METCALF, Alida C. Os papéis dos intermediários na colonização do Brasil 1500-1600. Campinas, SP: editora Unicamp, 2019. p.282
1558 / 1558
A violação dos territórios dos povos indígenas, enquanto se processava a conquista do espaço econômico da Capitania do Espírito Santo pelos portugueses, provocou reações de grande proporção na região.
Ataques de guerreiros contra os povoados de colonos duraram vários dias e noites no ano de 1558, ficando os moradores cercados e sem condições de reação aos grupos indígenas que fustigam suas defesas sem parar. Há relatos sobre assassinatos e mutilações realizadas contra os portugueses, que aparentemente não esperavam uma sublevação de tal dimensão entre os indígenas. A proporção da revolta foi tamanha, que o governador-geral comunicou ao Rei Sebastião que, caso não houvesse alguma ajuda, os colonos “não podiam escapar de serem mortos e comidos”.
Tais ataques indígenas tiveram efeitos devastadores nos primeiros anos da colonização, expressando a capacidade de resistência dos nativos. Os constantes conflitos gerados pelos indígenas eram um reflexo das novas relações estabelecidas com os colonos. A destruição do ecossistema, a escassez de alimentos, uma convivência hierarquizada, a disseminação de doenças contagiosas e a apropriação de terras e riquezas naturais, contrariavam por completo a forma de viver das sociedades nativas.
Por essas razões, revoltas foram constantes durante o processo de formação das capitanias hereditárias, assim como as tentativas de controle e repressão, expressos no Regimento de 1548 e na fundação de um Governo-Geral na América Portuguesa.
Os registros documentais sobre esses episódios são escassos, por vezes criando a sensação equivocada que eram revoltas insignificantes. Ao contrário, a resistência e as rebeliões dos povos originários nesse período causaram impactos incalculáveis à produção e ameaçaram a continuidade do projeto colonial de Portugal no Brasil.
(Isabel Macedo, graduanda do curso de História da Universidade Federal Fluminense e bolsista de iniciação científica PIBIC – CNPQ)
METCALF, Alida C. Os papéis dos intermediários na colonização do Brasil 1500-1600. Campinas, SP: editora Unicamp, 2019. p.282
PARAISO, Maria Hilda B. Revoltas Indígenas, a criação do governo geral e o regimento de 1548. CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, no. 29.1, 2011.