André Rebouças

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André Rebouças
1838-1898, Cachoeira, Brasil
Engenheiro, escritor e abolicionista
Filho de Antônio Pereira Rebouças – homem negro, autodidata, deputado e conselheiro do Império – e Carolina Pinto Rebouças – mulher negra, filha do comerciante André Pinto da Silveira – André Pinto Rebouças nasceu na cidade de Cachoeira, na província da Bahia (BA), no dia 13 de janeiro de 1838. Em fevereiro de 1846, a família mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro (RJ). Alfabetizados pelo próprio pai, os irmãos André e Antônio Rebouças iniciaram sua vida estudantil no Colégio Camilo Terturiano Valderato, entre os anos de 1847 e 1848. Já entre os anos de 1849 e 1852, André foi interno no Colégio de Henrique Köpke, na cidade de Petrópolis (RJ). Logo após, se preparou com professores particulares para passar pelo processo seletivo da Escola Militar. Em 1856, se alistou no Exército como recruta e, três anos depois, se matriculava na Escola Militar – onde também estudou seu irmão.
Nesse período, André Rebouças atuava como professor particular em preparatórios para a Escola Militar e lecionava em colégios particulares da cidade do Rio de Janeiro – lecionando, inclusive, no Colégio Aquino, onde possivelmente conheceu José do Patrocínio. Em 1859, graduou-se em ciências físicas e matemáticas e, em 1860, concluiu a formação de engenheiro militar na Escola Militar da Praia Vermelha. Após terminar o curso, o jovem pleiteou uma bolsa de estudos para a Europa por meio da própria instituição, mas seu pedido é negado. Entre fevereiro de 1861 e novembro de 1862, André Rebouças estudou na Europa, a fim de estudar teoria e prática de engenharia civil. Seu irmão, Antônio Rebouças, o acompanhou nessa viagem.
Ao retornarem, em 1863, os irmãos assumiram funções públicas comissionadas e executaram vistorias de diversas obras, como a construção da Estrada de Ferro de Campinas a Limeira e Rio Claro – na província de São Paulo – e da Rodovia Antonina-Curitiba – localizada na província do Paraná. Entre maio de 1865 e julho de 1886 André Rebouças serviu na Guerra do Paraguai como engenheiro militar. Ao retornar ao Rio de Janeiro continuou atuando no planejamento e execução de obras públicas e passou a ministrar aulas na Escola Politécnica. Nesse período, o engenheiro iniciou a divulgação de suas ideias abolicionistas. André Rebouças lutou para que seus projetos de modernização da infraestrutura do país fossem aceitos no Parlamento – sendo reconhecido pela construção das Docas da Alfândega, da Companhia Docas D. Pedro II e pelo plano de abastecimento de água da cidade do Rio de Janeiro.
Ao longo da década de 1870, André viajou mais uma vez para a Europa e também para os Estados Unidos, a fim de aprofundar seus estudos e conhecimentos em engenharia. A estadia nos Estados Unidos foi fundamental para aprofundar seus questionamentos sobre o racismo, já que lá ele foi vítima de discriminação racial. Nessas viagens, seu contato com novas ideias no campo empresarial e econômico aguçou sua preocupação com as questões sociais e os impactos da engenharia civil na vida cotidiana dos indivíduos. Possivelmente, é esse contato com a intelectualidade que permite que o engenheiro mergulhe na campanha abolicionista ao longo da década de 1880. Envolveu-se, então, na fundação da Sociedade Brasileira contra a Escravidão – juntamente com Joaquim Nabuco e José do Patrocínio – e da Sociedade Abolicionista. Também participou na fundação da Sociedade Central de Imigração – juntamente com Afonso Taunay –, da Sociedade Central Emancipadora – juntamente com Nicolau Moreira e Vicente de Souza – e da Confederação Abolicionista – com José do Patrocínio. Nesse período, publicou muitos artigos defendendo o abolicionismo no periódico Gazeta da Tarde.
Nos escritos de André Rebouças era nítida, igualmente, sua preocupação com o contexto do pós-Abolição. O seu plano de Abolição – rejeitado pelos membros do Partido Republicano na época – incluía uma reforma agrária com redistribuição de terras para os libertos, a fundação de cooperativas de camponeses e salário mínimo para os trabalhadores rurais e a criação de um imposto territorial sobre fazendas improdutivas. André Rebouças possuía profundas relações com a família imperial brasileira, principalmente com D. Pedro II. Assim, após a Proclamação da República, em 1889, o engenheiro exilou-se com eles na Europa. Permaneceu em Lisboa por 2 anos e atuou como correspondente do jornal londrino The Times. Com a morte de D. Pedro II, Rebouças transferindo-se para Cannes, na França. Em 1892 foi viver em Luanda, Angola, e em 1893, mudou-se para Funchal, na ilha da Madeira. André Rebouças faleceu em 9 de maio de 1898, próximo a sua residência. Até hoje a causa de sua morte não foi esclarecida.
Manifesto da Confederação Abolicionista do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Typographia. da Gazeta da Tarde, 1883. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/174454. Acesso em: 30 nov. 2022.