Revoltas

Rebelião dos Tupinambás contra senhores de engenho

Capitania da Bahia de Todos os Santos (1534 – 1821)Baía de Todos os Santos

Início / fim

1555 / 1559

O adereço indígena na cor vermelha representa a repressão dos indígenas que, durante séculos, resistiram a colonização. Mártires Indígenas (2020), Denilson Baniwa.

O noroeste da Baía de Todos os Santos logo foi cobiçado pelos conquistadores portugueses como local de abundantes terras férteis e irrigada por diversos rios e lagoas, o que facilitava o transporte para Salvador, importante centro comercial da época. Em 1555, na Ribeira do Paraguaçu, os donos originários dessas terras passaram a reagir, explodindo uma violenta revolta de Tupinambás.

Desde a fundação do governo-geral em 1548, medida importante para maior contenção de revoltas de povos nativos e avanço da colonização, havia sido previsto a construção de uma cidade para a sede deste novo centro administrativo. A Baía de Todos os Santos, capitania donatária do falecido Francisco Pereira Coutinho, foi comprada pela Coroa e destinada para esse fim. 

Os planos de construção de uma cidade na entrada da Baía e a ocupação do recôncavo baiano, foram barrados pelos conflitos constantes com os povos nativos que lá residiam. A revolta de Tupinambás em 1555 é um exemplo dessa resistência, que se deu através de ataques em fazendas na região. 

Os Tupinambás que se revoltaram residiam nos arredores do Rio Paraguaçu, local muito cobiçado na época por suas margens férteis e sua extensão navegável nas regiões que banhava até sua foz. Tal conflito foi prontamente reprimido  pelo filho do governador-geral, Dom Álvaro Costa. 

Os indígenas, mesmo após a repressão de 1555, continuaram resistindo à ocupação desse território do recôncavo através de novos ataques a fazendas e a seus moradores. Os confrontos só cessaram nos anos de 1558 e 1559. A repressão final dessa fase de rebelião  dos Tupinambás, veio através de Mem de Sá, o então governador da Bahia. Foi enviada por ele uma expedição sanguinária composta por 300 portugueses e aproximadamente 4000 indígenas aliados, retirados de aldeamentos jesuíticos litorâneos. Em setembro de 1559, os Tupinambás de Paraguaçu acabaram derrotados. 

Após a derrota dos Tupinambás, o local onde esses indígenas residiam, banhado pelo Rio Paraguaçu, tornou-se uma vila de Cachoeira – criada sob a invocação de Nossa Senhora da Vitória. A vila veio a se tornar posteriormente um importante entreposto comercial do Recôncavo Baiano, o que durou até o século XX.

Ataques indígenas como esses tiveram efeitos devastadores nos primeiros anos da colonização, expressando a capacidade de resistência dos nativos. Os constantes conflitos gerados pelos indígenas eram um reflexo das novas relações estabelecidas com os colonos. A destruição do ecossistema, a escassez de alimentos, uma convivência hierarquizada, a disseminação de doenças contagiosas e a apropriação de terras e riquezas naturais, contrariavam por completo a forma de viver das sociedades nativas.

Os registros documentais sobre esses episódios são escassos, por vezes criando a sensação equivocada que eram revoltas insignificantes. Ao contrário,  a resistência e as rebeliões dos povos originários nesse período causaram impactos incalculáveis à produção e ameaçaram a continuidade do projeto colonial de Portugal no Brasil.

 

(Isabel Macedo, graduanda do curso de História da Universidade Federal Fluminense e bolsista de iniciação científica PIBIC – CNPQ)

Grupos sociais

Autoridades

Repressão

Punição

  • Não informadas

Bibliografia Básica

PARAISO, Maria Hilda B. Revoltas Indígenas, a criação do governo geral e o regimento de 1548. CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, no. 29.1, 2011.

PUNTONI, Pedro. A Guerra dos Bárbaros: Povos Indígenas e a Colonização do Sertão Nordeste do Brasil 1650-1720. São Paulo: Hucitec: Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp, 2002. p.90

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