sobre o território, Rohan também construía um lugar para si nos espaços de
sociabilidade e de poder no Segundo Reinado.
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2022-01
A PROPAGANDA EM CORES E A CENSURA EM PRETO E BRANCO: a construção da opinião pública na Ditadura Militar
TítuloA PROPAGANDA EM CORES E A CENSURA EM PRETO E BRANCO: a construção da opinião pública na Ditadura Militar
Autor
Raphael Oliveira da SilvaOrientador(a)
Marcus Ajuruam de Oliveira DezemoneData de Defesa
2022-01-10Nivel
DoutoradoPáginas
220Volumes
1Banca de DefesaAngelica MüllerDenise Rollemberg CruzMarcus Ajuruam de Oliveira DezemoneRicardo Antonio Souza MendesWagner Pinheiro Pereira
ResumoEste trabalho busca revisitar a propaganda e a censura na Ditadura Militar (1964-1985) por
meio da análise das instituições e de atores ligados ao regime, e do uso feito da noção de
opinião pública. Por meio do diálogo com a historiografia recente, do manuseio de
documentação inédita e de entrevistas com ex-integrantes da Assessoria de Relações Públicas
(AERP), a tese também procura analisar como os responsáveis pela propaganda e pela
censura percebiam o retorno sobre o seu trabalho, utilizando pesquisas de opinião pública, na
sua relação com a criação de adesões, acomodações e resistências, para além da dicotomia
opressor/oprimido, que marca parte da produção acadêmica sobre o período. A partir disso, é
desenvolvido um estudo de caso sobre como tais aspectos – censura, propaganda e opinião
pública – eram tratados na TV Globo, empresa privada de mídia, cujo proprietário e a
diretoria aderiram ao regime, representando e contribuindo para o projeto de integração
nacional apregoado pelo governo. Assim, o trabalho é um esforço para pensar as relações
entre instituições e os indivíduos que as integravam, ao perceber como as suas ações
contribuíram para produzir um discurso ufanista sobre o Brasil. Trata-se, ainda, de apontar
elementos que contribuíram para a construção de uma narrativa que – embora planejada, mas
sem centralização – desenvolveu um conjunto de percepções positivas sobre o regime militar
que permaneceram em memórias sobre o período.
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2021-12
"AFINAL, EU SOU OU NÃO SOU O REI DO CANDOMBLÉ": ASPECTOS DA TRAJETÓRIA ARTÍSTICA DE JOÃOZINHO DA GOMÉIA (1936-1966)
Título"AFINAL, EU SOU OU NÃO SOU O REI DO CANDOMBLÉ": ASPECTOS DA TRAJETÓRIA ARTÍSTICA DE JOÃOZINHO DA GOMÉIA (1936-1966)
Autor
Andréa Dos Santos NascimentoOrientador(a)
Larissa Moreira VianaData de Defesa
2021-12-14Nivel
MestradoPáginas
255Volumes
1Banca de DefesaAndrea Luciane Rodrigues MendesLarissa Moreira VianaNielson Rosa Bezerra
ResumoEssa dissertação tem como objetivo analisar alguns aspectos da trajetória artística do
pai de santo baiano Joãozinho da Goméia, através da sua atuação nos palcos de
cassinos, teatros, boates, e na rádio, na imprensa, no cinema e no carnaval. A partir
da consulta aomaterial de imprensa produzido entre 1936 e 1966, e com o auxílio de
uma bibliografia especifica consegui mergulhar neste mar profundo que foi o Rei do
Candomblé. Para investigar os seus rastros como artista, tive que considerar as suas
múltiplas faces, e entender que o fio condutor desta busca era o seu envolvimento
com o candomblé. Constatar que artístico e religioso dialogavam e se entrecruzavam
constantemente, foi o ponto de partida desta travessia que buscou tecer os fios
deixados pelo caminho por biógrafos do pai de santo, e, como consequência, gerou
outros tantos fios que pretendem fornecer subsídios para outros tantos trabalhos.
O período analisado está centrado entre 1936 e 1966, que equivale à participação
colaborativa nos preparativos do Segundo Congresso Afro-brasileiro de 1937; e a
participação de Joãozinho como "destaque de luxo" e condutor do desfile "Glórias e
Graças da Bahia" da Escola de Samba Império Serrano. Esta pesquisa descobriu
Joãozinho da Goméia nos entornos, através da construção de redes de sociabilidades
que eram redimensionadas de acordo com os seus interesses, como se estas pessoas
fossem peças em um tabuleiro de xadrez. Revelando a personalidade estrategista do
pai de santo. Esta revolução de cores, brilhos, sons e passos, revelam também
aspectos da luta de um homem negro no período pós-Abolição que rompeu o "véu
da invisibilidade" e construiu um projeto de ascensão social nos campos artístico e
religioso.
