Revoltas

Quilombo de Santo Antônio de Sá

Capitania Real do Rio de Janeiro (1567 – 1821)Santo Antônio de Sá

Início / fim

1760 / 1761

Em meados do século XVIII, escravizados fugitivos das fazendas próximas à Freguesia de Santo Antônio de Sá, atual cidade de Itaboraí, organizaram um quilombo nas matas da região. O Quilombo de Santo Antônio se tornou uma ameaça aos moradores e às autoridades locais pelos recorrentes assaltos feitos às propriedades da região. As autoridades locais organizaram mais ações repressivas em 1761 na tentativa de destruir tal quilombo.

O aumento da produção agrícola na Freguesia de Santo Antônio de Sá aumentava proporcionalmente as demandas por mão de obra escravizada. A realidade do trabalho escravo, caracterizada pela intensa jornada nas lavouras, frequentes castigos e alimentação escassa, impulsionaram as fugas desses pretos e a formação de comunidades quilombolas nas matas da região.

A resistência dos escravizados foi uma resposta constante à escravidão. Houve muitas formas de resistir no Brasil, mas as fugas e a formação de comunidades pretas eram as que mais ameaçavam as autoridades locais. Os quilombolas possuíam roças, mantinham relações com os comerciantes locais e cometiam crimes, como saques em propriedades e assassinatos como os citados na correspondência.

Infelizmente, não se conhecem ainda, de acordo com as fontes disponíveis, detalhes do processo de formação do Quilombo de Santo Antônio de Sá. É apontado que por volta de meados do século XVIII, o quilombo já ameaçava os moradores da vila e proprietários da região. Por causa disso, em 1761 as autoridades locais promoveram uma expedição para destruir o Quilombo de Santo Antônio.

A repressão aos quilombos era feita por expedições militares, organizadas pelas autoridades locais e auxiliadas por senhores de escravos da região. Em alguns casos eram usados nativos por conhecerem as florestas da região. Os soldados, ao obterem sucesso sobre os quilombolas, queimavam suas roças, casas e os capturavam. O costume era devolvê-los aos respectivos donos ou utilizá-los como pagamentos aos soldados.

O resultado da expedição em 1761 não é claro nas fontes. É possível que depois do ataque, os quilombolas que conseguiram resistir ao cativeiro tenham se reorganizado e atuado naquela ou em regiões próximas da freguesia.

Os quilombos eram respostas às severas condições impostas aos escravizados. As incursões de tropas e de capitães-do-mato poderiam pôr fim a algumas comunidades, mas, enquanto o sistema escravocrata os explorasse, a resposta viria cada vez mais violenta.

(Richard Enbel, graduando no curso de História da UFF e pesquisador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ -CNE/2018-2021)
(Giovanna Wermelinger, graduanda no curso de História da UFF e pesquisador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ -CNE/2018-2021)

Antecedentes

Fuga de escravizados das fazendas da região.

Conjuntura e contexto

Utilização de mão de obra africana escravizada nas fazendas.

Números da Revolta

Aproximadamente 1 ano de duração

Ações de protesto não-violentas

  • Desobediência
  • Formação de comunidade independente
  • Fuga de escravizados
  • Roubo de comida

Ações de protesto violentas

  • Ataques Noturnos
  • Saques a casas e armazéns
  • Sequestro de bens

Repressão

Contenção

  • Capitães do mato
  • Expedição armada ou repressão militar

Punição

  • Não informadas

Bibliografia Básica

GOMES, Flávio dos Santos. “Uma tradição rebelde: notas sobre os quilombos na capitania do Rio de Janeiro (1625-1818)”. Revista Afro Ásia, Salvador, v. 17, 1996.

GOMES, Flávio dos Santos. A hidra e os pântanos: quilombos e mocambos no Brasil (sécs – XVII – XIX). Tese (Doutorado em História) – Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1997.

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