1821 / 1821
A briga entre o Batalhão de Algarves, tropa composta por brancos europeus, e a tropa negra dos Henriques juntamente ao “povo baixo” como eram chamadas as pessoas mais pobres e de cor brasileiras, foi pauta das primeiras reuniões da Junta dos Matutos instaurada em outubro de 1821 em Pernambuco.
Os não-brancos eram influenciados por um lado pelo haitianismo, tendência à emancipação com conotações raciais que provinha da Guerra do Haiti (1791-1804), e por outro lado pelo discurso brasileiro a favor da independência que rechaçava os europeus. Essas circunstâncias acabavam dando vantagem aos negros que, se normalmente eram vítimas de discursos que os culpabilizavam por qualquer ação violenta, dessa vez tiveram a seu favor o apoio dos emancipacionistas anti-lusitanos.
O conflito resultou na morte de um dos soldados da Batalhão de Algarves e em ferimentos em outro.
O complexo processo de emancipação brasileiro passou por diversas batalhas regionais, que envolveram disputas sociais, militares e políticas que não se restringiram à Corte do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas. Tampouco se encerraram com o “grito do Ipiranga” em setembro de 1822.
Disputas importantes ocorreram em províncias mais afastadas, como a formação do popular Exército Libertador, o cerco às tropas portuguesas na Bahia em 1823 e, no mesmo ano, a batalha às margens do rio Jenipapo no Piauí, que juntou as forças locais às cearenses e maranhenses. No entanto, é apenas em 1825 e depois de muitas colisões entre os dois lados que Portugal finalmente reconhece a derrota por meio do Tratado de Paz, Amizade e Aliança.
Revolução liberal do Porto
Sem Nome, "Conflitos entre Batalhão de Algarves e negros". Impressões Rebeldes. Disponível em: https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/revolta/conflitos-entre-batalhao-de-algarves-e-negros/. Publicado em: 09 de maio de 2022.