Cacilda Francioni de Souza

ALVES, S.R. Música, docência e letras: no caminho de liberdade de Cacilda Francioni de Souza. Revista Transversos, n. 20, 2020. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/transversos/article/view/55243. Acesso em: 30 nov. 2022.
ALVES, S.R.; SILVA, A.L. da. O voo das graúnas: estudantes negras/os como intelectuais. Revista Brasileira de História da Educação, v. 22, 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbhe/a/QbV6DQQ7w8YSRm3YsGFgQWc/abstract/?lang=pt. Acesso em: 30 nov. 2022.
GUIMARÃES, A.; GUIMARÃES, E.R.R. “Noções de literatura nacional”: um compêndio para o ensino primário no século XIX. Scientia Plena, v. 7, n. 2, 2011. Disponível em: https://scientiaplena.emnuvens.com.br/sp/article/view/111/111. Acesso em: 30 nov. 2022.
MACHADO, Maria Helena P. T. Escravizadas, libertandas e libertas: qual liberdade? In: LIMA, Ivana Stolze; GRINBERG, Keila; REIS, Daniel Aarão (orgs). Instituições nefandas [recurso eletrônico]: o fim da escravidão e da servidão no Brasil, nos Estados Unidos e na Rússia. Rio de Janeiro: Fundação Casa de
Rui Barbosa, 2018, p. 327-338.
Cacilda Francioni de Souza
1858-1933, Rio de Janeiro, Brasil
educadora, abolicionista, escritora
Cacilda Francioni de Souza nasceu em 18 de junho de 1858 na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Não existem, na bibliografia, maiores informações a respeito de seus pais, sua origem social, infância ou adolescência. No entanto, sabe-se que frequentou o Conservatório de Música entre 1869 e 1874. Cacilda, uma mulher negra livre, atuava no magistério desde seus 17 anos, completos em 1875. Cinco anos depois, em 1880, casou-se com o abolicionista Vicente de Souza e, por intermédio dele, passou a frequentar as sessões abolicionistas e as “Conferências Emancipadoras”. Buscando uma melhor qualificação dentro da atuação docente, Cacilda frequentou a Escola Normal Livre, em 1875, e a Escola Normal da Corte, até 1887, aproximadamente.
Cacilda surge como presença permanente nas reuniões abolicionistas, fazendo apresentações musicais. Recebe, aliás, na Conferência de número 28 – promovida para destacar a atuação das mulheres nos encontros –, uma menção honrosa por sua participação na luta abolicionista, sendo oficialmente reconhecida como a primeira mulher a integrar o movimento. Além de se apresentar musicalmente nas reuniões, a ação de Cacilda também se dava em outros âmbitos, sendo profunda e combativa. Participou de várias associações abolicionistas mistas e exclusivamente femininas e chegou a assumir a diretoria executiva do Club Abolicionista José do Patrocínio. O Club – destinado apenas a mulheres e criado sob a proteção do capitão Emiliano Rosa Senna, sogro de José do Patrocínio – realizava eventos, recolhia arrecadações pela causa, entregava cartas de liberdade, entre outras ações. Por sua atuação abolicionista, Cacilda também foi eleita sócia benemérita do Club Central dos Libertos, em 1882.
A participação de Cacilda também possibilitou o surgimento de nomes como os de Joronyma Moraes Sarmento, D. Engelina Accioli, Alice Clapp, Eugenia Baldraco, Carlota Luiz, Luiza Regadas, Luiza Mallio, Esmeralda A. Marques, Honorina Rosa Ferreira e Joanna Midosi dentro do movimento abolicionista. Outra mostra de sua importância foi a homenagem recebida pela educadora na inauguração do Club Central dos Libertos, em 1882. Cacilda associou sua luta abolicionista com seu trabalho no magistério. Em 1881, trabalhava como docente na Escola Pública da Freguesia da Candelária e sua atuação como professora era registrada em periódicos da época. Ainda no magistério, Cacilda assumiu a direção interina da 2ª Escola Primária de Meninas da Freguesia de Santana, entre 27 de agosto e 9 de setembro de 1883.
Após a Abolição, Cacilda mantém seu trabalho no magistério assumindo, em 1890, a diretoria da 2ª Escola Feminina Primária do 2º Grau, e se tornando membro do Conselho Diretor de Instrução Primária e Secundária do Distrito Federal. Em 1892, assume as cadeiras de português e caligrafia e a direção da Escola para Meninas. Ao longo de sua gestão, a escola é vista como referência. Em 14 de abril de 1897, Cacilda assume a cadeira de português e literatura na Escola Normal da Corte. Cacilda é nomeada juntamente com o professor Hemetério dos Santos – abolicionista e importante nome da educação na cidade carioca.
Em 1895, Cacilda escreve sua primeira obra, O ensino público primário na França e na Itália. No ano seguinte, 1896, publicou Noções de literatura nacional e, em 1902, Resumo da história literária. Cacilda publica, igualmente, Estudos sobre a poesia popular no Brasil, obra que foi adotada, em 1897, pelo Colégio Militar do Rio de Janeiro, mostrando sua importância e reconhecimento no meio educacional. Em maio de 1905, seu marido, o abolicionista Vicente de Souza, é preso por conspiração e falece três anos depois, em 1908. É nesse período, igualmente, que o nome de Cacilda deixa de figurar nos periódicos e sua atuação no magistério deixa de ser documentada. Em 1909, há registros de que a professora tenha passado a receber pensão de seu falecido marido. Em junho de 1929, recebe crédito especial pelos vencimentos deixados por Vicente de Souza. Cacilda Francioni de Souza faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 22 de junho de 1933.
O ensino público primário na França e na Itália (1895)
Noções de literatura nacional (1896)
Estudos sobre a poesia popular no Brasil (1897)
Resumo da história da literária (1902)
História literária (1906)
Literatura nacional (1906)