Pesquisas - Cultura e Identidades

Título: Etnicidade e Política Indigenista no Rio de Janeiro - das reformas pombalinas ao século XIX: abordagens interdisciplinares e comparativas

Professora Responsável: Maria Regina Celestino de Almeida

Início: 2008
 

Resumo: O presente projeto visa a dar continuidade à análise dos complexos embates entre os diferentes agentes sociais sobre o processo de extinção das aldeias e da categoria de índios aldeados, enfocando mais especificamente questões relacionadas à política indigenista e à etnicidade, desbobrando-se em três pontos que se articulam e me parecem essenciais para a compreensão do tema: 1) aprofundar as discussões sobre os processos de mestiçagem e relações interétnicas, relacionando-os às políticas indigenistas, incluindo abordagens comparativas com estudos sobre os negros e os afro-descendentes; 2) aprofundar a abordagem comparativa com processos semelhantes ocorridos na América hispânica, enfocando principalmente o México; 3) refletir sobre os embates supra citados à luz das noções de cultura política e cultura histórica, abordando questões relacionadas à historiografia e aos usos do passado. A investigação insere-se numa linha de pesquisa interdisciplinar que nos últimos anos vem repensando teorias e conceitos sobre as relações de contato entre os índios e a sociedade ocidental, de forma a valorizar cada vez mais as motivações dos índios como fatores também explicativos para a análise das relações de alteridade e do desenrolar dos processos históricos.

 

Título: Os Índios na História do Brasil

Professora Responsável: Maria Regina Celestino de Almeida

Início: 2009
 

Resumo: O objetivo do projeto é visa a repensar o lugar do índio na Historia do Brasil, através da elaboração de um llivro de divulgação apresentando as tendências atuais da História e da Antropologia que vão no sentido de questionar e reinterpretar a história do contato entre os indios e as sociedades envolventes. Trata-se de entender os índios como sujeitos ativos e conscientes no processos históricos nos quais se inserem. Pretende-se desenvolver o tema abordando de início, numa parte introdutória, algumas questões teórico-metodológicas da História e da Antropologia que, por longo tempo, contribuíram para excluir os índios de nossa história, enfatizando as mudanças conceituais e teóricas das duas disciplinas que, ao se aproximarem (nas últimas décadas), têm propiciado novas interpretações sobre as relações de contato e, consequentemente, uma revisão da História Indígena e da História do Brasil. Pretende-se também enfatizar o fato de que história indígena e história do Brasil se entrelaçam. As abordagens estereotipadas sobre os índios na História do Brasil serão questionadas com base em pesquisas recentes sobre as populações indígenas envolvidas com outros grupos étnicos e sociais. Pretende-se abordar temas gerais, num tempo longo (do século XVI ao XIX) e tratá-los de forma ampla, isto é, procurando exemplificar com estudos de casos concretos desenvolvidos em diferentes regiões do Brasil, com o objetivo também de realizar uma abordagem comparativa. Quando possível e necessário serão feitas comparações também com a América hispânica. Com recorte espacial e temporal tão amplo, serão priorizados alguns períodos e espaços que, por serem especialmente marcantes em relação à temática, apresentam documentação mais farta e têm merecido maior atenção dos pesquisadores. Some-se a isso, o fato de serem estes também os temas, em geral, mais abordados em nossa História do Brasil e, por isso mesmo, aqueles com maior necessidade de revisão.

