Booker T. Washington

GLEDHILL, Sabrina. Expandindo as margens do Atlântico Negro: leituras sobre Booker T. Washington no Brasil. Revista de História Comparada, Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, p. 122-148, 2013.
https://www.britannica.com/biography/Booker-T-Washington (site consultado em 10/04/223)
https://www.tuskegee.edu/discover-tu/tu-presidents/booker-t-washington (site consultado em 10/04/223)
Booker T. Washington
1856-1915, condado da Virginia, Estados Unidos da América
educador, autor e orador, líder e representante afro-americano no pós-Abolição
Nascido escravizado em 1856 no condado da Virginia, Booker, filho de uma trabalhadora escravizada de nome Jane, conseguiu beneficiar-se de algumas chances de ascensão social que surgiram com o fim da Guerra de Secessão (1861-1865). Libertos no contexto da proclamação da emancipação na guerra civil, Booker e sua mãe se mudaram para West Virginia, onde passaram a viver com o marido dela, Washington Ferguson.
Durante esse período, o jovem Booker teve oportunidade de trabalhar e ajudar a família e, principalmente, estudar. Estudou no Hampton College, uma das instituições que passou a receber afrodescendentes no pós-Abolição. Após sua formatura, Booker passou a trabalhar com educação, lecionando nessa mesma instituição, com a formação de crianças e adultos, e posteriormente assumindo a liderança do Tuskegee Institute, outra escola técnica voltada a afrodescendentes, onde trabalhou como diretor até o fim de sua vida, em 1915.
O sucesso de seu trabalho na promoção da instituição o alçou a postos políticos de grande importância, servindo de exemplo para muitos afro-americanos e mesmo aconselhando governantes norte-americanos. Apesar dos seus trabalhos de promoção do cidadão negro estadunidense, Booker era altamente criticado por figuras como o intelectual W.E.B. Du Bois. Booker T. Washington auxiliou na criação de uma massa trabalhadora negra qualificada, mas não intelectualizada, e via na meritocracia a saída para a opressão vivida socialmente, o que para Du Bois era uma das marcas principais da subordinação e adequação aos moldes dos brancos, que minava uma reivindicação maior e mais radical do povo negro nos EUA.
A meritocracia como característica pode ser vista no montante de suas obras escritas, nas quais o esforço pessoal é colocado como fator de autopromoção e libertação, narrativa reiterada em seus discursos na instituição que geria. Da sua produção escrita, os dois principais textos são The Future of American Negro (1899) e sua autobiografia Up from Slavery (1901), ambos focalizando principalmente as dificuldades, desafios e a centralidade da educação para o fim da desigualdade racial.