Dissertações e Teses
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2020-07
O Estado Feudal em Portugal: Conflitos Sociais e Centralidade Régia no tempo de D. Afonso III (1248-1279).
TítuloO Estado Feudal em Portugal: Conflitos Sociais e Centralidade Régia no tempo de D. Afonso III (1248-1279).
Autor
Thiago Pereira da Silva MagelaOrientador(a)
Mário Jorge da Motta BastosData de Defesa
2020-07-30Nivel
DoutoradoPáginas
401Volumes
1Banca de DefesaJoão Cerineu Leite de CarvalhoLeontina Domingos Ventura Duarte FerreiraMaria Filomena Pinto da Costa CoelhoMário Jorge da Motta BastosRenata Rodrigues Vereza
ResumoEsta tese analisa o clássico problema das estruturas políticas ou de poder na Idade
Média. Assim, desenvolvemos ao longo deste trabalho uma abordagem relacional do
Estado -influência de Göran Therborn- com o intuito de confrontar as visões
institucionalistas. Procuramos desta maneira observar as ações políticas da realeza nos
campos da justiça, fiscalidade e redistribuição econômica. Esta abordagem encontrou
sentido num espaço-tempo, o Portugal medieval, mais especificamente no reinado de
Afonso III (1248-1279). Este reinado é tradicionalmente analisado através do prisma da
centralização do poder. Entretanto, ao longo deste trabalho procuramos demonstrar as
limitações do paradigma da centralização, confrontando-o com as relações
socioeconômicas. Nossa analise parte do conceito de modo de produção feudal e de sua
dinâmica interna para compreender o relacionamento entre a aristocracia e a realeza nos
marcos do Estado Feudal. Esta dinâmica feudal colocava em conflito os diversos setores
da aristocracia pelo acesso ao excedente campesino, o que nos levou a considerar o Estado
Feudal como fruto desta dinâmica conflituosa, e não como um projeto régio avant la
lettre. Esta perspectiva se desdobrou na percepção de que foi o poder senhorial da realeza
que permitiu a sua centralidade ‘política’ como articulador da classe dominante, na
mesma medida que lhe conferiu um papel central na redistribuição dos recursos através
dos marcos institucionais. De igual modo, os resultados deste trabalho indicam que a
centralidade régia foi alcançada através de um sistema de reciprocidades desiguais, e não
através da supressão dos poderes senhoriais. Assim, o reinado analisado permitiu entender
o Estado Feudal como uma organização política descentralizada, no qual se manifestava
uma centralidade régia que instaurava os marcos institucionais e condicionava os
horizontes de ação das classes sociais.
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2020-07
"O princípio deste século tem sido empregado em política". A linguagem política de frei Joaquim do Amor Divino Caneca.
Título"O princípio deste século tem sido empregado em política". A linguagem política de frei Joaquim do Amor Divino Caneca.
Autor
Pedro Henrique Duarte Figueira CarvalhoOrientador(a)
Guilherme Paulo Castagnoli Pereira Das NevesData de Defesa
2020-07-30Nivel
MestradoPáginas
167Volumes
1Banca de DefesaAndréa Lisly GonçalvesGuilherme Paulo Castagnoli Pereira Das NevesLuciano Raposo de Almeida Figueiredo
ResumoAo longo do século XIX, a província de Pernambuco foi palco de diversas rebeliões. O objetivo
desta dissertação é analisar o pensamento político de frei Joaquim do Amor Divino Caneca,
famoso por ter participado da Insurreição Pernambucana (1817) e por ter sido o líder intelectual
da Confederação do Equador (1824). Para tal, analisaram-se os escritos do frade anteriores à
Confederação à procura de sua linguagem política. Ao responder às acusações de
republicanismo feitas por José Fernandes Gama, verifica-se que o religioso era um adepto da
linguagem do bem público. A partir desse episódio, a reflexão em torno da linguagem
republicana presente nos escritos do frei permite dizer que Caneca não era um republicano, e
sim um repúblico.
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2020-07
"Provas do Bello Talento". Gênero, Raça e Abolição sob a pena de Maria Firmina no Maranhão Oitocentista
Título"Provas do Bello Talento". Gênero, Raça e Abolição sob a pena de Maria Firmina no Maranhão Oitocentista
Autor
Clarissa Dos Santos Pinto PiresOrientador(a)
Humberto Fernandes MachadoData de Defesa
2020-07-28Nivel
MestradoPáginas
276Volumes
1Banca de DefesaHumberto Fernandes MachadoIamara da Silva VianaJonis Freire
ResumoO presente trabalho corresponde a um estudo sobre a experiência histórica de Maria
Firmina dos Reis (1822-1917) enquanto mulher negra, livre, intelectual, professora,
atuante na imprensa e na cena política-cultural da província do Maranhão na segunda
metade do século XIX, bem como a construção da memória entre os séculos XIX e XXI
sobre sua vida e suas obras. Envolvida pelo movimento do abolicionismo, da educação
pública e do romantismo literário, a análise da trajetória de Maria Firmina se apresenta
convidativa por ilustrar o seu protagonismo em ações e instrumentos de liberdade,
resistência, confronto e diálogo que se somam às tantas ações conjuntas da população
negra e feminina em defesa da cidadania de pessoas negras livres, libertas e
escravizadas, reconhecendo entre as mesmas proximidades e distâncias. A fim de
enquadrá-la como liderança abolicionista pela viabilidade dos seus projetos individuais,
serão observados os caminhos de liberdade por ela trilhados para conquistar, disputar e
manter-se nos espaços do debate público sobre a escravidão e a condição feminina a
partir das suas criações literárias no romance Úrsula (1860) e no conto A Escrava
(1887).