 

Título: Ser índio no Oitocentos:etnicidade e política em perspectiva interdisciplinar e comparativa

Professora Responsável: Maria Regina Celestino de Almeida

Início: 2009
 

Resumo: No século XIX, os novos estados americanos buscavam construir suas respectivas nacionalidades com base nos ideais liberais, dentre os quais se incluía a proposta de igualdade entre os seus habitantes. Apesar da diversidade étnica de suas populações, seus modelos políticos pautavam-se no paradigma, segundo o qual a cada estado corresponderia uma nação, um povo, uma língua, uma cultura. Incluir os índios nesses projetos foi um desafio para políticos e intelectuais de diferentes regiões, cujas variadas propostas esbarravam com reações diversas por parte dos grupos indígenas aos quais se dirigiam. Estudos recentes, em várias regiões, têm revelado que a aplicação do princípio de igualdade, no caso dos índios, levou a desdobramentos diversos, pois significava, para muitos deles, a negação de um estatuto diferenciado que, na sociedade colonial, lhes atribuía direitos e deveres específicos. Esses desdobramentos incluíam acordos, conflitos, debates jurídicos e históricos envolvendo disputas sobre classificações étnicas e discussões sobre o lugar dos índios nas histórias nacionais em construção. A idéia de identidades plurais e a historicização das categorias étnicas nos permitem perceber que as designações de índios e mestiços adquirem novos significados conforme os tempos, os espaços e os agentes sociais em contato. O objetivo deste projeto é analisar esses desdobramentos, priorizando a ação e os interesses dos índios nas interações com os demais agentes sociais, enfocando especialmente três províncias do Brasil: Rio de Janeiro, Espírito Santo e Rio Grande do Sul, em abordagem comparativa com outros países da América Latina. Serão priorizados dois períodos: o das reformas pombalinas e bourbônicas e o da construção do Estado e da idéia de nação, momentos em que a discussão sobre o lugar dos índios na sociedade foi alvo de preocupação de políticos e intelectuais e em que as propostas de mestiçagem para integrá-los como civilizados foram incorporadas às políticas indigenistas.

 

Título: Intelectuais e ativistas: as redes políticas da esquerda norte-americana na América Latina

Professora Responsável: Cecília Azevedo

Início:

Resumo: O presente projeto visa trazer à luz as visões e as ações políticas de intelectuais e ativistas norte-americanos de esquerda relacionadas à América Latina, entre os anos 60 e 70. A pesquisa procurará levantar o perfil e as atividades de organizações e indivíduos e analisar, através de sua produção escrita, do registro de suas atividades e de memórias produzidas por integrantes dessas organizações, além de material de alguns órgãos de imprensa, suas visões a respeito da região e de suas possibilidades de intervenção nos processos políticos em curso. Interessa verificar o teor de suas críticas às políticas interna e externa de seu país, os laços estabelecidos com organizações políticas e intelectuais latino-americanos e a repercussão dessas experiências na reconfiguração de suas identidades. Num contexto marcado por inúmeros movimentos sociais e políticos movimento pelos direitos civis, movimento estudantil, pacifista, feminista, entre outros, a eleição da América Latina como referência e objeto de preocupação e mobilização política precisa ser melhor investigada. O projeto procura, assim, recuperar uma face muito pouco visível do dissenso no universo político norte-americano, mesmo quando se considera o período em questão. Do ponto de vista teórico, o projeto se alinha com o que vem sendo conhecido como estudos pós-coloniais, que partem da crítica da dicotomia centro versus periferia, estabelecida pelas teorias da dependência e do imperialismo cultural e enxergam uma dinâmica simbólica muito mais complexa, na qual intercâmbios, apropriações e negociações revelam que as interferências não são unilaterais, mas alteram os diferentes agentes que participam em diversas modalidades de encontro e relações políticas e culturais
.

