Revoltas

Rebelião indígena e destruição de Olinda

Capitania de Pernambuco (1534 – 1821)Olinda

Início / fim

28 de janeiro de 1548 / fevereiro de 1548

"Marin d'Olinda de Pernambuco", 1635. Scan de Museu do Estado de Pernambuco, Coleção Museus Brasileiros, edição Banco Safra, 2003

Durante a criação do governo geral do Brasil em 1548 o equilíbrio entre os conquistadores e os povos originais entra em colapso. Uma das revoltas ocorreu na capitania de Pernambuco, na cidade de Olinda, região que se consagraria como a principal produtora de açúcar no início da colonização. A motivação do levante, que acontece nesse momento, pode ser entendida a partir do descontentamento dos nativos com a presença e ações dos portugueses na região, assim como o aumento do desmatamento e da disseminação de doenças causadas pelos colonos. Em reação a tais violências chegaram até a queimar o centro da cidade de Olinda, como ocorreria em outra ocasião em Salvador.

O evento foi observado pelo alemão Hans Staden, que relatou o levante em relato de uma de suas viagens para o além-mar, quando ainda era artilheiro da esquadra comandada por um capitão por nome Penteado. Ao desembarcar na capitania de Pernambuco em 28 janeiro de 1548, Staden testemunhou que, devido às ações dos portugueses no território dos nativos, “rebentou” uma revolta. Os povos indígenas atacaram o povoado português de Iguaraçú, a cerca de 30km da cidade de Olinda. Durante o evento, os habitantes locais mantiveram-se inertes para defender os portugueses pois tinham receio de que os “selvagens” – como os denominavam – pudessem matá-los caso interferissem.

O levante durou cerca de 1 mês, período em que os colonos estiveram cercados, sem conseguir receber alimentos. Diante dessas circunstâncias o então donatário da capitania de Pernambuco, Duarte Coelho, solicitou auxílio ao capitão Penteado que encaminhou cerca de 40 homens para a proteção do povoado. No embalo, mais 90 colonos, 30 escravos vindos da África e um quantitativo significativo de índios aliados aos portugueses juntaram-se para dar apoio para reagir ao ataque de cerca de 8 mil indígenas revoltosos, segundo Staden. Sob o comando do capitão Penteado o bloqueio foi furado garantindo-se que chegasse alguns “mantimentos” e armas ao local.

Na medida em que os portugueses conseguiam desfazer os obstáculos impostos pelos nativos durante a revolta, aos poucos os revoltosos foram optando pela paz distanciando-se de uma possível punição que poderia ser praticada por parte dos colonos.

Mas este não foi o fim dos confrontos entre índios e colonos na região, ocorrendo outro em 1553. Dando continuidade às desavenças na capitania de Pernambuco entre indígenas e portugueses, dois engenhos, um em Iguaraçú e outro em Olinda são incendiados.

À medida em que se aprofundaram as relações entre colonos com os nativos, tem-se registrado inúmeros conflitos com os lusitanos recém chegado por aqui. A disseminação de rebeliões indígenas preocupava demais as autoridades portuguesas, pois poderia ameaçar muitos entrepostos litorâneos da Coroa, ou ainda favorecer possíveis ataques dos franceses que também ansiavam a dominação da região neste momento. Os prejuízos poderiam estar relacionados com a falta de investimentos em estrutura nos postos comerciais, assim como a morte de moradores deslocados com muita dificuldade para a região comercial de Pernambuco.

 

(Gabriel Torres dos Santos, bacharel em História da Universidade Federal Fluminense e bolsista de desenvolvimento)

Números da Revolta

1 mês de duração
8 mil revoltosos participantes

Grupos sociais

Autoridades

Ações de protesto violentas

  • Cerco e destruição de cidade ou vila
  • Incêndios
  • Invasão de cidade ou vila

Bibliografia Básica

METCALF, Alida C. Os papéis dos intermediários na colonização do Brasil 1500-1600. Campinas, SP: editora Unicamp, 2019. p.282

PARAISO, Maria Hilda B. Revoltas Indígenas, a criação do governo geral e o regimento de 1548. CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, no. 29.1, 2011.

Comentários

  1. Roberta Stumpf disse:

    O artigo de Maria Hilda Baqueiro Paraiso é de 2011.

  2. Luciano Figueiredo disse:

    Obrigado, Roberta. Feita a correção.

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