Dissertações e Teses
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2022-06
"Nos ombros de gigantes" — a noção medieval de progresso através do tempo na obra de João de Salisbury.
Título"Nos ombros de gigantes" — a noção medieval de progresso através do tempo na obra de João de Salisbury.
Autor
Hiago Maimone da Silva RebelloOrientador(a)
Vânia Leite FróesData de Defesa
2022-06-23Nivel
MestradoPáginas
155Volumes
1Banca de DefesaCarlile Lanzieri JúniorEdmar Checon de FreitasVânia Leite Fróes
ResumoA presente dissertação busca compreender a percepção temporal e a relação que o tempo possui
com a concepção de progresso dentro de um autor do século XII, João de Salisbury, em suas
obras filosóficas e historiográficas. O tempo, dentro do contexto do autor, era um elemento de
importância para a validação ou a exaltação de algum autor, o que causava uma tensão entre
autores novos e antigos, dentro do período onde as traduções de obras novas para o contexto
escolástico da Europa Ocidental, onde a autoconsciência histórica dos autores do século XII
pode ser observada através do caso de João de Salisbury.
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2022-06
A REPRESENTAÇÃO DE SI COMO OUTRO: o disfarce muçulmano de Richard Francis Burton (1821-1890)
TítuloA REPRESENTAÇÃO DE SI COMO OUTRO: o disfarce muçulmano de Richard Francis Burton (1821-1890)
Autor
Paula Carolina de Andrade CarvalhoOrientador(a)
Alexsander Lemos de Almeida GebaraData de Defesa
2022-06-21Nivel
DoutoradoPáginas
260Volumes
1Banca de DefesaAlexsander Lemos de Almeida GebaraBeatriz Juana Bissio Staricco Neiva MoreiraFelipe Paiva SoaresMurilo Sebe Bon MeihySamira Adel Osman
ResumoRichard Francis Burton (1821-1890), o famoso viajante britânico, costumava se disfarçar como
o muçulmano Abdullah. Esse personagem apareceu em seus livros de viagens e em alguns de
seus poemas em uma variedade de formas: como Mirza Abdullah em Falconry in the Valley ofthe Indus (1852), como Shaykh Abdullah em Personal Narrative of a Pilgrimage to Al-
Madinah and Meccah (1855-1856), como Haji Abdullah em First Footsteps in East Africa; or,An Exploration of Harar(1856) e em The Kasidah of Haji Abdu El-Yezdi (1880); o haji também
aparece brevemente em The Lake Regions of Central Africa (1860), bem como em algumas das
cartas de Burton. Por meio dessas obras escritas, podemos ver a genealogia de Abdullah: seu
nascimento em Falconry, seu triunfo na Pilgrimage (livro no qual ele completa a peregrinação
sem ser pego) e seu declínio em First Footsteps (no qual ele teve que revelar seu disfarce). Este,
portanto, é um estudo da representação do próprio Burton como esse outro muçulmano, em
meio à expansão do imperialismo britânico pelo mundo.
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2022-05
O rábula negro Manuel Vicente Alves Jacarandá: política, racismo e luta por direitos no Rio de Janeiro (1904-1948)
TítuloO rábula negro Manuel Vicente Alves Jacarandá: política, racismo e luta por direitos no Rio de Janeiro (1904-1948)
Autor
Paulo Roberto de AlmeidaOrientador(a)
Laura Antunes MacielData de Defesa
2022-05-24Nivel
DoutoradoPáginas
215Volumes
1Banca de DefesaAmailton Magno AzevedoLaura Antunes MacielLeonardo Affonso de Miranda PereiraMartha Campos AbreuPetrônio José Domingues
ResumoO presente trabalho visa analisar as experiências, escolhas e trajetória do advogado e
político negro Manuel Vicente Alves, mais conhecido como Doutor Jacarandá, no Rio de
Janeiro das primeiras décadas do século XX. A partir delas, procura refletir sobre o impacto do
letramento sobre sua vida e como ele a usou para atuar como um advogado em favor dos
interesses de trabalhadores e trabalhadoras de baixa renda do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo,
busca articular sua experiência individual em um universo social mais amplo, tenso e
conflituoso, atravessado por hierarquias socio raciais presentes na sociedade e no mercado de
trabalho advocatício de seu tempo. Além disso, a pesquisa destaca a atuação política de Manuel
Alves, sua candidatura em diferentes eleições, os programas políticos e estratégias
desenvolvidas para tentar se eleger como intendente municipal, deputado federal e presidente
da República, em defesa da cidadania e dos direitos políticos da população simples e humilde
da Capital Federal.
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2022-05
Cebes, Abrasco e o público-privado na saúde pública brasileira (1976-2002)
TítuloCebes, Abrasco e o público-privado na saúde pública brasileira (1976-2002)
Autor
Tiago Siqueira ReisOrientador(a)
André Vianna DantasData de Defesa
2022-05-03Nivel
DoutoradoPáginas
294Volumes
1Banca de DefesaAndré Vianna DantasÁquilas Nogueira MendesEurelino Teixeira Coelho NetoMarcelo Badaró MattosMaria Valéria Costa CorreiaVirginia Maria Gomes de Mattos Fontes
ResumoA pesquisa trata do tema da relação entre o público e o privado no âmbito da saúde pública brasileira
contemporânea. A temática é discutida a partir da análise da história de duas das mais proeminentes
agremiações na área da saúde, o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde – Cebes, criado em 1976 e, a
Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco, fundada em 1979. As organizações são
analisadas enquanto aparelhos privados de hegemonia situados a partir da referência gramsciana de
Estado Ampliado, situando-os no terreno das lutas de classe na sociedade civil no campo da esquerda
na área da saúde. O trabalho tem por objetivo compreender como as agências e seus intelectuais no
quadro das lutas de classes teorizaram e elaboraram seus projetos políticos para a saúde pública tendo
por questão a relação público e privado. Nosso recorte temporal divide-se em dois períodos: o
primeiro subperíodo entre os anos de 1976, data de criação do Cebes e 1988, quando da
institucionalização de grande parte da agenda de lutas da Reforma Sanitária Brasileira (RSB) na
Constituição Federal de 1988; e um segundo subperíodo entre os anos de 1988 até o término do
segundo mandato presidencial de Fernando Henrique Cardoso em 2002. Os períodos são analisados
como complementares, identificando o comportamento das agremiações no momento do processo
histórico da RSB e após os marcos legais da saúde, quando o debate concentrou-se na implementação
do Sistema Único de Saúde (SUS). Partimos da hipótese da existência de um consenso fluído entre
público-privado na trajetória de Cebes e Abrasco, estabelecendo de formas variadas o consenso
acerca da presença do privado no projeto político de saúde pública brasileira. Tal consenso fluido
impôs limites a luta de classes e a elaboração da consciência crítica e unitária, negligenciando o
próprio princípio das determinações sociais da saúde e da vida.