 

Título: Cultura histórica e usos do passado: política, intelectuais e cultura histórica

Professora Responsável: Cecília Azevedo

Início:

Resumo: Parte-se da premissa que os intelectuais, historiadores profissionais ou não, são atores privilegiados na produção erudita de leituras do passado, conotando, a partir de diferentes culturas políticas, positiva ou negativamente períodos, personagens, eventos, textos referenciais e, principalmente, enredos e narrativas do próprio passado. A partir de diferentes objetos construídos em torno de problemas relacionados ao fenômeno da política, as pesquisas desenvolvidas procuram refletir sobre a centralidade dos processos de produção e de reprodução de representações sobre o mundo social. Aposta-se no tratamento do papel político dos intelectuais como agentes que procuram legitimar e impor representações do mundo social e leituras do passado, É relevante considerar, para a análise do papel dos intelectuais para os fenômenos políticos no sentido aqui proposto, intervenções que estabelecem divisões do mundo social em função de leituras particulares deste mundo e que envolvem os processos educativos e formativos de forma geral, em especial, as formas de encenação pública das representações sociais, incluindo a mídia. Adota-se, portanto, um sentido amplo do conceito de intelectual, que valoriza especialmente seu engajamento político.

 

Título: Nas duas margens do Atlântico: relações editoriais e intelectuais entre Portugal e Brasil (1870-1930)

Professora Responsável: Giselle Martins Venâncio

Início: 2008

Resumo: Este projeto visa, investigar as formas objetivamente constituídas de construção de uma comunidade cultural luso-brasileira ao longo do século XIX e primeiros anos do século XX, destacando, para a consecução deste objetivo, os projetos e práticas desenvolvidos no interior do campo intelectual e do mercado editorial.

 

Título: Histórias que os negros contavam: tradições orais e relações raciais na Afro-América

Professora Responsável: Larissa Viana

Início: 2010

Resumo: Esta pesquisa pretende examinar a expressiva cultura oral dos afro-
americanos no período pós-emancipação, analisando basicamente o papel
desempenhado pelos contos na educação, coesão grupal e resistência política
frente ao cativeiro e às tensões raciais no contexto pós-emancipação. A
pesquisa aqui proposta apresenta uma opção interdisciplinar, transitando
entre a História e a Antropologia, além de uma sólida dimensão comparativa,
reunindo fontes impressas de três regiões: Brasil, Cuba e Caribe inglês.
Tais fontes foram coletadas por folcloristas das referidas regiões, e
constituem repertórios de narrativas orais originadas em comunidades negras
e mestiças da Afro-América no contexto pós-emancipação.
Trata-se basicamente de uma investigação exploratória, cujo objetivo inicial
é reunir uma bibliografia sobre o referido tema na Afro-América, produzir um
artigo consistente para publicação, e apresentar trabalhos em congressos e
seminários para discutir a temática em circuitos públicos. Desta forma,
pretendo criar as bases para posteriormente consolidar um campo de pesquisas
comparadas no âmbito dos estudos afro-americanos, ainda pouco explorados nos
centros de pesquisa do Rio de Janeiro.

 

Título: Política Externa Norte-Americana: doutrinas, culturas e práticas políticas

Professora Responsável: Cecília da Silva Azevedo

 

Resumo: O objetivo do projeto é mapear as doutrinas concorrentes no que diz respeito à política externa nos meios políticos e acadêmicos e na sociedade norte-americana de maneira geral, a partir da década de 1960. Ressalta-se a necessidade de avaliar as relações entre público e privado, Estado e sociedade civil nos EUA, destacando não apenas as estratégias de diferentes governos, mas também como atores políticos e sociais diversos pensaram a relação com o mundo em diferentes contextos. A intenção é verificar a possibilidade de relacionar posicionamentos relativos à política externa com culturas políticas mais amplas, identificando nexos entre doutrinas, projetos nacionais, tradições partidárias e representações de identidade nacional que concorrem no universo político norte-americano. Os objetivos específicos são: identificar os principais instrumentos e agências governamentais responsáveis pela execução da política exterior; verificar o peso específico da América Latina e as modalidades do chamado internacionalismo de cooperação e do soft power - envolvendo assistência econômica e intercâmbio cultural - nas estratégias externas dos governos do período; inventariar a produção de centros de pesquisa - os chamados think tanks - que representam posições político ideológicas distintas e nas linhas de ação de programas internacionais desenvolvidos por organizações da sociedade civil.
Versão Completa

 

Título: Viriato Corrêa: história, memória e ensino de história.

