GOMES CABRAL, Flavio José. Os efeitos da notícia da revolução liberal do Porto na província de Pernambuco e a crise do sistema colonial no nordeste do Brasil (1820-1821). Fronteras de la historia, v. 11, 2006, p. 389-413.
27 de novembro de 1820 / 27 de novembro de 1820
Aproximadamente dois meses após a eclosão da Revolução Liberal do Porto, movimento português que pretendia retomar a soberania do país em sua união com Brasil e Algarves, ocorre em Pernambuco uma das primeiras manifestações brasileiras de apoio aos lusitanos. Planejada para rebentar em 27 de novembro de 1820, dia da Festa de Santo André, a revolta composta por militares cuja procedência era majoritariamente portuguesa não chegou a acontecer por ter sido denunciada no dia anterior.
As informações sobre o ocorrido foram obtidas a partir de uma devassa criada pelo então governador de Pernambuco Luís do Rego Barreto. Segundo o documento, a principal pretensão da revolta era a tomada de poder, que ficaria nas mãos de um militar e com organização igual à de Portugal revolucionário. Durante o processo de conquista, o governador e o secretário de governo seriam assassinados e, em 24 horas, estariam tomados o Palácio de Governo e os fortes do Brum, do Buraco e das Cinco Pontas. Todas as entradas para Recife seriam fechadas, e o movimento estaria consolidado. Nos dias que se antecederam à planejada eclosão da revolta, foram espalhados panfletos pelas ruas de Recife, com escrita codificada, insuflando os ânimos para o ato.
Alguns dos principais líderes conspiracionistas foram João Botelho Noblis, o comandante João Casemiro Pereira Rocha, o comandante José de Sá Carneiro Pereira, o coronel Antônio de Morais Correa de Sá e Castro e o tenente Felipe Néri de Barcelos. Foi devido ao último que a revolta acabou sendo descoberta, pois ele convidou a pessoa errada para participar: o coronel Joaquim Pedro Dias Azevedo, comandante das brigadas de artilharia do Recife. Assim que soube, denunciou o movimento e partir de então soldados foram enviados às casas dos insurgentes para prendê-los e encontrar evidências. Os sediciosos mencionados, com exceção do tenente, foram expulsos da província por crime de lesa-majestade.
O complexo processo de emancipação brasileiro passou por diversas batalhas regionais, que envolveram disputas sociais, militares e políticas que não se restringiram à Corte do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas. Tampouco se encerraram com o “grito do Ipiranga” em setembro de 1822.
Disputas importantes ocorreram em províncias mais afastadas, como a formação do popular Exército Libertador, o cerco às tropas portuguesas na Bahia em 1823 e, no mesmo ano, a batalha às margens do rio Jenipapo no Piauí, que juntou as forças locais às cearenses e maranhenses. No entanto, é apenas em 1825 e depois de muitas colisões entre os dois lados que Portugal finalmente reconhece a derrota por meio do Tratado de Paz, Amizade e Aliança.
Revolução Liberal do Porto
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GOMES CABRAL, Flavio José. Os efeitos da notícia da revolução liberal do Porto na província de Pernambuco e a crise do sistema colonial no nordeste do Brasil (1820-1821). Fronteras de la historia, v. 11, 2006, p. 389-413.
Sem Nome, "Motim militar a favor da Constituição portuguesa em Pernambuco". Impressões Rebeldes. Disponível em: https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/revolta/motim-a-favor-da-constituicao-portuguesa/. Publicado em: 21 de abril de 2022.