O trabalho abrange os primeiros trinta anos da história de Goiânia, cidade planejada e estabelecida por um Estado autoritário e centralizador, cujos principais agentes puderam permanecer exercendo influência decisiva sobre o seu desenvolvimento até o final do período em causa. Ao longo deste período, a atuação do Estado em relação à cidade resultou na criação e ampliação de condições favoráveis à reprodução do capital. O eixo de análise do trabalho é o das formas que tomaram as relações entre o poder público e o setor econômico privado no que se refere ao desenvolvimento da cidade, identificando-se os agentes, as situações e os mecanismos pelos quais se estabeleceram tais relações e observando-se aí as modalidades de resistência, contradições, conflitos e acomodações que se deram.

A tese tem como objetivo o uso do modelo explicativo sobre o colapso de sociedades complexas ao processo de desagregação do Império Romano do Ocidente. Apresenta como recorte cronológico o estudo do IVo século, momento que significou, no enquadramento teórico em aplicação, uma fase de transição, na qual a variedade das formas geradas foi tal que o sistema esteve em contínuo processo de criação. A aplicação do referido modelo explicativo se fundamentou na crítica historiográfica e no uso da seguinte documentação textual: História dos Césares de Aurélio Victor; Compêndio de História Romana de Flávio Eutrópio; Histórias de Amiano Marcelino; Código de Teodósio e Nova História de Zósimo.

Este trabalho acompanha o processo de consolidação do sindicalismo corporativo no Brasil a partir do estudo do caso dos bancários do Rio de Janeiro. A pesquisa inicia-se no momento da Revolução de 30 que coincide com os primeiros passos do sindicalismo bancário, e estende-se até 1964. O trabalho está dividido em três partes. A primeira parte trata das origens do movimento sindical bancário. Mostra que a gênese e o desenvolvimento do sindicalismo bancário se deram nos marcos do sindicalismo corporativo. A segunda parte estuda o sindicato dos bancários como organização, abordando a forma particular de utilização do imposto sindical e do instituto de aposentadorias e pensões A terceira parte estuda as principais mobilizações da categoria: a luta pelas seis horas, a greve pelo instituto de aposentadorias e pensões, a greve pelo quadro de carreira único e as campanhas salariais.

A tese é um estudo da formação e da concepção de mundo do intelectual brasileiro, a partir da trajetória de Mário de Andrade, tendo por base principal a correspondência por ele enviada aos intelectuais seus contemporâneos, no período de 1921 a 1945.

Tendo em vista a originalidade do tema; a riqueza e variedade das fontes brasileiras, francesas e argentinas utilizadas, muitas das quais até agora desconhecidas; a abordagem ampla do tema, com caráter renovador e revisionalista, sobretudo no que se refere à naturezadas relações centro-periferia; e a alta qualidade do texto, a Banca julgou o trabalho digno de louvor, recomendando a sua publicação

A fase do movimento sindical brasileiro iniciada com as greves do ABC em 1978, pouco a pouco reconhecida por novo sindicalismo, foi analisada e avaliada por diversos ângulos ao longo da ultima década e meia. Estudiosos acadêmicos do sindicalismo e sindicalistas tenderam a caracterizar a novidade sindical por contraste ao sindicalismo pelego da ditadura, mas também ao velho movimento sindical do período anterior ao golpe. Esta tese procura trabalhar com fontes pouco utilizadas (a documentação sindical) e com um recorte espacial menos enfatizado (o Rio de Janeiro), para recuar a análise no tempo, até a década de 50, em busca de uma avaliação das continuidades e rupturas no sindicalismo carioca, que permitam qualificar melhor, tanto o movimento sindical anterior ao golpe de 64, quanto a era do novo sindicalismo.

A tese trabalha a produção cinematográfica de Leon Hirszman elaborada entre 1962 e 1972. Procura demonstrar como a obra deste diretor cinemanorista estabeleceu um diálogo original, pertinente e criativo com a sociedade, neste período. Através da utilização dos postulados criados pelos diretores do movimento do cinema novo, que propunham a produção de filmes tratando da realidade brasileira e denunciando sua injustiça social, Leon foi responsável por filmes representativos do movimento, aclamados mundialmente.

Este trabalho procura analisar e discutir o processo de construção e disseminação da crença messiânica na volta de um rei salvador para reino português, tecida a partir da derrota do exército luso na batalha de Alcácer Quibir, em 1578. Desastre comandado pelo rei D. Sebastião, cujo corpo desapareceu entre os mouros, este fenômeno acabou designado de sebastianismo, e foi interpretado de diferentes maneiras por integrantes da cultura erudita e popular lusitana. Ancorada nos pressupostos da História Cultural, esta tese pretende identificar, discutir e interpretar algumas das modalidades de crença sebastianista surgidas em Portugal nos séculos XVI e XVII.

A tese é o estudo de 5 jornais matutinos do Rio de Janeiro - Jornal do Brasil, Jornal do Comércio, Correio da Manhã, Gazeta de Notícias e o Paiz - de 1880 a 1920, percorrendo o chamado circuito da comunicação que vai dos veículos à apropriação do texto pelos leitores.

