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Traslado do auto de Devassa que mandou fazer o Desembargador Ouvidor Geral do Crime o Doutor Antônio José Cabral de Almeida para por ele perguntar testemunhas a respeito de vários fatos e desordens cometidas no Navio S. Senhora da Piedade e São Boaventura de que hé capitão Luiz Ventura Loureiro como ao diente se declara

Resumo

A região do Atlântico sul participava ativamente do comércio entre Portugal e o oceano Índico, fonte econômica importante para o Império português. Ao longo do século XVIII, os navios mercantes que circulavam nesta e em outras regiões se constituíram como palco de resistência de marinheiros que enfrentavam difíceis condições de trabalho e severas punições, sendo considerados indisciplinados pelos oficiais a bordo.

Artifícios da Narrativa

Tratando-se de uma averiguação dos fatos típica de um processo de devassa, o ouvidor colhe testemunhos a respeito do motim a fim de instruir o processo criminal. Os depoimentos, dentre eles o do capitão, contam o que se passou, as razões e o envolvimento objetivo de cada um.

A intensificação das normas de controle, divisões e hierarquias do trabalho a bordo, em nome da garantia de viagens bem executadas, culminou em episódios diversos de tensão em navios. A devassa tirada pelo Ouvidor geral do Crime Antônio José Cabral de Almeida retrata em detalhes um desses episódios, ocorrido em 1783 no navio Nossa Senhora da Piedade e São Boaventura. Após narrar as condições em que a embarcação chega no porto do Rio de Janeiro, são descritos os momentos de tensão vividos entre capitão e marujos. A figura do primeiro piloto João dos Santos Rodrigues Silva é destacada como a de liderança e o motivo do motim é atribuído mais a ele e a sua rebeldia que de fato às condições degradantes de trabalho a que eram submetidos os marujos.

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Informações

Documento possui 9 páginas

Revolta relacionada ao documento

Motim de marujos no navio mercante do capitão Loureiro

Local/Data do Documento

Rio de Janeiro 22 de set. 1783

Autoria da transcrição

Jaime Rodrigues - Departamento e Programa de Pós-Graduação em História (UNIFESP)

Referência do documento original

AHU/Conselho Ultramarino, Rio de Janeiro, Caixa 122, doc. 9875

Referência do documento reproduzido

RODRIGUES, Jaime. Conversações ocultas e conventículos: o motim a bordo de um navio mercante português no século XVIII. Revista Outras Fronteiras, Cuiabá, vol.7 n1, jan/jul 2020, p.398-405.

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