Revoltas

Quilombo de Macacu

Capitania Real do Rio de Janeiro (1567 – 1821)Vila de Santo Antônio de Sá

Início / fim

1712 / 1808

Data aproximada

Entre o início dos séculos XVIII e XIX, escravizados fugitivos das fazendas próximas à Vila de Santo Antônio de Sá, atual município de Cachoeiras de Macacu, organizaram um quilombo nas matas da região. Estima-se que o primeiro quilombo da região tenha se formado por volta de 1710. O Quilombo de Macacu tornou-se uma ameaça aos moradores e às autoridades locais pelos recorrentes ataques feitos às propriedades da região. No ano de 1712, as autoridades locais chegaram a negociar com um sertanejo das redondezas para que ele liderasse expedições acompanhado por indígenas conhecedores das matas. Ao longo dos anos foram registradas sucessivas expedições. Em 1808, tem-se o último registro de uma expedição para acabar com este quilombo. 

A repressão podia envolver tanto a população local e capitães do mato com expedições próprias quanto a solicitação de soldados. Em alguns casos eram utilizados nativos por conhecerem as florestas da região. Os soldados, ao obterem sucesso sobre os quilombolas, queimavam suas roças, casas e capturavam os pretos fugitivos, o costume era devolvê-los aos donos ou utilizá-los como pagamento aos soldados. No caso de Macacu, durante as perseguições, alguns quilombolas foram levados presos e outros feridos seguiram para cuidados. Além de capturar os resistentes, as autoridades tentaram mapear tanto os pretos libertos quanto os taberneiros e comerciantes que realizavam trocas com os quilombolas.

Em 1712, as autoridades perceberam que os sucessivos ataques dos soldados e capitães-do-mato não davam conta de acabar com a resistência dos pretos aquilombados. Antônio Machado, que era um sertanejo da região com pendências na justiça por ter cometido alguns crimes, acabou sendo encarregado para liderar expedições contra os quilombos da região, com a condição de ter seus crimes perdoados caso tivesse êxito. O sertanejo teve autorização para fazer o que fosse necessário para defender as fazendas da região. Inclusive, Antônio Machado chegou a propor levar indígenas da localidade à expedição, pois eles conheciam as trilhas que davam acesso aos quilombos. 

As fontes até então disponíveis, infelizmente, não apresentam detalhes do processo de formação do Quilombo de Macacu. Mas sabe-se que, apesar de todos os ataques do período, o Quilombo de Macacu não deixou de existir já que existem registros que indicam a organização de uma expedição em 1808. Também é possível que o quilombo tenha se reorganizado após os ataques e se restabelecido.

Os quilombos eram respostas às severas condições impostas aos escravizados. As incursões de tropas e de capitães-do-mato poderiam pôr fim a algumas comunidades, mas, enquanto o sistema escravocrata os explorasse, a resposta viria cada vez mais violenta.

 

(Richard Enbel, graduando no curso de História da UFF e pesquisador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ -CNE/2018-2021)

(Moisés Bernardo, graduando no curso de História da UFF e pesquisador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ -CNE/2018-2021)

Antecedentes

Fuga de escravizados das fazendas da região.

 

Conjuntura e contexto

Utilização de mão de obra africana escravizada.

Números da Revolta

Aproximadamente 96 anos de duração

Grupos sociais

Lideranças

Ações de protesto não-violentas

  • Desobediência
  • Formação de comunidade independente
  • Fuga de escravizados
  • Roubo de escravos
  • Roubo de pessoas

Ações de protesto violentas

  • Ataques Noturnos
  • Mobilização de escravos armados
  • Saques a casas e armazéns
  • Sequestro de bens

Repressão

Contenção

  • Capitães do mato
  • Expedição armada ou repressão militar
  • Prisões

Punição

  • Não informadas

Instâncias Administrativas

  • Não informado

Bibliografia Básica

GOMES, Flávio dos Santos. Quilombos do Rio de Janeiro no século XIX. In: (Org.) Gomes, REIS, João J.; Flávio dos Santos. Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das letras, 1996.

GOMES, Flávio dos Santos. A hidra e os pântanos: quilombos e mocambos no Brasil (sécs – XVII – XIX). Tese (Doutorado em História) – Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1997.

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