Marcus Garvey

GARVEY, Amy Jacques. Garvey and Garveyism. Londres: Collier-MacMillan, 1968.
DOMINGOS, Petrônio. O “Moisés dos Pretos”: Marcus Garvey no Brasil. Novos estudos CEBRAP , SÃO PAULO , V36.03, pp.129-150, novembro 2017.
RABELO, Danilo. Um balanço historiográfi co sobre o Garveyismo às vésperas do centenário da UNIA. Revista Brasileira do Caribe, São Luis-MA, Brasil, Vol. XIII, nº26, Jan-Jun 2013, p. 495-541
https://primeirosnegros.com/marcus-garvey/ (site consultado em 10/04/2023)
https://www.britannica.com/biography/Marcus-Garvey (site consultado em 10/04/2023)
Marcus Garvey
1887-1940, Saint Ann’s Bay, Jamaica
liderança política jamaicana, “Moisés negro”
No dia 17 de agosto de 1887 em Saint Ann’s Bay, Jamaica, nascia Marcus Mosiah Garvey, numa família com relativas condições financeiras, o que lhe permitiu acessar outros espaços sociais e exercer trabalhos mais especializados. Garvey trabalhou em Kingston, onde se envolveu com a luta política sindical, chegando a viajar para outras regiões do Caribe e América Latina – onde testemunhou a precária situação dos trabalhadores descendentes de africanos em diversos locais –, e para a Inglaterra.
Em 1914, Garvey fundou a AUPN (Associação Universal para o Progresso Negro), organização que tinha como objetivo cuidar da ascensão social do povo negro, ampliar a consciência africana, lutar pelo fim do imperialismo europeu na África e o disseminar do orgulho negro. Apesar das ideias de libertação e da sua contribuição para o aumento do sentimento de orgulho e dignidade dos negros, Marcus Garvey é uma figura do movimento negro repleta de contradições, chegando a compartilhar o separatismo racial, na mesma chave defendida pela Ku Klux Klan.
O impulso obtido com a AUPN e com a criação do jornal Negro World, editado por sua esposa Amy Garvey, ampliaram as vozes negras, porém as ideias de Garvey apresentavam a faceta consideradas reacionária por parte do movimento negro de então. Dito como um fundamentalista negro, Garvey chegou a condenar a impureza de negros mestiços, e nos Estados Unidos criticou abertamente a National Association for the Advancement of Colored People (NAACP) sob o pretexto de ser assimilacionista. Autoproclamou-se presidente provisório da África, com o objetivo de livrar o continente do imperialismo para salvaguardar os valores africanos e a pureza da raça, porém, apesar de ter feito inúmeras viagens pelas Américas, não chegou a visitar o continente africano.
Garvey teve problemas com a Justiça, ao ser descoberta fraude na venda de ações de suas empresas, que faziam parte do projeto de desenvolvimento para a população afrodescendente, e atribuiu a culpa principalmente aos judeus, demonstrando ter também um pensamento antissemita. Após acusações de fraude e de antissemitismo, Garvey se mudou para Inglaterra, onde tentou instalar a AUPN, porém não obtém sucesso. As razões para tanto se deveram ao significativo afastamento ideológico e político entre ele e a maioria dos ativistas e cidadãos negros politicamente ativos da Inglaterra, mais influenciados pelo socialismo e por um nacionalismo negro não reacionário nem supremacista. Marcus Garvey morreu em Londres, em 1940, e seus restos mortais foram levados de volta à Jamaica anos depois.