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2021-12
TEATRO E COTIDIANO NO PORTUGAL QUINHENTISTA
TítuloTEATRO E COTIDIANO NO PORTUGAL QUINHENTISTA
Autor
Vanessa Gonçalves Bittencourt de SouzaOrientador(a)
Georgina Silva Dos SantosData de Defesa
2021-12-13Nivel
DoutoradoPáginas
395Volumes
1Banca de DefesaAna Paula Torres MegianiEdmar Checon de FreitasGeorgina Silva Dos SantosJosé Costa D'assunção BarrosLuciana Mendes Gandelman
ResumoEsta tese analisa de que maneira o cotidiano da sociedade portuguesa do século XVI foi
representado nas peças teatrais de Afonso Álvares (15??-1580), António Prestes (1530-15??),
António Ribeiro Chiado (1520-1591) e Baltasar Dias (15??-15??). Esses quatro poetas e
dramaturgos são tradicionalmente relacionados como integrantes de uma Escola Vicente ou
como seguidores de Gil Vicente (1465-1537), um dos nomes mais expressivos da história do
teatro em Portugal. Numa conjuntura marcada pela expansão ultramarina, pelas reformas
religiosas, pelo estabelecimento da inquisição e por um processo de reorganização das
estruturas administrativas e jurídicas do reino português, o teatro assume um papel fundamental
na difusão de valores, expectativas e frustrações de diferentes grupos sociais. A partir da
articulação entre os conceitos de representação (modos de ver) e práticas (maneiras de fazer),
uma análise qualitativa foi conduzida para identificar as principais estratégias discursivas
aplicadas nas peças teatrais. O teatro de Afonso Álvares, António Prestes, António Ribeiro
Chiado e Baltasar Dias estabelece modelos ideais de comportamento cristão e satiriza condutas
socialmente indesejáveis, concentrando atenções nas diferentes configurações de relações
conjugais, familiares e domésticas.
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2021-12
MÚSICOS PARA BORDO, MARINHEIROS PARA O BAILE: Ensino, atividade musicais e a constituição de uma especialidade no Corpo de Marinheiros Nacionais (1890-1915).
TítuloMÚSICOS PARA BORDO, MARINHEIROS PARA O BAILE: Ensino, atividade musicais e a constituição de uma especialidade no Corpo de Marinheiros Nacionais (1890-1915).
Autor
Anderson de Rieti Santa Clara Dos SantosOrientador(a)
Larissa Moreira VianaData de Defesa
2021-12-09Nivel
MestradoPáginas
254Volumes
1Banca de DefesaÁlvaro Pereira do NascimentoLarissa Moreira VianaMartha Campos Abreu
ResumoO presente trabalho trata da constituição da especialidade de música dentro do Corpo de
Marinheiros Nacionais por meio do processo de estruturação das companhias de músicos e da
carreira desses marinheiros entre os anos de 1890 e 1915. Ainda antes desse período, as atividades
musicais já eram desenvolvidas nesse corpo com a existência de uma banda de música cujas
atribuições construídas sobre o ofício foram as seguintes: 1) contribuir para o cerimonial marítimo
principalmente quando os navios da Armada realizavam viagens de instrução de guardas-marinha e
representações diplomáticas; 2) ser um meio de recreação do pessoal de bordo; e 3) "civilizar" os
costumes de marinheiros, músicos ou não, e, eventualmente, o publico em geral. Pelo perfil dos
marinheiros músicos, analisado através dos seus assentamentos em Livros de Socorros, pode-severificar que eram majoritariamente pobres e negros, e oriundos das escolas de aprendizes-
marinheiros dos "estados do Norte" à época (Ceará, Paraíba e Pernambuco, por exemplo), ocasiãoem que se iniciavam no aprendizado musical. Assim, desde a preparação nas escolas, até o
aprimoramento no Corpo de Marinheiros Nacionais, e nas práticas musicais dentro e fora do seu
respectivo quartel, deviam ser "moralizados e civilizados" também através da música, ajudando a
"moralizar e civilizar" os demais. Tal ideia era disseminada por músicos e compositores de renome,
que organizavam a atividade no Brasil desde meados do século XIX. A constituição da
especialidade de música se deu pelas experiências dessas marinheiros músicos quando, no ingresso,
no serviço e na ascensão nas classes hierárquicas e referentes à própria especialidade, tiveram que
lidar com desafios postos pela própria força armada. Exemplo disso era a falta de reconhecimento
do ofício de músico, sem as concessões de gratificações conferidas às demais especialidades,
promoções com critérios que se amparavam nas relações de poder, com base no comportamento dos
marinheiros ao lado da habilidade musical, além da extenuante carga de serviço entre as lides
propriamente marinheiros nos navios, as práticas musicais nessas belonaves em extensas comissões
ao exterior, e nas tocatas nas praças, ruas, clubes e teatros. Assim, busco analisar o processo de
constituição da especialidade de música no contexto da consolidação das demais especialidades, das
mudanças vivenciadas pelos marinheiros no exercício da profissão naval e as transformações no
mercado de divertimento de massas, no bojo das transformações sociais havidas dentro do recorte
temporal em lide no Brasil.
