Dissertações e Teses
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2025-03
Revolta Mau Mau, ontem e hoje: colonialismo, Historiografia e teatro imperial
TítuloRevolta Mau Mau, ontem e hoje: colonialismo, Historiografia e teatro imperial
Autor
Juliana de Oliveira VelosoOrientador(a)
Felipe Paiva SoaresData de Defesa
2025-03-21Nivel
MestradoPáginas
145Volumes
1Banca de DefesaColin Major DarchFelipe Paiva SoaresRegiane Augusto de Mattos
ResumoO presente trabalho tem por objetivo analisar a repressão àquela que ficou conhecida como Revolta Mau Mau (1952-1960), na então colônia britânica do Quênia, explorando os impactos da violência e suas representações na memória histórica e na historiografia sobre o assunto. Partindo de panorama da colonização na região, com enfoque especial no povo kikuyu, o estudo mapeia as discussões públicas e acadêmicas acerca dos "Mau Mau" e do homem que foi transformado em símbolo do movimento: Dedan Kimathi. Seu julgamento, a partir do qual foi condenado à forca em 1956, foi recuperado e publicado em 2017. A análise desta fonte, por sua vez, propõe trazer luz aos aspectos jurídicos da repressão britânica e aos percursos da memória e da ciência histórica dos anos 1950 até os anos 2010.
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2025-03
A (RE)INVENÇÃO HISTÓRICO-IDENTITÁRIA DE GOIÁS: civilização, modernidade e raça (1917-1944)
TítuloA (RE)INVENÇÃO HISTÓRICO-IDENTITÁRIA DE GOIÁS: civilização, modernidade e raça (1917-1944)
Autor
Janaina Ferreira Dos Santos da SilvaOrientador(a)
Karoline CarulaData de Defesa
2025-03-18Nivel
DoutoradoPáginas
363Volumes
1Banca de DefesaCristiano Pereira Alencar ArraisEliézer Cardoso de OliveiraKaroline CarulaMaria Letícia CorrêaMariana Rodrigues Tavares
ResumoEste trabalho tem como tônica central a construção político-ideológica de um projeto de modernidade e civilização para o Ocidente, entre o final do Oitocentos e a primeira metade do Novecentos. Em uma análise centrada no Brasil nesta delimitação temática-temporal, parto do exame da busca pela inserção de um programa moderno-civilizacional para o Estado-nação em desenvolvimento para investigar a conjuntura de Goiás. Na averiguação da conjectura regional, observa-se o surgimento de uma geração de intelectuais que, inserida em redes de sociabilidades nacionais que dialogavam sobre os tópicos supracitados, elaboraram um plano: (re)apresentar o estado de Goiás em consonância com os parâmetros moderno-civilizacionais em discussão. Contudo, para opor-se às narrativas produzidas sobre o hinterland brasileiro no século XVIII, especialmente as literaturas de viagens, documentos políticos e produções artísticas, que teceram uma representação de Goiás em comunhão com a alegoria de um sertão decadente, atrasado e incivilizado, o círculo de letrados goianos traçou uma estratégia para (re)construir as imagens do estado para a nação para além de defender as potencialidades socioeconômicas goianas. Inseridos em um recorte espaço-temporal brasileiro de arguições em torno de um ideal racial para a construção de um Estado-nação em concordância com um futuro de progressos socioeconômicos, traçaram uma (re)invenção histórico-identitária para Goiás em congruência com o projeto moderno-civilizacional em vigor: o quadro multirracial regional foi atenuado por uma mestiçagem étnico-racial harmoniosa e redentora, pois, embora fruto da miscigenação, a população goiana descendia de um elemento caucasiano sóciorracialmente dominante. Dessa forma, a incorporação da ideologia da democracia étnico-racial conjugada com a solução de um branqueamento sociorracial progressivo oriundo do cruzamento racial integrava Goiás ao projeto moderno-civilizacional do Brasil, também (re)imaginado sob estes parâmetros. Para a finalidade de investigar esta (re)concepção de um projeto histórico-identitário de Goiás, partindo de um aparato teórico-metodológico da história social das ideias em conjunto com um suporte da história intelectual, verifico as atuações da rede de intelectuais goianos para a construção e consolidação dessa agenda, focando, principalmente, nas duas revistas formadas por eles, A Informação Goyana (1917-1935) e Oeste (1942-1944), que são fundamentais no corpus documental desta tese. Contudo, acrescento a essa apuração a partilha desse mesmo objetivo disposta em outros campos, perpassando pelas suas laborações nas concepções de obras historiográficas, entradas na arena política, formações de instituições de produção científica e criações de espaços de memórias, para apontar (re)elaboração de uma memória histórica oficial embranquecida para Goiás.
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2025-03
O MOVIMENTO HIP-HOP CRIOULO COMO PLATAFORMA DE CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES POLÍTICAS – A PARTIR DE 1990
TítuloO MOVIMENTO HIP-HOP CRIOULO COMO PLATAFORMA DE CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES POLÍTICAS – A PARTIR DE 1990
Autor
Thaísa Antunes da Costa SouzaOrientador(a)
Felipe Paiva SoaresData de Defesa
2025-03-18Nivel
MestradoPáginas
133Volumes
1Banca de DefesaFelipe Paiva SoaresMarcelo Bittencourt Ivair PintoVictor Andrade de Melo
ResumoEste estudo examina o hip-hop crioulo cabo-verdiano como um movimento social que vai além de sua dimensão musical, emergindo como uma plataforma de construção de identidades políticas de resistência e mobilização coletiva, com base nas ideias de Stuart Hall e Maurice Hawsbach. Parte-se da premissa de que, ao se sentirem marginalizados pelas estruturas de poder formais, os jovens encontram no hip-hop crioulo cabo-verdiano uma alternativa para se inserir no espaço público. Ou seja, objetivo é entender como esse movimento, que ganhou destaque em Cabo Verde nos anos 1990, se estabelece como um fenômeno cultural e social, funcionando como uma ferramenta de afirmação identitária e mobilização política, especialmente em um contexto de marginalização. A pesquisa propõe uma ênfase na análise do rap político, destacando sua capacidade de revisitar eventos históricos, construir memória coletiva e problematizar questões contemporâneas sensíveis à sociedade cabo-verdiana, como o pan-africanismo, a memória da violência colonial e a memória da resistência anti-colonial. A abordagem metodológica integra referências de história, sociologia e estudos culturais, com base na análise de músicas, videoclipes e material audiovisual, fundamentando-se nas concepções de Marcos Napolitano sobre música como fonte histórica, Mikhail Bakhtin sobre discurso dialógico, W. J. T. Mitchel sobre análise de imagens e Michel Chion sobre contrato audiovisual. Além disso, partindo das fontes em sites, jornais online e redes sociais, a pesquisa investiga como o hip-hop, enquanto movimento social constitui espaços de intervenção política na contemporaneidade, utilizando a concepção gramsciana para caracterizar o rapper como um "intelectual orgânico", que articula críticas ao Estado pós-colonial e se envolve de forma ativa na sociedade mediante o trabalho social e político concreto.