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2022-04
Imprensa e História Local: os jornais de Itaboraí e as lutas políticas no período imperial
TítuloImprensa e História Local: os jornais de Itaboraí e as lutas políticas no período imperial
Autor
Gilciano Menezes CostaOrientador(a)
Martha Campos AbreuData de Defesa
2022-04-29Nivel
DoutoradoPáginas
327Volumes
1Banca de DefesaHebe Maria da Costa Mattos Gomes de CastroHumberto Fernandes MachadoMarcelo de Souza MagalhãesMartha Campos AbreuTânia Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira
ResumoA presente tese busca analisar a História da Imprensa Periódica de Itaboraí com ênfase
no contexto imperial, demonstrando que o surgimento e o desenvolvimento dessa imprensa
ocorreram em conexão com as principais disputas políticas realizadas no país e na Província
Fluminense. A partir da História Local e do uso dos periódicos impressos como fonte e objeto
de estudo, este trabalho mostra como os jornais locais e seus respectivos proprietários e
redatores atuaram como uma força ativa em diversos conflitos políticos que emergiram na cena
pública da província e da Vila de Itaboraí. O estudo também mostra como os agentes sociais
locais dialogavam com as publicações dos periódicos impressos na Corte Imperial e na capital
da província, e como os jornais impressos na vila publicizaram os trânsitos e os intercâmbios
políticos e sociais predominantes do período.
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2022-04
Histórias de professoras negras no Rio de Janeiro: experiências e tensões de classe, raça e gênero (1870-1920)
TítuloHistórias de professoras negras no Rio de Janeiro: experiências e tensões de classe, raça e gênero (1870-1920)
Autor
Luara Dos Santos SilvaOrientador(a)
Laura Antunes MacielData de Defesa
2022-04-19Nivel
DoutoradoPáginas
294Volumes
1Banca de DefesaAlessandra Frota Martinez de SchuelerAlexandra Lima da SilvaIone Celeste Jesus SousaLaura Antunes MacielMartha Campos Abreu
ResumoEste trabalho examina as experiências de um conjunto professoras negras no Rio de Janeiro,
entre 1870 e 1920, e as decorrentes tensões de classe, raça e gênero que atravessaram suas
trajetórias no magistério e em outros âmbitos da vida. Ao enquadrarem-se aos padrões de
gênero, as professoras negras Alexandrina de Brito, Rufina Vaz, Coema e Gulnare Hemetério
dos Santos, Elvira Pilar Guimarães, Luiza, Alice Noêmia e Clara Callado - e suas famílias -
estavam construindo meios para contornar os muros do racismo que, associando-se ao sexismo,
buscava rotulá-las enquanto mulheres hiper sexualizadas. As vidas dessas professoras negras
foram ditadas pelos padrões de honestidade e respeitabilidade que atendiam aos padrões de
gênero hierarquizado entre homens e mulheres. Suas experiências no magistério, em família e
na sociedade mais ampla nos contam sobre as táticas miúdas do cotidiano cujos objetivos eram
acessar a educação formal e, consequentemente, melhores e mais seguros postos de trabalho.
Tais movimentos incluíam a estrita adequação às normas sociais vigentes e o enquadramento
aos ditames impostos às mulheres - e em especial às professoras primárias - naqueles tempos.
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2022-04
CORAÇÃO DE NEGRO: História oral e etnografia afro-sertaneja na Chapada Diamantina. Morro do Chapéu, Bahia
TítuloCORAÇÃO DE NEGRO: História oral e etnografia afro-sertaneja na Chapada Diamantina. Morro do Chapéu, Bahia
Autor
Carolina Pazos PereiraOrientador(a)
Martha Campos AbreuData de Defesa
2022-04-07Nivel
DoutoradoPáginas
291Volumes
1Banca de DefesaDaniela Paiva Yabeta de MoraesDiego Ferreira MarquesEdinelia Maria Oliveira SouzaJackson André da Silva FerreiraMartha Campos Abreu
ResumoEste trabalho costura a história da escravidão e do imediato pós-abolição em Morro do Chapéu,
cidade da Chapada Diamantina, Bahia, ao presente etnográfico das comunidades sertanejas
negras autodenominadas quilombolas. A partir da História Oral e da Etnografia, com o auxílio
da pesquisa com documentos judiciais e eclesiásticos do século XIX, é possível discutir as
gêneses dos quilombos do município e destacar suas principais contribuições culturais e
socioeconômicas. Embora tenham origens e desenvolvimentos diversos, os territórios étnicos
de Morro do Chapéu apresentam características comuns. Alguns foram formados pela
manutenção de ex-cativos nas proximidades das fazendas em que trabalhavam, outros se
originaram pela migração de libertos e trabalhadores pobres de outras partes da Bahia. Todos
são fortemente marcados pela tentativa de fixação territorial e busca de autonomia produtiva,
mesmo diante dos deslocamentos impostos pelas secas periódicas, miséria e falta de
oportunidades de trabalho. Dentre as sete comunidades autorreconhecidas, enfatizo os
processos de formação e desenvolvimento do quilombo Barra II, pois nele concentro meu
trabalho de campo e a maior parte das entrevistas de História Oral. A memória coletiva das
famílias é fundamental para o entendimento da existência e da resistência negra nos sertões. A
construção analítica da história e da antropologia desses grupamentos tem na reminiscência das
memórias seu ponto de partida. Mesmo que a memória da escravidão seja rarefeita diante do
transcorrer do tempo e do contexto regional de prevalência do trabalho livre, as fontes orais
permitem discutir as rupturas e continuidades entre o tempo do cativeiro e o longo pós-abolição.
O dia a dia, o trabalho, as crenças, os casos e experiências do campesinato nem sempre
chegaram ao suporte escrito. Para que uma cultura rural negro-brasileira seja conhecida, é
imprescindível ouvir as histórias de vida dos sujeitos comuns e suas narrativas acerca de seus
antepassados.
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2022-04
A intervenção britânica na segunda fase da guerra civil grega (1944-1945)
TítuloA intervenção britânica na segunda fase da guerra civil grega (1944-1945)
Autor
Felipe Alexandre Silva de SouzaOrientador(a)
Daniel Aarão Reis FilhoData de Defesa
2022-04-04Nivel
DoutoradoPáginas
310Volumes
1Banca de DefesaDaniel Aarão Reis FilhoEurico de Lima FigueiredoJanaína Martins CordeiroSidnei José MunhozVinicius Aurélio Liebel
ResumoEntre 1943 e 1949, a Grécia foi assolada por uma intrincada guerra civil
desencadeada no contexto da ocupação da nação helena pelas forças do Eixo. Em um
primeiro momento, o conflito foi marcado fundamentalmente pelo embate entre dois
movimentos de resistência aos invasores: a Frente de Libertação Nacional, liderada pelo
Partido Comunista, e a Liga Nacional Republicana. Posteriormente, com a Grécia já
liberta (1944), o choque se daria entre o provisório governo monárquico conservador e a
Frente de Libertação — que, a partir de 1946, se reorganizaria no Exército Democrático
Grego.