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2021-12
Imprensa e trabalhadores no Rio de Janeiro: Greves, luta sindical e política (1950-1954)
TítuloImprensa e trabalhadores no Rio de Janeiro: Greves, luta sindical e política (1950-1954)
Autor
Artur Silva LinsOrientador(a)
Laura Antunes MacielData de Defesa
2021-12-02Nivel
MestradoPáginas
264Volumes
1Banca de DefesaHeloisa de Faria CruzLaura Antunes MacielPaulo Cruz Terra
ResumoA presente dissertação aborda problemas e questões que articulam perspectivas
historiográficas tanto da História Social da Imprensa com a História Social do Trabalho,
sobretudo através do estudo das implicações da intervenção do noticiário e dos editoriais da
imprensa empresarial carioca sobre os comportamentos dos trabalhadores e de suas direções
sindicais e político-partidárias durante a realização de greves massivas na cidade do Rio de
Janeiro entre os anos 1951 e 1954. No entanto, como o fenômeno da greve se articula com uma
variedade de instâncias, neste trabalho o foco analítico sobre a intervenção da imprensa se
restringe, por um lado, às relações conflituosas dessas greves com o Estado, especialmente comos Tribunais Superiores do Trabalho e, de modo geral, com a lei antigreve expressa no decreto-
lei 9.070, e por outro, às relações de relativa confiança que os trabalhadores estabeleceram como meio político-partidário, sobretudo com as alas trabalhistas do governo de Getúlio Vargas na
mediação dos conflitos com os patrões e nas direções sindicais vinculadas ao Partido
Trabalhista Brasileiro e ao Partido Comunista, as maiores correntes políticas de representação
dos trabalhadores na conjuntura. Nesse sentido, e a partir do norte teórico-metodológico
assentado na ideia da imprensa enquanto uma força social ativa com interesses e subjetividades
próprios e compartilhados com outros grupos sociais – e, portanto, longe de se constituir num
depositório de registros de caráter passivo e meramente informativo dos fatos sociais, políticos,
econômicos e culturais – pretende-se demonstrar nesta dissertação como os jornais empresariais
lutaram para intervir ativamente na realidade das greves. Seja para redefinir os rumos das
greves, seja para reverter a percepção sobre elas na opinião pública e o próprio ponto de vista
dos trabalhadores e de suas direções, provocando o desgaste ou o desprestígio da autoridade
das instituições vinculadas à restrição do livre exercício do direito de greve e a relativa
confiança dos grevistas nas alas trabalhistas do governo e nas lideranças sindicais vinculadas
ou aliadas do trabalhismo e do comunismo. Portanto, os resultados desta pesquisa procuram
debater com a historiografia, sobretudo a do Trabalho, como a imprensa, por um lado, precisa
ser mais evidenciada como importante força social a intervir nas lutas sociais e nos processos
de disputa pela direção política dos trabalhadores e, por outro, pensar nas limitações históricas
de sua ação sobre os movimentos sociais, apesar do peso de sua intervenção não ter sido nada
desprezível.
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2021-11
Estar juntos. Instituições afro-americanas no Oitocentos. Formas de associativismo negro em Buenos Aires e Rio de Janeiro
TítuloEstar juntos. Instituições afro-americanas no Oitocentos. Formas de associativismo negro em Buenos Aires e Rio de Janeiro
Autor
Caroline Dos Santos GuedesOrientador(a)
Maria Verónica Secreto FerrerasData de Defesa
2021-11-30Nivel
DoutoradoPáginas
229Volumes
1Banca de DefesaGladys Viviana GeladoHevelly Ferreira AcrucheJonis FreireMaria Verónica Secreto FerrerasMariana de Aguiar Ferreira Muaze
ResumoO objetivo dessa pesquisa é analisar os condicionantes do processo de
secularização das irmandades que agrupavam os negros nas Américas - Rio de Janeiro e
Buenos Aires, no meio urbano no século XIX. Por outro lado, também é importante
demonstrar como essas novas instituições independentes da igreja católica se
organizavam ao reunir os negros com os mesmos objetivos da primeira: ajuda mútua,
formação de comunidades e reafirmação e\ou construção de identidades. Essa pesquisa
foi realizada através da metodologia de histórias conectadas, considerando as diversas
similaridades dos processos nas duas realidades, assim como as instituições em questão
trabalhadas.
