No sul da província do Ceará, em 1821, negros, indígenas e mestiços da comarca do Crato se armaram para protestar contra a eleição de deputados provinciais para as Cortes de Lisboa. Por conta da Revolução Liberal do Porto e o retorno de D. João VI para Portugal, muitos desses segmentos sociais entenderam que a ausência do monarca geraria um aumento de poder ainda maior para as elites locais. Consequentemente, suspeitavam, os senhores poderiam utilizar de sua influência para tentar escravizá-los, ainda que em tese fossem livres.

Sabendo que essas transformações políticas significavam uma clara ameaça à sua liberdade, esses grupos se armaram com espingardas, foices e facões e começaram a cercar e invadir igrejas, chegando até a impedir as eleições de novembro de 1821.

Apesar do protesto, os rebeldes não conseguiram acabar de vez com tal tipo de exploração, que permaneceu frequente durante toda a época imperial.