Francisco Paula Brito

Francisco Paula Brito
Referências

Martins, Bruno Guimarães; Schøllhammer, Karl Erik. Corpo sem cabeça: Paula Brito e a Petalógica. Rio de Janeiro, 2013. 267 p. Tese de Doutorado – Departamento de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. 

GODOI, R. C. de. Um editor no Império: Francisco de Paula Brito (1809-1861). São Paulo: Edusp, 2016.

GONDIM, Eunice Ribeiro. Vida e obra de Paula Brito: Iniciador do movimento editorial no Rio de Janeiro (1809-1861). Rio de Janeiro: Livraria Brasiliana Editora, 1965. 

Pinto, Ana Flávia Magalhães. De Pele Escura e Tinta Preta: a imprensa negra do século XIX (1833-1899). Mestrado. Universidade de Brasília, 2006

http://www.omenelick2ato.com/historia-e-memoria/admiravel-paula-brito (site consultado em 02/05/2023)

https://primeirosnegros.com/francisco-de-paula-brito-primeiro-grande-editor-do-brasil/ (site consultado em 02/05/2023)

http://www.museuafrobrasil.org.br/pesquisa/hist%C3%B3ria-e-mem%C3%B3ria/historia-e-memoria/2014/12/30/francisco-de-paula-brito (site consultado em 02/05/2023)

Francisco Paula Brito

1809-1861, Rio de Janeiro, Brasil

jornalistas, escritor, editor, tipógrafo, dramaturgo, tradutor

Francisco Paula Brito, publicamente conhecido por Paula Brito nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1809, de ascendência humilde, filho de Jacinto Antunes Duarte e de Maria Joaquina da Conceição Brito. Não teve uma educação formal, aprendeu a ler com sua irmã.

Iniciou sua trajetória como aprendiz de arte gráfica na Tipologia Nacional, também teve experiências na tipografia de Pierre Plancher, fundador do O Jornal do Comércio, com múltiplas funções: compositor gráfico, diretor de prensa, redator, tradutor e contista (1827-1830). O ano de 1830 foi um marco na sua história, já que foi nesse ano que ele comprou de seu primo Silvino de Almeida Brito, uma loja de encadernação de livros. A loja ficava na Praça da Constituição - atualmente a Praça Tiradentes – num ponto bem localizado. Paula Brito transformou sua loja na Tipografia Imparcial de Brito, um espaço de negócios, no qual funcionava uma livraria e uma editora. Essa escolha fez de Paula Brito o primeiro editor negro do país. 

Sua inserção social se deu em um ambiente formado por intelectuais, políticos, médicos, advogados e poetas. Não por acaso, Paula Brito fundou a Sociedade Petalógica do Rossio Grande que reunia toda a elite da época, se tornando um espaço no qual muitas insatisfações políticas eram manifestadas. Ampliando suas redes de negócios, criou em 1848 a Loja do Canto, e em 1850 fundou a Imperial Tipografia Dois de Dezembro, Tipografia que foi escolhida como impressor oficial da Casa Imperial por D. Pedro II.

Jornalista inveterado, em 1832 redigiu e publicou a primeira revista focada na questão feminina, intitulada “A mulher do Simplício” ou “A Fluminense Exaltada”. Em setembro de 1833 Brito inaugurou o periódico,’’ O Homem de Cor ", conhecido também mais tarde por “O mulato " – o primeiro jornal da imprensa negra do Brasil. Redigido por Lafuente e outros intelectuais negros de renome, o jornal se dedicava à luta pela igualdade de todo cidadão brasileiro na ocupação de cargos públicos, civis e militares. Foi um principais articuladores e intelectuais que pensava a questão racial no Brasil de então.

Francisco de Paula também foi vanguardista como escritor, o que fica evidente nos contos que publicou no Jornal do Comércio: ‘’O enjeitado‘’, ‘’A mãe-irmã’’(1839) e ‘’A revolução póstuma’’(1839). Também teve participação na publicação de importantes obras, tais como ‘’A festa e a Família na Roça’’(1840), ‘’Poeta e a Inquisição’’(1839) de Gonçalves Magalhães, e o poema “Ela”(1855) e a peça “Desencantos” (1861)  de Machado de Assis- de quem foi o primeiro editor.

Pioneiro nas transformações e reconfigurações da imprensa e na literatura brasileira, em tempos difíceis de insatisfação política no período imperial, foi precursor na imprensa negra no Brasil e um dos principais editores de sua época, como também jornalista, escritor, poeta, dramaturgo, tradutor e letrista.  São quase 400 publicações feitas por ele, com temáticas variadas. Ele morreu em 15 de dezembro de 1861, em sua casa, deixando um legado no mercado editorial, na imprensa e na literatura que não seriam as mesmas sem seus trabalhos.