Resumo
O Rei D. Pedro II saúda o governador da Capitania do Rio de Janeiro e reconhece a situação enfrentada por ele no controle das fugas e ataques de africanos e indígenas que resistem à escravidão em mocambos nas serras da região. A partir da menção à atitude de um senhor que exigiu a prisão de um cabo responsável pela morte de um escravo seu que havia fugido, o soberano exige que os procedimentos judiciais sejam obedecidos de acordo com a Lei do Reino. Expressa ainda temor que no Rio de Janeiro o descontrole e ineficiência da repressão aos quilombos gere uma situação semelhante ao que ocorrera em Pernambuco com os Palmares.
Trechos em destaque
“(…) sitio acommodado em alguma Serra, onde se ajuntão e sahem a fazer os ditos excessos”
“(…) e sendo semelhantes mortes accidentaes, por os ditos negros se pôrem em resistencia, se castigue o Cabo, que fez o que lhe mandão, dando-se com este modo de proceder occasião a que os ditos negros fação nessa Capitania, o que fizeram nos Palmares de Pernambuco”;
Artifícios da Narrativa
Equilibrando-se entre enunciados que indicam, de um lado, o temor de que a rebelião escrava se ampliasse na capitania do Rio de Janeiro e, de outro, descontentamento com os procedimentos judiciais que favoreciam o interesse privado (figurado no proprietário que determina a punição de um soldado que, numa expedição, matou seu escravo fugitivo) que prevalece sobre a correta execução da justiça (referida ao emprego do expediente da devassa), o soberano afirma-se como a entidade restauradora da boa ordem.
Tópicos de discurso
"roubos"
"malefícios"
"negros fugidos"
"quilombos"
"resistência"
"devassa"
"desordem"