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2020-07
A especificidade do humanismo de Damião de Góis: Notas para um estudo da Lamentação do Povo da Lapónia e de A fé, a religião e os costumes da Etiópia (século XVI)
TítuloA especificidade do humanismo de Damião de Góis: Notas para um estudo da Lamentação do Povo da Lapónia e de A fé, a religião e os costumes da Etiópia (século XVI)
Autor
Thays Alves RodriguesOrientador(a)
Ronald José RaminelliData de Defesa
2020-07-28Nivel
MestradoPáginas
164Volumes
1Banca de DefesaClaudio Costa PinheiroRonald José RaminelliSilvia Patuzzi
ResumoEsta dissertação tem como escopo a interpretação das descrições que o português,
diplomata-humanista, Damião de Góis (1502-1574), realiza dos etíopes, dos lapões, e das
sociedades localizadas ao longo da costa indiana, identificadas, respectivamente, na Fides,
religio, moresque Aetiopum (1540), na Deploratio Lappianae Gentis (1540), e, na Chronica
do Felicissimo Rei Dom Emanuel (1566-1567). Ao considerarmos o compromisso de Góis
com os propósitos de uma monarquia em expansão, procuramos identificar o vocabulário
conceitual, bem como, os pressupostos que mobiliza na atividade de pena, para, num único
movimento retórico, garantir a autoridade de seus escritos, a ingerência portuguesa em outras
paragens, e o livre trânsito das especiarias pela Europa, principalmente, pelo mundo
germânico, cujo movimento reformista oferecia resistência a essa circulação. Por fim, para
além da influência dos interesses expansionistas, mas também como consequência deles,
consideramos esse mesmo vocabulário como o produto de um contexto ordenado pelo
código analógico, que compatibilizava as diferenças e possibilitava a aproximação entre os
homens, por mais diferentes que fossem.
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2020-07
(Neo)liberalismo, democracia e "diplomacia empresarial": a história do Council of the Americas (1965-2019)
Título(Neo)liberalismo, democracia e "diplomacia empresarial": a história do Council of the Americas (1965-2019)
Autor
Rejane Carolina HoevelerOrientador(a)
Virginia Maria Gomes de Mattos FontesData de Defesa
2020-07-22Nivel
DoutoradoPáginas
680Volumes
1Banca de DefesaAna Elisa Saggioro GarciaGilberto Grassi CalilRenato Luís do Couto Neto E LemosRolando Eugenio Álvarez VallejosVirginia Maria Gomes de Mattos Fontes
ResumoEsta tese trata da história do Council of the Americas (COA) desde sua fundação, em 1965,
sob a iniciativa de David Rockefeller (e inicialmente sob o nome de Council for Latin
America - CLA), até os dias atuais. O Conselho das Américas é, desde sua criação, a principal
entidade privada que organiza a ação política empresarial do capital estadunidense na América
Latina. Busca-se identificar os principais atores, empresariais, políticos e intelectuais, que
estiveram no centro da atuação deste aparelho ao longo dessas mais de cinco décadas de
existência. Procuramos compreender continuidades e rupturas ideológicas que pautaram as
modalidades de ação do Conselho, e a partir de matriz teórica marxiana e gramsciana,
demonstrar a inserção deste aparelho privado de hegemonia tanto na sociedade civil como na
sociedade política (Estado ampliado), e tanto nos Estados Unidos como nos mais diversos
cenários nacionais latino-americanos – portanto, em âmbito transnacional (hemisférico).
Inquirimos como, da colaboração com as ditaduras militares latino-americanas dos anos 1960
e 1970 – com destaque para a participação do Conselho na campanha que levou ao golpe de
1973 no Chile e as íntimas ligações com o regime instalado no Brasil após 1964 – à defesa de
democracias restritas sob a batuta neoliberal, o discurso do Conselho sempre envolveu uma
mistificação ideológica sobre uma suposta identidade de interesses comuns "hemisféricos".
Entendemos que, como propulsor do "livre comércio" interamericano e impulsionador de
outros aparelhos empresariais, o Conselho faz uso de um conjunto de modalidades de ação
que vai da propaganda para o grande público à estreita colaboração com agências de
inteligência, constituindo-se como co-elaborador e co-operador privado central na política
externa estadunidense para a América Latina. Analisamos, por fim, que além da propagandapositiva da "livre empresa" ou do "empreendedorismo" (associada a ferrenho anti-
comunismo, e contrária a tudo que fosse considerado como lesivo ao capital imperialismo,desde expropriações à direitos sociais universais); e mais que precursora da chamada
"responsabilidade social corporativa", o Conselho das Américas atua como um intelectual
coletivo que busca "educar" as classes dominantes latino-americanas.
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2020-07
Persianismo: recepção sociocultural do estilo persa na Atenas Clássica (século V a.C.)
TítuloPersianismo: recepção sociocultural do estilo persa na Atenas Clássica (século V a.C.)
Autor
Pierre Romana FernandesOrientador(a)
Alexandre Santos de MoraesData de Defesa
2020-07-21Nivel
MestradoPáginas
159Volumes
1Banca de DefesaAdriene Baron TaclaAlexandre Santos de MoraesFábio de Souza Lessa
ResumoNossa pesquisa tem como objeto de análise a recepção de um elemento da cultura
persa – os rítons – na sociedade ateniense do século V a.C. Os rítons de figuras vermelhas
começaram a ser produzidos nas oficinas áticas no início do quinto século logo após o
fim das Guerras Greco-pérsicas, sugerindo indícios de conectividade cultural entre
Atenas e o Império Persa Aquemênida em concomitância aos discursos de alteridade que
antagonizavam gregos e bárbaros. A maneira como os rítons eram adotados, produzidos
e consumidos nos oferecem possibilidades não apenas de compreender a rede de
interconexão que preservava os contatos entre gregos e persas, mas também como
determinados segmentos sociais da pólis dos atenienses se valiam da ostentação de bens
de luxo originalmente persas – fenômeno conceituado como persianismo – como medida
de marcação de uma identidade étnica que se pretendia representar como legítima nas
relações de poder em Atenas e entre esta cidades e outras cidades gregas no contexto da
"Liga Délica".
