Maria Firmina dos Reis

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Maria Firmina dos Reis
1822-1917, São Luís, Brasil
professora, escritora, jornalista, abolicionista
Maria Firmina dos Reis nasceu em 11 de março de 1822 na cidade de São Luís, na província do Maranhão. Filha da escravizada alforriada Leonor Felippa dos Reis e de João Pedro Esteves – homem de posses e sócio do comendador Caetano José Teixeira –, Maria Firmina dos Reis é considerada a primeira romancista brasileira. O seu contato com a literatura se deu na década de 1830, logo depois do falecimento de sua mãe. Nesse período, Maria Firmina foi morar na Vila de São José dos Guimarães com a família de sua tia materna. Seu tio – o professor, gramático e filólogo Sotero dos Reis – participava dos círculos letrados maranhenses e teve grande importância em seu processo de alfabetização.
O contato com o mundo letrado fez com que Maria Firmina se encantasse pela literatura e se tornasse a primeira mulher a ser aprovada em um concurso público no Maranhão, em 1847. Assim, aos 25 anos, Maria Firmina passou a ocupar a cadeira de Instrução Primária da Vila de São José de Guimarães (MA). Ao longo de sua carreira, Maria Firmina colaborou para importantes periódicos maranhenses da época, tais como A Verdadeira Marmota, Semanário Maranhense, O Domingo, O País, Pacotilha e O Federalista. Além da circulação de suas produções nos periódicos, Maria Firmina também teve importante atuação na área da educação, ao criar, em 1885, a primeira escola mista do Brasil, destinada a meninas e meninos na região de Maçaricó (MA).
Sua obra intitulada Úrsula (1859) é uma de suas produções de maior destaque. Neste romance, Maria Firmina apresenta reflexões e críticas acerca da opressão sofrida por africanos e afro-brasileiros na sociedade brasileira do século XIX, sendo considerado o primeiro romance abolicionista a ser escrito por uma mulher latino-americana. Expondo as bases escravistas e patriarcais desta sociedade, Maria Firmina inova pela sua inclusão de personagens negros enquanto protagonistas de seu romance. Já em 1861, Maria Firmina publica o seu conto “Gupeva” em formato de folhetim em periódicos da época. Nesse conto, Maria Firmina conta a história da indígena Gupeva e de sua filha Épica. Cantos à beira-mar (1871) consiste em 56 poesias produzidas pela escritora em homenagem à sua mãe. Fundamentadas na temática da subjetividade feminina, essas poesias eram permeadas pelas questões do nacionalismo, da desesperança, da velada opressão patriarcal, assim como versavam sobre o mar, a praia e os amores não correspondidos.
Outro conto de destaque da autora foi publicado na Revista Maranhense. “A Escrava” foi lançado em 1887, trazendo contundentes críticas ao escravismo, num momento em que a luta abolicionista estava mais intensa. A voz da mulher escravizada e abolicionista também são destaques deste conto, que expunha algumas das duras realidades da escravidão: os castigos físicos, a falta de liberdade e os momentos de separação entre mães e filhos. Não por acaso, Maria Firmina também é compreendida como importante intelectual do movimento abolicionista, tendo sido a autora do Hino da libertação dos escravos em 1888. Outra aspecto que demonstra a criticidade do seu pensando, diz respeito à maneira como entendia a África. Numa época em que a maior parte dos intelectuais apontavam o continente africano como sinônimo de atraso e incivilidade, Maria Firmina defendia que a África era um espaço de civilização e liberdade.
Mesmo idosa, Maria Firmina continuou atuando nos jornais, e ao longo das décadas de 1880 e 1890, a escritora teve seus textos publicados no periódico Pacotilha (MA). Maria Firmina morreu em 11 de novembro de 1917, aos 95 anos.
Úrsula (1859)
“Gupeva” (1861)
Cantos à beira-mar (1871)
“A Escrava” (1887)