Ida B. Wells-Barnett

LENGERMANN, Patricia M.; NIEBRUGGE, Gillian. Fundadoras de la sociologia yla teoria social 1830-1930. Madrid: Centro de Investigaciones Sociológicas,2019.
WELLS, Ida B. Crusade for justice. The Autobiography of Ida B. Wells. Chicago:University of Chicago Press, 1970.
https://primeirosnegros.com/ida-b-wells-barnett-pioneira-na-cruzada-pela-justica-aos-negros-dos-eua/ (site consultado em 02/05/2023)
https://www.britannica.com/biography/Ida-B-Wells-Barnett (site consultado em 02/05/2023)
https://www.nps.gov/people/idabwells.htm (site consultado em 02/05/2023)
Ida B. Wells-Barnett
1962-1931, condado de Marshall no Mississippi, Estados Unidos da América
jornalista, feminista, socióloga, sufragista
Ida Bell Wells-Barnett nasceu na cidade de Holly Springs, condado de Marshall no Mississippi, em 16 de julho de 1862 - pouco meses antes de Abraham Lincoln emitir a Proclamação de Emancipação que libertouos escravos nos territórios confederados. Filha de uma cozinheira e um carpinteiro, os pais de Ida eram ativos no Partido Republicano. O pai de Ida, James Wells, frequentou a Universidade Shaw (atualmente Rust College), em Holly Springs, e participava de discursos e manifestações políticas a favor de candidatos negros, apesar de nunca ter concorrido. Acabou largando os estudos para cuidar da família, mas nunca deixou a política de lado. Após a Guerra de Secessão (1861-1865), trabalhou para o avanço das conquistas de direitos para os negros. Sua filha Ida também frequentou a Universidade deShaw, mas foi expulsa por comportamento subversivo, após confrontar o presidente da faculdade. Quando Ida tinha 16 anos, visitou sua avó no Mississippi, lá ficou sabendo que a sua cidade natal Holly Springs estava sofrendo com uma epidemia de febre amarela.James Wells, sua esposa e o filho mais novo do casal acabaram morrendo durante essa epidemia, deixando Ida e mais cinco irmãosórfãos.
Ida Wells trabalhou como professora da educação básica e foi no ambiente escolar que seu interesse por política e questões raciais se aprofundou. Tudo começou quando percebeu a discriminação existente entre os salários dados aos professores brancos - cerca de 80 dólares por mês -, e aos dados para professores negros, apenas 30 dólares mês. Isso revoltou profundamente Ida, que passou a lutar por melhorias no sistema educacional, especialmente para os jovens negros. Em 4 de maio 1884 ,Ida Wells protagonizou um ato que anteciparia em mais de 70 anos o conhecido episódio de desobediência civil de Rosa Parks que deflagrou o boicote e as marchas de Montgomery.Em uma viagem de trem entre Memphise Nashville, o condutor mandou que Wells cedesseseu lugar na primeira classe do vagão feminino e fosse para o vagão de fumantes. Ao recusar-se a sair do lugar, Ida foi arrastada pelo maquinista e outros dois homens.
O acontecimento também foi um ponto de virada em seu engajamento político tanto comojornalista quanto como militante feminista e antirracista, formando em 1896 a Associação Nacional de Mulheres de Cor. Ida Wells tornou-se figura pública em Memphis depois do ocorrido, ao escrever um artigo contando do tratamento que recebeuno trem para o semanário The LivingWay.
Em 1889, Ida Wells tornou-se sócia e editora do jornal anti-segregação Free Speech and Headlight. Nesse veículo, ela enfatizava o “espetáculo público” que os linchamentos haviam se tornado.Em 1895, ela publicou o livro A Red Record, um trabalho jornalístico que tenta retratar a recorrência dos casos de linchamentos de pessoas negras nas principais cidades do Sul dos EUA durante o século XIX. Ida utilizou como fonte as estatísticaspublicadas pelos jornais da época. Seu objetivo era descrever e denunciar o que ela chamava de “Lei do Linchamento”. Sua sistematização desvelou um verdadeiro projeto de extermínio da população negra nos EUA. Por trás dessa “aparência” de fatos isolados de grupos mais radicalizados, o que é possível ver é não só a cumplicidade dos órgãos públicos e da sociedade (branca) com esses linchamentos, mas também seu papel ativo emcriar uma narrativa que justifique seus preconceitos baseadosem ideologias raciais.
Foi membra fundadora da da National Association for the Advancement of Colored People (NAACP) em 1909, tendo uma atuação contundente contra os linchamentos de pessoas negras que aconteciam nos estados do Sul dos Estados Unidos.Graças aos trabalhos de Ida Wells, mais de 6 mil negros deixaramMemphis e outros passaram a organizar boicotes contra estabelecimentos dos brancos. Em seus últimos 30 anos de vida, Ida trabalhou na reforma urbana e construiu sua família ao lado do jornalista, advogado e ativista pelos direitos civis, Ferdinand Barnett. Em 1930, Ida concorreu como candidata independente pela câmara de Illinois, mas acabou não sendo eleita. Apesar da derrota, tal ato fez dela uma das primeiras mulheres negras a concorrer pela legislatura estadual. Após sua aposentadoria, Ida começou a escrever sua biografia, Crusade for Justice (1928). Ela nunca finalizou a obra, pois morreu de insuficiência renal, em Chicago, em 25 de março de 1931, aos 68 anos. Foi sepultada no Cemitério de OakWoods, em Chicago.
The ArkansasRace Riot (Manuscript). 1920 – via Northern IllinoisUniversity Digital Library.
Mob Rule in New Orleans: RobertCharles and His Fight to Death, the Story of His Life, Burning Human Beings Alive,Other Lynching Statistics. 1900.
TheRed Record: TabulatedStatistics and AllegedCauses of Lynchingin the United States. 1895.
Southern Horrors: Lynch Law in All Its Phases. New York: New York Age Print. 1892 – via Schomburg Center for Research in Black Culture, Manuscripts, Archives and Rare Books Division, New York Public Library.
Crusade for Justice: The Autobiography of Ida B. Wells. 1970 — via The University of Pennsylvania School of Arts and Sciences.