Revoltas

Revolta de tapuias e escravizados africanos contra engenhos e currais

Capitania da Bahia de Todos os Santos (1534 – 1821)Baía de Santos

Início / fim

1627 / 1627

Data aproximada

Em aliança que reuniu indígenas tapuias e escravizados rebeldes ocorre uma sucessão de protestos em 1627 contra engenhos nas freguesias do Jaguaripe e Paraguaçu, além de currais de gado em Aporá, causando uma onda de medo e imensos danos aos fazendeiros da região. Os locais atacados serviam sobretudo para produzir mantimentos para as cidades e para as tropas militares. Desse modo, as revoltas, que já ocorriam desde 1621, trouxeram muitas consequências para todo o Recôncavo Baiano. As fazendas, núcleos econômicos vitais para a produção local, passaram a ficar despovoadas devido às revoltas. 

Desde a fundação do governo-geral em 1548, medida importante para maior contenção de revoltas de povos nativos e avanço da colonização, foi prevista a construção de uma cidade para a sede deste novo centro administrativo. A Baía de Todos os Santos, capitania donatária do falecido Francisco Pereira Coutinho, foi comprada pela Coroa e destinada para esse fim. Entretanto, a construção de uma cidade na entrada da Baía e a ocupação do recôncavo baiano, teve como consequência conflitos constantes com os povos nativos que lá residiam.

A gravidade da situação começava a assustar as autoridades, que no ano de 1627, organizaram uma junta para solucionar os conflitos com os Tapuias. Se reuniram então, seguindo a resolução da lei de 1611, o governador-geral, Antônio Teles da Silva e outras principais autoridades do Brasil. Para barrar os danos causados por nativos, a junta declarou uma “guerra justa” contra os Tapuias.

No entanto, as resoluções da junta não tiveram grandes resultados e os moradores locais continuaram a ter que conviver com os ataques indígenas. Nos anos seguintes, o governo-geral direcionou suas iniciativas para lidar com a ocupação holandesa no nordeste e as guerras dessa causa. Alexandre de Sousa Freire, que foi governador entre os anos de 1667 a 1671, afirmou que nada pode ser feito em relação aos conflitos com nativos devido ao foco dos moradores nas guerras contra os holandeses.

Ataques indígenas como esses tiveram efeitos devastadores nos primeiros anos da colonização, expressando a capacidade de resistência dos nativos. Os constantes conflitos gerados pelos indígenas eram um reflexo das novas relações estabelecidas com os colonos. A destruição do ecossistema, a escassez de alimentos, uma convivência hierarquizada, a disseminação de doenças contagiosas e a apropriação de terras e riquezas naturais, contrariavam por completo a forma de viver das sociedades nativas.

Os registros documentais sobre esses episódios são escassos, por vezes criando a sensação equivocada que eram revoltas insignificantes. Ao contrário, a resistência e as rebeliões dos povos originários nesse período causaram impactos incalculáveis à produção e ameaçaram a continuidade do projeto colonial de Portugal no Brasil.

(Isabel Macedo, graduanda do curso de História da Universidade Federal Fluminense e bolsista de iniciação científica PIBIC – CNPQ)

Grupos sociais

Autoridades

Ações de protesto violentas

  • Invasão de propriedade
  • Queima de plantações
  • Saques a casas e armazéns
  • Saques em engenhos

Repressão

Contenção

  • Envio de autoridade

Bibliografia Básica

PARAISO, Maria Hilda B. Revoltas Indígenas, a criação do governo geral e o regimento de 1548. CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, no. 29.1, 2011.

PUNTONI, Pedro. A Guerra dos Bárbaros: Povos Indígenas e a Colonização do Sertão Nordeste do Brasil 1650-1720. São Paulo: Hucitec: Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp, 2002. p.90

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