site IHGB: http://www.ihgb.org.br/rihgb/rihgb1920t0088.pdf
Rio de Janeiro, Governador Salvador Correa de Sá lança novos impostos, Conselho Geral rechaça proposta, mas acaba sendo cobrado, gerando insatisfação. 08 de novembro, moradores de São Gonçalo sublevam-se, dando início à revolta.
“(…) dizendo em primeiro lugar que vivesse El Rei Nosso Senhor, D. Afonso VI, de quem eram leais vassalos, e que como tais lhe representavam”
“(…) magoados, queixosos e oprimidos das vexações, tiranias, tributos, tintas, pedidos, destruições de fazendas que lhes havia feito o General Salvador Corrêa de Sá e Benavides, (…) tratando das suas conveniências, sem atender ao bem comum dele dito povo”
“(…) excluem e removem ao dito general do cargo e posto de governador desta praça, e esperam que Sua Majestade o haja por bem, por ser em utilidade e conservação dos moradores dela e vassalos do dito senhor, que os devia amparar e não oprimir”
“(…) dito povo junto e congregado, todos a uma voz aclamaram que elegiam e queriam (…) ao capitão Agostinho Barbalho Bezerra (…) por ser pessoa em quem concorriam todas as qualidades e partes necessárias para o dito cargo, para que governasse com justiça, assim na guerra como no político, até Sua Majestade prover o que mais fosse de seu real serviço.”
“(…) aonde o dito povo o aclamou em altas vozes, requerendo-lhe uma e muitas vezes que por serviço de Sua Majestade, bem comum e quietação deste povo aceitasse o dito cargo.”
“(…) o dito povo a uma voz replicou, dizendo que se não aceitava havia de morrer, porque não queriam outro Governador se não a ele, enquanto Sua Majestade não mandasse o contrario.”
“(…) capitão Agostinho Barbalho oprimido insolentemente do dito povo, por remir a sua vida, debaixo de todos os protestos que havia feito, e por servir a Sua Majestade como seu leal vassalo, e por quietação do dito povo aceitou o cargo de governador (…) E logo o dito povo disse que dava preito e homenagem ao dito Barbalho Bezerra (…) sobre um missão, em que estavam os Santos Evangelhos, sobre o qual jurou com ambas as mãos, este.”
A narrativa do auto é feita pelo tabelião Antonio Francisco da Silva, de uma perspectiva diferente do povo. Na descrição do que o povo pede e quer, revelam-se ideais semelhantes ao discurso Restauração, em que se opõe tirania a um governo justo, que zela pelo bem comum; destaca-se a afirmação da lealdade a Sua Majestade, em oposição à substituição do governador – medida feita em nome do bem comum. Quanto a Agostinho Barbalho, destaca-se sua relutância em assumir o governo – o que só fez “debaixo de todos os protestos que havia feito, e por servir a Sua Majestade como seu leal vassalo, e por quietação do dito povo”.
“povo”
"bem comum"
“oprimido”
“vexações”
“tirania”
“tributo”
“leais vassalos”
“justiça”
“queixosos”
“uma só voz”
“aclamaram”
“utilidade”
“conservação”
“amparar”
“magoados”
“quietação”
“destruição de fazendas”
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Revista do IHGB, t. 88, v. 142, p. 496-498
112 assinantes, dentre eles: Jeronymmo Barbalho Bezerra, Diogo Lobo Pereira, Jorge Francisco Bulhão e o Alferes Luíz da Silva – representantes do “vulgo” do Povo – e o Tabelião Antonio Francisco da Silva., , , "AUTO DOS MOTIVOS". Impressões Rebeldes. Disponível em: https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/documento/auto-dos-motivos/. Publicado em: 31 de maio de 2022.