Durante a guerra civil, a Grã-Bretanha apoiou a monarquia grega, cuja
estabilidade era considerada, em alguns círculos governamentais de Londres, essenciais
para a manutenção dos interesses do Império Britânico no Mediterrâneo. Esses seriam os
momentos finais das relações de preeminência que os britânicos mantinham com os
gregos desde a década de 1820, quando os gregos lutavam por sua independência contra
o Império Otomano. Em 1947, o governo britânico anunciaria não ter mais condições de
apoiar militarmente o governo grego. Os Estados Unidos da América assumiriam o papel
que até então Londres desempenhara.
Este trabalho, pretende narrar a intervenção britânica na guerra civil grega. O foco
se coloca sobre os debates públicos que transcorriam na Grã-Bretanha na medida em que
o governo de Coalizão liderado pelo Conservador Winston Churchill participava do
conflito fratricida heleno. A opção de Churchill pelo apoio às direitas gregas gerou
considerável celeuma na sociedade britânica: nas casas do Parlamento, nas ruas e nos
sindicatos. O recorte temporal se inicia em dezembro de 1944 e se encerra em fevereiro
de 1945 — cobrindo assim a chamada segunda fase da guerra civil. É durante esse
período que vemos as tropas britânicas participarem diretamente do conflito. Com a
reconstituição das discussões acerca da questão grega, pretendemos aclarar, em certa
medida, como as disputas entre diversas concepções e forças políticas acabaram
determinando a política da Grã-Bretanha para a Grécia.
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2022-04
Palácio Tiradentes: a presença do Antigo no Brasil republicano, década de 1920
TítuloPalácio Tiradentes: a presença do Antigo no Brasil republicano, década de 1920
Autor
Douglas de Souza LiborioOrientador(a)
Paulo Knauss de MendonçaData de Defesa
2022-04-01Nivel
MestradoPáginas
279Volumes
1Banca de DefesaAlberto Martín ChillónJosé Geraldo Costa GrilloPaulo Knauss de Mendonça
ResumoA presente dissertação propõe analisar o sentido da presença da Antiguidade greco-romana
no programa artístico do Palácio Tiradentes, inaugurado em 1926 como sede da Câmara dos
Deputados no Rio de Janeiro, então capital federal. Considerando o contexto do Centenário
do Poder Legislativo Brasileiro em 1926, o edifício é projetado como um monumento ao
Parlamento, a partir da criação artística pautada pelas imagens do Antigo romano. Deseja-se
entender a migração das imagens da Antiguidade em seus múltiplos sentidos e
temporalidades segundo os pressupostos de Aby Warburg sobre a sobrevivência das formas
culturais greco-romanas [Nachleben der Antike]. Especialmente, tem-se interesse na análise
dos conjuntos escultóricos "Independência" e "República", onde se defende que há a
inserção do modelo do páthos triunfal da Antiguidade, mediado através de diversos modelos
e suportes ao longo da história e angariando um novo sentido no contexto de mudanças nas
expressões artísticas no Rio de Janeiro da década de 1920. A partir disto, busca-se
compreender como a adoção dos modelos antiquizantes atua na conformação da escultura de
caráter monumental e sua relação com a arquitetura dos anos 1920.
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2022-03
Gentias da terra: gênero e etnia no Rio de Janeiro colonial
TítuloGentias da terra: gênero e etnia no Rio de Janeiro colonial
Autor
Suelen Siqueira JulioOrientador(a)
Elisa Frühauf GarciaData de Defesa
2022-03-31Nivel
DoutoradoPáginas
452Volumes
1Banca de DefesaÂngela Maria Vieira DominguesElisa Frühauf GarciaGeorgina Silva Dos SantosJoão Pacheco de Oliveira FilhoMaria Regina Celestino de Almeida
ResumoA tese aborda a inserção das mulheres indígenas na sociedade colonial do Rio de Janeiro, do
século XVI ao início do XIX. Busca aprofundar o conhecimento acerca das índias na história
do Brasil, rompendo com imagens estereotipadas e relacionadas à dupla estigmatização que
recaiu sobre elas: enquanto mulheres e indígenas. Procura também explicitar como os processos
de invasão e colonização foram marcados pelo gênero. Neste sentido, o longo recorte temporal
possibilita uma investigação sobre os modos pelos quais as nativas viveram os primeiros
contatos com os europeus, os impactos desencadeados pelo estabelecimento dos invasores no
território fluminense, bem como as transformações ocorridas ao longo do tempo. Em termos
espaciais, o foco recairá sobre a capitania do Rio de Janeiro e suas áreas de influência, incluindo,
ainda, conexões com outras regiões dentro e fora do Império português quando pertinente. O
trabalho defende a ideia de que a experiência histórica das mulheres indígenas no mundocolonial possui especificidades, buscando apresentar uma história social desse grupo. Espera-
se fornecer também um panorama sobre a construção da categoria "índia", à qual hoje amiúdenos referimos como "mulher indígena", partindo da ideia de que existe uma gama de processos
históricos por trás da sua consolidação.
