Revoltas

Rebelião de indígenas escravizados nos engenhos de açúcar

Capitania da Bahia de Todos os Santos (1534 – 1821)Bahia

Início / fim

1568 / 1568

Data aproximada
Johann Moritz Rugendas, Guerrilhas, 1835. Gravura, 34 x 50,5 cm

À medida que os engenhos se multiplicavam no recôncavo baiano, cresciam na mesma proporção as contestações nativas dos donos originais da terra. Grupos de indígenas se levantaram em várias fazendas na Bahia em 1568. 

A resistência indígena no litoral do nordeste, passava por mudanças a partir da década de 1560 quando as aldeias indígenas na região foram desaparecendo por conta da presença mais massiva do colonizador. Se no início, como o povoamento de colonos, a guerra era a forma mais objetiva de resistência, com aquelas mudanças, a migração passou a ser uma nova maneira de se rebelar. Os indígenas também se instalaram em aldeamentos liderados por jesuítas, ou foram escravizados nos engenhos.

No século XVI, relatos de cronistas sobre nativos mencionam que os índios fogem à procura de “terras sem males”. Existiram migrações massivas lideradas por caraíbas, assim como fugas de portugueses organizadas por tupis. Também foram iniciadas outras migrações, como a de indígenas escravizados, que haviam sido descidos para o sertão com a promessa de viver em liberdade. Quando tal promessa foi traída, os nativos se rebelaram de forma violenta.

Na  Semana Santa de 1568, na Bahia, grupos indígenas se rebelaram em diversos engenhos ao mesmo tempo contra a escravidão com assassinatos de portugueses, além de saques e incêndios. Depois do ocorrido, os rebelados fugiram para o “Rio Real” – sua terra natal.

Tais ataques indígenas tiveram efeitos devastadores nos primeiros anos da colonização, expressando a capacidade de resistência dos nativos. Os constantes conflitos gerados pelos indígenas eram um reflexo das novas relações estabelecidas com os colonos. A destruição do ecossistema, a escassez de alimentos, uma convivência hierarquizada, a disseminação de doenças contagiosas e a apropriação de terras e riquezas naturais, contrariavam por completo a forma de viver das sociedades nativas.

Por essas razões, revoltas foram constantes durante o processo de formação das capitanias hereditárias, assim como as tentativas de controle e repressão, expressos no Regimento de 1548 e na fundação de um Governo-Geral na América Portuguesa.

Os registros documentais sobre esses episódios são escassos, por vezes criando a sensação equivocada que eram revoltas insignificantes. Ao contrário,  a resistência e as rebeliões dos povos originários nesse período causaram impactos incalculáveis à produção e ameaçaram a continuidade do projeto colonial de Portugal no Brasil.

 

(Isabel Macedo, graduanda do curso de História da Universidade Federal Fluminense e bolsista de iniciação científica PIBIC – CNPQ)

Ações de protesto não-violentas

  • Fuga

Ações de protesto violentas

  • Incêndios
  • Morte de inimigos
  • Saques em engenhos

Bibliografia Básica

METCALF, Alida C. Os papéis dos intermediários na colonização do Brasil 1500-1600. Campinas, SP: editora Unicamp, 2019. p.282

PARAISO, Maria Hilda B. Revoltas Indígenas, a criação do governo geral e o regimento de 1548. CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, no. 29.1, 2011.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

    Imprimir página

Compartilhe