Professora Responsável: Angela Castro Gomes

Inicio: 2008

Resumo: Este projeto se propõe a investigar a conformação do campo de estudos de História do Brasil, recortando como unidade de análise o período que vai da última década do século XIX até a primeira metade do século XX, considerado aqui estratégico, tanto para a constituição de uma história "erudita", como para a conformação de uma história "ensinável". As relações entre história e memória nacional estabelecem seu pano de fundo, devendo-se trabalhar com os intelectuais "historiadores" como uma categoria sócio-profissional, isto é, com produtores e mediadores de interpretações da realidade social que possuem grande valor político. Para tanto, ele constrói uma espécie de "estudo de caso" da trajetória de um intelectual do período, cujo perfil é considerado exemplar para a exploração das questões que se deseja investigar: Viriato Corrêa.

 

Título: Cultura Negra e cultura Afro-Brasileira na construção da identidade Nacional

Professora Responsável: Martha Abreu

Inicio: 2007

Resumo: O presente projeto dará prosseguimento à fértil investigação, iniciada nos projetos anteriores (1999, 2001 e 2003), sobre a construção, presente em textos de folcloristas e literatos, entre 1870 e 1930, de uma identidade nacional mestiça, articulada especialmente à música popular brasileira. Irá, entretanto, desdobrar-se, ao aprofundar uma nova dimensão desta problemática, que emergiu ao longo do último período pesquisa: como as temáticas e os conceitos sobre cultura negra e afro-brasileira foram definidos e pesquisados para as formulações sobre uma pretensa cultura brasileira, em termos musicais e poéticos? Também pretende ampliar o recorte temporal, que agora se estende até 1950, em função da renovação dos estudos dos folcloristas, na década de 1940, e da emergência, após este período, de uma perspectiva intelectual crítica ao folclore, a escola sociológica paulista. Darei prioridade às obras que se dedicaram mais especificamente à coleta do "folclore negro", em suas dimensões musical e poética, nas regiões Sudeste e Nordeste. Paralelamente, o projeto dará continuidade à construção de uma História social da música, através da investigação sobre o movimento dos próprios músicos afro-descendentes pelo reconhecimento de seu patrimônio cultural, musical e poético. As fontes principais são os artigos e livros de folcloristas, publicadas em periódicos especializados ou de ampla circulação, assim como a discografia e a memória, quando possível, de músicos identificados como afro-brasileiros. Entre agosto de 2006 e agosto de 2007, o presente projeto estará associado ao projeto "Jongos, calangos, fados e folias: memória e música negra em comunidades rurais do Rio de Janeiro", com apoio do Programa Petrobrás Cultural de incentivo ao patrimônio imaterial. Conta com a minha coordenação e a da professora Hebe Mattos, membro do LABHOI (Laboratório de Historia Oral e Imagem/UFF). O apoio da Petrobrás destina-se ao financiamento das despesas de viagem, diárias, equipamentos de som, filmagem, edição de CDs e montagem do acervo documental sobre a "música negra" no Estado do Rio de Janeiro. O material produzido será disponibilizado em arquivo público (no LABHOI- UFF), com catálogo acessível na Web, e divulgado através de DVD de caráter didático e historiográfico a ser distribuído gratuitamente em escolas, bibliotecas públicas e centros culturais. O principal objetivo desse projeto é contribuir para uma reflexão sobre a História das "expressões musicais negras" do Estado do Rio de Janeiro (os jongos, calangos, fados e folias), conceituadas hoje como patrimônios imateriais, e das comunidades que as protagonizam até hoje. Pertencentes a comunidades muito antigas, estas manifestações musicais afirmam identidades negras e contribuem atualmente para uma luta política mais ampla, visualizada em todo o Brasil, pelo direito à terra e combate às desigualdades raciais e culturais. Dentre as principais fontes do Projeto Petrobrás Cultural, situam-se as obras dos folcloristas e as memórias produzidas pelas comunidades que serão priorizadas. Como resultados, um grande acervo documental sobre a "música negra" no Estado do Rio de Janeiro e um DVD para divulgação, especialmente no Ensino de História.
Versão Completa

