Em 1741, a Capitania do Rio Grande foi palco de forte conflito de interesses envolvendo funcionários régios e grandes fazendeiros. Tudo começou com o impedimento da execução do contrato do gado do vento por meio de moradores da ribeira do Apodi, armados.
O gado do vento era todo aquele encontrado solto, sem dono, e por meio desse contrato era permitida a cobrança de um tributo em nome do rei sobre esse gado, e o contratador que o achasse sem marcas do proprietário poderia vendê-lo e reverter o valor para os cofres reais.
O arrematador desse contrato e seus sócios foram expulsos do local pelos moradores, o que gerou uma reclamação do Provedor da Fazenda Real do Rio Grande contra a revolta. Após a instauração de uma devassa, ele concluiu que um grupo de irmãos fazendeiros era quem tinha liderado o levante dos moradores, e tal agitação causava sérios prejuízos à Fazenda Real.
Em contrapartida, a Câmara do Natal também realizou uma devassa para averiguar os fatos, e concluiu que o contratador e seus sócios haviam roubado gado na ribeira, o que acabou causando a confusão toda.
Por fim, apenas em 1744 a Coroa deu um parecer sobre o ocorrido e concluiu que os irmãos fazendeiros eram criminosos, que o juiz ordinário que acusou arrematador e sócios de roubo deveria ser advertido por ter contribuído para a perturbação da capitania, e que o capitão-mor que havia apoiado a ação da Câmara deveria ser temporariamente suspenso, com seu mandato abreviado.