Revoltas

Ataque indígena a engenho

Capitania Real do Rio de Janeiro (1567 – 1821)Aldeamento de São Barnabé

Início / fim

11 de janeiro de 1675 / 11 de janeiro de 1675

No dia 11 de janeiro de 1675, indígenas do aldeamento de São Barnabé (atual distrito de Itambi no município de Itaboraí) atacaram o engenho de Francisco de Brito Meirelles. Durante o ataque, os currais de gado e as serrarias do engenho foram arrasados. Dois homens brancos foram mortos e muitos escravos de Francisco de Brito Meirelles foram feridos. O ataque foi motivado pelo fato de que Francisco reivindicou judicialmente uma parte das terras de seu engenho. Essa reivindicação judicial sobre parte da propriedade do engenho foi de encontro aos interesses dos padres jesuítas que tinham grande ambição sobre aquelas terras. Os religiosos eram responsáveis pelo aldeamento indígena e incentivaram o ataque como resposta. 

Durante o período colonial os jesuítas levantavam aldeamentos indígenas no intuito de catequizar a população nativa e conquistar terras para a Igreja Católica. Nesses aldeamentos a mão-de-obra indígena era empregada em atividades como a agricultura e extração de matéria-prima. Ademais, esses religiosos ofereciam resistência à escravização do povo indígena ao passo que os senhores de engenho do Rio de Janeiro dependiam da mão-de-obra indígena para a produção do açúcar e organizavam expedições para a captura dos indígenas com o objetivo de escravizá-los. Algumas dessas expedições eram feitas contra aldeamentos jesuítas, pois os indígenas das aldeias dominavam as técnicas de agricultura e estavam mais assimilados à sociedade colonial. 

Em 1639, atendendo a pressões jesuíticas, o papa Urbano VIII promulgou o Breve Commissum Nobis, que declarava a liberdade indígena irrestrita nas Américas Portuguesa e Espanhola. Essa medida tinha por objetivo proteger a mão-de-obra indígena que era empregada nos aldeamentos. No entanto, o crescimento da cultura do açúcar foi demandando cada vez mais mão-de-obra o que motivou muitas tensões com os portugueses no período colonial. 

Nesse contexto, no aldeamento de São Barnabé (1579-1759), entre a rotina de trabalho e a evangelização, os jesuítas incentivaram a violência dos indígenas para com os colonos. Devido à inimizade com os senhores de engenho, os jesuítas difamavam os senhores de engenho incentivando ações violentas contra eles. Francisco de Brito Meirelles era um importante proprietário de terras nas proximidades do aldeamento de São Barnabé. Ao requerer judicialmente uma parte de seu engenho que os jesuítas tinham interesse, Francisco de Brito Meirelles despertou a fúria dos religiosos que incitaram os indígenas a atacarem seu engenho. 

No dia 11 de janeiro de 1675, indígenas de São Barnabé lançaram um ataque violento ao engenho de Francisco de Brito Meirelles. O ataque resultou na morte de dois homens brancos que trabalhavam no engenho. Os escravizados de Francisco foram atacados e feridos. Os currais de gado e serrarias da propriedade foram destruídos. 

Antecedentes

Reivindicação judicial de uma parte das terras de Francisco de Brito Meirelles que desagradou os jesuítas que tinham interesse sobre elas.

Conjuntura e contexto

Um problema judicial referente a posse de uma parte das terras do engenho de Francisco de Brito Meirelles motivou os jesuítas a incitarem que os indígenas do aldeamento atacassem a propriedade de Francisco.

Grupos sociais

Lideranças

Ações de protesto violentas

  • Cerco a imóveis
  • Destruição de propriedade
  • Execuções

Bibliografia Básica

COARACY, Vivaldo. O Rio de Janeiro no Século XVII: raízes & trajetória. 3 ed. Rio de Janeiro, Documenta Histórica, 2009.

Fontes impressas

LISBOA, Balthazar da Silva. Annaes do Rio de Janeiro: contendo a descoberta e conquista deste paiz, a fundação da cidade com a historia civil e ecclesiastica, até a chegada d’El Rey D. João VI; além de noticias topographicas, zoologicas, e botanicas. Tomo IV. Rio de Janeiro: Na Typ. Imp. e Const. de Seignot-Plancher e Ca. 1835. p. 271-272.

    Imprimir página

Compartilhe