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2022-03
A CONSTRUÇÃO DO PORTO DO RIO DE JANEIRO: Do Capital Comercial ao Capital Financeiro e Industrial
TítuloA CONSTRUÇÃO DO PORTO DO RIO DE JANEIRO: Do Capital Comercial ao Capital Financeiro e Industrial
Autor
Thiago Vinícius Mantuano da FonsecaOrientador(a)
Cezar Teixeira HonoratoData de Defesa
2022-03-31Nivel
DoutoradoPáginas
878Volumes
3Banca de DefesaAlcidesio de Oliveira JúniorCezar Teixeira HonoratoDaniel Castillo HidalgoFlávio Gonçalves Dos SantosLuiz Cláudio Moisés Ribeiro
ResumoEste trabalho tem como objetivo principal demonstrar a centralidade, a imperiosidade, a
viabilidade e a execução da construção do porto capitalista do Rio de Janeiro, na virada do
século XIX para o século XX. Para tanto, foi necessário expor a profunda transformação a qual
o capitalismo passou, vigorando, neste recorte, o caráter monopolista na fase imperialista do
sistema que ascendia sobre o mundo. As consequências deste processo de proporções alargadas
para a história da humanidade mudaram para sempre as formações econômico-sociais que
compunham o Brasil, dando última forma à integração subordinada do país à Divisão
Internacional do Trabalho, através do mercado mundial - especialmente de capitais. Desta
estrutura em que estava enredado o país, sobreleva-se a importância da sua capital e maior
porto: o Rio de Janeiro. A operação portuária pré-capitalista que principiou o século XX era
protagonista de contradições escancaradas com o desenvolvimento industrial e financeiro que
a cidade capitaneava. A necessidade da produção de uma parcela do espaço urbano condizente
às indústrias e aos grandes capitais que já abrigava escancarava as limitações da almejada
expansão econômica, impedindo a atração de novas e diversificadas fábricas, dos mais
pronunciados interesses financeiros e dos braços que engrossariam as fileiras do mercado de
trabalho. O padrão de acumulação adotado pela formação econômico-social cujo centro
decisório encontrava-se no Rio de Janeiro demandava, naquele momento, com urgência, de um
porto adequado às necessidades operacionais dos capitais e fiscais do Estado. Além disso, o
funcionamento e existência material do porto estava no centro de questões candentes e de
interesse geral em sua época, como a política econômica e monetária do governo federal, a
partição dos poderes entre as esferas de governo, a relação entre interesses privados e poder
público, a relação entre capitais nacionais e externos, o desenvolvimento dos transportes de
longa distância, o sanitarismo e a imigração. Esta tese coloca em evidência o poder de pressão
da estrutura social para que, em determinado momento, tivesse sido produzido certo consenso
sobre a inconveniência daquela operação portuária; também demonstra que esta pressão não se
produzia no vazio, havia fatores concretos, razões inteligíveis, com causas e consequências
observáveis, para que, de fato, aquele porto não fosse condizente, em diversos termos, com as
expectativas imediatas e aspirações futuras de tantos e tão distintos agentes. Estas aspirações
pautaram o "como fazer" as intervenções para radical transformação do porto e redundaram em
experiências fracassadas, que devem ser consideradas como integrantes deste processo histórico
para o bom entendimento da intervenção efetiva. Considerando os projetos, mas ultrapassando
estes, aponto as contradições e limitações que as maiores empresas privadas - brasileiras e
estrangeiras - encontraram para lograr mudanças significativas na operação portuária do Rio de
Janeiro; também demonstro que uma nova contradição rompeu estas limitações e venceu os
obstáculos políticos, financeiros e naturais que há décadas obstavam os mais bem elaborados
"melhoramentos portuários". O Estado Nacional brasileiro construiu o porto do Rio de Janeiro,
o emancipou do alcance limitado do capital comercial - simbolizado nos trapiches -, construiu
um porto de escala e cariz industrial e impôs uma operação portuária hegemonicamente
capitalista na capital da República. No entanto, o fez coadunando com a ortodoxia econômica
vigente, ratificando sua subordinação ao imperialismo capitalista, pelas vias dos acordos com
os grandes capitais, dos contratos junto aos executores das obras e do arrendamento de sua
exploração à uma Sociedade Anônima Gigante - representante típica do capitalismo
monopolista pelo qual princípio este trabalho. Embora significasse uma mudança material de
magnitude inigualável e de repercussões larguíssimas, a radical transformação do porto do Rio
de Janeiro não surgiu de um novo status quo, assim como não deu azo a mudança deste, antes,
o reforçou.
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2022-03
A invenção da história no cinema de Quentin Tarantino: apropriação e vingança.
TítuloA invenção da história no cinema de Quentin Tarantino: apropriação e vingança.
Autor
Bárbara Matos DiasOrientador(a)
Renata Torres SchittinoData de Defesa
2022-03-31Nivel
MestradoPáginas
227Volumes
1Banca de DefesaAna Maria Mauad de Sousa Andrade EssusMarcelo de Mello RangelRenata Torres Schittino
ResumoO tema da presente dissertação é a análise de parte da obra do diretor Quentin Tarantino, em
especial os filmes Bastardos Inglórios (2009), Django Livre (2012) e Era uma vez... em
Hollywood (2019). Durante a análise, busca-se observar como o diretor de apropria de
elementos da História factual e da História do Cinema para, dessa forma, inventar outro final
para a história em seus filmes. Outro elemento essencial é notar se a apropriação realizada pelo
diretor só é possível devido ao fato de que seus filmes são narrativas ficcionais que inventam o
passado. Além disso, também é analisada a construção da vingança em seus filmes, porque, a
partir de Bastardos Inglórios, torna-se uma vingança histórica, e indaga-se se a mudança no
direcionamento da vingança em seus filmes, atrelada à apropriação do passado factual, está
ligada às demandas da sociedade contemporânea, a partir do último terço do século XX, por
justiça, reparação e responsabilização. Por fim, busca-se observar se os filmes analisados são
uma manifestação da temporalidade e da historicidade da sociedade que os realizou.
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2022-03
A CÂMARA DA CIDADE DO NATAL NA ARQUITETURA DE PODERES DAS CAPITANIAS DO NORTE: Comunicações políticas, relações de poder e integração ao Império português (1701-1759)
TítuloA CÂMARA DA CIDADE DO NATAL NA ARQUITETURA DE PODERES DAS CAPITANIAS DO NORTE: Comunicações políticas, relações de poder e integração ao Império português (1701-1759)
Autor
Kleyson Bruno Chaves BarbosaOrientador(a)
Maria Fernanda Baptista BicalhoData de Defesa
2022-03-31Nivel
DoutoradoPáginas
363Volumes
1Banca de DefesaArthur Almeida Santos de Carvalho CurveloCarla Maria Carvalho de AlmeidaMaria Fernanda Baptista BicalhoNauk Maria de JesusRonald José Raminelli
ResumoEsta tese tem por objetivo analisar como a Câmara da Cidade do Natal se inseria em um
determinado arranjo de poderes na região das Capitanias do Norte e, consequentemente, se
integrava ao Império português. Para isso, foram quantificadas, tipificadas e analisadas a
documentação local desta instituição, focando-se principalmente na correspondência enviada,
recebida e intermediada entre os camarários de Natal e diversos agentes governativos, no
intuito de se compreender uma configuração comunicativa baseada em determinados
interlocutores, fundamental para a operação cotidiana de uma governança local. Se ao longo
do século XVIII, observa-se numa nítida diminuição da comunicação do reino diretamente
com o poder local da Câmara do Natal, tendo em contrapartida uma priorização para a
comunicação reinol com figuras de dimensões regionais, como os governadores de
Pernambuco nas Capitanias do Norte, os camarários de Natal não deixaram de buscar outras
estratégias e arranjos de poder para obterem suas causas a nível local. Isto foi possível de se
entender pois foram exploradas as relações pormenorizadas da instituição camarária com
quatro agentes comunicativos: três nas Capitanias do Norte, os capitães-mores do Rio Grande,
os ouvidores da Comarca da Paraíba e os governadores de Pernambuco; e, um no reino, que
era o próprio rei de Portugal. Dessa forma, compreende-se variados arranjos de poder
presentes na conquista, partindo-se de um olhar de uma Câmara localizada em um espaço
periférico, que era o da capitania do Rio Grande, mas que ao mesmo tempo se valia de
diversos meios e recorria a diversas instâncias intermediárias para potencializar suas
demandas. Ao invés de um olhar centralizado e/ou dicotômico, exploram-se as variadas
possibilidades de interação verticais e horizontais desta Câmara com outros oficiais régios,
contribuindo para se pensar acerca do exercício da governança local.