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2025-03
Mães de outras pátrias: as experiências maternais vividas por imigrantes no Rio de Janeiro (1880-1908)
TítuloMães de outras pátrias: as experiências maternais vividas por imigrantes no Rio de Janeiro (1880-1908)
Autor
Ingrid Job MarcelloOrientador(a)
Karoline CarulaData de Defesa
2025-03-13Nivel
MestradoPáginas
339Volumes
1Banca de DefesaFabiane PopinigisKaroline CarulaLená Medeiros de Menezes
ResumoEssa dissertação discute as vivências das mães imigrantes no Rio de Janeiro entre 1880 e 1908, através da análise de processos de tutela e soldadas em articulação com jornais, revistas, mapas,
fotografias, certidões cartoriais, documentos de entrada nos portos etc. O recorte foi escolhido, por marcar o auge e a queda dessas demandas. Concentraremos no imbricamento entre
escravidão, imigração e o boom dos processos de tutela e soldada, quando, diante das mudanças decorridas no mercado de trabalho, inúmeros homens e mulheres interessados em angariarem
pequenos trabalhadores, pleitearam a guarda legal de crianças e jovens pobres, prometendo lhes dar educação e os proverem um futuro melhor, mas os inseriam em dinâmicas de trabalho
análogas à escravidão, enquanto suas mães tiveram sua maternidade interrompida de forma completa ou parcial por não respeitarem o padrão de maternidade e moralidade burguesa.
Porém, essas demandas também foram usadas por mães e outras figuras maternas para garantir a sua maternagem e prover educação aos seus filhos, numa época em que educação e trabalho
eram concebidos como sinônimos para as camadas mais pobres. Nossa intenção é, então, analisar os usos da tutela e da soldada e sua relação com o discurso filantrópico; o perfil social
das mães envolvidas nas ações e como nacionalidade, classe e ofício influenciaram na possibilidade de se tornarem tutoras dos seus filhos.
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2025-03
Pelas margens do império: a pirataria e o corso no Rio de Janeiro entre 1680-1711
TítuloPelas margens do império: a pirataria e o corso no Rio de Janeiro entre 1680-1711
Autor
Elizabeth Vieira MenezesOrientador(a)
Maria Fernanda Baptista BicalhoData de Defesa
2025-03-13Nivel
MestradoPáginas
285Volumes
1Banca de DefesaAdriano ComissoliMarcello José Gomes LoureiroMaria Fernanda Baptista Bicalho
ResumoO propósito desta pesquisa é investigar a pirataria e o corso na América Portuguesa, a partir dos impactos dessas atividades no Rio de Janeiro entre 1680 e 1711. Para atingir esse objetivo
analítico, foi elaborado um panorama dos casos de saques, avistamentos e invasões (concretizados ou aventados) reportados por moradores locais. A partir desse mapeamento, foi possível rastrear não apenas os principais mecanismos e características dessas incursões, como também as múltiplas formas de reações à pirataria em relações políticas e sociais sediadas na cidade. As principais fontes primárias mobilizadas para compor esse quadro foram os processos e correspondências que tramitavam no Conselho Ultramarino (custodiado no AHU) e os documentos administrativos emitidos por autoridades locais (consultados no ANRJ). Ao longo deste trabalho, a pirataria foi considerada como reflexo das tensões imperiais no Atlântico. Dessa maneira, as reações aos saques e ameaças revelariam nuances da complexa rede de relações entre os impérios e seus domínios ultramarinos. Ao mesmo tempo, essas práticas de pilhagem contribuíram para flexibilizar os limites da autoridade imperial no Ultramar, demonstrando uma ampla gama de interações entre os saqueadores e os grupos, personagens e práticas sociais locais.
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2025-01
DE PECULIO CLERICORUM A ECONOMIA ECLESIÁSTICA E A CONSOLIDAÇÃO DA IGREJA NO ARCEBISPADO DE LIMA (1582-1700)
TítuloDE PECULIO CLERICORUM A ECONOMIA ECLESIÁSTICA E A CONSOLIDAÇÃO DA IGREJA NO ARCEBISPADO DE LIMA (1582-1700)
Autor
Flavia Silva BarrosOrientador(a)
Maria Verónica Secreto FerrerasData de Defesa
2025-01-09Nivel
DoutoradoPáginas
247Volumes
1Banca de DefesaAnderson José Machado de OliveiraGeorgina Silva Dos SantosJuliana Torres Rodrigues PereiraMaria Verónica Secreto FerrerasRonald José Raminelli
ResumoEste trabalho está voltado ao estudo dos usos do patrimônio eclesiástico pelo clero secular para consolidar a Igreja diocesana no arcebispado de Lima, sobretudo, tendo em conta as rivalidades com as Ordens religiosas. A disputa entre os dois ramos do clero não foi uma atividade puramente espiritual, mas envolveu uma acirrada concorrência por recursos financeiros. Ao tratar do patrimônio da Igreja não podemos considerá-la uma instituição homogênea, uma vez que havia grande disparidade de recursos não só entre diferentes bispados, mas entre membros do clero, variando também conforme a localização urbana ou rural das paróquias. Além disso, sua administração não era centralizada, mas controlada por cada instituição que compunha o corpo da Igreja. Não obstante esta grande diversidade na distribuição de seus recursos o clero sempre buscou no acúmulo financeiro o apoio para seu crescimento. Assim, a pesquisa tem como foco a utilização do patrimônio eclesiástico pelo clero secular como mecanismo de consolidação do poder político e social da Igreja diocesana na área andina, impondo-se perante as Ordens religiosas.
