Revoltas

Revolta da Cachaça

Capitania Real do Rio de Janeiro (1567 – 1821)São Sebastião do Rio de Janeiro

Início / fim

02 de novembro de 1660 / 06 de abril de 1661

Na Capitania do Rio de Janeiro em 31 de janeiro de 1660, a Câmara dos Vereadores (contrariando as ordens da Coroa que proibia a produção e comércio de manufaturas na colônia, que incluía a de destilados) propôs a liberação da produção de Cachaça na Capitania, que logo foi executada pelo então governador da Capitania Salvador Correia de Sá e Benevides. O governador, no entanto, estipula uma gama de taxas (fintas) a serem cobradas, sem terem sido em muitos casos, aprovadas pela Câmara.

Além disso, a sua estratégia em colocar parentes em diversos cargos importantes, monopolizando assim o Poder, só demonstrava o caráter despótico de Salvador Correia. A mais marcante, e importante no que se refere à Revolta da Cachaça, foi a taxa sobre a defesa e proteção, tanto pela questão da proteção sobre o comércio ultramarino quanto pela proteção em terra, cobrada de forma geral (no valor único de oito mil réis), obrigatória e cobrada (muitas vezes) de forma violenta.

Havia o medo da população com relação à durabilidade da taxa que atrapalhava na lucratividade, já baixa, da produção interna da cidade. A população tenta, sem sucesso, argumentar contra a cobrança, afirmando uma forma voluntária de pagamento, demonstrando que a vontade do povo não ia contra a vontade do Governador e, por conseguinte, da Coroa.

Os fazendeiros e grande parte da população liderada pelo “povo” da freguesia de São Gonçalo do Amarante (hoje cidade de São Gonçalo) revoltaram-se contra a cobrança da taxa e, depois de meses de conversas e reuniões, em novembro de 1660, marcham em direção a Câmara dos Vereadores da Capitania e exigem, não só o fim da taxa, como também a devolução.

Com o apoio da população, dos soldados amotinados e com o Poder sobre a Câmara, aprisionaram o Governador em exercício Tomé de Souza Alvarenga e nomeou (a força) um novo Governador, Agostinho Barbalho. Este, receoso em ser obrigado a aprovar medidas que iam contra a hierarquia e subordinação da estrutura administrativa, e tendo o apoio do Governador Salvador de Sá (já estando em São Paulo, a par da situação) e pela suspeita do apoio de Jesuítas, começou a ser mal visto pelos revoltosos, e sendo por eleição na Câmara, destituído do cargo no dia 8 de fevereiro de 1661.

O novo Governador, Jerônimo Barbalho, tendo ações autoritárias contra os aliados de Salvador de Sá, provocou a reação efetiva deste sobre a Capitania. Organizando uma tropa de navios e aliados vindos de São Paulo e da Bahia, invadiu o Rio de Janeiro no dia 6 de Abril de 1661 e, sem quase nenhuma resistência, retomou o Poder.

Aprisionando todos os revoltosos e executando Jerônimo Barbalho, Salvador de Sá acaba sendo afastado do cargo pelo Conselho Ultramarino, sob a acusação de abuso de Poder (incluindo nisso o assassinato de Jerônimo Barbalho), conivência e trinta outras acusações feitas pela população.

Antecedentes

A revolta da cachaça explode com o anúncio de um novo imposto, aprovado de maneira ilegal pelo governador Salvador Correia de Sá e Benevides (1660-1661), cujo objetivo era arrecadar dinheiro o suficiente para aumentar a guarnição das tropas cariocas, uma medida de prevenção para possíveis invasões estrangeiras. A população no entanto, liderada pela elite local personificada em Jerônimo Barbalho, discordou das ações do governador e quando este viajou a trabalho para São Paulo, demandou mudanças ao governador interino Tomé de Alvarenga.

Conjuntura e contexto

O Rio de Janeiro se encontrava numa grande crise econômica. A população estava exaurida de tanto pagar taxas, principalmente aquelas que estivessem relacionadas a defender outras partes da colônia, como a guerra holandesa no nordeste. Além da crise, o próprio rio vivia sob o medo de ser invadido por outras potências europeias, principalmente após o crescimento de sua importância no cenário atlântico nos últimos anos.

Grupos sociais

Autoridades

Lideranças

Réus e Condenados

Ações de protesto não-violentas

  • "Viva el rei"
  • Abaixo-assinado
  • Aclamação de rebeldes
  • Desobediência
  • Gritos
  • Invasão da Câmara
  • Nomeação de autoridades
  • Nomeação de procuradores
  • Ocupação de Ruas/Praças
  • Reunião com autoridades para negociar
  • Reuniões em lugares privados
  • Troca de cartas

Ações de protesto violentas

  • Agressão de Autoridade
  • Batalhas e combates
  • Cerco a imóveis
  • Expulsão de adversários
  • Invasão de propriedade
  • Mobilização de forças militares
  • Prisão de autoridade
  • Saques a casas e armazéns
  • Sequestro de bens
  • Tomada da Capitania

Repressão

Contenção

  • Bandos e leis
  • Cerco
  • Envio de Armada Naval
  • Envio de autoridade
  • Expedição armada ou repressão militar
  • Perdão
  • Prisões

Punição

  • Degredo / Desterro
  • Envio de presos para Metrópole
  • Esquartejamento
  • Execução
  • Exposição apenas da cabeça

Instâncias Administrativas

  • Conselho Ultramarino
  • Rei

Bibliografia Básica

BOXER, Charles Ralph. Salvador de Sá e a luta pelo Brasil e Angola 1602-1686. São Paulo. Brasiliana, 1973.

CAETANO, Antonio Filipe P. Entre a Sombra e o Sol. A revolta da cachaça e a crise política fluminense (Rio de Janeiro, 1640-1667). Maceió: Ed. Gráfica, 2009, p. 206.

FIGUEIREDO, Luciano R. A. Revoltas, fiscalidade e identidade colonial na América portuguesa, Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais (1640-1761). Tese de doutorado, USP, Departamento de História, 1996 (cap 1 “A revolta da cachaça”)

Fontes impressas

VIEIRA FAZENDA, José. “Antiqualhas E Memorias Do Rio De Janeiro”. RIHGB (1921).

FREIRE, Felisbello. História Do Rio De Janeiro. 2 vols. Rio de Janeiro: Revista dos Tribunais, 1912-13.

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