CAVALCANTI, Nireu. Histórias de conflitos no Rio de Janeiro Colonial, da carta de caminha ao contrabando de camisinha (1500-1807). Civilização Brasileira. Rio de Janeiro, 2013, p. 115-123.
1743 / 1743
No dia 14 de abril de 1742, na cidade do Rio de Janeiro, o frei Francisco das Chagas foi eleito como provincial da Ordem do Carmo. Em janeiro do ano seguinte, um golpe, liderado pelo ex-provincial Manoel da Fonseca, pelo mestre e doutor frei Felipe da Madre de Deus e pelo frei José de Santa Ana, depôs Francisco das Chagas e o colocou na cadeia do Convento do Carmo. Em 1743, o bispo Dom Antônio do Desterro abriu uma devassa para apurar o caso. O processo culminou na prisão e transferência dos envolvidos na conjuração para outro convento.
Em 1743, o prior em exercício forjou uma denúncia contra o frei Francisco das Chagas para legitimar sua deposição. Treze freis da ordem do Carmo se articularam para depor Francisco. O ex-prior frei José de Santa Ana tentou matá-lo, mas não teve êxito. Francisco das Chagas foi deposto ficando preso até o ocorrido chegar ao conhecimento do então governador da capitania do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrade (1733-1763).
O governador ao ser informado do caso, tomou medidas para sanar a confusão montada no convento do Carmo. Em carta enviada ao rei no dia 6 de junho de 1743, Gomes Freire informou que já havia libertado Francisco das Chagas e ordenado a abertura de uma devassa.
Em meados de 1743, a devassa foi aberta e conduzida pelo bispo Dom Antônio do Desterro. O processo foi longo e culminou em prisões e transferências, com os treze freis envolvidos no caso condenados. Frei Manuel da Fonseca foi condenado à reclusão sob arbítrio do provincial da Ordem do Carmo, que o perdoou diante de seu pedido por “misericórdia”. Felipe da Madre de Deus foi condenado a um ano de cárcere, privação da voz e degredado por seis anos para a Ilha Grande. José de Santa Ana, que havia sido acusado pela tentativa de matar Francisco das Chagas, teve a maior penalidade entre os líderes da conjura, pegando dois anos de cárcere, sendo privado de voz e foi degradado para São Paulo por oito anos.
(Moisés Bernardo, graduando no curso de História da UFF e pesquisador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ-CNE/2018-2021)
Eleição de frei Francisco das Chagas ao cargo de provincial da Ordem do Carmo. A eleição do frei não agradou os demais bispos do Convento do Carmo.
As disputas por cargos de prestígio dentro dos conventos eram constantes entre os religiosos. Em muitos conventos havia rivalidade entre os religiosos de origem portuguesa e os naturais do Brasil. Os portugueses costumavam ocupar os cargos de maior prestígio, o que frustrava os religiosos da terra e gerava uma série de tensões.
13 participantes
13 condenados
CAVALCANTI, Nireu. Histórias de conflitos no Rio de Janeiro Colonial, da carta de caminha ao contrabando de camisinha (1500-1807). Civilização Brasileira. Rio de Janeiro, 2013, p. 115-123.