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2024-12
Sociedade, natureza e técnica: a constituição da baía de vitória e suas atividades urbano-portuárias
TítuloSociedade, natureza e técnica: a constituição da baía de vitória e suas atividades urbano-portuárias
Autor
Paulo Roberto da Silva SantosOrientador(a)
Cezar Teixeira HonoratoData de Defesa
2024-12-19Nivel
MestradoPáginas
Volumes
Banca de DefesaCezar Teixeira HonoratoLuiz Cláudio Moisés RibeiroThiago Vinícius Mantuano da Fonseca
Resumo
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2024-12
O processo histórico de expansão da militarização na educação: Da experiência em Goiás ao Programa Nacional das Escolas Cívico Militares (1998- 2020)
TítuloO processo histórico de expansão da militarização na educação: Da experiência em Goiás ao Programa Nacional das Escolas Cívico Militares (1998- 2020)
Autor
Rodrigo Mendes OliveiraOrientador(a)
Juniele Rabêlo de AlmeidaData de Defesa
2024-12-17Nivel
DoutoradoPáginas
222Volumes
1Banca de DefesaAmanda de Mello CalabriaCristina Helou GomideElisa de Campos BorgesJuniele Rabêlo de AlmeidaMiriam Bianca Amaral Ribeiro
ResumoEste trabalho investiga a presença e a influência do militarismo na formação do estado brasileiro, com ênfase na expansão dos colégios militares e militarizados nas últimas décadas. Busca-se discutir os tentáculos da militarização na história recente da educação brasileira: Da primeira escola militarizada em Goiás, em 1998, a criação do Programa Nacional das Escolas Cívico Militares – PECIM em 2020. A análise parte do reconhecimento de que o militarismo é uma constante na história política do Brasil, desde a criação da república até o presente, permeando não apenas as instituições, mas também a cultura e as práticas sociais. Entende-se que a militarização da educação não é um fenômeno isolado, mas sim um reflexo de um contexto histórico que favoreceu a adoção de práticas militares em diversos âmbitos da vida pública. O estudo se propõe a explorar as intersecções entre militarismo, polícia militar e militarização na educação, destacando como essas relações moldam a formação dos jovens e a cultura política do país. A pesquisa revela que a temática da militarização das escolas ganhou relevância em espaços variados, como assembleias legislativas e redes sociais, refletindo um debate público que se intensificou, especialmente em tempos de crescimento de uma onda conservadora. A obra também se debruça sobre a produção acadêmica existente, evidenciando um crescente interesse em compreender as implicações sociais e educacionais da militarização, e por fim apresenta os processos mais significativos de resistência ao modelo de militarização da educação, e os casos de abuso de poder em vários estados brasileiros nas instituições escolares militarizadas.
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2024-11
A difusão das obras de D. Álvaro Pais (1275-†1349/52) através de suas leituras e de seus leitores
TítuloA difusão das obras de D. Álvaro Pais (1275-†1349/52) através de suas leituras e de seus leitores
Autor
Sabina Dos Santos Costa FreitasOrientador(a)
Vânia Leite FróesData de Defesa
2024-11-13Nivel
DoutoradoPáginas
334Volumes
1Banca de DefesaArmênia Maria de SouzaBeatris Dos Santos GonçalvesCarolina Chaves FerroEdmar Checon de FreitasVânia Leite Fróes
ResumoEsta tese estuda Álvaro Pais (*1275/80-†1349) sob a perspectiva de sua definição como um intelectual medieval, com base nos argumentos de Jacques Le Goff sobre o tema. Contribuem para tal definição a formação erudita, a circulação e a atuação de Álvaro Pais nos meios letrados e universitários, sua postura tenaz e combativa e seu reconhecimento como uma autoridade entre seus pares, verificada pelo caráter pedagógico e persuasivo da extensa correspondência enviada aos Menores, à liderança franciscana dissidente e a clérigos importantes e pela redação do Estado e Pranto da Igreja, que desfrutou de expressivo reconhecimento no período imediatamente após sua redação. A obra, um tratado político normativo sobre as relações de poder e a organização da sociedade baixo medieval, foi escrita em Avignon entre 1330/1332, revisada pelo próprio autor em 1335 (Tavira, Portugal) e em 1340 (Santiago de Compostela) e circulou em cópias manuscritas, parciais e integrais nos meios letrados, religiosos e laicos, por toda a Europa de forma ininterrupta nos séculos seguintes, como mostram os registros das bibliotecas e universidades na atualidade. Com a invenção da tipografia, a obra foi impressa, como incunábulo, em 1474 (Ulm), 1517 (Lyon) e 1560 (Veneza) e tornou-se, novamente, objeto de interesse da elite letrada desde a protomodernidade, figurando em diversas bibliotecas e livrarias por todo o mundo. O franciscano, natural de Salnés na Galiza, Doutor e Mestre em Direito Civil e Canônico na Universidade de Bolonha, também lecionou para os "Disciplinados de Perugia", irmandade da qual foi Diretor espiritual, e esteve no epicentro dos dois grandes conflitos do período: as discussões em torno da Regra Franciscana e os embates entre o Papado e o Sacro Império personificados nas disputas entre o Papa João XXII e o imperador Luís IV, da Baviera, apoiando o primeiro. Desde a Corte de Sancho IV em Castela, onde foi educado, ao longo de sua trajetória, Álvaro Pais circulou por todo o Ocidente cristão, exercendo sua atividade religiosa, acumulando conhecimento e estabelecendo conexões com clérigos e pensadores proeminentes, canonistas, juristas e teólogos atuantes em seu tempo, como se espera de um intelectual.
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2024-11
A trajetória de Edna Lott: mulheres na política brasileira e carioca, resistência à ditadura militar e a violência da repressão (1919-1976)
TítuloA trajetória de Edna Lott: mulheres na política brasileira e carioca, resistência à ditadura militar e a violência da repressão (1919-1976)
Autor
Felipe Varzea Lott de Moraes CostaOrientador(a)
Karla Guilherme CarloniData de Defesa
2024-11-01Nivel
DoutoradoPáginas
460Volumes
1Banca de DefesaFábio KoifmanJanaína Martins CordeiroKarla Guilherme CarloniMarieta de Moraes FerreiraPaulo Knauss de Mendonça
ResumoA tese tem por objetivo discutir as possibilidades e limites da ação política das mulheres brasileiras e cariocas no século XX, a partir do estudo da biografia política de Edna Lott (1919-1971), deputada estadual da Guanabara nos anos 1960. Professora de História e Geografia e advinda da família militar, Edna Lott apresenta uma trajetória política bastante representativa daquelas mulheres que começaram a participar mais ativamente da política institucional, durante a Quarta República (1945-1964) e a Ditadura Civil-Militar (1964-1985). A partir desse estudo, busca-se discutir e compreender uma série de temas relacionados à história das mulheres, como família, religião, participação no mercado de trabalho, participação política, disputa eleitoral etc. A tese apresenta fontes variadas, como documentação escolar, periódicos, documentos das Polícias Políticas, anais da Assembleia Legislativa do Estado da Guanabara, entrevistas e conversas informais com familiares e pessoas que conviveram com a biografada, correspondência eletrônica, entre outras. A tese também destaca a resistência democrática, em geral, e dos setores de esquerda, em particular, que agiram politicamente dentro das instituições. Pelo fim trágico da biografada, a tese também enfatiza o recrudescimento da tentativa de restauração dos costumes por parte do regime, bem como a perseguição político-moral direcionada especificamente às mulheres que agiam politicamente.