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2021-11
MARINHA EM TRANSIÇÃO: A CONSTRUÇÃO DO PODER NAVAL NO IMPÉRIO DO BRASIL (1837-1864)
TítuloMARINHA EM TRANSIÇÃO: A CONSTRUÇÃO DO PODER NAVAL NO IMPÉRIO DO BRASIL (1837-1864)
Autor
Luana de Amorim DoninOrientador(a)
Carlos Gabriel GuimarãesData de Defesa
2021-11-26Nivel
DoutoradoPáginas
215Volumes
1Banca de DefesaAdriana Barreto de SouzaCarlos Gabriel GuimarãesHumberto Fernandes MachadoJosé Iran RibeiroJosé Miguel Arias Neto
ResumoEsta tese tem como objetivo investigar o contexto das transformações que cercaram a
Marinha Imperial, como uma instituição militar do Estado Imperial, entre os anos 1837 e
1864, tendo como hipótese a importância da força militar naval para a consolidação do
Estado Imperial e do projeto político conservador instaurado no Segundo Reinado. A
partir de um determinado compilado de assuntos colhidos, sobretudo, dos relatórios
anuais dos Ministros da Marinha, delineou-se um panorama constante de esforços do
Estado Imperial e seu arcabouço governamental em prol da construção de um Poder Naval
brasileiro, condizente com os anseios da classe dirigente, viabilizando a consolidação do
projeto político imperial que se estabeleceu, principalmente com a estabilidade política
alcançada a partir do Segundo Reinado. Essa Marinha em transição encontrada se realiza
em um momento, onde a própria função militar naval no cenário ocidental estaria em
plena transformação ao longo do Oitocentos; quando a evolução tecnológica pressionava
não só o material necessário, como a forma de fazer guerra, mas também o conhecimento
técnico exigido por parte da homens do mar. A partir destes eventos sincrônicos de
evolução tecnológica e da necessária consolidação estatal e de seu aparato militar, fez-se
necessária uma organização mais coerente com os novos tempos. Para adequar a Armada
Nacional e Imperial às inovações apresentadas pela máquina a vapor e ao próprio
arcabouço administrativo estatal, o poder ministerial, em conjunto com parte da
oficialidade naval, enredou-se em uma série de relatórios e decretos que colaboraram para
mudanças nas áreas do material, do pessoal e do quadro administrativo das forças de mar;
início de uma Marinha em construção.
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2021-11
"PRETO E AMARELO": A CRISE DA ESCRAVIDÃO NEGRA NO BRASIL NA RECONFIGURAÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO MUNDIAL ATRAVÉS DA FORÇA DE TRABALHO CHINESA 1870-1889
Título"PRETO E AMARELO": A CRISE DA ESCRAVIDÃO NEGRA NO BRASIL NA RECONFIGURAÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO MUNDIAL ATRAVÉS DA FORÇA DE TRABALHO CHINESA 1870-1889
Autor
Otto Reuter LimaOrientador(a)
Tâmis Peixoto ParronData de Defesa
2021-11-04Nivel
MestradoPáginas
150Volumes
1Banca de DefesaEvandro Menezes de CarvalhoKaroline CarulaTâmis Peixoto Parron
ResumoA presente pesquisa busca inserir novas perspectivas nas discussões em andamento sobre
a crise da escravidão negra no Brasil no final do século XIX. A crise do cativeiro será
analisada juntamente com as discussões sobre a expansão das fronteiras agrícolas de
commodities nas regiões cafeeiras do Império Centro-Sul. Em uma visão comparativa,
discutiremos a gênese da discussão da política imigrantista no Brasil e o surgimento da
ideia da migração asiática chinesa. A gênese das discussões sobre a política imigrantista
é, portanto, profundamente relacionada ao fim da escravidão negra e a percepção difusa
de uma suposta falta de mão de obra entre proprietários de negros escravizados. Essa
política de imigrantes será comparada com políticas similares em outros territórios
políticos da segunda metade do século XIX, como Cuba, igualmente vinculadas à força
de trabalho geral do mercado mundial e aos chineses em particular.
