SANTOS, Lara de Melo dos. Resistência indígena e escrava em Camamu no século XVII. Dissertação de Mestrado. Salvador: UFBA, Programa de Pós-Graduação em História, 2004.
1691 / 1692
A região de Camamu do século XVII ilustra bem a realidade colonial em que fugas de escravos, expansão de quilombos, “entradas” para o sertão e políticas dos senhores e da administração régia para coibir as revoltas e motins estavam presentes.
Situada no sul da Bahia, com uma geografia que por um lado dificultava o suporte vindo da capital Salvador e a defesa contra nativos hostis e, por outro, facilitava as fugas de escravos e índios das fazendas, o território vivenciou uma insurreição escrava de grandes proporções entre 1691 e 1692.
Iniciada por “cinco mulatos fugidos” eles foram agregando mais e mais adeptos, causando a morte de homens brancos, invadindo casas, roubando armas e bens, destruindo roças e produtos e sequestrando mulheres e crianças. O “pandemônio” era tanto que “não havia escravo que obedecesse ao seu senhor, ou morador que se atrevesse a ir às suas lavouras”. Para aumentar o caos social os rebeldes se fortificaram e montaram base em um monte próximo, fundando ali a chamada “Vila de Santo Antônio”, quilombo que possuía até governador próprio e tropas.
O governador da Bahia, Câmara Coutinho, sabendo do ocorrido através do Capitão-mor Bento Ribeiro de Lemos, se recusa a enviar tropas de Salvador para Camamu. Porém, enviou pólvora, armamentos e ordens para que o Capitão-mor mobilizasse novos homens e vilas vizinhas, estando este sob o comando do “Capitão-das-entradas” Antonio Ferraz de Azevedo. A expedição de 100 homens (entre brancos, mulatos e índios) marchou em direção ao quilombo, sendo recebidos ao som de tambores de guerra e gritos de “Morte aos Brancos, viva a Liberdade!”. A expedição acabou com quatro mortos e o capitão Gonçalo da Afonseca ferido. O grupo rebelde foi derrotado, seus quatro líderes mortos, dos quais três foram sentenciados à morte e suas cabeças expostas pelo Tribunal da Relação. Houve ainda 80 presos e 25 feridos, sendo estes devolvidos aos antigos donos ou vendidos.
Aproximadamente Cerca de 1 ano de duração
83 condenados
3 executados
SANTOS, Lara de Melo dos. Resistência indígena e escrava em Camamu no século XVII. Dissertação de Mestrado. Salvador: UFBA, Programa de Pós-Graduação em História, 2004.
Sem Nome, "Revolta de Camamu". Impressões Rebeldes. Disponível em: https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/revolta/revolta-de-camamu/. Publicado em: 05 de abril de 2022.