Rebeldes / Personalidade

Clara Camarão

  • Capitania de Pernambuco (1534 – 1821)

Biografia

Com seu nome presente no livro dos heróis e heroínas da pátria, a indígena Clara Felipe Camarão (nome de batismo cristão), nasceu no Rio Grande do Norte, entre o final do século XVI e início do XVII, tendo vivido, porém, na capitania de Pernambuco, na segunda metade do mesmo século. Batizada por jesuítas e casada com o indígena Antônio Felipe Camarão, da nação potiguar, recebeu o sobrenome de seu marido, uma importante  liderança nas guerras pernambucanas contra os invasores holandeses.

A hipótese da participação da indígena nas guerras de resistência e de restauração pernambucana ajudou  a construir a memória heróica da rebelde. Clara, que teria formado um pelotão feminino para lutar contra os holandeses, também teria sido personagem crucial na primeira Batalha dos Guararapes, em 19 de abril de 1648, onde nativos e portugueses aliaram-se contra as tropas holandesas invasoras, no atual estado de Pernambuco. Devido a seus feitos de coragem, Clara desfrutou do privilégio de usar o título de “Dona” (exclusividade das senhoras brancas bem posicionadas).

Ainda que as informações historiográficas sobre a indígena sejam escassas, sua participação na Batalha de Tejucupapo, ocorrida no século XVII é lembrada até os dias atuais no imaginário popular dos moradores de Goiana – Pernambuco. Ela e outras mulheres são conhecidas como heroínas de Tejucupapo, segundo a tradição, as principais responsáveis pela vitória diante das tropas holandesas em certa fase da guerra de restauração pernambucana. Essa guerreiras se utilizaram das trincheiras como estratégia para se esconder e surpreender seus inimigos e misturavam água com pimenta, alvejando os olhos dos inimigos. Desorientados eram  abatidos pelas mulheres até sua derrota.

Após a primeira Batalha dos Guararapes e com a morte de seu marido Felipe Camarão, acredita-se que Clara tenha vivido anonimamente, em razão da falta de informações historiográficas acerca do local e ano de sua morte.

Reconhecida por suas ações, a indígena é homenageada com a figura de heroína das guerras contra os holandeses, concepção elaborada no século XIX. A Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro produziu artigos sobre Clara, sendo exaltada e vista como célebre. 

Desde 1993, encenações da Batalha de Tejucupapo são realizadas no último domingo de abril, no povoado de Tejucupapo, em Goiana – Pernambuco,  uma maneira de homenagear as mulheres que lutaram contra os invasores holandeses e honrar sua memória. Em Guamaré – RN, a Refinaria Potiguar Clara Camarão, em 2009, foi a primeira do país a receber o nome de uma mulher. Clara integra desde 2017 o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, em meio a tantos outros personagens importantes da história brasileira.  

Em 2023, Clara Camarão será mais uma vez destaque na comemoração, no dia 19 de abril, do Dia dos Povos Indígenas, nova nomenclatura modificada  pela Lei 5466/19, de autoria da então atual presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana (Rede-RR).

 

(Bianca Novais Cambruzzi, graduanda do curso de História da Universidade Federal Fluminense e bolsista do Programa Bolsa de Desenvolvimento Acadêmico)

 

Fontes de referência para esse texto: 

FAGUNDES, Igor Pereira. A história do índio Antônio Felipe (Poti) Camarão. 92 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de História), Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2016.

MONTE, Sandra Razana Silva do. O empate ambiental das heroínas de Tejucupapo: ensino por história em quadrinhos. 56f.  Dissertação (Mestrado em Ensino das Ciências Ambientais) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2020.

OLIVEIRA, Ingred Carvalho de. Protagonismo de mulheres potiguares: subsídio a memorial virtual de turismo histórico cultural em Natal/RN. 57f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Turismo) – Departamento de Turismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2020. 

Nascimento


Capitania de Pernambuco (1534 – 1821)

Revolta

Restauração Pernambucana

Origem Étnica

Condição Social

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