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2020-07
Concordemos em discordar: a relação entre tolerância, concórdia e dúvida em Erasmo de Roterdã (1524-1527)
TítuloConcordemos em discordar: a relação entre tolerância, concórdia e dúvida em Erasmo de Roterdã (1524-1527)
Autor
Caio Affonso LeoneOrientador(a)
Renato Júnio FrancoData de Defesa
2020-07-17Nivel
MestradoPáginas
161Volumes
1Banca de DefesaLuís Filipe Silvério LimaRenato Júnio FrancoSilvia Patuzzi
ResumoA presente dissertação ocupa-se do pensamento de Erasmo de Roterdã sobre a relação entre
tolerância, concórdia e os usos da dúvida em matéria de religião. A principal proposta é analisar
as três obras publicadas em função da chamada Controvérsia do Livre Arbítrio, travada entre
ele e Martinho Lutero entre 1524 e 1527. Para isso, um levantamento da historiografia
interessada em Erasmo, em particular a respeito de suas opiniões sobre a tolerância religiosa,
se mostra necessária. A partir de tal levantamento, sugeriu-se que, ao invés da tolerância, o
conceito de concórdia cristã seria a chave ideal para descrever as concepções erasmianas do
tratamento da dissidência religiosa, de adesão ao consenso e de e crítica à autoridade
eclesiástica. Nessa perspectiva, merecem destaque os aspectos teológicos e políticos do
conceito como base da atuação erasmiana no contexto de controvérsias teológicas e conflitos
civis nas primeiras décadas do século XVI. Defende-se que uma das estratégias mais
importantes usados por Erasmo nessas querelas foram os usos da dúvida como instrumento de
comunicação do dissenso. Para melhor compreender este instrumento, parte-se de uma
apreciação historiográfica do que foi chamado de "crise do critério de verdade teológica" e das
possíveis apropriações do ceticismo moderno. Esse percurso culmina na análise da De Libero
Arbitrio Diatribe sive Collatio, de 1524, na qual Erasmo teria proposto um debate moderado a
respeito de um artigo não-essencial à fé, a doutrina do Livre Arbítrio, com o intuito de
pavimentar a reconciliação dos cristãos e o restabelecimento da concórdia. Em seguida,
aprecia-se a réplica, o De Servo Arbitrio, de 1525, na qual Lutero acusou Erasmo de ser um
"cético" mais preocupado com a paz e a tranquilidade da carne do que com a salvação das
almas. Finalmente, chega-se à análise da tréplica Erasmiana, o Hyperaspistes de 1526-27, no
qual procuram-se interpretações das consequências desse debate epocal, bem como a percepção
erasmiana dos sinais de um tempo menos aberto à reconciliação pacífica e ao restabelecimento
da concórdia.
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2020-07
As Armas e os Brasões Assinalados: Reforma do Estado e Iconografia Heráldica sob D. Manuel I (Portugal – 1495-1521)
TítuloAs Armas e os Brasões Assinalados: Reforma do Estado e Iconografia Heráldica sob D. Manuel I (Portugal – 1495-1521)
Autor
Franklin Maciel Tavares FilhoOrientador(a)
Mário Jorge da Motta BastosData de Defesa
2020-07-17Nivel
DoutoradoPáginas
Volumes
Banca de DefesaAlmir Marques de Souza JuniorGeorgina Silva Dos SantosJoão Cerineu Leite de CarvalhoMaria Filomena Pinto da Costa CoelhoMário Jorge da Motta Bastos
Resumo
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2020-07
APROPRIAÇÕES INSTITUÍDAS E A SUBVERSÃO DO POPULAR: USOS, FORMATOS E POÉTICA DO CORDEL LITERATURA (1955 -2008)
TítuloAPROPRIAÇÕES INSTITUÍDAS E A SUBVERSÃO DO POPULAR: USOS, FORMATOS E POÉTICA DO CORDEL LITERATURA (1955 -2008)
Autor
Antonio Helonis Borges BrandãoOrientador(a)
Giselle Martins VenancioData de Defesa
2020-07-16Nivel
DoutoradoPáginas
412Volumes
1Banca de DefesaCarlos Augusto Pereira Dos SantosElis Regina Barbosa AngeloGeorgina Silva Dos SantosGiselle Martins VenancioSylvia Regina Bastos Nemer
ResumoA tese discute o processo em que o cordel brasileiro é instituído pelos estudiosos e agentes
de produção em uma expressão cultural múltipla, configurado em uma forma fixa e única
nas convenções próprias a um sistema editorial e literário. Assim ela reflete sobre a
constituição do formato material, forma poética fixa e variados usos do cordel brasileiro
como objeto de estudo, o que subverte a lógica explicativa do popular inventado.
Seguindo referenciais teóricos da história do livro e da leitura, história intelectual,
sociologia cultural e crítica literária, o trabalho compreende o largo período, entre 1955,
marco da institucionalização, na emergência do objeto de estudo e da primeira associação
duradoura de poetas, até 2008, o balizamento final do que chamamos de subversão do
popular na forma e formato do cordel, que o amplia em alcance e o reitera em novos usos.
O principal objetivo aqui é o de compreender o processo de apropriação,
institucionalização, subversão e movência de um idealizado caráter popular, a partir das
representações e usos instituídos pelos intermediários (mediadores) culturais do cordel –
estudiosos, jornalistas e agentes de produção. A hipótese que levantamos é que o motivo
da exclusão do cordel do cânone literário brasileiro se dá pela recorrência em se refletir
as práticas dissociadas da própria historicidade configurada nas convenções da forma,
formatos e usos sociais que lhe dão sentido. A configuração da literariedade, da forma,
nas associações e academias de poetas; a desmaterialização do formato, no cibercordel da
segunda metade dos anos de 1990, e no processo de digitalização e disponibilização
consolidada dos primeiros acervos na rede mundial de computadores, entre 2001 e 2008;
além da recente incorporação do cordel junto ao mercado editorial do livro, são pois
analisados como as recriações que subvertem, no campo literário, alguns dos sentidos
anteriormente dados ao cordel literatura.
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2020-07
DO CARIRI PARA O MUNDO: A MUSEALIZAÇÃO DA XILOGRAVURA DO CORDEL E OS SENTIDOS DA ARTE POPULAR NO BRASIL (1955-1965)
TítuloDO CARIRI PARA O MUNDO: A MUSEALIZAÇÃO DA XILOGRAVURA DO CORDEL E OS SENTIDOS DA ARTE POPULAR NO BRASIL (1955-1965)
Autor
Sandra Nancy Ramos Freire BezerraOrientador(a)
Paulo Knauss de MendonçaData de Defesa
2020-07-16Nivel
DoutoradoPáginas
305Volumes
1Banca de DefesaAna Maria Mauad de Sousa Andrade EssusFrancisco Régis Lopes RamosPaulo Knauss de MendonçaRicardo Gomes LimaRogéria Moreira de Ipanema
ResumoDurante certo tempo a xilogravura acompanhou os folhetos de cordel como ilustração das
suas capas. Entre os anos 1955 e 1965 as ilustrações atraíram o interesse de agentes
ligados a Universidade do Ceará, que constituíram uma importante coleção para compor
o acervo do Museu de Arte que estava sendo criado. A coleção foi apresentada em
exposições no Sudeste e no exterior percorrendo vários países, sendo também
musealizada. Nesse contexto o artista Sérvulo Esmeraldo também ligado ao grupo da
Universidade do Ceará, resolveu interferir na produção trazendo para as xilogravuras um
modelo já vivenciado no campo da arte erudita, os álbuns temáticos, assinados e
numerados. Esta tese analisa a coleção constituída e as transformações pelas quais passou
a xilogravura a fim de compreender como o processo de musealização fixou seu estatuto
artístico. A análise utilizou diversas fontes, que envolveram os discursos produzidos e
difundidos nos catálogos, correspondências, textos veiculados na imprensa e também nos
registros históricos publicados nos documentos oficiais da Universidade do Ceará Os
conceitos históricos utilizados para mediar as percepções foram cultura visual, práticas
e representações.