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2021-10
Stalinismo, revolução política e contrarrevolução: o movimento trotskista internacional e a teoria do Estado operário burocratizado aplicada ao bloco soviético (1953-91)
TítuloStalinismo, revolução política e contrarrevolução: o movimento trotskista internacional e a teoria do Estado operário burocratizado aplicada ao bloco soviético (1953-91)
Autor
Marcio Antonio Lauria de Moraes MonteiroOrientador(a)
Marcelo Badaró MattosData de Defesa
2021-10-29Nivel
DoutoradoPáginas
808Volumes
2Banca de DefesaDaniel Fernando GaidoFelipe Abranches DemierMarcelo Badaró MattosMurilo Leal Pereira NetoTatiana Silva Poggi de FigueiredoValerio Arcary
ResumoEsta tese analisa o arcabouço teórico-programático desenvolvido por Leon Trotski e pela
Quarta Internacional acerca do que se tornara a URSS nos anos 1920-30, o qual
nomeamos de teoria do Estado operário burocratizado, bem como a posterior apropriação
desta teoria por diversos grupos trotskistas surgidos do processo de fragmentação da
Quarta Internacional no pós-Segunda Guerra. Tal análise se dá por duas vias combinadas.
Primeiro, no sentido de investigar a validade histórica de tal teoria em sua forma original,
a partir da análise de uma série de eventos-chave ocorridos na URSS e em alguns de seus
países-satélites do chamado bloco soviético, entre 1953 e 1991. Estes eventos envolveram
tentativas de reformas econômicas e políticas feitas desde cima pelos próprios regimes
destes países, revoltas de massas em prol de mudanças mais significativas e os processos
de restauração do capitalismo. Segundo, no sentido de investigar a validade de diferentes
apropriações da teoria original feitas por alguns dos principais grupos trotskistas surgidos
no pós-guerra, a partir de suas reações a tais eventos. Com isso, acreditamos contribuir
tanto para a melhor compreensão das formações sociais do bloco soviético, quanto,
principalmente, para a elaboração de uma história do movimento trotskista internacional.
Nossas conclusões principais são que a teoria do Estado operário burocratizado em sua
formulação original se mostrou, no essencial, um instrumento de análise e orientação
política adequado para compreender os eventos-chave do bloco soviético aqui abordados,
e que alguns grupos trotskistas do pós-guerra, ainda que minoritários entre os trotskistas
da época, realizaram uma apropriação adequada desta teoria diante de tais eventos, ao
passo que os grupos mais conhecidos e influentes do período em foco desenvolveram
apropriações inadequadas, principalmente no aspecto da elaboração de respostas políticas
que fossem condizentes com o arcabouço teórico-programático original do trotskismo.
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2021-10
Velho Novo Mundo: Antigo Regime tardio e o liberalismo conservador da justiça luso-brasileira (1755-1842)
TítuloVelho Novo Mundo: Antigo Regime tardio e o liberalismo conservador da justiça luso-brasileira (1755-1842)
Autor
Thiago Nicodemos Enes Dos SantosOrientador(a)
Carlos Gabriel GuimarãesData de Defesa
2021-10-22Nivel
DoutoradoPáginas
602Volumes
1Banca de DefesaAndrea SlemianCarlos Gabriel GuimarãesClaudia Maria Das Graças ChavesJosé Manuel Louzada Lopes SubtilMaria Fernanda Baptista Bicalho
ResumoO terremoto que se abateu sobre Lisboa em novembro de 1755, além de uma
tragédia sem precedentes na Europa, representou um importante ponto de virada para a
administração da cidade e, posteriormente, para o próprio império português.
Subitamente, os ofícios da Câmara Municipal que deveriam arcar com as principais
medidas viram-se inertes ante a tragédia, e o socorro emergencial foi assumido por um
governo inorgânico formado pelos altos escalões da coroa. A partir de então os
representantes camarários passaram a sofrer constantes ingerências do poder central e,
paulatinamente, foram sendo desacreditados por uma espécie de ciência de administração
e de governo que interveio tanto na reconstrução da capital portuguesa quanto na
economia do reino, alicerçada pelas transformações promovidas pelo Pombalismo e pela
circulação dos ideais liberais. Instituições como a Intendência-Geral da Polícia passaram
a ser arvorar sobre os pequenos ofícios do poder local, tanto em Lisboa quanto no Rio de
Janeiro elevado à corte real, até que, em meados do século XIX foram finalmente
substituídos por novos organismos, pretensamente mais sintonizados com a modernidade.
