Benito Sylvain

KAREM, J. Haiti, Pan-africanism, and Black Atlantic Resistance writing. In: CALARGÉ, C. et al. (ed.). Haiti and the Americas. Jackson: University Press of Mississippi, 2013. p. 77-95. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/j.ctt24hw9b.7. Acesso em: 18 out. 2022.
MARTIN, T. Benito Sylvain of Haiti on the Pan-African Conference of 1900. In: MARTIN, T. The Pan-African connection: from slavery to Garvey and beyond. Dover, MA: The Majority Press, 1985. p. 201-216.
SIBEUD, E. Comment peut-on être noir? Le parcours d’un intellectuel haïtien de l’universalisme au panafricanisme à la fin du XIXe siècle. Cromohs, n. 10, p. 1-8, 2005.
Benito Sylvain
1868-1915, Port-de-Paix, Haiti
jornalista, diplomata, advogado, escritor, pan-africanista
Benito Sylvain nasceu em 21 de março de 1868 em Port-de-Paix, Haiti. Apesar de nascer e crescer no Haiti, completou seus estudos secundários no Collège Stanislas em Paris, e foi em Paris que Sylvain seguiu a carreira acadêmica, na Faculdade de Direito. Após a conclusão dos estudos, teve curta passagem como secretário da embaixada haitiana em Londres e, nessa mesma época, foi nomeado oficial da Marinha haitiana. Em 1890, ao retornar a Paris, fundou o jornal La Fraternité. Publicado entre 1890 e 1897, o periódico compartilhava com compatriotas haitianos discussões sobre a realidade haitiana e questões de raça.
Entre os anos de 1889 e 1890, Sylvain participou de uma conferência antiescravista na cidade de Bruxelas, e foi nesse evento que estreitou laços com o cardeal Martial Lavigerie, na época chefe da Igreja da África. Já em 1897, Sylvain estabeleceu relações com o imperador etíope Menelik II, no contexto de guerra entre a Etiópia e a Itália. Sylvain forneceu conselhos contra o colonialismo italiano e se tornou ajudante de campo do imperador da Etiópia; os etíopes venceram a batalha de Adwa e saíram vitoriosos da guerra.
Em 1900, Sylvain representou o Haiti e a Etiópia na Conferência Pan-Africana ocorrida em Londres e foi eleito presidente honorário da Associação Pan-Africana. Ele se tornou, assim, um importante nome na esfera antiescravista e pan-africanista. Em 1901, publicou sua principal obra, Du sort des indigènes dans les colonies d’exploitation (Sobre o destino dos nativos nas colônias de exploração). Esse livro é o aprofundamento da sua tese de doutorado, e discutiu o imperialismo europeu nas colônias de exploração e o preconceito racial sofrido pelas populações não brancas.
Benito Sylvain morreu em 3 de janeiro de 1915 em Bizoton, Haiti. É considerado pioneiro nas discussões do pan-africanismo - estabelecendo importante diálogo com W.E.B. Du Bois dentre outros. Ele deixou como legado um exemplo de resistência contra o imperialismo europeu que se configurava no continente africano, relacionando a experiência dos africanos com a experiência dos afrodescendentes na América.