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2022-03
As (Re)Construções de Táticas Revolucionárias em Partidos Comunistas : PCB e PCCH em Contraste
TítuloAs (Re)Construções de Táticas Revolucionárias em Partidos Comunistas : PCB e PCCH em Contraste
Autor
Ananda Cristina Dos Santos LimaOrientador(a)
Elisa de Campos BorgesData de Defesa
2022-03-30Nivel
MestradoPáginas
146Volumes
1Banca de DefesaAngelica MüllerCarine DalmásElisa de Campos Borges
ResumoA dissertação tem por objetivo analisar as relações entre partidos latino-americanos e a União
Soviética após o XX Congresso do PCUS a partir dos exemplos do Brasil (PCB) e do Chile
(PCCH), bem como suas interpretações e reconfigurações de táticas revolucionárias. Em um
momento de acirramento da Guerra Fria no qual o bloco socialista tentava estruturar-se frente
ao capitalista, mudanças drásticas dentro da URSS provocaram debates e rompimento nos
partidos comunistas ao redor do mundo. A pesquisa analisa esses rompimentos tanto quanto as
continuidades, girando em torno não só das relações entre Brasil-URSS e Chile-URSS, mas
também nos debates internos promovidos tanto pela clandestinidade quanto pelo XX
Congresso. Para melhor compreender as atitudes dos comunistas e seu posicionamento em
determinados questionamentos políticos ou teóricos – como a transição pacífica –, é feita aqui
uma história comparada das atitudes de cada partido frente às provocações internas e externas.
Conceitos como "estratégia" e "tática" serão centrais para apontar fraquezas e entender o
motivo por trás de rompimentos dentro dos partidos.
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2022-03
"LA MADRE MÁS QUERIDA DE CHILE":A CONDIÇÃO FEMININA NA DITADURA MILITAR CHILENAA PARTIR DA ANÁLISE DA PERSONAGEM ANA HERERA, DA SÉRIE TELEVISIVA LOS 80.
Título"LA MADRE MÁS QUERIDA DE CHILE":A CONDIÇÃO FEMININA NA DITADURA MILITAR CHILENAA PARTIR DA ANÁLISE DA PERSONAGEM ANA HERERA, DA SÉRIE TELEVISIVA LOS 80.
Autor
Beatriz de Souza BravoOrientador(a)
Elisa de Campos BorgesData de Defesa
2022-03-29Nivel
MestradoPáginas
170Volumes
1Banca de DefesaElisa de Campos BorgesMariana Martins VillaçaSamantha Viz Quadrat
ResumoA seguinte dissertação discute a situação feminina durante a ditadura militar chilena, e sua
inserção no mercado de trabalho a partir da análise histórica da personagem Ana Herrera, da
série Los 80, más que una moda. A obra, êxito de audiência no Chile, mostrava o cotidiano
de uma família de classe média durante a década de 1980, em que o país vivia um governo
ditatorial, autoritário e que implementou o neoliberalismo ortodoxo. O contexto influencia
diretamente na vida do grupo protagonista, e isto é analisado na dissertação. A Junta de
Governo discursava que a mulher era central na refundação chilena, ao criar seus filhos a
partir dos preceitos ditatoriais: patriotismo, despolitização, entre outros. Em um primeiro
momento, a família Herrera obedece a essa condição, Ana é dona de casa, e vive para criar os
filhos e cuidar do lar, enquanto é sustentada pelo marido. No entanto, a partir do
neoliberalismo e da crise de 1982, Ana se insere no mercado de trabalho, enfrentando
inúmeros desafios, como a dupla jornada de trabalho e a falta de apoio do marido. A
dissertação discute a trajetória de Ana, baseada em uma vasta bibliografia coerente e em
documentos históricos relevantes.
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2022-03
A Pena do Bispo e a Pena da chancelaria: Prática e Teorização do Bom Governo Relativo aos Clérigos no pensamento de D. Álvaro Pais e no Portugal de D. Afonso IV (c.1275-1357)
TítuloA Pena do Bispo e a Pena da chancelaria: Prática e Teorização do Bom Governo Relativo aos Clérigos no pensamento de D. Álvaro Pais e no Portugal de D. Afonso IV (c.1275-1357)
Autor
Carlos Thadeu Freire da CostaOrientador(a)
Vânia Leite FróesData de Defesa
2022-03-29Nivel
MestradoPáginas
229Volumes
1Banca de DefesaMariana Bonat TrevisanMiriam Cabral CoserVânia Leite Fróes
ResumoEsta dissertação tem por objetivo analisar a ideia de Bom Governo defendida por
D. Álvaro Pais – importante intelectual, frade franciscano e bispo de Silves entre 1335 e
1349 – em sua obra clássica, Estado e Pranto da Igreja e a adotada na prática pelo rei
de Portugal, D. Afonso IV (rei: 1325-1357), particularmente em relação ao clero. Esta
dissertação trata da Baixa Idade Média, mais especificamente no século XIV, e da
Europa Ocidental, mais especificamente Portugal. Esta época foi marcada por estes dois
fênomenos da história ocidental: a emergência do Estado monárquico e a permanente
reflexão sobre as ideias políticas em meio às sempre perenes relações entre Igreja e
Estado. Estes dois fenômenos se influenciaram mutuamente e simultaneamente. Desta
forma, esta dissertação pretende auxiliar na compreensão de como intelectuais através
de suas ideias e seu pertencimento a determinadas escolas de pensamento; e de como
estadistas através de suas ações contribuíam para esta formação, além de auxiliar na
compreensão de como os projetos de governo, quer dos intelectuais, quer dos estadistas
eram fundamentais neste processo de longa duração, que, iniciado em meados do século
XIII e concluído em meados do XVI, deu origem a monarquias cristãs operantes e bem
azeitadas, capazes de determinar muitos aspectos, para o bem e para o mal, da vida de
seus súditos, muitas vezes, sem romperem com a Igreja Católica Romana.
