O norte de Goiás (na época, parte da capitania de São Paulo) passou a ser ocupado a partir da década de 1730. Atraídos pela presença de ouro na região, habitantes de toda a América Portuguesa se dirigiram ao local e fundaram inúmeros arraiais. Um deles foi o Arraial de São José do Tocantins.
Apesar da euforia inicial, logo ficou evidente que a quantidade de ouro na região não era grande o suficiente para garantir um sucesso duradouro. As dificuldades de acesso e de exploração da região, causadas por grupos de indígenas violentos e estradas em más condições, pioravam a situação, e a produtividade logo começou a cair, algo que foi agravado também pelo contrabando. O cenário ganhou ares de tensão em 1736, quando a coroa portuguesa, com o objetivo de limitar o contrabando, passou a taxar a região com a cobrança da capitação, método usual para arrecadar o quinto. Segundo a lei, todos os proprietários de escravos deveriam pagar certa quantia de ouro por cabeça.
No caso de São José do Tocantins, a administração portuguesa fixou a cobrança em sete oitavas e três quartos de ouro por escravizado. Isso revoltou a população local, que queria uma cobrança mais justa. Em janeiro daquele ano, mineradores e membros do baixo clero (como o vigário Alexandre Marques do Vale) se amotinaram contra a taxa e contra a nomeação de um Intendente paulista para a região. Eles se recusaram a registar seus escravizados e pressionaram, por meio de um termo assinado, o Provedor Comissário dos Defuntos e Ausentes a substituir o intendente que cobraria os impostos: Manuel Pereira Botelho de Sampaio foi escolhido pela população local para ser o novo arrecadador, tornando-se também o líder da revolta. Há registros da ação de bandos armados pela região, confisco de cartas e destruição de documentos oficiais por parte dos rebeldes.
Diante do motim, o governador da Capitania de São Paulo decidiu prender Manuel Sampaio e abaixar os impostos, além de posicionar uma tropa paga na região do arraial. Cerca de vinte revoltosos tiveram seus bens sequestrados, e Manuel Sampaio ganhou uma pena moderada na prisão.