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2020-07
Os Dórios da Ásia: Etnicidade e Identidade Religiosa em Cnido e Cós no Período Helenístico
TítuloOs Dórios da Ásia: Etnicidade e Identidade Religiosa em Cnido e Cós no Período Helenístico
Autor
Mateus Mello Araujo da SilvaOrientador(a)
Alexandre Carneiro Cerqueira LimaData de Defesa
2020-07-16Nivel
MestradoPáginas
251Volumes
1Banca de DefesaAdriene Baron TaclaAlexandre Carneiro Cerqueira LimaVagner Carvalheiro Porto
ResumoNas últimas décadas, a partir dos anos 1990, os estudos sobre a região da Cária (no
sudoeste da Ásia Menor), sobre a etnicidade entre os helenos e sobre as cidades no período
helenístico presenciaram um novo fôlego. Intensos debates foram postos, eventos organizados
e obras foram publicadas sobre os assuntos. Nosso objetivo nessa dissertação é unir os três
campos supracitados, ao abordar um caso específico de construção da etnicidade entre um
conjunto de cidades gregas na costa da Cária, no continente e ilhas próximas, durante o período
helenístico. Ou seja, abordaremos a construção da etnicidade, especialmente a dórica, entre as
cidades de Cnido, Cós e Rodes no decorrer do III século a.C. e até meados do II século a.C.
Compreendemos que essas cidades não só compartilhariam uma identidade étnica entre si
através de sua subscrição no grupo étnico dos dórios de forma mais ampla, mas teriam a
memória da anfictionia regional dos períodos arcaico e clássico organizada ao redor dessa
mesma identidade: a Hexápolis e, em seguida, a Pentápolis Dórica. A identidade nessa
anfictionia era exercida através do pertencimento ao grupo das cinco cidades dóricas da Cária,
participando de cultos e competições exclusivistas. A religião, através de sua multiforme
presença na sociedade, seria o fator central para essa construção.
Para além disso, essa região teria passado do princípio do III século a.C. até a metade
do II século a.C. uma série de flutuações políticas complexas, submetendo as cidades da Cária
como um todo a diversas conformações de submissão política, alianças e resistência aos grandes
reinos helenísticos, sempre em disputa pela região. Também fornece espaço para a análise do
crescimento territorial e hegemônico de uma dessas cidades, Rodes, com suas próprias
pretensões políticas e econômicas se estendendo sobre as demais cidades. E, por fim, permite
uma análise de caso sobre os primeiros anos da interferência política romana na Ásia que, na
segunda metade do II século a.C., começaria a se tornar ainda mais pronunciada com a criação
da província da Ásia. Essas trajetórias históricas das três cidades em muitos pontos
convergentes e, em outros, divergentes, poderiam gerar ainda mais um sentido de comunidade.
A dissertação foi dividida em três partes, com um enfoque gradual. No primeiro
capítulo, será feita a contextualização histórica das cidades de Cnido, Cós e Rodes em longa
duração, desde o período arcaico até meados do II século a.C. A partir desses casos serão
apresentadas as discussões acerca da etnicidade e importância da pólis durante o período
helenístico. No segundo, o recorte será focado na análise dos tipos numismáticos de Cnido e
Cós produzidos no período helenístico. Compreendemos que essas imagens representavam10
mensagens e, ao circularem, poderiam trabalhar como um fator importante na constituição das
identidades local e regional. Por fim, analisaremos os testemunhos epigráficos vindos de Cnido,
antigo centro cultual da Pentápolis Dórica, ou relacionados à sua vida cultual e agonística para
compreendermos como a cidade articulava sua identidade étnica e seu pertencimento dentro do
mundo grego durante o período helenístico. O segundo volume da dissertação é constituído
pelo repertório de tipos numismáticos de Cnido e Cós, que foram agrupados a partir das
divindades que ocupam os anversos das moedas na análise do segundo capítulo da dissertação.
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2020-07
Rituais Funerários da Segunda Idade do Ferro no Sul da França: o caso de Ensérune
TítuloRituais Funerários da Segunda Idade do Ferro no Sul da França: o caso de Ensérune
Autor
Thaís Rodrigues Dos SantosOrientador(a)
Adriene Baron TaclaData de Defesa
2020-07-14Nivel
MestradoPáginas
342Volumes
1Banca de DefesaAdriene Baron TaclaCamila Diogo de SouzaPedro Vieira da Silva Peixoto
ResumoNesta pesquisa propomos o estudo das performances rituais funerárias de Ensérune em III a.C. Buscando compreender além da sequência de práticas vinculadas à essas performances, a construções da personalidade, de gênero e da memória social a partir da cultura material presente nas sepulturas. Ensérune trata-se do principal cemitério da Segunda Idade do Ferro do sul da França, e fornece pistas importantes para a compreensão dos rituais funerários da região. Neste cemitério, podemos observar como os mortos eram cremados, seus ossos coletados e colocados em urnas funerárias. Posteriormente era feita uma deposição secundária dessa cremação em uma cova, onde colocava-se além da urna funerária, oferendas alimentares (carneiro, porco, galinha, dentre outros animais), cerâmicas de banquete importadas, além dos vestígios da pira funerária (cinzas e mobiliário da pira).
