Arquivo Nacional, Correspondência de capitães-mores e comandantes de regimentos de vilas do Rio de Janeiro: Vice-reinado., Código do fundo D9., Notação: caixa 484, pct.02.
Desde o final do século XVIII, desenrola-se um levante de quilombolas em Cabo Frio, região norte da Capitania do Rio de Janeiro. O comandante do regimento local relata sobre a atuação do líder quilombola, Joaquim, que também era conhecido como “rei” do núcleo rebelde. Os escravizados saquearam a fazenda do Capitão Antonio Gonçalves e, usando armas de fogos, entraram em confronto contra os soldados da capitania. Um escravo fugitivo foi morto. O comandante capturou cinco quilombolas (Geremias, Aleixo, João, Pedro e Domingos) que estavam presentes em outro saque a uma fazenda, ocasião em que houve a morte de um dos soldados e outras mais. Segundo a confissão dos prisioneiros, a ordem desse ataque foi dada pelo líder do quilombo, o rei Joaquim. A carta descreve que os escravizados, após se desentenderem com seu rei, o mataram e promoveram saques.
“(...) remeto presos os negros aquilombados, (...), os quais foram uns presos, (...) e o mesmo levante fizeram os que roubaram a fazenda, os quais dispararam armas de fogo, escapando por felicidade os soldados sem maior incômodo.”
“Do referido quilombo se escaparam seis, indo com eles um dos que capturaram (...) nas ocasiões dos insultos, os quais tem sido tantos, que se considera ser um levante de negros, os quais tem inquietado todo este Distrito.”
“Os principais matadores (...) fizeram várias mortes por mandado de um negro Joaquim a quem no Quilombo chamavam = Rei = e como tal o obedeciam, cujo rei, eles o mataram há poucos dias na ocasião(...)”
“São tantos os distúrbios, que estes insultadores têm feito, que não me posso dispensar de rogar a V.Ex.ª queira mandar vir para este Distrito as cabeças dos que forem justiçados, para exemplo, (...)”
O comandante do regimento de Cabo Frio tinha como objetivo demonstrar sua competência militar ao Vice-Rei, ao relatar sua eficiência em reprimir o quilombo de escravizados. Além disso, o comandante detalhou as desordens que os quilombolas causaram, desde os saques realizados na fazenda até o confronto que culminou na morte de dois de seus homens. A descrição das ações caracterizadas como violentas por parte dos escravizados tinha a intenção persuadir o Vice-rei a autorizar medidas de contenção na área.
“negros aquilombados”
“ levante de negros”
“distúrbios”
“Rei”
Arquivo Nacional, Correspondência de capitães-mores e comandantes de regimentos de vilas do Rio de Janeiro: Vice-reinado., Código do fundo D9., Notação: caixa 484, pct.02.
ARQUIVO NACIONAL (Rio de Janeiro). História Luso-Brasileira (ed.). Correspondência de capitães-mores e comandantes de regimentos de vilas do Rio de Janeiro: Vice-reinado. Cabo Frio: Felicíssimo José Vitorino de Souza, 12 out. 1805. Disponível em: http://historialuso.arquivonacional.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3537&Itemid=359. Acesso em: 3 abr. 2023.
As informações sobre esse documento foram organizadas por Caio Feitosa, aluno do curso de graduação em História da UFF.
