Sala de aula

A Revolta Escrava de Carrancas

Freguesia de Carrancas, 1833-1833

  • 8 – Fundamental II
  • Duração: 2 aulas de 45 minutos
  • Habilidade BNCC: (EF08HI15) Identificar e analisar o equilíbrio das forças e os sujeitos envolvidos nas disputas políticas durante o Primeiro e o Segundo Reinado; (EF08HI16) Identificar, comparar e analisar a diversidade política, social e regional nas rebeliões e nos movimentos contestatórios ao poder centralizado.

Unidade Temática

O Brasil no século XIX

Objetos de Conhecimento: O período Regencial e as contestações ao poder central; o escravismo no Brasil do século XIX; revoltas de escravizados

Objetivos Específicos

Identificar os grupos políticos da Regência e as suas disputas.

Compreender o desenrolar da revolta de Carrancas.

Identificar as motivações e interesses dos diferentes grupos sociais envolvidos na revolta.

Compreender a percepção dos escravizados insurgentes sobre as disputas políticas na província de Minas Gerais.

Compreender o caso de Carrancas como um episódio de insurreição dentre outras rebeliões escravas ocorridas no Brasil e nas Américas no mesmo contexto histórico.

Estratégias e Recursos

Atividade com mapa;

Leitura e interpretação de trechos documentais;

Leitura e compreensão do texto “Massacre em Carrancas” de Marcos Ferreira de Andrade publicado no Impressões Rebeldes;

Atividade em grupo: formulação de hipóteses e argumentação oral;

Projetor 

Proposta/Metodologia: A partir da história da revolta escrava de Carrancas (1833) fazer uma reflexão sobre as disputas políticas no contexto da regência colocando em evidência o modo pelo qual os escravizados construíram suas próprias interpretações acerca de tais disputas, apropriando-se delas na luta pela liberdade. 

A atividade foi pensada para ser realizada no momento em que o (a) docente já tenha concluído o conteúdo do Primeiro Reinado (1822-1831) e trabalhado em aula(s) anterior(es) as características políticas do período regencial, tendo explicado sobre os principais grupos políticos: os restauradores, ou “caramurus”, os liberais moderados e os liberais exaltados.

Ao enfocar a leitura feita pelos escravizados insurgentes acerca do contexto político da regência, compreendendo-os como sujeitos históricos, a atividade contribui para o ensino da história da África e dos africanos e negros no Brasil no âmbito da educação básica, prevista pela Lei n. 10.639/2003. 

O tema da revolta escrava de Carrancas será desenvolvido em 2 aulas. A primeira aula tem como objetivo localizar o movimento insurgente no tempo e no espaço, bem como apresentar as principais características sociais e econômicas da província de Minas Gerais e da comarca do Rio das Mortes onde localizava-se o arraial de Carrancas, estabelecendo a relação entre o perfil populacional de escravizados da região com a dinâmica do tráfico transatlântico na época. Em um primeiro momento será apresentado aos estudantes um mapa do Brasil Império na década de 1830 e um mapa do Brasil na atualidade, para que possam compará-los identificando as semelhanças e diferenças. Em seguida, sugerimos a projeção do mapa da comarca do Rio das Mortes para situar o arraial de Carrancas, acompanhado pela leitura coletiva e mediada de fontes documentais selecionadas, visando introduzir a explicação sobre o perfil populacional e as atividades econômicas da região. Finalmente apresentamos uma linha do tempo do Brasil Império (1822-1889) com o intuito de situar a Revolta de Carrancas (1833) no período regencial (1831-1840), assim como destacar outras rebeliões escravas corridas naquele contexto histórico, como a dos Malês (1835) e a de Manuel do Congo (1838). No segundo momento da aula, propomos aos estudantes uma atividade de leitura e interpretação textual dos três primeiros parágrafos do artigo “Massacre em Carrancas” de Marcos Ferreira de Andrade, publicado na Revista Impressões Rebeldes. A aula terminará com a correção oral e coletiva das questões. 

A segunda aula tem como objetivo compreender como ocorreu a revolta escrava de Carrancas, identificando os sujeitos históricos envolvidos e suas respectivas motivações e interesses com o movimento insurgente. Trata-se de uma aula expositiva dialogada na qual o docente irá, a partir da análise conjunta de algumas passagens documentais e da introdução de questões desequilibradoras, estabelecer as relações entre as disputas políticas do período regencial opondo os “liberais moderados” e os “Caramurus” e a revolta de Carrancas de 1833. Em seguida, os estudantes, organizados em grupos, irão ler o restante do artigo “Massacre em Carrancas” e completar um quadro sobre a revolta com as seguintes informações: Onde aconteceu? Quando? Quais os sujeitos históricos envolvidos? O professor realizará a correção oral da atividade procurando pontuar as diferentes motivações dos grupos sociais envolvidos no levante. 

No segundo momento da aula os estudantes serão convidados a se reunir em pequenos grupos para fazer um exercício de construção de hipóteses a partir da interpretação de passagens documentais e da gravura da Revolta de Nat Turner, rebelião escrava ocorrida na Virgínia em 1831, que abre o texto sobre a Revolta de Carrancas. A atividade tem a intenção de promover a mobilização intelectual dos estudantes para que construam suas próprias explicações, exercitando um raciocínio baseado em evidências. Caberá ao docente, observar as discussões travadas em cada um dos grupos e realizar intervenções no sentido de colaborar para que os estudantes consigam caminhar na construção de suas hipóteses. Ao final, cada grupo apresentará as hipóteses formuladas, argumentando sobre as evidências que os levaram a elaborar tal interpretação.

Plano de aula elaborado por:

  • Roberta Martinelli e Barbosa
    Professora titular do Departamento de História do Colégio Pedro II/RJ e Doutora em História Social da Cultura pela PUC-Rio

Como Citar

Sem Nome, "A Revolta Escrava de Carrancas". Impressões Rebeldes. Disponível em: https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/plano_de_aula/a-revolta-escrava-de-carrancas/. Publicado em: 20 de novembro de 2024.