Revoltas

Resistência Indígena no Rio de Janeiro

Capitania Real do Rio de Janeiro (1567 – 1821)São Sebastião do Rio de Janeiro

Início / fim

outubro de 1566 / outubro de 1566

Na década de 1560, o atual litoral carioca foi palco de uma série de batalhas entre tamoios aliados aos colonos da França Antártica e portugueses aliados aos rivais dos tamoios. Muitos desses combates foram liderados pelo Governador Estácio de Sá (1565-1567) enquanto defendia a recém-fundada cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro das investidas franco-tamoias. Em outubro de 1566, lusitanos, liderados pelo próprio Estácio de Sá, organizaram um ataque a uma aldeia tamoia situada na Ponta da Carioca (possivelmente Ponta do Leme) durante uma celebração de uma entidade denominada de uma “Santidade”. A aldeia foi destruída e centenas de nativos foram assassinados e escravizados durante o ataque, enquanto, do lado português, haveria tido apenas uma baixa.

No último trimestre de 1566, a maré da guerra entre tamoios e portugueses já estava mais favorável aos portugueses, que vinham numa grande sequência de vitórias. Somado às recentes conquistas, os portugueses fundaram a vila de São Sebastião do Rio de Janeiro no ano anterior, um assentamento em uma posição estratégica que marcava o avanço das forças do Estácio de Sá. Silva Lisboa relata que Estácio de Sá havia tido sucesso em suas empreitadas bélicas, tendo recentemente destruído duas naus francesas e devastado duas aldeias tamoias.
Estácio de Sá foi informado da existência de uma celebração numa aldeia tamoia, que se tratava da adoração de uma entidade chamada “Santidade”. O seu culto era uma mistura da crença no paraíso terrestre dos tupinambás misturado com a hierarquia católica, a celebração desse culto sincrético e messiânico não só deixava os indígenas com a guarda baixa, mas também concentrava uma grande quantidade de nativos, possivelmente até pessoas de outras aldeias. Era uma grande oportunidade de atacar, portanto, o comandante português organizou um ataque surpresa e logo pôs seus homens em marcha.
Primeiro foi feito um cerco, para bloquear completamente a aldeia, mas Estácio de Sá mudou de idéia no meio de sua realização, preferindo arriscar um ataque mais direto. Suas tropas invadiram o assentamento e cometeram uma chacina, poucos foram aqueles que conseguiram fugir e o destino predominante dos sobreviventes foi a escravização.
Silva Lisboa relata que o lado português, apesar da investida descuidada, sofreu apenas uma baixa: “Marchando contra a mesma [Aldeia], a bloqueou, e de improviso caiu sobre ela a ferro e a fogo, e poucos escaparam com a fuga, matando e aprisionando mais de trezentas pessoas, morrendo dos nossos unicamente o Soldado Antônio de Lagêa.” (LISBOA, 1834, tomo I, p.102)
A guerra continuou, a França Antártica foi destruída, muitos indígenas foram mortos e os franco-tamoios precisaram recuar da região da Baía de Guanabara para o que viria a se tornar Cabo Frio em 1567.

(Eduardo Chu, graduando no curso de História da UFF e pesquisador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ -CNE/2018-2021)

Antecedentes

O que precede esse evento é a decisão dos portugueses de ocuparem o litoral guanabara para explusar os franceses e garantir sua soberania no território. Os franceses se aliariam com os tamoios e os Portugueses com os temiminós.

Conjuntura e contexto

Esses episódios estão dentro do contexto das guerras da confederação dos tamoios. Ocorridos no atual sudeste brasileiro durante a década de 1560, os portugueses se mobilizaram para expulsar os franceses da região.

Tipologia

Modelo de conflito

Grupos Sociais

Reivindicações

Consequência(s)

Soberania

Grupos sociais

Autoridades

Ações de protesto não-violentas

  • Não informadas

Ações de protesto violentas

  • Batalhas e combates

Repressão

Contenção

  • Expedição armada ou repressão militar
  • Prisões

Punição

  • Escravização e reescravização

Bibliografia Básica

QUINTILIANO, Aylton. A Guerra dos Tamoios. 1ª. ed. Rio de Janeiro: Reper Editora, 1965, p. 213-217.

Fontes impressas

LISBOA, Balthazar da Silva. Annaes do Rio de Janeiro: contendo a descoberta e conquista deste paiz, a fundação da cidade com a historia civil e ecclesiastica, até a chegada d’El Rey D. João VI; além de noticias topographicas, zoologicas, e botanicas. Tomo I. Rio de Janeiro: Na Typ. Imp. e Const. de Seignot-Plancher e Ca. 1834, p. 102.

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