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2024-09
O EXÍLIO COMO MARCA BIOGRÁFICA: A TRAJETÓRIA POLÍTICA DE JOÃO CAFÉ FILHO (1922-1955)
TítuloO EXÍLIO COMO MARCA BIOGRÁFICA: A TRAJETÓRIA POLÍTICA DE JOÃO CAFÉ FILHO (1922-1955)
Autor
Paulo Rikardo Pereira Fonseca da CunhaOrientador(a)
Denise Rollemberg CruzData de Defesa
2024-09-27Nivel
DoutoradoPáginas
400Volumes
1Banca de DefesaAngela Maria de Castro GomesCláudia Maria Ribeiro ViscardiDenise Rollemberg CruzMarieta de Moraes FerreiraRaimundo Nonato Araújo da Rocha
ResumoO objetivo desta tese é demonstrar como podemos acompanhar a trajetória de João Café Filho a partir de sua experiência com o exílio. Busca-se seguir os dramas e as inquietações desse personagem em relação a essa experiência singular. Este trabalho encontra-se dividido em duas partes: na primeira, o foco de análise se centrou nos exílios sofridos por Café dentro do território brasileiro, na década de 1920; na segunda, privilegiou-se tanto sua fuga para a Argentina, no contexto do recrudescimento do autoritarismo do Estado Novo, como seu "autoexílio" da política após seu afastamento forçado da presidência da República, em 1955. As categorias exílio, biografia, indivíduo e sociedade, escrita de si, culturas políticas e memória foram amplamente utilizadas como base teórica. Percebe-se que, ao longo de sua trajetória, Café agenciou as perseguições e violências sofridas por ele para atuar politicamente, construindo uma identidade de político perseguido e
injustiçado que sempre esteve ao lado dos oprimidos. Sua construção enquanto político está intimamente ligada ao movimento dos trabalhadores urbanos do Rio Grande do Norte.
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2024-09
NÃO É SÓ UM JOGO! OS HISTORY GAMES E ANÁLISE DO JOGO VALIANT HEARTS: THE GREAT WAR
TítuloNÃO É SÓ UM JOGO! OS HISTORY GAMES E ANÁLISE DO JOGO VALIANT HEARTS: THE GREAT WAR
Autor
Victor Nunes Dos SantosOrientador(a)
Lívia Gonçalves MagalhãesData de Defesa
2024-09-27Nivel
MestradoPáginas
108Volumes
1Banca de DefesaAdriene Baron TaclaGabriel da Fonseca OnofreLívia Gonçalves Magalhães
ResumoOs videogames surgiram num primeiro momento como um experimento científico e aos poucos ganharam espaço no setor do entretenimento. A indústria dos jogos ocupa hoje o primeiro lugar como mais lucrativa dentro da sua categoria. Essa posição está rodeada de inúmeros fatores que fazem dessa mídia algo tão atrativo, e como comum dos meios do entretenimento, os games encontraram no passado um oceano de possibilidades para continuar produzindo. E isso levanta um questionamento, essa mídia, ao retratar esse passado, pode apresentar historicidade como outras? No presente trabalho esse é o pilar central de discussão, ao longo do seu desenvolvimento serão levantadas questões pertinentes sobre a trajetória desse meio e de que forma a historiografia a enxerga. Utilizando o game Valiant Hearts: The Great War como objeto de estudo, esta pesquisa se propõe a analisa-lo sobre a ótica das humanidades digitais estabelecendo algumas questões acerca da sua capacidade de reconstrução desse passado, quais as problemáticas envolvidas nesse processo e quais os cuidados devem ser tomados, tanto pelo jogador quanto pelo pesquisador, na hora de lidar com essa mídia.
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2024-09
Das formas de se evitar a decadência: Duarte Ribeiro de Macedo e seus alvitres (1668-1690)
TítuloDas formas de se evitar a decadência: Duarte Ribeiro de Macedo e seus alvitres (1668-1690)
Autor
Pedro Affonso Mattos de Azevedo OliveiraOrientador(a)
Renato Júnio FrancoData de Defesa
2024-09-20Nivel
MestradoPáginas
165Volumes
1Banca de DefesaAna Paula Torres MegianiRenato Júnio FrancoSilvia Patuzzi
ResumoEsta dissertação se propõe a investigar o léxico político empregado nos principais alvitres de Duarte Ribeiro de Macedo, magistrado e diplomata português nas cortes de Paris e Madri entre os anos de 1668-1676 e 1677-1679. Preocupado com a condução política e comercial, o ministro propôs reformas à monarquia portuguesa através de seus alvitres, tendo por principal objetivo impedir a instauração de um cenário de decadência. Nosso principal interesse se encontra na análise de suas propostas, demonstrando como o autor mobiliza um léxico específico para analisar a decadência e a conservação dos estados. Além disso, buscamos apontar como a experiência do autor nos espaços diplomáticos internacionais tiveram enorme peso na elaboração de seus escritos e na percepção da desigualdade dos Estados, ou seja, suas potencialidades e inaptidões. Por fim, pretendemos evidenciar o lugar das conquistas em suas reflexões, demonstrando a centralidade desses espaços para a construção de suas propostas econômicas.
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2024-09
MULHERES NO LAGER: FONTES DE MEMÓRIA NO UNITED STATES HOLOCAUST MEMORIAL MUSEUM
TítuloMULHERES NO LAGER: FONTES DE MEMÓRIA NO UNITED STATES HOLOCAUST MEMORIAL MUSEUM
Autor
Raquel Soares LopesOrientador(a)
Ana Maria Mauad de Sousa Andrade EssusData de Defesa
2024-09-11Nivel
MestradoPáginas
128Volumes
1Banca de DefesaAna Maria Mauad de Sousa Andrade EssusDenise Rollemberg CruzMarcos Felipe de Brum Lopes
ResumoEste estudo analisa a memória das mulheres no campo de concentração de Ravensbrück, utilizando como principal fonte de pesquisa fotografias disponibilizadas on-line pelo United States Holocaust Memorial Museum (USHMM) e testemunhos prestados em 1945 pelas vítimas fotografadas, acessados no site Chronicles of Terror. A pesquisa investiga a idealização, construção narrativa e finalidade do USHMM, com foco em sua exposição permanente e arquivo fotográfico, a fim de compreender a perspectiva apresentada por essa
instituição. Por ser uma grande exposição com inúmeros artefatos e devido à impossibilidade de uma visita ao local, a abordagem concentra-se no uso geral da fotografia na referida exibição e na importância da criação deste espaço de memória. A partir do entendimento da sociedade alemã durante a guerra e explorando a história do campo de concentração de Ravensbrück, destacam-se as experiências das ―rabbits", grupo de
prisioneiras submetidas a experimentos médicos. Baseada nas fotografias das sobreviventes Maria Kuśmierczuk e Bogumiła Bąbińska, e no cruzamento dessa documentação visual com seus depoimentos, a análise busca compreender como a fotografia pode servir como fonte de memória e instrumento de testemunho. Esse estudo contribui para a preservação das memórias das experiências nos campos de concentração e para o reconhecimento das atrocidades sofridas pelas mulheres no Lager. Além disso, ressalta-se a relevância das relações de solidariedade e redes de apoio desenvolvidas entre as prisioneiras, evidenciando como esses laços foram essenciais para a sobrevivência e resiliência diante das condições
extremas vividas no campo.