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2020-07
Redes de Solidariedades entre Vivos e Mortos: a formação do patrimônio da confraria de Sancti Spiritus de Villalpando (Séculos XIV-XV)
TítuloRedes de Solidariedades entre Vivos e Mortos: a formação do patrimônio da confraria de Sancti Spiritus de Villalpando (Séculos XIV-XV)
Autor
Douglas Ribeiro da Rosa BandeiraOrientador(a)
Mário Jorge da Motta BastosData de Defesa
2020-07-13Nivel
MestradoPáginas
137Volumes
1Banca de DefesaAlmir Marques de Souza JuniorMário Jorge da Motta BastosRenata Rodrigues Vereza
ResumoNesta presente dissertação, nos debruçamos sobre a história da confraria de clérigos de
Sancti Spiritus de Villalpando localizada no reino de Castela. O recorte temporal são os
séculos XIV e XV. Analisando a sua documentação – composta basicamente por
contratos de doações, compras, vendas, trocas e arredamentos –, buscamos compreender
um processo no qual "economia" e "religião" não podiam ser dissociadas e em que a
necessidade de estabelecimento de vínculos sociais, além da crença e da esperança da
salvação deram ensejo à constituição do patrimônio desta confraria, que persistiu até o
século XIX. Não temos o ano exato da fundação da confraria de clérigos de Sancti
Spiritus, mas as menções mais antigas datam do século XII. Neste século a Europa vê o
alvorecer de inúmeras transformações e a maturação de processos que estavam em curso
nos séculos anteriores. A expansão econômica verificada neste período é um deles. Os
campos medievais passam a produzir mais, novas áreas são arroteadas ampliando-se os
espaços cultiváveis e os excedentes agrícolas, agora capaz de sustentar uma maior
quantidades de indivíduos alheios ao setor primário da produção. No mesmo período as
cidades medievais se revigoram, atraem para si não apenas os excedentes produzidos
nas áreas rurais, mas o destino de indivíduos que buscam novas oportunidades e
recomeços. É neste espaço e neste contexto que vemos a transformação da forma que
até então o homem medieval se relacionava entre si ou com o além através do
aparecimento de novas formas de religiosidade, como as Ordens Mendicantes ou o
nascimento do Purgatório, e de novas formas de sociabilidade, como as confrarias que
atuaram como redes de solidariedades entre vivos e mortos.
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2020-07
"Varar o território nacional de ponta a ponta": Atlas Folclórico do Brasil, Projeto Rondon e as Políticas de Integração Cultural (1951-1982)
Título"Varar o território nacional de ponta a ponta": Atlas Folclórico do Brasil, Projeto Rondon e as Políticas de Integração Cultural (1951-1982)
Autor
Valério Rosa de NegreirosOrientador(a)
Giselle Martins VenancioData de Defesa
2020-07-10Nivel
DoutoradoPáginas
281Volumes
1Banca de DefesaDenise Rollemberg CruzGiselle Martins VenancioJanaína Martins CordeiroJuliette Dumont-quessardMárcia Regina Romeiro Chuva
ResumoEsta tese tem como objetivo analisar o processo de institucionalização do folclore no Brasil a
partir da investigação do projeto do Atlas Folclórico do Brasil. Ainda na década de 1950,
quando do surgimento do Movimento Folclórico Brasileiro, foi levantada na Carta do Folclore
Brasileiro a ideia - por parte dos folcloristas que compunham a Comissão Nacional de Folclore
– da catalogação de todas manifestações folclóricas do país. Simultaneamente à luta para tornar
o folclore uma disciplina acadêmica, dotada de conceito e metodologias científicas, os
folcloristas criaram instituições e projetos ao longo de três décadas, sempre almejando executar
aquilo que seria o projeto maior deles "o grande levantamento do folclore brasileiro". Diante
disso, observou-se que a partir do golpe civil-militar de 1964, uma nova política cultural - a
qual denominamos de "integração cultural" - se estruturou no país. Tal fato, sustentamos nessa
tese, teria possibilitado aos folcloristas da Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro realizar
um inquérito na década de 1970, nas chamadas "Operação Pesquisa Folclórica", em
colaboração com o Projeto Rondon e estudantes universitários, integrantes deste projeto.
Apesar de apenas um Atlas ter sido publicado, essa investigação descobriu que foi feito, em
vários estados, o cadastramento das manifestações que fariam parte do Atlas nacional. Diante
disso, defendemos que, no contexto da década de 1970, as configurações ideológicas
permitiram aos folcloristas realizarem seu projeto maior, bem como, permanecerem
institucionalmente vinculados ao Estado brasileiro.
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2020-07
"A ditadura nos trilhos: cotidiano e memória dos trabalhadores da Rede Ferroviária Federal S.A. (1964-1974)".
Título"A ditadura nos trilhos: cotidiano e memória dos trabalhadores da Rede Ferroviária Federal S.A. (1964-1974)".
Autor
Isabella Villarinho PereyraOrientador(a)
Janaína Martins CordeiroData de Defesa
2020-07-09Nivel
MestradoPáginas
171Volumes
1Banca de DefesaJanaína Martins CordeiroLarissa Rosa CorrêaLívia Gonçalves Magalhães
ResumoEsta dissertação de mestrado discute a complexidade das relações construídas entre
sociedade e a ditadura civil-militar a partir do estudo de caso dos trabalhadores da Rede
Ferroviária Federal S.A. na cidade do Rio de Janeiro, durante a primeira década do regime
(1964-1974). Pretende-se analisar como o cotidiano de trabalho dos ferroviários cariocas foi
alterado pela presença de esferas de vigilância e repressão da ditadura e quais os mecanismos
utilizados para se adaptarem à realidade de exceção. Ao refletirmos sobre a memória social
construída por esses atores, marcada por esquecimentos e silêncios, analisaremos como a
ambivalência dos comportamentos sociais, além de atitudes como indiferença, passividade e
naturalização da violência, contribuíram para a construção do consenso em torno do regime.
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2020-07
Entre realidades e dissoluções: emancipação, imprensa e abolicionismo em Pernambuco (1848-1875)
TítuloEntre realidades e dissoluções: emancipação, imprensa e abolicionismo em Pernambuco (1848-1875)
Autor
Emanoel da Cunha GermanoOrientador(a)
Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de CastroData de Defesa
2020-07-09Nivel
MestradoPáginas
160Volumes
1Banca de DefesaHebe Maria da Costa Mattos Gomes de CastroKeila GrinbergLarissa Moreira Viana
ResumoO objetivo dessa pesquisa é resgatar a cultura política dos impressos republicanos nos
debates abolicionistas na província de Pernambuco entre 1848 e a década de 1875. Analisei o
fenômeno da disseminação do republicanismo nesta região, atrelado aos debates
emancipacionistas em suas folhas políticas, realçando os pontos de interseção e de
afastamento entre esses dois movimentos, que podem ser verificados através dos jornais
republicanos. Privilegiamos analisar os periódicos que problematizaram a questão escravista
no país, além disso, recorrermos às pesquisas que trataram sobre esse assunto.
