Revoltas

Quilombo de Campo Grande

Capitania Real do Rio de Janeiro (1567 – 1821)Campo Grande

Início / fim

1778 / 1792

Data aproximada

No final do século XVIII, escravizados fugitivos das fazendas próximas da Freguesia Rural de Campo Grande organizaram um quilombo nas matas da região. Estima-se que o primeiro quilombo da região tenha sido formado por volta de 1778. O Quilombo de Campo Grande tornou-se uma ameaça aos moradores e às autoridades locais pelos recorrentes assaltos feitos às propriedades da região no final do século XVIII. No ano de 1792, ordens foram dadas pelas autoridades para acabar com o quilombo, no entanto, não é de conhecimento o sucesso da expedição.

A resistência dos escravizados foi uma resposta constante à escravidão. Houve muitas formas de resistir no Brasil, mas as fugas e a formação de comunidades pretas eram as que mais ameaçavam as autoridades locais. Os quilombolas possuíam roças, mantinham relações com os comerciantes locais e cometiam crimes, como saques em propriedades e assassinatos.

No ano de 1779, aumentou as reclamações dos fugitivos que formavam quilombo na região de Campo Grande, provavelmente oriundos das fazendas daquela região. O senado da câmara do Rio de Janeiro, no ano de 1792, atualizou o vice-rei, José Luís de Castro (1790-1801), das providências que haviam sido tomadas  sobre a repressão do quilombo. 

A repressão aos quilombos era feita por expedições militares, organizadas pelas autoridades locais e auxiliadas por senhores de escravos da região. Em alguns casos eram usados nativos por conhecerem as florestas da região. Os soldados, ao obterem sucesso sobre os quilombolas, queimavam suas roças, casas e os capturavam. O costume era devolvê-los aos respectivos donos ou utilizá-los como pagamentos aos soldados. 

Não há outros documentos sobre o Quilombo de Campo Grande até o momento, assim não se conhece em detalhes o processo de formação do quilombo, tampouco a repressão ocorrida após o resultado da expedição em 1779. O que se sabe é que o Quilombo de Campo Grande não deixou de existir, já que no ano de 1792 o vice-rei ainda recebia informações das ações contra a resistência.

Os quilombos eram respostas às severas condições impostas aos escravizados. As incursões de tropas e de capitães-do-mato poderiam pôr fim a algumas comunidades, mas, enquanto o sistema escravocrata os explorasse, a resposta viria cada vez mais violenta. 

 

(Richard Enbel, graduando no curso de História da UFF e pesquisador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ -CNE/2018-2021)

(Moisés Bernardo, graduando no curso de História da UFF e pesquisador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ -CNE/2018-2021)

Antecedentes

Fuga de escravizados das fazendas da região.

Conjuntura e contexto

Utilização de mão de obra africana escravizada.

Grupos sociais

Autoridades

Ações de protesto não-violentas

  • Desobediência
  • Formação de comunidade independente
  • Fuga de escravizados
  • Roubo de comida
  • Roubo de pessoas

Ações de protesto violentas

  • Ataques Noturnos
  • Mobilização de escravos armados
  • Sequestro de bens

Repressão

Contenção

  • Capitães do mato
  • Envio de autoridade

Punição

  • Não informadas

Instâncias Administrativas

  • Não informado

Bibliografia Básica

GOMES, Flávio dos Santos. A hidra e os pântanos: quilombos e mocambos no Brasil (sécs – XVII – XIX). Tese (Doutorado em História) – Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1997.

GOMES, Flávio dos Santos. Quilombos do Rio de Janeiro no século XIX. In: (Org.) Gomes, REIS, João J.; Flávio dos Santos. Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das letras, 1996.

    Imprimir página

Compartilhe