O trabalho tem como tema central o processo de construção da Aliança Nacional Libertadora, frente política surgida em meados da década de 30 no Brasil, reunindo diversos grupos e personalidades de esquerda. Procurou-se enfatizar, na análise, não o episódio dos levantes armados deflagrados por membros da organização, em novembro de 1935, como já tem sido feito, mas a construção da organização enquanto uma frente política atuando na legalidade. Três foram as questões privilegiadas nas investigações: a composição política da ANL; sua real inserção na sociedade brasileira; e as formas pelas quais a questão do acesso ao poder político era tratada por seus membros.

A Banca louvou o investimento feito na pesquisa, a originalidade e relevância do tema eo trabalho eficiente realizado com a principal fonte.E sugeriu que as observações feitas durante a arguição sejam levadas em conta numa revisão do texto para eventual publicação.

O trabalho procura caracterizar o comércio varejista no município da Corte, entre 1850 e 1875. A área central da cidade é privilegiada nesse estudo por caracterizar-se não apenas como uma área residencial, o que atrai uma grande concentração de casas comerciais varejistas. Os ramos mais representativos, alimentos e vestuário, formam os dois grupos escolhidos para a análise. Observa-se, nestes casos, a preponderância portuguesa dentre as demais nacionalidades, inclusive a brasileira. A função social desse pequeno comércio, o papel do Estado e as transformações dos padrões de consumo são também abordados.

A tese tem por propósito a reconstrução histórica do que pode ser chamado de dominação amaralista/pessedista no Estado do Rio de Janeiro. O período investigado é aquele compreendido entre 1937/1955, indo da implantação do Estado Novo até o início da derrocada do amaralismo pessedista, fato que começa a se evidenciar logo após a posse de Miguel Couto Filho no governo fluminense. De forma específica, a tese fornece subsídios à história do Partido Social Democrático (PSD) no Estado do Rio de Janeiro e também a nível nacional, contribuindo para a compreensão do sistema partidário de 1946-1964.

O trabalho situa as relações entre o comércio e a formação de uma elite econômica e política que entende o processo de urbanização da cidade de Campos dos Goytacazes como trampolim para o exercício mais efetivo de poder dentro do Estado do Rio de Janeiro. Com este objetivo, procura dotar a cidade de símbolos da modernidade, visando criar condições para sediar a capital do estado, questão que estava em disputa entre várias cidades do estado. Tal discurso pode ser melhor compreendido dentro do contexto das transformações decorrentes da instauração da nova ordem republicana e da constituição do ideário de modernidade no país. A cidade de Campos, como centro gravitacional das forças econômicas, sociais e políticas da região norte-fluminense reivindicava legitimamente um papel mais atuante no estado e na vida nacional, no período de 1889/1930.

Estudo sobre a inserção do escravo estrangeiro ao cativeiro no Brasil com base em sua socialização/sexualização dentro dos mecanismos que lhes oferecia a sociedade escravista. A demografia da escravidão em áreas de montagem da empresa escravista, como assim encontramos na Capitania da Paraíba do Sul, em meados do século XVIII, e a estrutura de posse de escravos na colônia são vistos como óbices, de forma alguma intransponíveis, à constituição de parentescos entre os escravos do Brasil colonial.

Este trabalho tem por finalidade apontar algumas reflexões sobre a elite imperial brasileira, a partir da análise do funcionamento, composição e estrutura do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura (1860-1897), órgão onde se congregou e se fez representar a elite da província do Rio de Janeiro. Fundada por incentivo do governo imperial, a instituição representou a tentativa de implementação de uma política de modernização e diversificação agrícola - defendida por uma elite vista tradicionalmente como conservadora -, que buscava equilibrar o desenvolvimento instável da agricultura fluminense.

O trabalho relaciona o projeto de modernização conservadora e de integração nacional, desenvolvido no Brasil a partir dos governos militares (1964-1984), com a instalação, e virtual monopólio de audiência, da Rede Globo de TV. A correspondência de seus projetos foi costurada pelo desenvolvimento de uma ideologia de consumo que confunde acesso ao mercado com cidadania e é reproduzida pelo Padrão Globo de Qualidade. Apesar de situar a década de 60, quando ocorre a instalação da Doutrina de Segurança Nacional, idealizadora destes projetos, a pesquisa desenvolve-se nas décadas de 70 e 80, revelando as muitas continuidades entre aquele período e a volta ao estado de direito. As fontes privilegiadas são as revistas especializadas em programação de TV e o jornalismo da emissora, consultado através das fitas arquivadas pelo Centro de Documentação da Rede Globo (CEDOC).

Esta tese procura demonstrar que o processo de modernização capitalista ocorrido na América Latina nas décadas de 1950, 60 e 70 conduziu à formação, em larga escala, da pequena produção mercantil, por meio da implementação de reformas agrárias, submetendo a renda da terra ao capital. O estudo de caso desenvolvido, a questão agrária boliviana, foi adotada tendo em vista a potencialidade de sua abrangência teórica. A tese explora a complexidade social da cultura econômica estudada, visando extrair conclusões que levem à ampliação do conhecimento histórico do período tratado e da região abrangida.