Foi o caso dos juízes de paz, tidos como os principais agentes do liberalismo. No afã de
separação entre justiça e administração, a nova judicatura acabou herdando atribuições
de outros magistrados como os almotacés, os vintenários e os juízes ordinários e de fora.
Entretanto, nas Câmaras ultramarinas as reformas implementadas contrastaram dos ideais
liberais clássicos, e uma análise mais detida sobre a cidade de Mariana, na importante
região do ouro das Minas Gerais, foi capaz de revelar que a justiça se manteve bastante
conservadora e apegada ao seu passado de Antigo Regime, preservando patrimonialismos
solidamente assentados nas imbricadas redes de poder local.
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2021-10
Questões étnico-raciais, de gênero e diversidade sexual no meio sindical: uma análise do GTPCEGDS – ANDES-SN
TítuloQuestões étnico-raciais, de gênero e diversidade sexual no meio sindical: uma análise do GTPCEGDS – ANDES-SN
Autor
Thaís Terezinha PazOrientador(a)
Paulo Cruz TerraData de Defesa
2021-10-05Nivel
MestradoPáginas
194Volumes
1Banca de DefesaCaroline de Aráújo LimaKênia Aparecida MirandaPaulo Cruz Terra
ResumoEssa dissertação possui como tema a política de combate às opressões de raça, gênero e sexualidade
do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN). Examinamos,
sobretudo, a contribuição do Grupo de Trabalho Políticas de Classe para Questões Étnico-raciais, de
Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS), inicialmente intitulado de Grupo de Trabalho Etnia,
Gênero e Classe (GTEGC), na condução dessa discussão no sindicato. Nos referenciamos no debate
desenvolvido pelo feminismo marxista, especialmente pela Teoria da Reprodução Social, que
compreende o capitalismo como uma ordem social complexa, em que gênero, sexualidade e raça
constituem relações integradas ao seu processo de reprodução. As principais fontes deste estudo são
os relatórios dos Congressos do sindicato, materiais produzidos pelo ANDES-SN e entrevistas
realizadas com integrantes do sindicato. Identificamos uma mudança significativa na compreensão
do ANDES-SN em relação ao combate às opressões no decorrer da sua história. Nas duas primeiras
décadas do sindicato docente, o tema esteve praticamente ausente das suas deliberações, a despeito
da intensa mobilização dos movimentos negros, de mulheres e LGBTI na sociedade brasileira. A
partir dos anos 2000, o debate se faz presente, e aumenta significativamente com a discussão sobre
as cotas étnico-raciais. Já na última década, observamos a diversificação de temas tratados pelo grupo
de trabalho, a construção de políticas concretas de combate às opressões no interior do sindicato e
também proposições para as universidades e para a sociedade brasileira como um todo.
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2021-09
Entre a cooperação e desconfiança: as relações do Brasil com Angola e Moçambique (1974-1985).
TítuloEntre a cooperação e desconfiança: as relações do Brasil com Angola e Moçambique (1974-1985).
Autor
Drielle da Silva PereiraOrientador(a)
Marcelo Bittencourt Ivair PintoData de Defesa
2021-09-29Nivel
DoutoradoPáginas
230Volumes
1Banca de DefesaAdriano de FreixoBernardo KocherFábio Baqueiro FigueiredoMarcelo Bittencourt Ivair PintoNuno Carlos de Fragoso Vidal
ResumoO presente trabalho tem por objetivo analisar as relações do Brasil com Angola e Moçambique
durante os anos Geisel (1974-1979) e João Figueiredo (1979-1985). Buscamos, ao longo da
pesquisa, compreender a dinâmica da Política Africana Brasileira ao longo do período,
sobretudo, com países que assumem uma natureza política radicalmente distinta do regime
militar em vigor no Brasil à época, dessa forma, procuramos entender os interesses, ações e
resultados da estratégia mobilizada pela diplomacia brasileira ao longo do período. A pesquisa
se insere no campo dos estudos da História das Relações Internacionais que visa buscar as
motivações das ações dos Estados nas Relações Internacionais, mobilizando fontes primárias
disponíveis no Centro de História e Documentação Diplomática (CHDD-Brasília), no Centro
de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea no Brasil (CPDOC-FGV) e, por fim,
do Arquivo Nacional. Espera-se que o trabalho colabore nos estudos sobre História da Política
Externa Brasileira, com ênfase, às relações Brasil-África.
