Revoltas

Rebelião de indígenas tapuias contra criadores de gado

Capitania da Bahia de Todos os Santos (1534 – 1821)Aporá

Início / fim

1621 / 1627

Data aproximada

Nos campos de Aporá, localizado na margem sul do Rio Paraguaçu, transcorre um dos episódios mais ferozes da resistência indígena dos tapuias, que matam alguns “moradores e guardadores de gado”. A revolta foi tão violenta, que os tapuias, segundo relatos documentais da época, “não deixaram coisa viva”. Após o episódio fica suspensa a ocupação portuguesa na região por muitas décadas. Posteriormente, os indígenas se deslocariam para outras partes do norte do Recôncavo e para as serras chamadas na época de “Itapororocas”.

O motivo principal da revolta, era a insatisfação dos indígenas com a expansão dos pastos de gado. O contexto é semelhante ao que se passou em 1612 na freguesia de Paraguaçu, uma vez que a conquista  colonial, depois de ocupar com as plantações de cana e engenhos de açúcar as terras mais próximas do “lagamar” do Recôncavo, passou a  cobiçar e invadir o interior  para a criação de gado, o que afetava diretamente os indígenas que lá residiam.

Desde a fundação do governo-geral em 1548, medida importante para maior contenção de revoltas de povos nativos e avanço da colonização, foi prevista a construção de uma cidade para a sede deste novo centro administrativo. A Baía de Todos os Santos, capitania donatária do falecido Francisco Pereira Coutinho, foi comprada pela Coroa e destinada para esse fim. Entretanto, a construção de uma cidade na entrada da Baía e a ocupação do recôncavo baiano, teve como consequência conflitos constantes com os povos nativos que lá residiam, é o caso da revolta de 1621.

Devido a violentos ataques e assassinatos dos Tapuias, os moradores locais se viram sem outra opção senão abandonar suas fazendas, que ficaram por esse motivo despovoadas por alguns anos. Alguns anos antes, em 1621, uma revolta dos “Índios bravos” já havia eclodido, com a mesma motivação de barrar a criação de gado.

A região estava sendo, aos olhos das autoridades, devastada por indígenas que atrapalham os planos colonizadores. Os locais afetados serviam sobretudo para produzir mantimentos para as cidades e para as tropas militares, desse modo, a revolta trouxe muitas consequências para todo o Recôncavo Baiano.

No ano de 1627, a situação foi considerada de tanta gravidade pelas autoridades, que se organizaram para dar uma solução à devastação causada pelos Tapuias. Se reuniram então em uma junta, seguindo a resolução da lei de 1611, o governador-geral, Antônio Teles da Silva e outras principais autoridades do Brasil. Para barrar os conflitos causados por nativos, a junta declarou uma guerra considerada justa contra Tapuias.

No entanto, as resoluções da junta não tiveram grandes resultados e os moradores locais continuaram a ter que conviver com os ataques indígenas. Nos anos seguintes, o governo-geral direcionou suas iniciativas para lidar com a ocupação holandesa no nordeste e as guerras dessa causa. Alexandre de Sousa Freire, que foi governador entre os anos de 1667 a 1671, afirmou que nada pode ser feito em relação aos conflitos com nativos devido ao foco dos moradores nas guerras contra os holandeses.

Ataques indígenas como esses tiveram efeitos devastadores nos primeiros anos da colonização, expressando a capacidade de resistência dos nativos. Os constantes conflitos gerados pelos indígenas eram um reflexo das novas relações estabelecidas com os colonos. A destruição do ecossistema, a escassez de alimentos, uma convivência hierarquizada, a disseminação de doenças contagiosas e a apropriação de terras e riquezas naturais, contrariavam por completo a forma de viver das sociedades nativas.

Os registros documentais sobre esses episódios são escassos, por vezes criando a sensação equivocada que eram revoltas insignificantes. Ao contrário,  a resistência e as rebeliões dos povos originários nesse período causaram impactos incalculáveis à produção e ameaçaram a continuidade do projeto colonial de Portugal no Brasil.

(Isabel Macedo, graduanda do curso de História da Universidade Federal Fluminense e bolsista de iniciação científica PIBIC – CNPQ)

Grupos sociais

Autoridades

Ações de protesto violentas

  • Destruição de propriedade
  • Invasão de propriedade
  • Morte de inimigos
  • Queima de plantações
  • Saques a casas e armazéns

Repressão

Contenção

  • Envio de autoridade

Bibliografia Básica

PARAISO, Maria Hilda B. Revoltas Indígenas, a criação do governo geral e o regimento de 1548. CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, no. 29.1, 2011.

PUNTONI, Pedro. A Guerra dos Bárbaros: Povos Indígenas e a Colonização do Sertão Nordeste do Brasil 1650-1720. São Paulo: Hucitec: Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp, 2002. p.90

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