Ramón Emeterio Betancès

http://www.proyectosalonhogar.com/descubridores_exploradores/Betances.htm. Acesso em: 30 nov. 2022.
Fonte da Fotografia
http://www.proyectosalonhogar.com/descubridores_exploradores/Betances.htm. Acesso em: 30 nov. 2022.
Referências

ARPINI, A.M. Abolición, independencia y confederación: los escritos de Ramón Emeterio Betancès, “El Antillano”. Anuario de Filosofía Argentina y Americana, v. 25, p. 119-144, 2008.

CHAAR-PÉREZ, K. “A Revolution of Love”: Ramón Emeterio Betancès, Anténor Firmin, and affective communities in the Caribbean. The Global South, v. 7, n. 2, 2013, p. 11-36, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.2979/globalsouth.7.2.11. Acesso em: 3 out. 2022.

MATA, I.M. Raça e antiescravismo no Caribe espanhol: o ativismo de Antonio Maceo e Ramón Emeterio Betancès. Revista Brasileira de História, v. 41, n. 86, p. 13-37, 2021. 

SUÁREZ DÍAZ, A. El Doctor Emeterio Betancès y la abolición de la esclavitudPorto Rico: Editorial del Instituto de Cultura Puertorriqueña, 1980.

Ramón Emeterio Betancès

1827-1898, Cabo Rojo, Porto Rico

Médico, abolicionista, diplomata, romancista, poeta

Ramón Emeterio Betancès nasceu em 8 de abril de 1827 em Cabo Rojo, Porto Rico, foi filho de Felipe Betanzos Ponce e María del Carmen Alacán de Montalvo. Seu pai foi um comerciante nascido em Hispaniola (posteriormente República Dominicana) que, ao longo da vida, conquistou riquezas e se tornou proprietário de terras. Sua mãe faleceu quando o menino tinha apenas nove anos. Devido à condição financeira de seu pai, Betancès teve acesso à educação ao longo da vida e, com dez anos, foi enviado para estudar na França, tendo cursado medicina em Paris entre 1848 e 1855 e atuando como um dos primeiros higienistas sociais de Porto Rico.

Durante sua estadia na França participou ativamente da Revolução de 1848, que aboliu a escravidão nas colônias francesas, e esse momento de luta o ajudou a moldar o seu posicionamento político. Betancès retornou a Porto Rico em 1856 devido à epidemia de cólera. No seu retorno, fundou, em 1858, sociedades secretas abolicionistas que tinham como objetivo libertar recém-nascidos e ajudar escravizados fugitivos a se deslocarem para outros lugares.

Ao longo da sua vida e em diferentes lugares do mundo, Betancès,  lutou contra o colonialismo e a escravidão através da produção de textos políticos e da participação em reuniões que tinham como objetivo angariar fundos e armas para rebeldes. Um momento importante da sua luta ficou conhecido como o Grito de Lares, uma revolta organizada por ele e por Segundo Ruiz Belvis em setembro de 1868 na cidade de Lares; foi a maior revolta contra o governo espanhol e pela independência em Porto Rico, mas acabou fracassada.

Após o fracasso do Grito de Lares, Betancès se exilou nos EUA, onde se associou à Junta Revolucionária Cubana e continuou lutando pelo fim da escravidão nas Antilhas americanas e pela conquista das independências. Nesse período também trabalhou escrevendo e traduzindo tratados políticos e proclamações. Suas principais obras são: Toussaint Louverture, Les deux indiéns (1852), Un premio de Luis XIV (1853), Las cortesanas en París (1853), La vierge de Borinquén (1859), La botijuela (1863), El Partido Liberal, su progreso y porvenir (1869), Washington haitiano (1871) e Los viajes de Scaldado (1890).

Betancès elaborou uma agenda de luta pela independência e pela abolição da escravidão de forma transnacional. Defendia uma união entre Cuba, Haiti, República Dominicana e Porto Rico, ou seja, “as Antilhas para os antilhanos”. Ramón Emeterio Betancès morreu em 16 de setembro de 1898, com 71 anos, alguns dias após a anexação de Porto Rico aos EUA, deixando um grande legado na medicina, na literatura e principalmente na política. Atualmente, é considerado um símbolo porto-riquenho de sentimento nacionalista e o pai do movimento de independência e do abolicionismo em Porto Rico.