O estudo analisa o grupo de republicanos históricos que discutiram a abolição em seus
impressos e fizeram parte da geração 1848, grupos de intelectuais estes que tiveram por
alcunha "Quarante-Huitard", caracterizada pelos historiadores pernambucanos. Esta iniciativa
torna complexa uma dada leitura da história nacional articulada às mais recentes
interpretações historiográficas regionais sobre o repensar da sociedade oitocentista. Refletir
sobre este grupo mostrar-se-á proveitoso como porta de entrada o entendimento da formação
de uma cultura política republicana abolicionista no Recife na segunda metade do século XIX.
No decorrer dos capítulos, busquei entender, como os republicanos desta geração que
data da revolta praieira 1848, até meados de 1870, difundiram dois movimentos em seus
impressos: desde o republicanismo, como o emancipacionismo. Assim, trabalhar com
conceitos como "sociabilidade", "cultura política" e "horizonte de expectativa" foi um
caminho essencial para a pesquisa.
Para exemplificar o protagonismo desta tradição republicana nos guiaremos pela
reconstituição histórica da vida de um desses republicanos históricos. Neste sentido,
procurou-se investigar a trajetória do republicano Romualdo Alves de Oliveira durante o
período que cobre a pesquisa. Como republicano abolicionista, era conhecido como
advogado, profissão que exercia como rábula. A partir do percurso trilhado por Romualdo
Oliveira, tanto no Recife quanto na cidade do Rio de Janeiro, aqui atuando nos movimentos
abolicionistas, o estudo em questão visa apontar a participação política ativa dos republicanos
abolicionistas na imprensa em meados oitocentistas na província de Pernambuco.
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2020-07
Arte para ser vista e admirada: a pintura mural de Eugêncio de Proença Sigaud a partir da catedral de Jacarezinho, Paraná
TítuloArte para ser vista e admirada: a pintura mural de Eugêncio de Proença Sigaud a partir da catedral de Jacarezinho, Paraná
Autor
Luciana de Fátima Marinho EvangelistaOrientador(a)
Paulo Knauss de MendonçaData de Defesa
2020-07-08Nivel
DoutoradoPáginas
303Volumes
1Banca de DefesaAndréa Casa Nova MaiaArthur Gomes ValleKarla Guilherme CarloniPaulo Knauss de MendonçaViviane Furtado Matesco
ResumoO conjunto de pinturas murais da catedral diocesana do município paranaense de Jacarezinho, é considerado a maior obra de Eugênio Proença Sigaud (1899-1979). As pinturas cobrem 600m² de superfície e foram realizadas entre os anos de 1954 e 1957, por encomenda do bispo Dom Geraldo Proença Sigaud, que era irmão do artista. O estudo desenvolvido partiu do lugar do pintor na historiografia da arte no Brasil e recorreu a fontes diversificadas, como imprensa, catálogos de exposição, entrevistas, fotografias, documentos de polícia política e da diocese, além da obra artística de Sigaud. A análise se orientou pela definição da arte como ação coletiva, estabelecida na sociologia de Howard Becker, analisando as interações da sociedade local com o artista e sua obra. O conceito de produção de presença, proposto por Hans Ulrich Gumbrecht, serviu para pensar o efeito das pinturas no espaço de culto. A pesquisa contextualiza historicamente a originalidade do pensamento e da arte de Sigaud no universo da arte moderna no Brasil e sua posição no debate internacional sobre a arte mural no século XX, demonstrando como o pintor defendeu o princípio da harmonização decorativa da pintura mural que serviu à mensagem política de sua arte figurativa voltada para a crítica da ordem social dominante e promoção da imagem do trabalhador. Nas pinturas da catedral de Jacarezinho, identificase como o artista explorou as tradições e os motivos da arte religiosa para desafiar o culto do sagrado
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2020-07
Sobre o socialismo: a complexidade do conceito no Partido dos Trabalhadores (1980-2007)
TítuloSobre o socialismo: a complexidade do conceito no Partido dos Trabalhadores (1980-2007)
Autor
Wagner Luiz Nogueira HartjeOrientador(a)
Renata Torres SchittinoData de Defesa
2020-07-07Nivel
MestradoPáginas
109Volumes
1Banca de DefesaGustavo França GomesMarcus Ajuruam de Oliveira DezemoneRenata Torres Schittino
ResumoEste trabalho tem por objetivo central situar as principais ações e políticas do
Partido dos Trabalhadores (PT) ao longo de sua existência, com recorte histórico mais
preciso desde sua fundação, em 1980, até o ano de 2007, quando foi realizado seu 3o
Congresso Nacional. A análise das rupturas e continuidades do PT visa discutir acerca da
complexidade do conceito de socialismo e sua categorização no interior da legenda, bem
como as ações práticas que o partido fizeram para configurar-se (ou não) como um partido
estrategicamente socialista. Isto é, o percurso petista foi marcado por diferentes
avaliações do que se propunha em termos de socialismo, de modo que em cada fase do
partido tal definição ganhou significados distintos, todas, entretanto, conjugadas à
democracia, esta, por sua vez, entendida como um valor universal. Percorremos os
documentos deliberados nos encontros e congressos do PT a fim de analisar como tais
definições de socialismo foram apresentadas ao mundo. Além disso, situaremos autores
que já se debruçaram acerca deste tema na intenção de esboçar as principais
convergências e divergências existentes sobre o real significado do socialismo do PT.
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2020-07
"A seca de 1932 e o governo provisório no Ceará"
Título"A seca de 1932 e o governo provisório no Ceará"
Autor
Priscilla Régis Cunha de QueirozOrientador(a)
Maria Verónica Secreto FerrerasData de Defesa
2020-07-07Nivel
DoutoradoPáginas
239Volumes
1Banca de DefesaFrederico de Castro NevesJosé Augusto Valladares PáduaMaria Verónica Secreto FerrerasMario GrynszpanVanderlei Vazelesk Ribeiro
ResumoEsta tese investiga a forma como se deu o combate à seca de 1932 no Ceará, situando
historicamente seus termos no processo de conformação do Governo Provisório varguista
(1930-1934). Ao tempo em que os primeiros sinais da severidade da estiagem foram
reconhecidos em 1930, a disputa pelo controle da Presidência do Estado do Ceará se acirrou,
impactando na atenção dada à crise climatérica. O mesmo ocorreu em outros momentos de
instabilidade política no novo regime. Com o agravamento da seca, o Governo Provisório
renovou o compromisso com os estados atingidos pela estiagem, mas apesar do ímpeto de
mudança estrutural, recorreu à velhas respostas para dar conta do histórico problema. Por meio
de fontes diversas, sobretudo, jornais, documentação oficial produzida em nível local e nacional
e relatos memorialísticos, analisamos como as principais instâncias encarregadas dos socorros
públicos, a saber, Interventoria Federal de Obras Contra as Secas e Ministério da Viação e
Obras Públicas, passaram a se ocupar da crise social. Percebeu-se que ao longo do Governo
Provisório (1930-1934) o debate em torno da seca foi gradativamente ampliado à medida em
que o próprio estado pós-revolucionário se adensava. Nesse contexto, a questão climatérica foi
redimensionada, passando a fazer parte de debates acerca dos usos dos recursos naturais
nacionais e do ordenamento constitucional da nação.