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2021-09
O laço da escravidão: tráfico nacional de escravos no Império do Brasil, 1850-1888
TítuloO laço da escravidão: tráfico nacional de escravos no Império do Brasil, 1850-1888
Autor
João Victor de Oliveira LeiteOrientador(a)
Tâmis Peixoto ParronData de Defesa
2021-09-29Nivel
MestradoPáginas
177Volumes
1Banca de DefesaJonis FreireTâmis Peixoto ParronWilma Peres Costa
ResumoEste trabalho analisa as ações do Estado brasileiro frente ao desenvolvimento do tráfico
interno de escravos no Império, entre a passagem da Lei Eusébio de Queirós, em 1850,
que findou definitivamente o tráfico transatlântico de africanos, e a promulgação da Lei
Áurea, em 1888. Meio de redistribuição da força de trabalho cativa no território brasileiro
e objeto de lucratividade para os negociantes nele envolvidos, o mercado doméstico de
escravos se tornou também alvo de interesse dos poderes locais, que se utilizaram dos
mecanismos fiscais para moldar as cadeias mercantis das atividades negreiras e preservar
a gestão política da escravidão em meio à intensificação das ideias abolicionistas dentro
e fora do país. Por se tratar de um objeto atravessado por múltiplas escalas de análise, o
estudo transpassará os limites do nacionalismo metodológico com vistas a entender as
vicissitudes deste ramo comercial de dimensões nacionalizadas, com impacto direto nas
bases do escravismo brasileiro e na legitimidade do regime monárquico, como parte das
mudanças nos padrões de acumulação ocorridas na arena global do capitalismo.
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2021-09
"Isso é muito africano!": diálogos musicais e políticos entre Angola e Brasil (1950 – 1980)
Título"Isso é muito africano!": diálogos musicais e políticos entre Angola e Brasil (1950 – 1980)
Autor
Alexandre Reis Dos SantosOrientador(a)
Marcelo Bittencourt Ivair PintoData de Defesa
2021-09-28Nivel
DoutoradoPáginas
242Volumes
1Banca de DefesaAndrea Barbosa MarzanoJose Octavio Serra Van DunenMarcelo Bittencourt Ivair PintoMatheus Serva PereiraRita de Cássia Natal Chaves
ResumoO presente trabalho busca examinar os intercâmbios musicais entre Angola e Brasil entre
os anos 1950 e 1980. A cultura, a literatura, e, sobretudo, a música brasileira foram
referenciais importantes para os angolanos em seu processo de construção de sua
identidade nacional. Os angolanos ao ouvir, cantar e dançar a música brasileira se
inspiraram e passaram a valorizar as suas práticas culturais nativas, práticas essas que, no
período colonial, eram deslegitimadas e inferiorizadas. Em seus momentos de lazer e
entretenimento nos clubes e nas suas festividades privadas, ouviam e interpretavam
sambas e sembas, com isso se sentindo mais angolanos. Além disso, inventariar a
circulação musical brasileira em Angola contribui para lançar luz sobre o cotidiano nos
últimos momentos do colonialismo português em Angola. Acompanhar como esses
diálogos e intercâmbios se deram também no período pós independência desvelará as
continuidades e rupturas desse processo.
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2021-08
A ESTRADA DE FERRO VITÓRIA A MINAS E OS BORUM DO RIO DOCE
TítuloA ESTRADA DE FERRO VITÓRIA A MINAS E OS BORUM DO RIO DOCE
Autor
Marina Mônica de FreitasOrientador(a)
Maria Regina Celestino de AlmeidaData de Defesa
2021-08-31Nivel
DoutoradoPáginas
211Volumes
1Banca de DefesaHaruf Salmen EspindolaIzabel Missagia de MattosMaria Hilda Baqueiro ParaisoMaria Regina Celestino de AlmeidaVania Maria Losada Moreira
ResumoEsta tese trata da construção da Estrada de Ferro Vitória a Minas e de suas
consequências para os Borum, focando especialmente os Krenak, grupo indígena que
ainda hoje se encontra no Vale do Rio Doce. Trata também das contribuições desta
ferrovia para a devastação da mata atlântica e das relações que se estabeleceram entre a
construção da Vitória a Minas e a presença do Serviço de Proteção aos Índios no Vale do
Rio Doce desde a criação da agência em 1910. O recorte temporal do estudo são as
décadas iniciais do século XX, época em que foram inauguradas as primeiras estações da
ferrovia, criando-se um caminho que ligava o litoral capixaba aos atuais municípios de
Resplendor e Conselheiro Pena, em Minas Gerais, territórios definidos como "vazios
demográficos", mas nos quais viviam grupos indígenas diversos. O período coincide com
o avanço das frentes "civilizatórias" e das fronteiras da economia mercantil sobre
territórios indígenas localizados no interior do Brasil. Essas fronteiras, em Minas Gerais,
avançaram sobre o Vale do Rio Doce, local cujas riquezas, reais e imaginárias, atraíam a
cobiça de inúmeras pessoas. O Vale do Rio Doce, um dos últimos redutos dos povos
originários em Minas Gerais, é o recorte geográfico privilegiado na investigação.