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2024-08
O IMPÉRIO DA OPINIÃO: identidades políticas e participação popular nas páginas do Correio Mercantil e do Diário do Rio de Janeiro (1860-1866)
TítuloO IMPÉRIO DA OPINIÃO: identidades políticas e participação popular nas páginas do Correio Mercantil e do Diário do Rio de Janeiro (1860-1866)
Autor
Camila Pereira MartinsOrientador(a)
Gladys Sabina RibeiroData de Defesa
2024-08-30Nivel
DoutoradoPáginas
218Volumes
1Banca de DefesaGladys Sabina RibeiroIsabel Idelzuite Lustosa da CostaRodrigo Camargo de GodoiSilvana Mota BarbosaTânia Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira
ResumoNa presente tese analisamos como a conjuntura política foi representada nas páginas do Correio Mercantil e do Diário do Rio de Janeiro. Dois dos maiores jornais brasileiros da época e que
durante a década de 1860 foram dirigidos por políticos progressistas, a saber: Joaquim Francisco Alves Branco Muniz Barreto, Francisco Otaviano de Almeida Rosa e Joaquim Saldanha Marinho. Ao longo dos capítulos pesquisamos as trajetórias políticas dos redatores dos jornais, analisamos como os periódicos foram utilizados na disputa política-eleitoral da época e observamos como as identidades políticas foram formuladas e reformuladas na praça do Rio de Janeiro. Em meio a vivas ao Imperador e à Constituição surgiram gritos em favor da "oposição constitucional", do "partido liberal", da "liga progressista" e do "partido progressista". Ao recuperar a construção das identidades políticas que marcaram o período, destacamos a atuação da imprensa periódica da Corte no processo de reconfiguração dos partidos políticos e das estruturas de poder. Processo no qual a invocação da opinião pública foi fundamental para legitimar a imprensa como representante da soberania popular. Ao investigar os significados de opinião pública, percebemos que nos jornais progressistas se sobressaia o modelo jurídico de opinião pública, que compreendia a opinião pública como um tribunal que encontraria a verdade do caso por meio do debate racional das ideias. A utilização de um conceito democrático de opinião pública, impunha um apelo constante às "vozes da rua", o que levou ao recurso da publicação de petições nas páginas dos periódicos. Defendemos que os jornais publicavam as petições entregues em suas redações com o intuito de estabelecer uma relação direta com o público e, assim poder invocar a opinião pública em seu favor. Contudo, ao publicar as petições, divulgavam e legitimavam a demanda pela prestação de serviços públicos, como o abastecimento de água, o fornecimento de iluminação e a construção de estradas. Demandas que pressionaram pela expansão do Estado e da cidadania.
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2024-08
Os gregos no Império Persa Aquemênida: discursos e representações
TítuloOs gregos no Império Persa Aquemênida: discursos e representações
Autor
Pierre Romana FernandesOrientador(a)
Alexandre Santos de MoraesData de Defesa
2024-08-27Nivel
DoutoradoPáginas
188Volumes
1Banca de DefesaAlexandre Santos de MoraesCarolina Coelho FortesOtávio Luiz Vieira PintoPedro Vieira da Silva PeixotoThiago de Almeida Lourenço Cardoso Pires
ResumoAs guerras greco-pérsicas tiveram grande impacto nas cidades helênicas vencedoras, sobretudo em Atenas. A literatura grega que narra os eventos bélicos, por um lado, celebra a vitória por meio de passagens de louvor heróico e, por outro, descreve os persas como "bárbaro" em condição de alteridade. No entanto, poucos anos depois dos confrontos, enquanto a identidade grega ideal era moldada em discursos escritos e imagéticos, a presença da cultura persa era atestada em Atenas através do fenômeno de circulação e mobilidade de pessoas, objetos e ideias nos entornos do Mediterrâneo e do Egeu. Sabemos, comprovadamente, que persas estiveram presentes em Atenas ainda no século V a.C., bem como gregos que marcaram presença na corte Aquemênida e nos
seus domínios imperiais. A mesma documentação que contempla a relação entre gregos e persas evidenciam discursos acerca desses gregos exilados e/ou residentes no Império Aquemênida. A tarefa do nosso trabalho consiste no exame de discursos e representações acerca da identidade de gregos presentes no Império Aquemênida em convívio com os Grandes Reis e as autoridades persas.
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2024-08
UMA CONSUMIDORA MODERNA: publicidade e gênero nas páginas da revista Claudia
TítuloUMA CONSUMIDORA MODERNA: publicidade e gênero nas páginas da revista Claudia
Autor
Paula de Moraes RodriguesOrientador(a)
Ana Maria Mauad de Sousa Andrade EssusData de Defesa
2024-08-26Nivel
MestradoPáginas
186Volumes
1Banca de DefesaAna Maria Mauad de Sousa Andrade EssusMaria do Carmo Teixeira RainhoSamantha Viz Quadrat
ResumoEste estudo analisa as representações sociais da mulher brasileira na revista Claudia na década de 1960, destacando como a publicação promovia um ideal de mulher moderna, geralmente retratada como branca e de classe média. Por meio de seus editoriais, fotografias e propagandas, Claudia refletia o cotidiano de suas leitoras, ao mesmo tempo em que reforçava ou contestava mudanças sociais ligadas às diferenças de gênero e aos de papéis sociais. A revista sustentava uma distinção entre homens e mulheres, estabelecendo uma hierarquia de poder e promovendo o ideal feminino centrado no ambiente doméstico, embora também valorizasse a independência feminina. A análise revelou um padrão de feminilidade promovido pela revista, dirigido principalmente
à mulher branca de classe média, excluindo outras identidades femininas. Utilizando a interseccionalidade, foi possível identificar como raça, gênero e classe influenciaram na construção desse ideal feminino. As revistas femininas desempenhavam um papel significativo como instrumentos de padronização, promovendo comportamentos que reforçavam valores da sociedade burguesa brasileira e moldando normas estéticas e comportamentais que impactavam profundamente a vida cotidiana das mulheres.