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2020-07
Ingleses x ingleses: poder e conflito entre a diplomacia londrina e os comerciantes britânicos no comércio proibido de escravos (Rio de Janeiro, 1826-1850)
TítuloIngleses x ingleses: poder e conflito entre a diplomacia londrina e os comerciantes britânicos no comércio proibido de escravos (Rio de Janeiro, 1826-1850)
Autor
João Daniel Antunes Cardoso do Lago CarvalhoOrientador(a)
Carlos Gabriel GuimarãesData de Defesa
2020-07-06Nivel
DoutoradoPáginas
264Volumes
1Banca de DefesaCarlos Gabriel GuimarãesGabriel PassettiJonis FreireMariana de Aguiar Ferreira MuazeTâmis Peixoto ParronThiago Fontelas Rosado Gambi
ResumoEsta tese objetiva analisar as relações de convergência e divergência entre os
comercinates britânicos no Brasil, notadamente no Rio de Janeiro, e o diplomacia
londrina com relação ao fim do tráfico de escravos para o Império. Muitos estrangeiros,
notadamente súditos de Sua Majestade britânica, obtiveram grandes lucros com a
participação direta ou indireta na atividade do infame comércio, além de muitos desses
indivíduos, ao residirem no Brasil, passaram a serem grandes senhores de escravos e
participavam do tráfico interno, além de casos de empresas britânicas que utilizavam
trabalho cativo, contrariando os princípios e as leis da Grã Bretanha. A partir dos
dircursos proferidos e dos indícios que aparecem nas fontes, analizou-se essa tensão de
ingleses x ingleses num momento bem particular da história das relações exteriores
entre o Brasil e o Império britânico, com o apogeu e o declínio da preeminência
britânica no Brasil.
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2020-07
Quem paga o "Pa(c)to"? Uma análise da retórica do "Pacto Social" enquanto tática desmobilizadora na transição da Ditadura para a Nova República.
TítuloQuem paga o "Pa(c)to"? Uma análise da retórica do "Pacto Social" enquanto tática desmobilizadora na transição da Ditadura para a Nova República.
Autor
Gabriel Gondim CoelhoOrientador(a)
Bernardo KocherData de Defesa
2020-07-06Nivel
MestradoPáginas
150Volumes
1Banca de DefesaAdriano de FreixoBernardo KocherRafael Vaz da Motta Brandão
ResumoEsta pesquisa está inserida dentro da temática mais ampla dos debates historiográficos
que tratam da caracterização do processo de transição de regime político no Brasil — da
Ditadura inaugurada pelo golpe empresarial-militar de 1964 para a chamada "Nova
República" ao final da década de 1980. O trabalho tem como objeto de pesquisa as
formulações e movimentações em torno de propostas de "Pacto Social" que buscavam
conciliar interesses de empresários e trabalhadores em meio ao processo de redemocratização.
Observando a influência da dinâmica da luta de classes nos rumos da transição, esta
dissertação buscou analisar as propostas de "Pacto Social" enquanto um recurso tático
desmobilizador, empregado por frações das classes dominantes junto ao Estado brasileiro com
o intuito de promover o arrefecimento das mobilizações grevistas do período e atuar como
forma de absorção de conflitos em um contexto de aguda crise econômica e social, recurso
inspirado em outras experiências internacionais como a dos chamados "Pactos de La
Moncloa" da redemocratização espanhola.
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2020-07
QUE A MEMÓRIA NÃO PEREÇA COM A MORTE: OS RITOS FÚNEBRES E A AFIRMAÇÃO DO PODER RÉGIO EM
PORTUGAL (1385-1495)TítuloQUE A MEMÓRIA NÃO PEREÇA COM A MORTE: OS RITOS FÚNEBRES E A AFIRMAÇÃO DO PODER RÉGIO EM
PORTUGAL (1385-1495)Autor
Nathália de Ornelas Nunes de LimaOrientador(a)
Mário Jorge da Motta BastosData de Defesa
2020-07-06Nivel
MestradoPáginas
170Volumes
1Banca de DefesaEdmar Checon de FreitasMarcelo Santiago BerrielMário Jorge da Motta Bastos
ResumoAo fim do período medieval, o fenômeno da morte tende a ser experienciado de
forma cada vez mais individualiza, vindo também a ser utilizado para legitimar o poder dos
príncipes. Nesse sentido, consideramos que os cerimoniais fúnebres dos membros da casa de
Avis contribuíram para a legitimação da dinastia e para a construção de uma memória oficial
do reino de Portugal, ancorada na sacralização dos integrantes da família real. O recorte da
pesquisa abrange essencialmente os quatro primeiros reinados dessa segunda dinastia da
monarquia portuguesa, no período entre o fim do século XIV e o século XV, momento que,
para diversos historiadores, representa uma crise geral na Cristandade europeia ocidental, mas
em que, ao mesmo tempo, estava em curso a formação do estado português. Na análise
empreendida, tomando como principais fontes as crônicas régias e adotando como
referenciais teóricos especialmente estudos antropológicos sobre os rituais funerários e
estudos históricos de domínios como a antropologia histórica e a história das mentalidades,
são investigados os mecanismos envolvidos na legitimação do poder régio durante a fase
inicial da Dinastia de Avis no reino de Portugal, procurando compreender como os funerais
régios e a regulação dos costumes relativos à morte e ao luto foram utilizados nesse processo.