 

Título: Jongos, calangos, fados e folias: memória e música negra em comunidades rurais do Rio de Janeiro. Projeto em desenvolvimento em parceria com a professora Hebe Mattos. Ver Site

Professora Responsável: Martha Abreu

Inicio: 2007

Resumo: O objetivo do projeto é registrar tais manifestações e a história das comunidades que as protagonizam, disponibilizando o material produzido no Acervo UFF Petrobrás Cultural de Memória e Música Negra do LABHOI/UFF, além de produzir material didático e historiográfico, nos termos das Diretrizes para o ensino da História da África e da Cultura Afro-Brasileira. O projeto recebeu patrocínio do Edital Petrobrás Cultural / 2005.  Com origem nas lutas dos últimos escravos pela liberdade, jongos, calangos e folias afirmam identidades negras e contribuem para uma luta política mais ampla, hoje visualizada em todo o Brasil, de combate às desigualdades raciais e culturais.

 

Titulo: Imaginário e Cultura Política norte-americanos.

Professora Responsável: Cecília da Silva Azevedo

 

Resumo: O objetivo deste projeto de pesquisa é recuperar aspectos pouco explorados nas relações entre Brasil e EUA entre 1960 e 1980. A consideração das nações não só como sistemas econômicos ou de poder, mas também como culturas, têm levado ao exame das questões internacionais sob uma nova ótica. Esta pesquisa privilegia uma abordagem cultural das relações internacionais, o que implica numa investigação do imaginário que sustenta o sentido de identidade nacional. Ao se recuperar as matrizes discursivas dos agentes formuladores de política externa, procura-se alcançar os condicionantes valorativos e morais subjacentes às estratégias internacionais, além dos conflitos entre diferentes correntes políticas que se enfrentam no universo político em questão.

 

Título: Mercado de São José: Memória e História.

Professora Responsável: Maria Ângela de Faria Grillo

Inicio: 2008

Resumo: Objetiva-se produzir uma documentação da história e da memória do Mercado de São José, Recife - PE, entendido como lugar em que há uma intensa circulação de bens culturais, objetos e pessoas, que fazem do mercado um lugar de trocas materiais e simbólicas. Nesse sentido, objetiva-se preservar e valorizar a memória daqueles que nele circulam, tanto dos vendedores quanto daqueles que o freqüentam há muitos anos.
Site: www.pgh.ufrpe.br/mercadodesaojose

 

Título: Cavalo Marinho: as representações do povo através do folguedo popular da zona da mata norte de Pernambuco.

Professora Responsável: Maria Ângela de Faria Grillo

Inicio: 2008

Resumo: O projeto de pesquisa aqui apresentado, que se vincula ao eixo temático História e Cultura, busca fazer um levantamento dos bens culturais que envolvem o Folguedo Cavalo-Marinho dos municípios de Ferreiros e Condado, situados na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Cavalo Marinho é a denominação atribuída ao folguedo popular que se caracteriza como um teatro, incluindo música, dança e poesia, representado por aproximadamente setenta personagens, que se apresentam por cerca de oito horas. A história é contada pelas toadas e loas (versos falados) de forma poética, pelo diálogo conduzindo o enredo através das figuras. Seus cacoetes, vícios e mazelas remetem às vitimas dos personagens reais, representando um grande desabafo. Todo enredo mostra a relação entre dois extratos básicos da sociedade canavieira: o dos escravos atualmente trabalhadores rurais e dos senhores de engenho atualmente usineiros e políticos. Durante toda brincadeira, os participantes trocam de figuras, mudando apenas uma peça de roupa ou uma máscara. O objeto fundamental dessa pesquisa é investigar as práticas culturais presentes no folguedo e as disputas políticas aí representadas. Os estudos sobre história cultural e as discussões em torno da cultura popular irão nortear, teórica e metodologicamente esta investigação. Com esta pesquisa pretende-se contribuir para a historiografia além de apontar bens culturais que não estão registrados em fontes documentais.