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2024-08
APOENA MEIRELES
Trajetória sertanista entre a ditadura e a democracia no Brasil
TítuloAPOENA MEIRELES
Trajetória sertanista entre a ditadura e a democracia no Brasil
Autor
Breno Luiz Tommasi EvangelistaOrientador(a)
Janaína Martins CordeiroData de Defesa
2024-08-23Nivel
DoutoradoPáginas
576Volumes
2Banca de DefesaAlexandre de Sá AvelarCarlos Benítez TrinidadJanaína Martins CordeiroPoliene Soares Dos Santos BicalhoRodrigo Patto Sá Motta
ResumoEste trabalho analisa a trajetória de Apoena Meireles, sertanista que atuou a serviço da Fundação Nacional do Índio (Funai), tendo como foco sua atuação pública através do seu trabalho no período da ditadura civil-militar brasileira (1964-1979) e seus desdobramentos no período da redemocratização (1979-1988). O objetivo principal da pesquisa é investigar a relação estabelecida entre Apoena Meireles e o regime autoritário,
enfocando o tema dos comportamentos sociais nesse contexto. A pesquisa se concentrou na trajetória de vida do personagem, apresentando suas principais referências, suas ações e as reações do governo. A atuação de Apoena Meireles nas frentes de atração de povos indígenas isolados visava realizar o contato com essas comunidades para estabelecer o controle da Funai e do governo, além de fornecer assistência médica e material para essas populações. O contexto social e político vivido sob um regime autoritário promoveu
transformações na política indigenista brasileira e, consequentemente, no trabalho executado pelos sertanistas. Durante a década de 1970, a implantação de um projeto de modernização nacional acarretou a intensificação das expedições para localizar os povos isolados, mediante a necessidade de evitar conflitos entre os indígenas e os operários das obras da ditadura, ocasionando a interrupção das suas atividades. Por essa razão, os
sertanistas eram enviados para acompanhar a construção de estradas, rodovias e outros empreendimentos, identificando as comunidades tradicionais próximas e realizando o contato com elas. A execução dessa tarefa conviveu com questões complexas como a relação estabelecida por esses profissionais com o aparato repressivo da ditadura, os vínculos criados entre os indivíduos integrantes do campo sertanista, a reprodução da vida cotidiana sob o regime autoritário, as consequências do contato "civilizador" com os indígenas, entre outras. A metodologia aplicada na pesquisa compreende o recurso às ferramentas dos campos da escrita biográfica, sobretudo da trajetória de vida, da História Oral, da análise de imprensa, da História Social, principalmente no estudo dos comportamentos sociais sob a ditadura, com o uso de conceitos como acomodação, e da História Política para a investigação das redes de sociabilidade, da história das
instituições, dos projetos de governo e das políticas de Estado.
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2024-08
Sobrevivendo à empresa-cristã escravista Trabalho, família e projetos de liberdade dos Escravos da Religião nas propriedades rurais da Ordem de São Bento (Rio de Janeiro, c. 1800 - c. 1860).
TítuloSobrevivendo à empresa-cristã escravista Trabalho, família e projetos de liberdade dos Escravos da Religião nas propriedades rurais da Ordem de São Bento (Rio de Janeiro, c. 1800 - c. 1860).
Autor
Vitor Hugo Monteiro FrancoOrientador(a)
Jonis FreireData de Defesa
2024-08-23Nivel
DoutoradoPáginas
433Volumes
1Banca de DefesaIamara da Silva VianaJonis FreireMariana de Aguiar Ferreira MuazeNielson Rosa BezerraRobert Wayne Andrew Slenes
ResumoEsta tese analisa como, no século XIX, os beneditinos do Mosteiro do Rio de Janeiro administraram economicamente seus maiores empreendimentos agrícolas – a saber: a Fazenda de Campos dos Goitacazes, Camorim, Vargem Pequena, Vargem Grande e Iguassú. Essa gestão estava umbilicalmente vinculada à exploração, em múltiplos níveis, de centenas de escravizados, denominados nas fontes Escravos da Religião, que viviam há quilômetros de distância da Abadia carioca. Os produtos agrícolas – açúcar, aguardente, mantimentos; pecuários – gado vacum e cavalar; e manufatureiros – telhas e tijolos, produzidos por esses cativos serviram tanto para a manutenção da comunidade monástica, quanto para a obtenção de riqueza, prestígio e poder à Ordem de São Bento. Para isso, os monges buscavam maximizar os lucros advindos do trabalho escravo. Com essa finalidade, os religiosos se organizaram economicamente de maneira empresarial:
produzindo balanços financeiros pormenorizados; investindo em logística, tecnologia e treinamento dos cativos; acessando o tráfico transatlântico, a fim de adquirir novos trabalhadores escravizados; fomentando hierarquizações no interior das senzalas, baseadas no sexo, idade, origem e ocupação; direcionando a produção para ampliação dos lucros. Ao mesmo tempo, esses empreendimentos estavam atrelados a missão apostólica da Igreja Católica, qual seja: a cristianização dos cativos. O amalgama desses propósitos, ao longo do tempo, formou o que intitulo empresa-cristã escravista, cujo ápice ocorreu no século XIX. Outra finalidade da tese é examinar como os Escravos da Religião lançaram mão de diversas estratégias para sobreviver à empresa-cristã escravista. Defendo que eles não se permitiram reduzir a mero rebanho de almas a serem
cristianizadas e nem a serem desumanizados pela exploração de seu trabalho. Embora o contexto em que vivessem fosse extremamente violento e instável, eles conseguiram construir espaços de autonomia, sociabilidade e solidariedade, entre si e com outros sujeitos, essenciais para sobreviver e para conquistar os sonhos de liberdade. Nesse sentido, focalizo minha investigação na formação de espaços como: as famílias e
comunidades negras, muitas vezes cindidas entre a escravidão e a liberdade; as irmandades, especialmente a Confraria de Nossa Senhora do Rosário; as cosmopercepções, baseadas nas (re)elaborações de saberes africanos, indígenas e diaspóricos; as estratégias traçadas para alcançar a alforria.
