Revoltas

Levantes indígenas contra núcleos coloniais

Capitania do Espírito Santo (1534 – 1821)Espírito Santo

Início / fim

1558 / 1558

Detalhe de [Ilha de Duarte de Lemos], no Espírito Santo colonial, de Luis Teixeira, ca. 1586. Fonte: Roteiro de todos os sinaes, conhecimentos, fundos, alturas, e derrotas, que ha na costa do Brasil, desdo cabo de Santo Agostinho até o estreito de Fernão de Magalhães. Biblioteca da Ajuda, Lisboa, Portugal.

A violação dos territórios dos povos indígenas, enquanto se processava a conquista do espaço econômico da Capitania do Espírito Santo pelos portugueses, provocou reações de grande proporção na região. 

Ataques de guerreiros contra os povoados de colonos duraram vários dias e noites no ano de 1558, ficando os moradores cercados e sem condições de reação aos grupos indígenas que fustigam suas defesas sem parar. Há relatos sobre assassinatos e mutilações realizadas contra os portugueses, que aparentemente não esperavam uma sublevação de tal dimensão entre os indígenas.  A proporção da revolta foi tamanha, que o governador-geral comunicou ao Rei Sebastião que, caso não houvesse alguma ajuda, os colonos “não podiam escapar de serem mortos e comidos”.

Tais ataques indígenas tiveram efeitos devastadores nos primeiros anos da colonização, expressando a capacidade de resistência dos nativos. Os constantes conflitos gerados pelos indígenas eram um reflexo das novas relações estabelecidas com os colonos. A destruição do ecossistema, a escassez de alimentos, uma convivência hierarquizada, a disseminação de doenças contagiosas e a apropriação de terras e riquezas naturais, contrariavam por completo a forma de viver das sociedades nativas.

Por essas razões, revoltas foram constantes durante o processo de formação das capitanias hereditárias, assim como as tentativas de controle e repressão, expressos no Regimento de 1548 e na fundação de um Governo-Geral na América Portuguesa.

Os registros documentais sobre esses episódios são escassos, por vezes criando a sensação equivocada que eram revoltas insignificantes. Ao contrário,  a resistência e as rebeliões dos povos originários nesse período causaram impactos incalculáveis à produção e ameaçaram a continuidade do projeto colonial de Portugal no Brasil.

 

(Isabel Macedo, graduanda do curso de História da Universidade Federal Fluminense e bolsista de iniciação científica PIBIC – CNPQ)

Ações de protesto violentas

  • Cerco a imóveis
  • Morte de inimigos
  • Mutilações

Bibliografia Básica

METCALF, Alida C. Os papéis dos intermediários na colonização do Brasil 1500-1600. Campinas, SP: editora Unicamp, 2019. p.282

PARAISO, Maria Hilda B. Revoltas Indígenas, a criação do governo geral e o regimento de 1548. CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, no. 29.1, 2011.

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