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2022-03
Por que esse raio terrível caiu sobre nós vindo do extremo Norte?" Uma História Global das Incursões Vikings (séculos VIII-X)
TítuloPor que esse raio terrível caiu sobre nós vindo do extremo Norte?" Uma História Global das Incursões Vikings (séculos VIII-X)
Autor
Caio de Amorim FéoOrientador(a)
Mário Jorge da Motta BastosData de Defesa
2022-03-28Nivel
MestradoPáginas
261Volumes
1Banca de DefesaLeonardo MarquesMário Jorge da Motta BastosSandro Teixeira Moita
ResumoNos últimos anos presenciamos o florescer de novas pesquisas sob o prisma da História
Global. No que diz respeito aos estudos medievais, a abordagem ainda possui poucos
trabalhos quando comparados com outras épocas da História. Esta dissertação busca,
assim, contribuir com os novos estudos sobre História Global acerca da Idade Média,
analisando especialmente as ditas incursões vikings ocorridas entre os séculos VIII e X.
Pretende-se identificar no conjunto documental, tanto escrito quanto material, as
estruturas mais evidentes manifestas pelas diversas incursões no globo, ou seja, sem
pretender adentrar as especificidades de cada região. Nesse sentido, as incursões são
abordadas como compondo um sistema estrutura, cuja manifestação exibiu diversas
similitudes que geralmente são pouco referendadas pela historiografia em detrimento das
especificidades regionais. A abordagem global aqui utilizada pretende demonstrar como
as incursões foram determinantes na integração dos grupos vikings e da Escandinávia aos
locais atingidos pelas expedições, sendo importantes no processo de construção e
redefinição das identidades e etnicidades durante o Período Viking.
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2022-03
De aliados a inimigos políticos?: Bernardo Pereira de Vasconcelos e O Universal (1825-1840)
TítuloDe aliados a inimigos políticos?: Bernardo Pereira de Vasconcelos e O Universal (1825-1840)
Autor
Rafael Domingos RochaOrientador(a)
Jonis FreireData de Defesa
2022-03-24Nivel
MestradoPáginas
142Volumes
1Banca de DefesaJonis FreireSilvana Mota BarbosaTâmis Peixoto Parron
ResumoLonge de ser uma simples caixa de ressonância que apenas veiculou notícias, os periódicos
foram integrantes e partícipes ativos dos acontecimentos e processos históricos no Império do
Brasil. Em meio às intensas transformações que ocorreram no eixo oceano atlântico na
primeira metade do século dezenove, foram eles os principais responsáveis por difundir:
ideias, projetos de nação e fomentar debates na vida pública. Diante da nova linguagem
política e comercial, os jornais de cunho liberal passaram a integrar a cena imperial mediante
o uso de termos como: liberdade, democracia e constituição. O fato de ter tido uma vida
longeva no Império do Brasil, justifica a escolha do jornal O Universal como fonte principal
para esta pesquisa. Tendo circulado entre 1825 e 1842, ele foi editado em Ouro Preto, capital
da província mineira. Esta dissertação de mestrado tem por finalidade investigar o
comportamento do referido periódico no tocante ao evento do liberalismo e sua afinidade com
os sistemas constitucional, representativo e escravocrata, no contexto dos conflitos entre "ser
português" e "ser brasileiro" no processo de constituição da nação brasileira. Tendo em vista a
contribuição de Bernardo Pereira de Vasconcelos para com este jornal – sendo, inclusive,
considerado um dos principais redatores –, pretende-se analisar em quais momentos seu
discurso se intercruza com O Universal ao longo do Primeiro Reinado, Regências e
desdobramentos do Golpe da Maioridade.
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2022-03
Circularidade e Ressignificação - Espaços de Sociabilidade e a Presença das Ideias Anarquistas no Rio de Janeiro (1870-1920)
TítuloCircularidade e Ressignificação - Espaços de Sociabilidade e a Presença das Ideias Anarquistas no Rio de Janeiro (1870-1920)
Autor
Eduardo Carracelas LamelaOrientador(a)
Carlos Augusto AddorData de Defesa
2022-03-21Nivel
DoutoradoPáginas
374Volumes
1Banca de DefesaAlexandre Ribeiro SamisAngela Maria Roberti MartinsCarlos Augusto AddorDaniel Aarão Reis FilhoMagali Gouveia Engel
ResumoA tese problematiza as formas de circularidade e ressignificação das ideias anarquistas
em espaços de sociabilidade na região central do Rio de Janeiro, entre as décadas de
1870 e 1920, propondo uma reflexão que busca compreender o papel destes espaços na
construção autodeterminada de uma cultura política anarquista, manifestada nas ações
diretas coletivas nesse território da cidade. A rigor, o anarquismo foi no Distrito Federal
importante corrente organizatória entre as trabalhadoras e os trabalhadores, observada,
com maior força no início do século XX, em espaços como associações, centros
culturais, sindicatos, mas também em atos públicos nas ruas, parques e praças. O que se
propõe é uma modificação dos termos do debate acerca da suposta "chegada" das ideias
anarquistas por meio de imigrantes, que figura de maneira consagrada na historiografia
sobre o tema. Como problematização, afirma-se a hipótese de que estas ideias se
encontravam em circularidade, de maneira não hierárquica entre diferentes países e
regiões, onde cada coletividade imprimia suas subjetividades, interpretações e usos. Ou
seja, ideias reapropriadas e construídas sempre a partir do contexto em que se inseriam,
fundamentadas na prática operária, ainda que com referências ao cenário internacional,
conhecido através da imprensa. Três tipos de espaços são abordados, nos quais, na
delimitação temporal proposta, observam-se referências às ideias e práticas anarquistas:
o espaço da imprensa periódica, tanto a grande imprensa quanto a operária e anarquista;
os espaços específicos da organização classista da(o)s trabalhadora(e)s; e os outros
espaços, públicos e culturais, que, embora não exclusivos desta(e)s, são também por
elas e eles ocupados em atividades de resistência e propaganda.