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2024-08
Cotidiana transgressão en este Reyno como en la otra America: Contrabando e Fronteira no Rio da Prata do século XVIII
TítuloCotidiana transgressão en este Reyno como en la otra America: Contrabando e Fronteira no Rio da Prata do século XVIII
Autor
Alana Thaís BassoOrientador(a)
Leonardo MarquesData de Defesa
2024-08-22Nivel
DoutoradoPáginas
300Volumes
1Banca de DefesaFábio KuhnFabrício Pereira PradoHevelly Ferreira AcrucheLeonardo MarquesMaximiliano Mac Menz
ResumoO contrabando era um processo dinâmico que envolvia diferentes atores com os mais variados
interesses. O objetivo desta tese é entender de que maneira o comércio ilegal impactou a
formação do Rio da Prata como região de fronteira no século XVIII e como contribuiu para sua
inserção no espaço histórico do Atlântico Sul. Destaco como essa região de fronteira foi
formada pelo comércio ilegal e como, de maneira concomitante, ele se beneficiava de um
espaço fronteiriço para garantir o sucesso das suas operações. Além disso, analiso o
funcionamento do comércio ilícito a partir das cadeias mercantis mobilizadas, das formas como
ocorriam as apreensões e os processos legais, da organização dos contrabandistas no espaço
geográfico e dos usos que os impérios europeus que colonizavam a região (ou que tinham
múltiplos interesses políticos e econômicos no local) faziam do contrabando – ora procurando
combatê-lo, ora praticando-o em benefício próprio. Pesquisar o comércio ilegal é importante
para entender a incorporação do Rio da Prata nos espaços econômicos – tanto do interior da
América do Sul quanto do Atlântico – e a construção política, cultural e social da região. O
estudo do contrabando auxilia, também, a compreender a inserção do Rio da Prata no processo
de desenvolvimento do capitalismo histórico na Idade Moderna, em que fronteira e contrabando
eram indissociáveis.
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2024-08
O Santo Ofício em Territórios de Mando: Agentes Inquisitoriais e Poder no Ceará, século XVIII
TítuloO Santo Ofício em Territórios de Mando: Agentes Inquisitoriais e Poder no Ceará, século XVIII
Autor
Adson Rodrigo Silva PinheiroOrientador(a)
Georgina Silva Dos SantosData de Defesa
2024-08-20Nivel
DoutoradoPáginas
642Volumes
1Banca de DefesaAngelo Adriano Faria de AssisDaniela Buono CalainhoGeorgina Silva Dos SantosGrayce Mayre Bonfim SouzaRonald José Raminelli
ResumoEste trabalho investiga como agentes locais e a sociedade colaboraram com o Santo Ofício, via denúncias, para identificar crimes inquisitoriais no Ceará no século XVIII. Busca-se entender o alcance do tribunal religioso em áreas periféricas, utilizando denúncias para vigiar comportamentos sociais e religiosos esperados pela Igreja Católica. A pesquisa se baseia em denúncias do século XVIII, destacando as experiências e relações dos denunciadores. Além dos processos, utiliza denúncias do caderno do promotor para entender a dinâmica sociocultural e as provisões para perfis de agentes e correspondências, revelando os fluxos de comunicação com Lisboa. No Ceará Grande, o tribunal contou com familiares, comissários, visitas pastorais e uma estrutura eclesiástica com forte presença de vigarias. Bispos eram agentes essenciais na coleta e envio de delações para Lisboa. Os bispados funcionavam como "pequenas Inquisições", controlando brevemente desvios através de "visitas pastorais ou eclesiásticas". O Santo Ofício também utilizava agentes formais e civis, incluindo familiares, espécie de milícia voluntária. Além de análise administrativa, o trabalho examina a vida cotidiana das pequenas comunidades, evidenciando a importância da cultura oral na transmissão e superação de costumes. No contexto das vilas do século XVIII, em território de economia pastoril e agricultura de subsistência, a vigilância inquisitorial questiona como os delitos chegavam aos agentes da Igreja ou Inquisição, refletindo os desejos da população local. O estudo aborda o papel dos agentes coloniais na formação de um novo espaço social e político, distinto da sociedade açucareira, em um ambiente de violência e estratégias de sobrevivência. Analisando o período do século XVIII, coincide com o crescimento econômico das vilas, que trouxe medidas administrativas para regulamentar o controle social, mas também a consolidação das redes eclesiásticas. O estudo investigou a criação de redes de vigilância pela Inquisição e o impacto delas no cotidiano dos habitantes dos sertões, revelando a complexidade das práticas culturais e lutas sociais na capitania do Ceará Grande.
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2024-08
TRABALHO E INSTRUÇÃO: A ATUAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS GUARDA-LIVROS (RJ) NA HIERARQUIZAÇÃO DA CLASSE CAIXEIRAL
TítuloTRABALHO E INSTRUÇÃO: A ATUAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS GUARDA-LIVROS (RJ) NA HIERARQUIZAÇÃO DA CLASSE CAIXEIRAL
Autor
Guilherme Gonçalves OliveiraOrientador(a)
Gladys Sabina RibeiroData de Defesa
2024-08-15Nivel
MestradoPáginas
128Volumes
1Banca de DefesaFabiane PopinigisGladys Sabina RibeiroPaulo Cruz Terra
ResumoEsta dissertação propõe investigar a classe caixeiral do Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX. Nosso principal ponto de interesse é a intensa hierarquização dessa categoria, que
gerou grupos significativamente heterogêneos e tão distantes entre si, que, por vezes, acabavam por não se identificarem como pertencentes ao mesmo ofício. Dentre esses grupos, os guarda-livros são o nosso foco, pois enxergamos eles em uma situação única. A saber, eram a o topo da hierarquia caixeiral, possuíam as melhores remunerações, maior nível de escolaridade e eram mais próximos dos patrões. Ao mesmo tempo, continuavam mais pertencentes à classe trabalhadora do que ao "mundo dos patrões". Assim, buscamos investigar como esses profissionais se organizaram em associações exclusivas, como a Associação dos Guarda-Livros (RJ), e utilizaram esses espaços como meios de conquistar aperfeiçoamento profissional e pessoal para buscarem a tão sonhada ascensão social.
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2024-07
"O SAMBA TEM QUE TER A CUMBUCA": HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE QUILOMBOLA SALINAS – PIAUÍ (SÉC. XIX - TEMPO PRESENTE)
Título"O SAMBA TEM QUE TER A CUMBUCA": HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE QUILOMBOLA SALINAS – PIAUÍ (SÉC. XIX - TEMPO PRESENTE)
Autor
Francisco Helton de Araujo Oliveira FilhoOrientador(a)
Martha Campos AbreuData de Defesa
2024-07-31Nivel
DoutoradoPáginas
275Volumes
1Banca de DefesaCarolina Christiane de Souza MartinsEurípides Antônio FunesHebe Maria da Costa Mattos Gomes de CastroLívia Nascimento MonteiroMartha Campos Abreu
ResumoO objetivo dessa tese é analisar a história, a memória e o patrimônio da comunidade quilombola Salinas, localizada município de Campinas do Piauí, a partir do samba de cumbuca, um canto, um ritmo e uma dança próprio da comunidade. A pesquisa, focada na história presente e em um passado presentificado, começa em meados do século XIX, época em que a memória dos entrevistados remonta à origem da comunidade Salinas, fundado por mulheres negras escravizadas. A partir das memórias, narrativas e registros dos moradores investiguei como o quilombo Salinas conta e ritualiza sua história, tendo o samba de cumbuca, seus cantos, ritmos e danças criados pelos antepassados. Através das memórias dos detentores e detentoras sambistas, mapeei as gerações que legaram o samba de cumbuca desde a escravidão até o presente. Nesse sentido, tentei integrar as perspectivas e histórias presentes na comunidade quilombola Salinas, reconhecendo que há uma história social do período do cativeiro e do pós-Abolição, protagonizado pelos antepassados da comunidade, que é complementada e enriquecida pela memória individual e familiar das gerações contemporâneas. O papel do museu comunitário e o reconhecimento do samba de cumbuca como patrimônio imaterial reflete o esforço da comunidade em valorizar, celebrar e perpetuar suas tradições.