 

Título: Conexões portuguesas: diálogos entre historiadores do Brasil e de Portugal (1870-1920).

Professora Responsável: Rebeca Gontijo

Incio: Julho 2008

Resumo: A pesquisa conta com o financiamento do Programa de Apoio a Projetos Institucionais com a Participação de Recém-Doutores (PRODOC), da CAPES. O objetivo principal é estudar as trocas intelectuais e as redes de sociabilidade tecidas entre historiadores do Brasil e de Portugal, entre as décadas de 1870 e 1920, tendo Capistrano de Abreu e seus correspondentes portugueses, João Lúcio de Azevedo e Lino d'Assunção, como guias. O conteúdo das cartas trocadas entre esses intelectuais-historiadores é marcado por referências à pesquisa e à escrita da história, cuja análise pode contribuir para a compreensão do modo como o ofício do historiador se desenvolveu no Brasil e em Portugal no período em questão. A investigação pode ajudar a relativizar duas perspectivas comumente aceitas: 1) a perspectiva eurocêntrica de estudo do campor intelectual, subjacente à interpretação de que o sistema intelectual brasileiro do fim do século XIX e início do XX carecia de idéias autênticas, restando aos intelectuais exercitar a imitação das idéias estrangeiras; 2) a perspectiva que compreende a historiografia brasileira como tendo sido fundada a partir de duas matrizes teóricas: a anglo-germânica e a francesa, ignorando possíveis relações com a historiografia portuguesa. Supostamente, o estudo das relações entre intelectuais de diferentes nacionalidades contribui para a construção de uma visão mais horizontal das relações entre produtores culturais, permitindo ultrapassar as análises que tendem a construir oposições simplistas entre contextos complexos, onde o Brasil é antecipadamente visto como desprovido de alguma coisa. Além disso, ao descentrar o objeto de análise, remetendo aos contextos brasileiro e português, é possível operar aquilo que Christophe Charle chamou de "transferência cruzada de problemáticas" (CHARLE, 1988), últi para enfrentar particularismos que alimentam a visão de que algumas mazelas só existem por aqui. 

 

Título: Manoel Bomfim: lições de pedagogia.

Professora Responsável: Rebeca Gontijo

Inicio: Março 2007

Resumo: A pesquisa é parte do projeto Grandes Educadores Brasileiros, patrocinado pelo MEC, que lançará uma coleção com o mesmo título, composta por antologias reunindo parte da obra de 30 educadores. A coleção é destinada aos professores da Educação Básica e será distribuída nas escolas públicas de todo o país. Meu trabalho foi estudar a obra educacional de Manoel Bomfim (1868-1932) e organizar a antologia, acompanhada por texto introdutório. O trabalho privilegia sua atuação como publicista e destaca sua contribuição para o ensino de história.

 

