Anténor Firmin

Foto DR, arquivos CIDIHCA.
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Referências

FLUEHR-LOBBAN, C. Anténor Firmin: Haitian pioneer of anthropology. American Anthropologist, v. 102, n. 3, p. 449-466, 2000. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/683404. Acesso em: 10 out. 2022.

MARQUES, P.M.; KOSBY, M.F. Anténor Firmin, Jean Price-Mars, Jacques Roumain: antropólogos haitianos repovoando as narrativas históricas da antropologia. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 35, n. 103, e3510404, 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/3510404/2020

MARQUES, P.M. Antenor Firmin x Arthur de Gobineau: a resposta do primeiro antropólogo haitiano ao eugenista francês em plena era do racismo científico. In: 
DIÁLOGOS COMPARTIDOS EN NUESTRAMÉRICA Actorías Intelectuales de Indígenas, Mujeres, Jóvenes y Afrodescendientes, 2021.

SILVA, R.J. da. Joseph Anténor Firmin: conflitos teóricos e políticos entre Haiti e França. Tese (Doutorado em Sociologia) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2020. Disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/69326. Acesso em: 30 nov. 2022.

TROITINHO, Bruna. Raça, colonialidade e poder desde Anténor Firmin. TESSITURAS | Revista de Antropologia e Arqueologia. V9 | N1 | JAN-JUN 2021, pp 281-300

https://www.haiti.org/antenor-firmin-2/ (Site consultado em 14/03/2023)

Anténor Firmin

1850-1911, Cabo Haitiano, Haiti

antropólogo, jornalista e político

Joseph-Anténor Firmin nasceu em 18 de outubro de 1850 em Cabo Haitiano, Haiti, em seio familiar modesto. Iniciou sua carreira aos 17 anos lecionando francês, grego e latim e também trabalhou como contador na Alfândega do Haiti. Fundou Le Messager du Nord jornal no qual em seus artigos já demonstrava sua sensibilidade à questão racial, e desde cedo também atuou politicamente por meio do Partido Liberal. Em 1879, Firmin tentou concorrer ao parlamento, mas foi malsucedido, partindo para Paris, onde se torna membro da Société d'Anthropologie

Na Franca, Firmin publicou seu primeiro livro em 1885, intitulado Da igualdade das raças humanas, onde opera um esforço em combater e demonstrar a ineficácia dos argumentos do racismo científico. Esse seu primeiro trabalho consiste basicamente em uma resposta ao livro Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas, do francês Arthur de Gobineau, publicado em 1855 e que se tornou um livro fundamental na consolidação do racismo científico.

Devido a esse trabalho de refutação da tese de Gobineau, Firmin foi ridicularizado no meio antropológico do período, por defender que todos os seres humanos, independente da raça, eram iguais. Apesar das críticas, Firmin foi considerado pioneiro no que tange a relação entre raça e antropologia física; também é considerado um dos primeiros antropólogos negros e seu trabalho foi reconhecido internacionalmente pela importância na discussão sobre questões raciais

Retornou ao Haiti em 1888, e em 1889 foi nomeado ministro das Finanças e das Relações Exteriores pelo então presidente Florvil Hyppolite. Permaneceu no cargo por dois anos e recebeu destaque pelo crescimento econômico do Haiti durante seu período de atuação. Após esse período de associação ao governo haitiano, Anténor Firmin viveu uma sequência de momentos de tentativas de se restabelecer politicamente no Haiti e de exílios forçados devido a essas tentativas. 

Além desse importante livro, outras obras do autor são Haïti et la France (1891), Une Défense (1892), Diplomate et diplomatie (1898), M. Roosevelt, Président des Etats-Unis et la République d’Haïti (1905) e Lettres de Saint-Thomas (1910).

Joseph Antenor Firmin morreu em 19 de setembro de 1911, em São Tomás, nas Ilhas Virgens Americanas. Deixou como legado para o mundo -  e principalmente para os haitianos-  uma mensagem da necessidade de se romper com a tirania e com os abusos políticos e uma contribuição de peso na proposição da igualdade racial.