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2022-03
Violência e Identidade na Conquista de Lisboa em 1147: uma análise da crônica De Expugnatione Lyxbonensi e sua inserção na Cristandade Latina dos séculos XI e XII
TítuloViolência e Identidade na Conquista de Lisboa em 1147: uma análise da crônica De Expugnatione Lyxbonensi e sua inserção na Cristandade Latina dos séculos XI e XII
Autor
Leandro Ribeiro BritoOrientador(a)
Carolina Coelho FortesData de Defesa
2022-03-14Nivel
MestradoPáginas
237Volumes
1Banca de DefesaCarolina Coelho FortesEdmar Checon de FreitasLeila Rodrigues da Silva
ResumoOs séculos XI e XII foram um período de intensas movimentações no interior da
Cristandade Latina. Dentre algumas transformações podemos citar as cruzadas, a
reconquista, as expansões feudais, o fortalecimento papal e um significativo aumento
demográfico. Entre conflitos e alianças, os reinos ibéricos tomaram parte das políticas
existentes para seu próprio fortalecimento. Dentre estes reinos, a monarquia portucalense
buscava se afirmar como uma autoridade régia dentro da Cristandade. A conquista de
Lisboa ocorre em 1147. Situada como uma guerra santa, a expansão feudal de Afonso
Henriques usa as hostes cruzadas em seu intento de legitimação. Expandindo seus
domínios, Afonso constrói uma imagem de suas guerras através de uma literatura
memorialística com intuito propagandista. De Expugnatione Lyxbonensi é uma crônica
que narra a conquista de Lisboa e foi escrita por um anglo-normando de nome Raul. A
carta, que entendemos ter como objetivo a construção de uma identidade cristã frente ao
diferente muçulmano, está repleta de violência como instrumento de subjugação e
domínio, além de ser usada como veículo de exaltação dos feitos afonsinos. Portanto, o
objetivo da presente dissertação é apontar a existência da violência justificada pela lógica
da identidade e da diferença. Uma violência que foi instrumentalizada pelos poderes
existentes no período.
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2022-03
O PARTIDO DA FÉ CAPITALISTA: organizações religiosas e o imperialismo norte-americano na segunda metade do século XX
TítuloO PARTIDO DA FÉ CAPITALISTA: organizações religiosas e o imperialismo norte-americano na segunda metade do século XX
Autor
Rodrigo de Sá NettoOrientador(a)
Virginia Maria Gomes de Mattos FontesData de Defesa
2022-03-10Nivel
DoutoradoPáginas
806Volumes
2Banca de DefesaBernardo KocherEurelino Teixeira Coelho NetoFabio Py Murta de AlmeidaRicardo MarianoVirginia Maria Gomes de Mattos Fontes
ResumoEsta tese investiga o despontar mundial de organizações religiosas norte-americanas,
como igrejas pentecostais e entidades missionárias interdenominacionais, após meados
do século XX, relacionando-o com o lançamento de uma guerra psicológica e de
propaganda, concebida pelos Estados Unidos em princípios dos anos 1950 a fim de conter
a influência global soviética e reforçar seu domínio sobre o mundo capitalista. Será visto,
também, como esse projeto foi abraçado pelo Estado e pelo empresariado no Brasil, num
contexto em que tais associações encontram campo propício para sua instalação e
disseminação, não apenas em função da proteção a elas conferidas pelos setores
dirigentes, mas também em virtude de novas características impressas à sociedade
brasileira ao longo do processo de integração econômica internacional do país.
Organizações que serão tratadas, partindo de formulações de Antônio Gramsci, como
aparelhos privados de hegemonia que, coligados, operaram mundialmente como um
partido, com seu proselitismo instilando consenso favorável aos interesses capitalistas no
plano da sociedade civil, enquanto, na esfera do Estado restrito, prestaram apoio a
governos conservadores e produziram políticos engajados no avanço de programas
economicamente liberais. No panorama da crescente internacionalização do capital, com
preeminência daquele sediado nos Estados Unidos, transformando o imperialismo num
capital-imperialismo, essa coligação religiosa ecumênica, porém liderada sobretudo por
porções evangélicas, atuou na progressiva consolidação do domínio norte-americano
sobre o Brasil e o mundo na segunda metade do século passado. Tais conclusões sãobaseadas em pesquisa documental em arquivos governamentais brasileiros e norte-
americanos. Já as balizas temporais da tese têm em seu limite inferior o ano de 1945,marcando o fim da Segunda Guerra Mundial e o início da dominação estadunidense sobre
o mundo ocidental, indo até 2002, último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso,
que assinala a conclusão da reforma da economia brasileira em bases liberais, que contou
com grande contribuição da bancada evangélica.
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2022-03
O município do Rio de Janeiro no tráfico interno de pessoas escravizadas no Império do Brasil (1850-1888)
TítuloO município do Rio de Janeiro no tráfico interno de pessoas escravizadas no Império do Brasil (1850-1888)
Autor
Larissa Bagano DouradoOrientador(a)
Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de CastroData de Defesa
2022-03-09Nivel
DoutoradoPáginas
190Volumes
1Banca de DefesaHebe Maria da Costa Mattos Gomes de CastroLarissa Moreira VianaMaria da Vitória Barbosa LimaSolange Pereira da RochaThiago Campos Pessoa Lourenço
ResumoO fim efetivo do tráfico atlântico de escravizados(as) provocou uma mudança nas
dinâmicas internas de compra e venda de pessoas, crescia o tráfico interprovincial e
intraprovincial de cativos(as), sobretudo em direção à região cafeicultura das províncias
do Rio de Janeiro e São Paulo. Nesse cenário, a cidade do Rio de Janeiro, Corte do
Império do Brasil, que até então foi o principal porto onde os navios negreiros
desembarcavam, se tornou mais uma vez um entreposto comercial fundamental, no qual
as rotas dos comerciantes do grosso trato se cruzavam. Diante dessa circunstância, o
objetivo dessa tese é compreender as muitas formas de sobreviver e se deslocar da
população escravizada comercializada na Corte. A partir da perspectiva da história social
inglesa, em particular dos conceitos de E. P. Thompson (2011), foram consultados os
registros de compra e venda de escravizados(as) do Rio de Janeiro; relatórios dos
presidentes da província do Rio de Janeiro; relatórios do chefe de polícia da Corte, que
compõem as mensagens dos ministros da Justiça do Império; anúncios de fuga
consultados no jornal Diário do Rio de Janeiro; censo de 1872 entre outros materiais. O
argumento dessa tese é que, devido à centralidade do município do Rio de Janeiro no
tráfico interno de escravizados(as) e à alta circulação de pessoas nas suas ruas,
desenhavam-se possibilidades para que os cativos e as cativas que estavam sendo
comercializados agenciassem os seus destinos.
