Revoltas

Motim de soldados dos terços

Capitania de São Paulo e Minas de Ouro (1709 – 1720)Vila de Santos

Início / fim

1716 / 1716

Em outubro de 1716, os soldados da praça de Santos, após ficarem cinco anos sem receber fardas novas, resolveram se amotinar. Até aí a surpresa não era tão grande, pois atraso no pagamento de soldos e descuido na entrega de fardas era algo muito comum na América portuguesa. O inusitado desse protesto foi o modus operandi. Os militares decidiram invadir a residência do Provedor da Fazenda Régia e, como não o encontraram, não perderam a viagem: sequestraram o filho do oficial régio, mantendo-o em seu poder até que o débito fosse quitado.

Em julho do ano seguinte, o pai (e Provedor da Fazenda Régia em Santos) Timotheo Corrêa de Goes, escreveu ao rei relatando o seu drama, acrescentando que os rendimentos da Fazenda Real naquela capitania não eram suficientes para a manutenção dos três terços estacionados naquela praça. Mais de um ano depois, em 5 de setembro de 1718, D. João V se pronunciou por meio do Conselho Ultramarino. O monarca lamentou o ocorrido, esclarecendo que solicitou ao governador do Rio de Janeiro que remetesse o numerário suficiente para fardar a tropa amotinada. Na mesma missiva, o governador de Santos, Luiz Antônio de Sá Queiroga teve a sua conduta questionada, pois não repreendeu e muito menos decidiu punir os cabeças do levante. Em forma de ameaça, o rei afirmou não determinaria uma punição por conta do tempo passado (quase dois anos), mas que os soldados ficassem alertas, pois o castigo seria exemplar caso reincidissem no crime.

Este foi mais um motim de soldados em que as ameaças ficavam no papel. É interessante lembrar, como epílogo desse episódio, que muitos desses revoltosos, intrépidos em arrancar um rapaz de dentro de sua residência, provavelmente se acovardaram diante da tropa de índios e negros que em 1710, apenas seis anos antes, invadiu Santos e saqueou todo o sal estocado na vila, episódio que ficou conhecido como Motim do Sal.

(Fernando Pitanga, doutorando do PPGH da UFF e colaborador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ-CNE/2018-2021)

Conjuntura e contexto

Falta de abastecimento de fardas para os soldados do Terços de Santos.

Números da Revolta

Aproximadamente 6 meses de duração
150 participantes

Tipologia

Modelo de conflito

Grupos Sociais

Soberania

Grupos sociais

Autoridades

Ações de protesto não-violentas

  • Convocação Forçada de militares
  • Desobediência

Ações de protesto violentas

  • Invasão de propriedade
  • Sequestro de pessoas

Repressão

Contenção

  • Promessa de atendimento das demandas rebeldes

Punição

  • Não Houve

Instâncias Administrativas

  • Conselho Ultramarino
  • Governador da Capitania
  • Rei

Fontes impressas

Documentos Históricos da Biblioteca Nacional (DH), vol I, p. 49-51.

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