GOMES, Flávio dos Santos. A hidra e os pântanos: quilombos e mocambos no Brasil (sécs – XVII – XIX). Tese (Doutorado em História) – Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1997.
1760 / 1762
Data aproximadaEm meados do século XVIII, escravizados fugitivos das fazendas próximas à região de Tacoara, onde hoje se encontra o bairro de Taquara, no Rio de Janeiro, organizaram um quilombo nas matas da região. Estima-se que por volta de 1760 tenha surgido o primeiro quilombo na localidade. O Quilombo de Tacoara se tornou uma ameaça aos moradores e às autoridades locais pelos recorrentes assaltos feitos às propriedades da região. No ano de de 1762 são noticiadas desordens com invasão de casas e roças na região.
No mês de janeiro de 1762, autoridades do Rio de Janeiro foram informadas das desordens e distúrbios cometidos por quilombolas da região de Tacoara. Esse grupo de pretos invadiu casas e roças da região, alimentando assim a insatisfação e medo dos moradores.
A resistência escrava foi uma resposta constante ao sistema escravista brasileiro. Houve muitas formas de resistir no Brasil, mas as fugas e a formação de comunidades pretas eram as que mais ameaçavam as autoridades locais. A formação de quilombos, que partia dessas fugas escravas, demonstrava a consciência dos pretos sobre a realidade em que estavam inseridos. Os quilombolas, por via de regra, possuíam roças, mantinham relações com os comerciantes locais e cometiam crimes, como saques em propriedades e assassinatos.
A repressão aos quilombos podia envolver tanto a população local e capitães do mato com expedições próprias quanto a solicitação de soldados às autoridades. Alguns casos eram usados nativos por conhecerem as florestas da região. Os soldados, ao obterem sucesso sobre os quilombolas, queimavam suas roças, casas e os capturavam. O costume era devolvê-los aos respectivos donos ou eram utilizados como pagamentos aos soldados.
O resultado das denúncias de 1762 não é claro nas fontes. É possível que tenham organizado outras tentativas de ataques. Os quilombolas que conseguiram resistir ao cativeiro poderiam ter se reorganizado e atuado naquela ou em regiões próximas da freguesia.
(Richard Enbel, graduando no curso de História da UFF e pesquisador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ -CNE/2018-2021)
Fuga de escravizados das fazendas da região.
Utilização de mão de obra africana escravizada.
GOMES, Flávio dos Santos. A hidra e os pântanos: quilombos e mocambos no Brasil (sécs – XVII – XIX). Tese (Doutorado em História) – Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1997.
GOMES, Flávio dos Santos. Quilombos do Rio de Janeiro no século XIX. In: (Org.) Gomes, REIS, João J.; Flávio dos Santos. Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das letras, 1996.
HARRIS, Mark. Rebelião na Amazônia: cabanagem, raça e cultura popular no norte do Brasil (1798-1840). Campinas, Editora Unicamp, 2017
Sem Nome, "Quilombo de Tacoara". Impressões Rebeldes. Disponível em: https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/revolta/quilombo-de-tacoara/. Publicado em: 21 de maio de 2022.