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2022-02
A cor da cidade: raça, controle social e reformas no Rio de Janeiro (1890-1906)
TítuloA cor da cidade: raça, controle social e reformas no Rio de Janeiro (1890-1906)
Autor
Thiago Campos da SilvaOrientador(a)
Laura Antunes MacielData de Defesa
2022-02-18Nivel
MestradoPáginas
207Volumes
1Banca de DefesaHeloisa de Faria CruzKaroline CarulaLaura Antunes Maciel
ResumoO objetivo desta dissertação é averiguar as transformações urbanas no Centro do Rio de
Janeiro durante os anos 1890-1906, problematizando se conteúdos raciais e culturais
orientaram essas intervenções e como elas impactaram a vida dos moradores pobres na
região central da cidade. Mapeando as ruas e endereços mais atingidos pela ação da
polícia para conter as práticas culturais associadas à população afro-brasileira e, também,
para reprimir a "vagabundagem", busco avaliar os seus possíveis nexos com as
intervenções nomeadas de "reformas urbanas". A partir desses caminhos, indago se em
alguma medida a cor dos moradores e as práticas culturais associadas à "raça" dos sujeitos
orientaram as obras de transformação do espaço urbano, isto é, se as reformas
implementadas se articularam à repressão às práticas culturais, aos costumes e
sociabilidades afro-brasileiras. Proponho avaliar se estes espaços foram, também, os
lugares mais associados pela imprensa e pelas autoridades policiais à existência de uma
"cidade negra" no Rio de Janeiro. Diante desse problema histórico, trabalho com a cultura
como dimensão na qual as questões raciais são travadas.
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2022-02
CINEMA & HIP HOP NOS ANOS 1990: O INVASOR NAS DISPUTAS DE REPRESENTAÇÃO ENTRE CENTRO, PERIFERIA, CRIME E VIOLÊNCIA
TítuloCINEMA & HIP HOP NOS ANOS 1990: O INVASOR NAS DISPUTAS DE REPRESENTAÇÃO ENTRE CENTRO, PERIFERIA, CRIME E VIOLÊNCIA
Autor
Guilherme Muniz SafadiOrientador(a)
Juniele Rabêlo de AlmeidaData de Defesa
2022-02-08Nivel
DoutoradoPáginas
317Volumes
1Banca de DefesaAna Maria Mauad de Sousa Andrade EssusJuniele Rabêlo de AlmeidaMarcos Francisco Napolitano de EugenioMônica Almeida KornisRafael Lopes de Sousa
ResumoEsta tese toma como eixo o filme O invasor (2001), de Beto Brant, para investigar formas e
disputas de representação sobre grupos sociais em relação à criminalidade e à violência
urbana no Brasil dos anos 1990. Pensando as relações entre filme e história sociocultural e
atentando aos debates públicos no tempo presente, busca-se abordar os processos de
significação da obra e os contatos que estabelece com imagens e discursos disponíveis em seu
contexto. Ao investigar formas cinematográficas, materiais de composição, a narrativa e suas
articulações com os conflitos simbólicos presentes, dois fios são fundamentais para leitura
histórica do filme: a operacionalidade de "centro" e "periferia" e a abrangência do crime e da
violência em representações da sociedade brasileira. O protagonismo assumido no filme pelo
quadro de referências em torno de "centro-periferia", envolvendo desde as figurações à
focalização narrativa, informa a maneira de construir a representação da sociedade e da
violência. Indaga-se ainda em que medida essas referências contribuem para as singularidades
e deslocamentos na construção audiovisual de hierarquias sociais do crime, em relação a
filmes do passado e do seu tempo. Tais categorias vinham adquirindo um destaque particular
em São Paulo, passando da academia à imprensa, até serem apropriadas, durante os anos
1990, por novos agentes que se identificavam como periféricos, com destaque para um
insurgente movimento hip hop, a partir de elaborações que construíram novas matrizes de
abordagem das dinâmicas sociais da violência e do crime. Para além das expressões do rap na
trilha sonora e do envolvimento do rapper Sabotage com o projeto, o hip hop é considerado
em sua relação dialógica com o cinema, para se problematizar os conflitos simbólicos entre
"centro" e "periferia" na abordagem da violência. Investiga-se em que medida as elaborações
do hip hop constituem uma matriz para a construção das formas de tensão social e
interpelação do "centro" construídas pelo filme, num processo dialógico, em que diferentes
vozes sociais são combinadas na construção narrativa. Sem que se esgote em O invasor, a
película aponta para um ponto de inflexão importante num momento em que alguns filmes
brasileiros buscaram formas particulares de diálogo com o hip hop, o que leva a avaliar a
força dessa relação para deslocamentos de imagens e sentidos das relações entre centro,
periferia, crime e violência na história recente do Brasil.
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2022-01
VEJA E O GOLPE DE 2016: HEGEMONIA, IDEOLOGIA E PROJETO NEOLIBERAL.
TítuloVEJA E O GOLPE DE 2016: HEGEMONIA, IDEOLOGIA E PROJETO NEOLIBERAL.
Autor
Alessandro Guerra MendonçaOrientador(a)
Marcus Ajuruam de Oliveira DezemoneData de Defesa
2022-01-31Nivel
MestradoPáginas
218Volumes
1Banca de DefesaMarcus Ajuruam de Oliveira DezemoneRenata Torres SchittinoVivian Luiz Fonseca
ResumoA deposição de Dilma Rousseff ocorrida em agosto de 2016 trata-se de um dos processos
políticos mais relevantes das últimas décadas no Brasil. As interpretações sobre este tema
indicam a participação decisiva de parlamentares, membros do Poder Judiciário,
entidades de classe empresariais, movimentos sociais e grandes veículos de imprensa. O
objetivo deste trabalho é compreender a atuação de um periódico de circulação nacional,
a revista VEJA, neste processo. Trata-se de compreender o posicionamento do semanário
e, principalmente, suas razões a partir da análise de suas relações sociais, suas ideias e
propostas políticas, assim como as interpretações sobre o domínio político, econômico e
a deposição de Rousseff presentes em suas páginas. A investigação sobre o papel de
VEJA se faz dentro da referência da tradição marxista, sobretudo amparada pelas obras
de Marx e Gramsci, compreendendo o processo histórico e seus sujeitos à luz da estrutura
social capitalista, da luta de classes, da disputa por hegemonia na sociedade civil, e da
produção e reprodução de ideologia. A conclusão é de que a revista legitima e justifica a
derrubada de Rousseff. Legitima por meio da ênfase na legalidade do processo, como a
previsão constitucional do impeachment e o suposto crime de responsabilidade da
presidenta, negando assim a existência de um do golpe de Estado. E justificativa com
base no destaque aos temas da corrupção e da crise econômica. Nas páginas da revista, o
PT seria o grande responsável pela corrupção no país e o governo Dilma beneficiário
direto. Quanto à questão econômica, o governo confundido com o partido seriam os
responsáveis por jogar o país numa de suas maiores crises econômicas. O trabalho
demonstrou que a razão da atuação de VEJA tem por base a defesa de um projeto
neoliberal de sociedade que antecede e sustenta sua interpretação e crítica à gestão de
Dilma Rousseff. Isso seria explicado numa lógica de representação de classes sociais, em
articulação da alta burguesia financeira, da industrial e de uma burguesia financista e
intelectual, com a finalidade colaborar com a mudança de direção e orientação política
do Estado em favor de uma agenda econômica neoliberal.