Revoltas

Guerra dos Manaus

Capitania do Grão-Pará (1616 – 1821)Manaus

Início / fim

1723 / 1730

Data aproximada
"Guerrilha", litografia de Johann Moritz Rugendas - Enciclopédia Itaú Cultural

Na primeira metade do século XVIII, a região do vale do rio Amazonas sofreu com uma epidemia de varíola que devastou a população indígena escrava aldeada em missões. Diante da perda gradativa de indígenas como mão de obra, os colonos luso-brasileiros decidiram realizar campanhas de captura em tribos do vale do Amazonas. Essas campanhas ficaram conhecidas como “campanhas de resgate”.

Durante a campanha de 1723, os colonos se encontraram com a tribo dos Manaus ou Manáos, liderados pelo guerreiro Ajuricaba. Esta tribo impedia o acesso dos luso-brasileiros aos indígenas dos rios acima do Amazonas. No encontro, a tropa de resgate teria assassinado o filho do líder indígena, precipitando a revolta da tribo, que em represália mataram um soldado e um índio aliado dos colonos. Este seria só o primeiro ato de revolta que seguiria com a invasão e destruição de aldeias aliadas aos portugueses e a recusa de comercializar com estes.

Diante da campanha frustrada o governador à época, João da Maia da Gama enviou Belchior Mendes de Moraes para levantar uma investigação. Belchior apurou que a tribo indígena praticava canibalismo, mantinham relações incestuosas e eram aliados dos holandeses. Nada disso foi comprovado em fontes, mas tudo foi utilizado como justificativas para uma guerra. Após o inquérito, o governador concluiu que era preciso combater os Manaós, pois se assim continuasse certamente influenciariam outros povos indígenas e dessa forma, poderiam se aliar aos holandeses possibilitando uma invasão estrangeira ao território português na Amazônia.

Como argumento jurídico para a declaração de guerra foi evocada a lei de 28 de abril de 1688 que permitia a prática da “guerra justa”. Diante da demora nas autorizações do rei D. João V, o governador Maia da Gama resolveu localmente travar a guerra em 1723 contra os Manaós. Depois de quatro anos de conflitos, Ajuricaba foi preso e enviado à Belém. Durante a viagem, teria tentado se rebelar novamente, provocando um motim na canoa em que seguiam os índios presos. Este motim conseguiu ser sufocado, mas Ajuricaba, que estava preso em ferros, mostrou que não se entregaria, dessa vez, atirando-se na água para escapar de uma punição mais pesada, ato que o tornaria um herói e mito, já que o corpo nunca foi encontrado.

Entretanto, a campanha contra os Manaós não se encerrou após o suicídio de Ajuricaba, ocorrido em 1727. Os colonos só conseguiram reduzir às mortes e escravizações essa tribo definitivamente após 1730.

Esse texto e as informações sobre o documento [Carta de João da Maia da Gama ao rei D. João V referindo o castigo dos Manaós, a prisão e morte de Ajuricaba] disponíveis no site Impressões Rebeldes são de autoria de Dayana Gomes, Jeferson Veiga e Joyce Quintanilha, alunos do curso de graduação em História da UFF. Trabalho realizado para a disciplina “Revoltas e Revoluções na Época Moderna: Europa e Brasil Colônia” no 2º semestre de 2015.

Grupos sociais

Autoridades

Lideranças

Repressão

Contenção

  • Expedição armada ou repressão militar
  • Prisões

Instâncias Administrativas

  • Governador da Capitania

Bibliografia Básica

FARAGE, Nádia. As Muralhas dos sertões: os povos indígenas no rio Branco e a colonização. Editora Paz e Terra: São Paulo, 1991.

GUZMAN, Décio Marco Antônio de Alencar. Histórias de brancos: memória, história e etno-história dos índios manao do rio Negro (séculos XVIII a XX). Dissertação de Mestrado em História, Orientação: John Manuel Monteiro. UNICAMP, 1997.

HEMMING, John. Red Gold. The conquest of the Brazilian Indians. Southampton: The Camelot Press Ltd, 1978.

SOUZA, Márcio. Ajuricaba, o caudilho das selvas – coleção A luta de cada um. Editora Callis: São Paulo, 2006.

Fontes impressas

NABUCO, Joaquim. Question de limites le Brésil et la Grand-Bretagne. Annexes du prémier mémoire. Documento nº 30, Volume 1. 1903, p. 36-38.

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