Revista Impressões Rebeldes

AO SOM DA CONJURAÇÃO

Disco pouco conhecido de compositores mineiros pode ser escutado na íntegra no YouTube. A Inconfidência Mineira é cantada com grande sensibilidade

Fernando Brant, Ricardo Cheib, Tavinho Moura, Beto Lopes e Geraldo Viana durante a gravação do disco “Conspiração dos Poetas” no Estúdio Bemol. Belo Horizonte, MG – 1997.

Gabriel de Abreu M. Gaspar

Gabriel de Abreu M. Gaspar é graduando em História na Universidade Federal Fluminense e bolsista de iniciação científica (PIBIC). Pesquisa a Conjuração Baiana de 1798 e a trajetória administrativa de Fernando José de Portugal e Castro (1752-1817).

Acessar Lattes

Nossa conspiração”, avisava logo Fernando Brant ao apresentar seu novo disco no final dos anos 90, “é um caso de amor com a vida, a amizade, e a música”.  E arrematava o lendário compositor mineiro: “Somos apaixonados pelo Brasil, Minas Gerais e Belo Horizonte e o resto do mundo, por palavras e pela música. Viver, exceto pelo perigo, é muito bom. Todos os assuntos humanos nos interessam e ser capaz de tratar deles musicalmente é maravilhoso”.

Dentre estes assuntos humanos (e mineiros), a Inconfidência de 1789 não poderia ficar de fora. Em 1997, o Estúdio Bemol, situado em Belo Horizonte, recebeu um grupo de músicos composto por Fernando Brant, Ricardo Cheib, Tavinho Moura, Beto Lopes e Geraldo Viana, que produziu o importante álbum “Conspiração dos Poetas”.

Uma das faixas, “Ah, se eu me apanho em Minas”, faz referência clara ao movimento inconfidente: “Ah seu eu me apanho ali / Vivendo a conjuração / Ah se eu estivesse lá / Dentro da rebelião”. O verso seguinte da canção traça algumas características da “rebelião” – “Ah se eu estivesse assim republicano / Ah se eu me visse enfim independente / Ah se eu encontrasse em mim o solidário / Se eu realizasse ali o sonho louco” – o sonho de uma república independente em Minas Gerais.

Ah seu eu me apanho ali

Vivendo a conjuração

Ah se eu estivesse lá

Dentro da rebelião

Estrofes depois – “Ah se eu me apanho ali / Pisando aquele chão / Que o alferes percorreu / E o padre botou fé” – o cancioneiro se imagina caminhando pelos caminhos percorridos por Tiradentes, caracterizado como “um visionário / Que navega o tempo em busca da utopia / E sobe a forca, sofre o calvário”, sendo enforcado em nome da liberdade e da poesia.

Tiradentes é, ainda, a fonte de inspiração para a canção “Nosso herói”, que questiona “Quem será o herói / quem será a força / que a forca não pode calar?”, “Quem será a herói / dessa nossa história / quem vai tecer o amanhã”? A resposta? O povo – “quem faz cimento / que carrega areia / amassa o pão / ama a lua cheia / sabe que chuva é pra se molhar” – caracterizado pelos nomes de “João e Maria / Dona Teresa / Valdemar / Dona das Dores / Pedro” e, principalmente, “Joaquim José da Silva Xavier”.

Meu povo é meu herói / ele é a força / que a forca não pode calar”.

Há diversas outras canções que tratam das belezas, das gentes, dos lugares e da história de Minas Gerais. Por isso, o disco “Conspiração dos Poetas” é obrigatório para os que gostam da boa música e desta admirável região.

 

Spotify: https://play.spotify.com/album/18r9ztddEm5Ehtc03e3rvy?play=true&utm_source=open.spotify.com&utm_medium=open

Itunes: https://itunes.apple.com/br/album/conspiracao-dos-poetas/id302094399

Revoltas Relacionadas

Leia também

    Imprimir página

Compartilhe