A história da recepção e assimilação da psicanálise no Rio de Janeiro dos anos 20 e 30. A história da leitura da disciplina freudiana no contexto carioca e sua inserção no quadro da instituição que congregava a elite psiquiátrica. A Liga Brasileira de Higiene Mental e os modos de leitura, uso e apropriação da psicanálise pelos higienistas. As modalidades de apropriação e as situações sócio-culturais vividas pelo movimento médico e pelo ambiente social mais amplo. Os Habitus dos leitores e os dispositivos culturais que serviram de orientação e enquadre para que um determinado tipo de leitura e entendimento fosse executado. Conclui-se que, de acordo com sua concepção Higienista e Higienizadora, os psiquiatras da Liga Higienizaram também a psicanálise, amputando-se o gume crítico e superficializando sua novidades epistemológicas.

Escritora e historiadora maghrebina de origem árabe-mulçumana e ex-colonizada, Assia Djebar fez de sua escritura romanesca a expressão de múltiplos silêncios que envolvem a história recente do Maghreb (da colonização francesa até os dia de hoje) como também a história da mulher muçulmana, silêncios dos quais foi testemunha enquanto personagem anônimo desse tempo histórico. Vivendo na dualidade cultural desde a sua infância, é através de um olhar híbrido e ambivalente que ela constrói a sua versão dessa história. Por outro lado, ao cotejar seu discurso literário com outros discursos maghrebinos contemporâneos, verifica-se que esse olhar ambivalente se constitui, na verdade, na marca da diferença da prática discursiva desta geração de intelectuais colonizados do Maghreb. É justamente essa visão outra do colonizado, ou seja, esta história das diferenças silenciadas pela história oficial que esta tese reconstrói no entrecruzamento da literatura com a história, confirmando a importância do diálogo interdisciplinar para o estudo da história das culturas.

Estudo do imaginário português nos séculos XIII e XIV, a partir de uma manifestação específica: o maravilhoso de Nossa Senhora da Oliveira de Guimarães. Os milagres dessa Santa, relatados em livro escrito por um tabelião, constituíram a fonte principal da pesquisa. Seus elementos, tais como estilo, conteúdo e linguagem, revelaram a preocupação com a legitimação, a elaboração de imagens e a produção de uma memória que apontam para questões da política e da cultura, na cidade em que contribuem para o estabelecimento de uma nova mentalidade, a do mundo urbano. A divulgação e circulação dessa devoção mariana garantem para a região de Guimarães uma identidade e uma vitalidade próprias que assimiladas à figura do rei, contribuem no domínio do maravilhoso, para a formação de uma identidade nacional portuguesa.

As relações religiosas entre europeus e indígenas no litoral oriental da América do Sul, nos séculos XVI e XVII. A ocorrência de uma incompatibilidade conceitual entre os sistemas religiosos das duas sociedades. A existência - durante o contato - de uma crise nos princípios, tidos então universais, que estruturavam tanto o cristianismo quanto a religião indígena. Tais realidades demonstram, no campo da história comparada das religiões, tanto a historicidade fundamental das crenças religiosas, quanto a dificuldade de ser comprovada a existência de princípios religiosos essenciais e universais que possam transcender a dinâmica social das culturas.

Um estudo sobre as irmandades religiosas, na cidade do Rio de Janeiro, entre os anos de 1840 e 1889. A reflexão foi realizada considerando as questões da devoção e da caridade. A projeção sócio-religiosa das irmandades no cotidiano da população da Corte. Utilizam-se as fontes provenientes das irmandades, documentos oriundos das infâncias dos poderes civil e eclesiástico e jornais. Merecem destaque, pela importância metodológica, as fontes produzidas pelas irmandades da Santa Cruz dos Militares, de Nossa Senhora da Glória do Outeiro e de Santo Elesbão e de Santa Efigênia. Este conjunto foi alvo da combinação de análise qualitativa e quantitativa.

As condições de vida dos trabalhadores urbanos de Buenos Aires e do Rio de Janeiro no período da substituição das importações (1930-1945). O surgimento das diversas posições existentes sobre estas condições na historiografia argentina, brasileira, e especialmente, a inglesa. O problema da moradia. A questão da alimentação e seus custos. Os processos de urbanização e industrialização em ambas cidades e a sua incidência nas condições de vida dos trabalhadores.

Um estudo a respeito dos costumes fúnebres na Corte. O processo de transformação das práticas funerárias na cidade do Rio de Janeiro no século XIX, a partir da transferência dos sepultamentos eclesiásticos para os cemitérios públicos, fora dos limites da cidade. As fontes basicamente utilizadas foram os registros paroquiais de óbitos da Freguesia do Santíssimo Sacramento da Corte (analisados quantitativamente); relatos de memorialistas, cronista e viajantes; os documentos dos poderes executivo e legislativo, no nível da municipalidade e do Império; legislação e documentação eclesiástica; representações e requerimentos de moradores e das associações religiosas encaminhadas aos poderes executivo e legislativo e fontes produzidas pelos médicos.