Revoltas

Revolta dos tapuias do sertão a engenho de açúcar

Capitania da Bahia de Todos os Santos (1534 – 1821)Baía de Todos os Santos

Início / fim

1612 / 1612

Data aproximada

Conhecidos como “índios bravos”, em 1612, os tapuias vindos do interior,  invadiram e destruíram um engenho e o todo o distrito de Capanema, na freguesia do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano. A revolta foi uma tentativa dos nativos de barrar o avanço da colonização e da fronteira pastoril que avançava na região da baía de Todos os Santos. Nessa fase, depois de os conquistadores ocuparem com as plantações de cana e engenhos de açúcar as terras mais próximas do “lagamar” do Recôncavo, seu interior passou a ser cobiçado e invadido para a criação de gado, o que afetava diretamente os indígenas que lá residiam.

O conflito gerou diversos problemas com os moradores das freguesias do Recôncavo Baiano, como ataques em vilas, engenhos, fazendas e criações, o que comprometia diretamente a produção da região. Outras revoltas próximas a região, viriam a eclodir posteriormente.

Desde a fundação do governo-geral em 1548, medida importante para maior contenção de revoltas de povos nativos e avanço da colonização, foi prevista a construção de uma cidade para a sede deste novo centro administrativo. A Baía de Todos os Santos, capitania donatária do falecido Francisco Pereira Coutinho, foi comprada pela Coroa e destinada para esse fim. Entretanto, a construção de uma cidade na entrada da Baía e a ocupação do recôncavo baiano, teve como consequência conflitos constantes com os povos nativos que lá residiam.

Ataques indígenas como esses tiveram efeitos devastadores nos primeiros anos da colonização, expressando a capacidade de resistência dos nativos. Os constantes conflitos gerados pelos indígenas eram um reflexo das novas relações estabelecidas com os colonos. A destruição do ecossistema, a escassez de alimentos, uma convivência hierarquizada, a disseminação de doenças contagiosas e a apropriação de terras e riquezas naturais, contrariavam por completo a forma de viver das sociedades nativas.

Os registros documentais sobre esses episódios são escassos, por vezes criando a sensação equivocada que eram revoltas insignificantes. Ao contrário,  a resistência e as rebeliões dos povos originários nesse período causaram impactos incalculáveis à produção e ameaçaram a continuidade do projeto colonial de Portugal no Brasil.

 

(Isabel Macedo, graduanda do curso de História da Universidade Federal Fluminense e bolsista de iniciação científica PIBIC – CNPQ)

Ações de protesto violentas

  • Invasão de cidade ou vila
  • Invasão de propriedade
  • Saques a casas e armazéns
  • Saques em engenhos

Bibliografia Básica

PARAISO, Maria Hilda B. Revoltas Indígenas, a criação do governo geral e o regimento de 1548. CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, no. 29.1, 2011.

PUNTONI, Pedro. A Guerra dos Bárbaros: Povos Indígenas e a Colonização do Sertão Nordeste do Brasil 1650-1720. São Paulo: Hucitec: Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp, 2002. p.90

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