METCALF, Alida C. Os papéis dos intermediários na colonização do Brasil 1500-1600. Campinas, SP: editora Unicamp, 2019. p.282
1553 / 1553
Região reconhecida como a maior produtora de açúcar nos primórdios da colonização, a Capitania de Pernambuco assiste a um violento levante indígena em meados do século XVI. A insatisfação dos nativos com a presença dos colonos foi inflamada por conta da expansão do desmatamento com a finalidade de fazer pastagens de gados e da construção de engenhos, o que desembocou em uma revolta.
As reações dos grupos nativos tomou forma de incêndio que atingiram dois engenhos na região, um em Igarassu e outro em Olinda no ano de 1553. Ambos ficaram completamente devastados. Alguns anos antes os indígenas já haviam se rebelado nesta região, inclusive queimando o centro da cidade de Olinda. Em 1555, ocorreu um outro levante semelhante – com a invasão e destruição do engenho de Antônio Cardoso promovido por nativos.
Tais ataques indígenas tiveram efeitos devastadores nos primeiros anos da colonização, expressando a capacidade de resistência dos nativos. Os constantes conflitos gerados pelos indígenas eram um reflexo das novas relações estabelecidas com os colonos. A destruição do ecossistema, a escassez de alimentos, uma convivência hierarquizada, a disseminação de doenças contagiosas e a apropriação de terras e riquezas naturais, contrariavam por completo a forma de viver das sociedades nativas.
Por essas razões, revoltas foram constantes durante o processo de formação das capitanias hereditárias, assim como as tentativas de controle e repressão, expressos no Regimento de 1548 e na fundação de um Governo-Geral na América Portuguesa.
Os registros documentais sobre esses episódios são escassos, por vezes criando a sensação equivocada que eram revoltas insignificantes. Ao contrário, a resistência e as rebeliões dos povos originários nesse período causaram impactos incalculáveis à produção e ameaçaram a continuidade do projeto colonial de Portugal no Brasil.
(Isabel Macedo, graduanda do curso de História da Universidade Federal Fluminense e bolsista de iniciação científica PIBIC – CNPQ)
METCALF, Alida C. Os papéis dos intermediários na colonização do Brasil 1500-1600. Campinas, SP: editora Unicamp, 2019. p.282
PARAISO, Maria Hilda B. Revoltas Indígenas, a criação do governo geral e o regimento de 1548. CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, no. 29.1, 2011.
Sem Nome, "Queima de Engenhos". Impressões Rebeldes. Disponível em: https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/revolta/queima-de-engenhos/. Publicado em: 06 de fevereiro de 2023.