Revoltas

Revolta dos escravizados indígenas na propriedade de Antônio Pedroso de Barros

Capitania Real do Rio de Janeiro (1567 – 1821)Sítio Santo Antônio

Início / fim

1652 / 1652

Data aproximada
Capela e casa de Fernão Paes e Barros, irmão e herdeiro de Antônio Pedroso de Barros

No ano de 1652, na fazenda de São Roque em São Paulo, cerca de 600 indígenas escravizados se revoltaram contra seu senhor, Antônio Pedroso de Barros. Durante a revolta, os nativos assassinaram Pedroso de Barros, além de outros brancos presentes na propriedade, mataram todos os animais e atearam fogo nas plantações. Essa foi uma das primeiras revoltas desse porte em São Paulo e causou temor entre os proprietários de terra e escravizados.

Antônio Pedroso de Barros era um dos maiores proprietários de terra e de indígenas entre os paulistas de sua época. Ele contava, em sua fazenda – atualmente o Sítio Santo Antônio, em São Roque- com cerca de 500 a 600 indígenas escravizados, grandes plantações de trigo e algodão e outras propriedades. Seus índios eram divididos entre Carijó e Guaianá, recém capturados do sertão.

Em 1652, após as colheitas de abril e maio, esses indígenas se revoltaram contra o Pedroso de Barros e o assassinaram, assim como outros brancos presentes na propriedade, destruindo sua casa, roubando alguns bens, ateando fogo nas plantações e também matando todos os animais. Dos revoltosos, alguns foram mortos, outros fugiram para o sertão ou se esconderam em propriedades vizinhas. Ao final da revolta, 323 indígenas, entre os que permaneceram na propriedade e os que foram capturados, restavam aos herdeiros de Antônio Pedroso de Barros.

Não se sabe ao certo a motivação da revolta, porém é provável que ela se deveu a um conjunto de fatores. Primeiro, a diversidade étnica dos indígenas que estavam misturados na propriedade fazia emergir conflitos já existentes entre as etnias. Além disso, a convivência entre os índios já batizados e inseridos na dinâmica local, como os Guarani, e os recém chegados do sertão, ainda não batizados e convertidos, suscitaram choques entre os dois grupos. Isso já criava um clima de tensão na propriedade. Em terceiro lugar, a pressão exercida sobre os escravizados, sobretudo os Guarani que já estavam adaptados à dinâmica de trabalho, para a colheita daquele ano, num ritmo e carga horária de trabalho excessivo, combinados com açoites e punições. Acredita-se que os indígenas teriam usado esse levante como forma de demandar as condições de trabalho menos duras que possuíam anteriormente à colheita.

Esse levante foi um dos maiores ocorridos até então e deu início a uma onda de rebeliões indígenas na mesma lógica, que acabou gerando grande temor entre as elites paulistas.

A região em que ocorreu esse motim, embora distante geograficamente do centro da capitania do Rio de Janeiro, estava sob sua jurisdição, e assim permaneceu até o ano de 1709, segundo consta a Carta Régia de 23 de novembro do mesmo ano, que criou a capitania de São Paulo e Minas do Ouro.

(Giovanna Wermelinger, graduanda no curso de História da UFF e pesquisadora do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ -CNE/2018-2021)

Antecedentes

Mistura de etnias indígenas

Conjuntura e contexto

Uso de mão-de-obra indígena escravizada em São Vicente

 

Números da Revolta

600 índios participantes

Grupos sociais

Lideranças

Ações de protesto não-violentas

  • Fuga de escravizados

Ações de protesto violentas

  • Destruição de propriedade
  • Execuções

Repressão

Contenção

  • Capitães do mato

Punição

  • Não informadas
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