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2024-07
O SISTEMA PRISIONAL COMO JANELA PARA OS ANOS FINAIS DA ESCRAVIDÃO NO IMPÉRIO E OS PRIMEIROS ANOS PÓS-ABOLIÇÃO REPUBLICANOS (SERGIPE, 1864-1926)
TítuloO SISTEMA PRISIONAL COMO JANELA PARA OS ANOS FINAIS DA ESCRAVIDÃO NO IMPÉRIO E OS PRIMEIROS ANOS PÓS-ABOLIÇÃO REPUBLICANOS (SERGIPE, 1864-1926)
Autor
Flávio Santos do NascimentoOrientador(a)
Gizlene NederData de Defesa
2024-07-31Nivel
DoutoradoPáginas
243Volumes
1Banca de DefesaAna Paula Barcelos Ribeiro da SilvaCezar Teixeira HonoratoGelsom Rozentino de AlmeidaGizlene NederLarissa Moreira Viana
ResumoEsta tese busca refletir sobre o Sistema Prisional de Sergipe entre os anos de 1864 e 1926. O recorte temporal compreende os anos de funcionamento da principal unidade prisional da época, a Casa de Prisão de Aracaju, e abarca dois dos eventos históricos definitivos da História do Brasil: a abolição da escravidão e a Proclamação da República. Através da análise de fontes como Mapas Diários de Movimento da Cadeia, Livros de Entrada e Saída de Presos, registros das Rondas Diárias, Requerimentos dos Presos, Relatórios dos Presidentes da Província e correspondências recebidas pelo Administrador da Casa de Prisão procede-se a uma descrição analítica da estrutura e do funcionamento da Casa de Prisão com Trabalho de Aracaju, bem como do seu processo de construção. Para compreender a maneira como a questão da criminalidade estava sendo concebida analisou-se os discursos das principais autoridades da governação de Sergipe sobre as causas para a criminalidade, bem como as ações derivadas desses discursos. Buscou-se também desenvolver reflexões a partir do perfil da população encarcerada na Cadeia
Pública de Aracaju. A partir das informações sobre esses homens e mulheres são desenvolvidas análises sobre aspectos sociais, políticos e econômicos da sociedade sergipana de fins do século XIX e início do século XX. Por fim, analisa-se a dinâmica do cotidiano na Casa de Prisão com Trabalho e reflete-se sobre os sentidos e significados das sociabilidades empreendidas entre a população prisional em si (presos e funcionários) e a sociedade extramuros. Distanciamentos e aproximações entre a rotina fixada nos regulamentos e a rotina vivida ganham contornos a partir da exegese das fontes utilizadas.
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2024-07
ANOS DE ÓLEO, SANGUE E CHUMBO: A PETROBRAS E A DITADURA EMPRESARIAL-MILITAR BRASILEIRA (1964-1988)
TítuloANOS DE ÓLEO, SANGUE E CHUMBO: A PETROBRAS E A DITADURA EMPRESARIAL-MILITAR BRASILEIRA (1964-1988)
Autor
Julio Cesar Pereira de CarvalhoOrientador(a)
Virginia Maria Gomes de Mattos FontesData de Defesa
2024-07-26Nivel
DoutoradoPáginas
455Volumes
2Banca de DefesaAlex de Souza IvoLucieneida Dováo PraunPedro Henrique Pedreira CamposRenato Luís do Couto Neto E LemosVirginia Maria Gomes de Mattos Fontes
ResumoO objetivo central deste estudo é analisar as relações entre a Petrobras, os militares e as classes dominantes brasileiras durante a ditadura empresarial-militar (1964-1988). O ponto de partida da pesquisa foi calcado em análise histórica das relações sociais que embasaram as políticas petrolíferas entre 1930 e 1964, exposta em capítulo específico. Constatou-se, nesta seção, que o golpe que derrubou o governo João Goulart significou a alocação da Petrobras, de forma desnuda e efetiva, no cerne da contrarrevolução preventiva que embala a estrutura de funcionamento das classes dominantes brasileiras. Tendo isso em vista, a hipótese que regeu o "núcleo duro" desta pesquisa foi fortemente influenciada pela pesquisa de René Dreifuss, mais especialmente o seu livro "1964: a conquista do Estado. Ação política, poder e golpe de classe". O cientista político demonstrou que o golpe de 1964 e a ditadura então instituída foram construídos, elementarmente, por segmentos militares e empresariais. Por conseguinte, a hipótese da tese partiu da presunção de que com a Petrobras não foi diferente, sendo seus quadros constituídos, ao longo do regime, por componentes das burguesias e por membros das Forças Armadas. Com o uso do aparato teórico-metodológico marxista gramsciano foram analisadas as trajetórias coletivas de todos os componentes do alto escalão da Petrobras entre 1964 e 1988, de modo a qualificar o perfil dos militares ali inseridos e perceber a existência de intelectuais orgânicos empresariais naquelas funções. Além disso, foram averiguadas mobilizações de aparatos privados de hegemonia em relação às diretrizes petrolíferas do Estado. Como conclusão, verificou-se que a estrutura administrativa do sistema Petrobras foi predominantemente integrada, por um lado, por agentes vinculados ao empresariado brasileiro, o que contraria a tese de autores que afirmam que a estatal, na ditadura, passou a ser gerida por "tecnocratas" alheios às relações/interesses políticos. Por outro lado, o primeiro escalão da Petrobras também foi composto por componentes das Forças Armadas atrelados à Escola Superior de Guerra. Em decorrência desse cenário, a estatal do petróleo se configurou tanto como um importante pivô da Doutrina de Segurança Nacional de combate aos "inimigos internos" quanto como uma viabilizadora da concentração e centralização de capitais privados específicos, sobretudo aqueles atuantes no ramo petroquímico. Junto a isso, a Petrobras seguiu sendo um vetor da contrarrevolução preventiva brasileira mesmo no processo de abertura para a democracia, em um cenário no qual trabalhadores da categoria puderam atuar politicamente de forma mais enfática e que as burguesias passaram a pleitear a privatização do sistema Petrobras.