Revoltas

Conjuração no Convento do Carmo

Capitania Real do Rio de Janeiro (1567 – 1821)Rio de Janeiro

Início / fim

1743 / 1743

No dia 14 de abril de 1742, na cidade do Rio de Janeiro, o frei Francisco das Chagas foi eleito como provincial da Ordem do Carmo. Em janeiro do ano seguinte, um golpe, liderado pelo ex-provincial Manoel da Fonseca, pelo mestre e doutor frei Felipe da Madre de Deus e pelo frei José de Santa Ana, depôs Francisco das Chagas e o colocou na cadeia do Convento do Carmo. Em 1743, o bispo Dom Antônio do Desterro abriu uma devassa para apurar o caso. O processo culminou na prisão e transferência  dos envolvidos na conjuração para outro convento.

Em 1743, o prior em exercício forjou uma denúncia contra o frei Francisco das Chagas para legitimar sua deposição. Treze freis da ordem do Carmo se articularam para depor Francisco. O ex-prior frei José de Santa Ana tentou matá-lo, mas não teve êxito. Francisco das Chagas foi deposto ficando preso até o ocorrido chegar ao conhecimento do então governador da capitania do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrade (1733-1763).

O governador ao ser informado do caso, tomou medidas para sanar a confusão montada no convento do Carmo. Em carta enviada ao rei no dia 6 de junho de 1743, Gomes Freire informou que já havia libertado Francisco das Chagas e ordenado a abertura de uma devassa.

Em meados de 1743, a devassa foi aberta e conduzida pelo bispo Dom Antônio do Desterro.  O processo foi longo e culminou em prisões e transferências, com os treze freis envolvidos no caso condenados. Frei Manuel da Fonseca foi condenado à reclusão sob arbítrio do provincial da Ordem do Carmo, que o perdoou diante de seu pedido por “misericórdia”. Felipe da Madre de Deus foi condenado a um ano de cárcere, privação da voz e degredado por seis anos para a Ilha Grande. José de Santa Ana, que havia sido acusado pela tentativa de matar Francisco das Chagas, teve a maior penalidade entre os líderes da conjura, pegando dois anos de cárcere, sendo privado de voz e foi degradado para São Paulo por oito anos.

(Moisés Bernardo, graduando no curso de História da UFF e pesquisador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ-CNE/2018-2021)

Antecedentes

Eleição de frei Francisco das Chagas ao cargo de provincial da Ordem do Carmo. A eleição do frei não agradou os demais bispos do Convento do Carmo.

Conjuntura e contexto

As disputas por cargos de prestígio dentro dos conventos eram constantes entre os religiosos. Em muitos conventos havia rivalidade entre os religiosos de origem portuguesa e os naturais do Brasil. Os portugueses costumavam ocupar os cargos de maior prestígio, o que frustrava os religiosos da terra e gerava uma série de tensões.

Números da Revolta

13 participantes
13 condenados

Grupos sociais

Réus e Condenados

Ações de protesto não-violentas

  • Não informadas

Ações de protesto violentas

  • Agressão de Autoridade
  • Prisão de autoridade

Repressão

Contenção

  • Prisões

Punição

  • Degredo / Desterro
  • Privação de voz

Bibliografia Básica

CAVALCANTI, Nireu. Histórias de conflitos no Rio de Janeiro Colonial, da carta de caminha ao contrabando de camisinha (1500-1807). Civilização Brasileira. Rio de Janeiro, 2013, p. 115-123.

    Imprimir página

Compartilhe