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2021-08
QUEBRA DAS ESTÁTUAS: Possibilidades de uma (re)escrita decolonial e pública da História
TítuloQUEBRA DAS ESTÁTUAS: Possibilidades de uma (re)escrita decolonial e pública da História
Autor
André Luiz Ranucci FreitasOrientador(a)
Juniele Rabêlo de AlmeidaData de Defesa
2021-08-31Nivel
MestradoPáginas
204Volumes
1Banca de DefesaAna Maria Mauad de Sousa Andrade EssusJuniele Rabêlo de AlmeidaRicardo Santhiago Correa
ResumoOs sentidos públicos e decoloniais do passado estruturam movimentos na
história recente – veiculados na mídia como "quebra de estátuas", "derrubada de
monumentos", "remoção de esculturas" – que afirmam possibilidades de uma (re)escrita
da História, na medida em que orientam uma crítica ao patrimônio oficial. Para tanto,
busco discutir: 1) Os passados presentes no caso do monumento de Cecil Rhodes; 2) A
colonialidade no debate público a partir do monumento a Colón; 3) Colonialidade no
patrimônio e contradiscursos a partir do monumento às Bandeiras e Borba Gato. Ao
considerar a repercussão pública destes estudos de caso, utilizo materiais de imprensa,
depoimentos e textos publicados em sites e redes sociais, além de fontes audiovisuais,
para analisar a narrativa pública que se deu sobre cada ação. São variadas as formas de
nomear as recorrentes ações públicas, na atualidade, de contestação de patrimônios que
celebram personagens ligados à chamada opressão colonial, racial, patriarcal e/ou
capitalista. Para além da retirada de monumentos históricos do espaço público, busco
problematizar as disputas de memória, os usos do passado e as dimensões públicas da
história a partir do que está sendo reivindicado. O questionamento da validade da
presença nas praças e vias públicas de estátuas que homenageiam "supostas
"personalidades", traz, fundamentalmente, a problematização do cânone historiográfico
que os dá sentido (que diversos autores decoloniais chamam de colonialidade: do poder,
do saber e do ser), uma epistemologia que estrutura essa dinâmica, silenciando e
marginalizando saberes e memórias outras que, por sua vez, vêm à superfície quando
estátuas de colonizadores são contestadas e/ou derrubadas.
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2021-08
"Não somos nada nessa vida": A denúncia do racismo em Clara dos Anjos (1914-1948)
Título"Não somos nada nessa vida": A denúncia do racismo em Clara dos Anjos (1914-1948)
Autor
Juliana Pinho LeiteOrientador(a)
Larissa Moreira VianaData de Defesa
2021-08-30Nivel
MestradoPáginas
137Volumes
1Banca de DefesaAlain Pascal KalyLarissa Moreira VianaMonica Lima E Souza
ResumoEsta dissertação trata do modo como o literato Afonso Henriques de Lima Barreto, ao longo
do contexto em que estava inserido, expressou e lidou com os problemas diretamente ligados
ao racismo. Adotamos nessa pesquisa o conceito de racismo a partir da sua carga política e da
sua prática ideológica, que inferioriza e produz atitudes discriminatórias manifestadas em
diferentes maneiras e em vários contextos históricos. Lima Barreto através da sua literatura
militante, lutou contra práticas limitadas e limitantes, tanto no campo do individual, quanto no
institucional. Será entrelaçado aos seus testemunhos, principalmente ao romance Clara dos
Anjos, que analisaremos o modo como as questões raciais atravessaram a sua narrativa. Este
trabalho se estrutura em três capítulos: no primeiro capítulo abordaremos parte da trajetória de
Lima Barreto, tentando compreender a sua missão literária e a sua luta social; no segundo
capítulo produziremos uma análise sobre a primeira publicação de Clara dos Anjos com o
objetivo de compreendermos os espaços que perpetuaram a voz de Lima Barreto; e, no
terceiro capítulo procuramos perceber, a partir da obra Clara dos Anjos, o debate político
travado pelo autor, principalmente, o modo que as injustiças e o racismo aparecem na escrita
do romance.