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2020-07
Entusiastas do desenvolvimento: a ditadura civil-militar entre representações e discursos oficiais sobre o
indígena brasileiro (1968-1974)TítuloEntusiastas do desenvolvimento: a ditadura civil-militar entre representações e discursos oficiais sobre o
indígena brasileiro (1968-1974)Autor
Breno Luiz Tommasi EvangelistaOrientador(a)
Janaína Martins CordeiroData de Defesa
2020-07-06Nivel
MestradoPáginas
186Volumes
1Banca de DefesaDenise Rollemberg CruzJanaína Martins CordeiroTatyana de Amaral Maia
ResumoEsta dissertação tem por objetivo analisar o papel de agentes a serviço do Estado
brasileiro para a conformação de determinada política indigenista no país durante a
ditadura civil-militar brasileira (1964-1979). A principal proposta do estudo é identificar
as características do conteúdo divulgado em produções textuais e discursos públicos,
reconhecendo a importância dos métodos e dos veículos adotados para tanto. Assim, as
fontes cotejadas foram os jornais da imprensa nacional, dos quais foram extraídos
declarações e testemunhos de diversos agentes relacionados à política indigenista, o
Boletim Informativo da Funai e outras produções textuais, como livros e artigos
acadêmicos. Os objetos selecionados para tal estudo são fruto de diversos agentes
históricos, concentrados sobretudo na Fundação Nacional do Índio (Funai) e na sua
Assessoria de Relações Públicas àquele momento. As reflexões derivadas das análises
deste conjunto material atentam para os usos que diferentes instituições e funcionários
estatais fizeram do espaço público para manifestar opiniões, posicionamentos, teorias e
representações sobre os indígenas brasileiros. Para tanto, a pesquisa incorpora as
trajetórias de vida de determinados agentes produtores dessas representações, buscando
compreender a interrelação entre suas experiências e expectativas individuais, o contexto
político e as relações sociais estabelecidas entre si e com outros grupos no período. Orecorte cronológico, de 1969 a 1974, corresponde ao período de governo do general-
presidente Emílio Garrastazu Médici, momento marcado pelo surgimento de importantesquestões e debates acerca da política indigenista brasileira em meio à implementação de
uma política de desenvolvimento nacional que teve como um dos principais alvos a região
amazônica.
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2020-07
Bumba meu boi e festas populares na ilha do Maranhão: entre negociação e conflito (século XIX e
XX)TítuloBumba meu boi e festas populares na ilha do Maranhão: entre negociação e conflito (século XIX e
XX)Autor
Carolina Christiane de Souza MartinsOrientador(a)
Martha Campos AbreuData de Defesa
2020-07-03Nivel
DoutoradoPáginas
327Volumes
1Banca de DefesaEric Brasil NepomucenoFabiane PopinigisIsabel Cristina Martins GuillenMartha Campos AbreuMatthias Wolfram Orhan Röhrig AssunçãoRenata Figueiredo Moraes
ResumoEste trabalho tem como objetivo analisar as festas populares na cidade de São Luís, capital
do Maranhão, no período compreendido entre os séculos XIX e XX. Dentre as festas, a
tese destaca a experiência dos sujeitos sociais do Bumba meu boi e as relações
empreendidas entre estes festeiros e os intelectuais, a imprensa, o poder público e as
autoridades policiais. Especificamente para o caso do Bumba meu boi, a pesquisa
documental suscitou o caráter do associativismo instituído pelos trabalhadores negros e
caboclos, destacando-se as articulações entre o universo dos bois, o mundo do trabalho,
as irmandades religiosas católicas e o Tambor de Mina. No aprofundamento da análise
sobre o Bumba meu boi, o estudo procura entender o seu processo de valorização
enquanto manifestação no Maranhão e o papel dos intelectuais folcloristas e literatos,
assim como dos próprios boieiros, o que culminou na sua patrimonialização em 2019. Na
análise deste processo, a abordagem é ampliada para a valorização do popular,
observando-se as negociações e tensões na política de controle das festas e divertimentos
populares empreendidas pelas autoridades. Dessa forma, a tese identifica e analisa os
instrumentos de controle, como exemplo, os Códigos de Posturas e Editais utilizados pela
polícia, bem como as fontes referentes às licenças e requerimentos ao chefe de polícia, o
que possibilitou a construção de uma geografia festiva na ilha do Maranhão.
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2020-07
O debate público de professores historiadores acerca da ditadura pós-64 no Brasil: ensino de História,
memória e usos públicos da História recente (1985-2015)TítuloO debate público de professores historiadores acerca da ditadura pós-64 no Brasil: ensino de História,
memória e usos públicos da História recente (1985-2015)Autor
Ana Lima KallásOrientador(a)
Marcelo Badaró MattosData de Defesa
2020-07-03Nivel
DoutoradoPáginas
361Volumes
1Banca de DefesaAlessandra CarvalhoCarlos Zacarias Figuerõa de Sena JúniorFernando de Araujo PennaLuciana Lombardo Costa PereiraMarcelo Badaró Mattos
ResumoNa tese discute-se em que medida o passado recente ditatorial foi objeto de debate público entre
professores historiadores de 1985 a 2015 e de que forma foi abordado em políticas educacionais
a partir da "redemocratização". Para esse fim, analisa-se os currículos escolares expressos na
legislação educacional e em coleções de livros didáticos, além de anais de eventos científicos
de História e de Ensino de História, que sistematizaram as reflexões de professoreshistoriadores entre seus pares. Com o objetivo de auxiliar a pensar o caso brasileiro, debruça-
se sobre as experiências argentina e chilena em suas transições políticas, reformas educacionaise ensino do passado recente. O ensino de passados ditatoriais (ou passados considerados
"traumáticos" e "controversos") é entendido como possível mecanismo de "Justiça de
Transição", ao permitir a reflexão pública sobre graves experiências de violência
institucionalizada, suas permanências e transmutações em regimes democráticos. A transição
brasileira, de caráter controlado e "pelo alto", foi marcada pela reorganização do Estado
capitalista no Brasil, com a consolidação de uma democracia restrita, com fortes traços
autocráticos e amnésicos. Esse processo constituiu uma limitação às possibilidades de amplo
debate público sobre a ditadura pós-1964. Entre os professores historiadores se tornou mais
urgente a contenda em torno da autonomia da disciplina de história enquanto campo de
conhecimento científico e as novas abordagens teórico-metodológicas do que o ensino do
passado recente. Contraditoriamente, a temática da ditadura esteve presente em todas as
coleções didáticas analisadas, dos anos 1980 aos anos 2010. A pesquisa mostrou que a
abordagem crítica das graves violações de direitos humanos, quando isolada, não leva
necessariamente a uma compreensão sobre o sentido histórico do golpe e da ditadura pós-1964.