Título: Os índios e o Império – História, etnografia e direitos sociais

Professora Responsável: Vania Losada Moreira

Inicio: Janeiro 2009

Resumo: As cenas envolvendo índios durante o oitocentos são dispares e inquietantes. Em 1830, um abaixo-assinado de índios da província do Espírito Santo denunciava o “deplorável estado de nossas famílias, de nossas casas e de nossas lavouras” e definindo-se como “cidadãos brasileiros” clamavam “por seus direitos ofendidos e quebrantados”. Pouco tempo depois, em 1840, Francisco A. Varnhagen discorreria sobre a importância de se criar no IHGB uma seção de etnografia, quando afirmou que os “autochones d´esse território pertencem a uma geração, que já ia e vae decadente”. Mais tarde, na sua fase mais nitidamente “anti-indigenista”, ainda escreveu que os índios não possuíam história, mas apenas etnografia. Interpretadas no contexto do debate político da época e do agenciamento dos próprios índios, a tese “decadentista” e o veredicto de que os índios não possuíam história funcionam como uma espécie de antídoto contra às pretensões à cidadania manifestadas pelos “índios civilizados”  depois da Independência. Afinal, era a partir da experiência histórica e da participação social ativa na ordem social que eles pleiteavam a transição da condição de “súditos da Coroa portuguesa” para a de “cidadãos brasileiros”. Esta proposta de pesquisa visa refletir sobre o processo de exclusão dos índios do presente-passado-futuro da nação, por meio da constituição de um olhar predominantemente etnográfico sobre eles. Pretende-se abordar a questão a partir de três perspectivas diversas: a dos índios, que em diferentes situações históricas e sociais manifestaram posições sobre seus deveres, direitos e ambições; a da elite política e intelectual do Império, que nos debates e publicações do IHGB produziram representações sobre o índio e propostas acerca de seus direitos e deveres frente a jovem  nação com importantes diferenças entre si; e a do Estado Imperial que por meio de algumas legislações e ações políticas específicas terminou efetivamente obstruindo, limitando e finalmente retirando certos direitos que esses índios desfrutavam no tempo em que eram  súditos da Coroa portuguesa.

 

Título: Os índios e a independência: a participação dos guaranis missioneiros no processo de emancipação política da América portuguesa (Rio Grande do Sul, c.1810-1850).

Professora Responsável: Elisa Frühauf Garcia

 

Resumo: A pesquisa pretende analisar a participação dos guaranis missioneiros nos conflitos da região platina durante o processo de independência do Rio da Prata e da América portuguesa. O objetivo é perceber como os índios se relacionavam com os luso-brasileiros e, no decurso da sua participação nos exércitos em disputa, utilizavam tal situação para tentar obter determinados benefícios. Parte-se do pressuposto de que eles não foram apenas "usados" pelos lusitanos, mas formularam seus próprios objetivos ao longo das situações adversas pelas quais passaram. Considerando a independência como um longo processo, em um segundo momento busca-se acompanhar, na medida do possível, a trajetória dos missioneiros, tanto individual quanto coletivamente, junto da sociedade imperial, a fim de perceber quais foram as suas estratégias de inserção naquele novo contexto, quando as antigas missões, os Sete Povos, eram consideradas extintas.

 

Título: Entre Ruas e Musseques: Crioulidade, Imprensa e Colonialismo em Luanda (1870-1930).

Professora Responsável: Andrea Marzano

Inicio: Outubro 2008

Resumo: O objetivo da pesquisa é analisar, nos jornais publicados em Luanda entre 1870 e 1930, as formas de lazer, os espaços de sociabilidade e a auto-representação das elites africanas que dominavam códigos culturais europeus, também conhecidas como elites crioulas. O cotidiano e os traços culturais dessas elites serão focalizados como expressões singulares dos conflitos com os colonos e os chamados indígenas, em um contexto de intensificação da presença colonial.

 

Título: Esporte, colonialismo e pós-colonialismo nos países africanos de língua portuguesa.

Professora Responsável: Andrea Marzano

Inicio: Março 2009

Resumo: O objetivo da pesquisa é analisar o papel do esporte como elemento dinamizador da identidade nacional em Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Em relação ao período colonial, pretende-se analisar as atividades esportivas como espaços de sociabilidade que podem ter contribuído para o surgimento de nacionalismos. Para o período posterior às independências, o esporte será investigado como elemento de (re)criação contínua de identidades, abrindo espaço para divisões e uniões nos referidos países.

 

Voltar a Cultura e Identidades