Manuel Querino

Manoel Querino
Fonte da Fotografia
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Referências

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http://www.dicionario.belasartes.ufba.br/wp/verbete/manuel-querino-manoel-raymundo-querino/  (Site consultado em 12/04/2023)

 

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Manuel Querino

1851-1923, Santo Amaro da Purificação, Brasil

pintor, desenhista, abolicionista, jornalista, político, intelectual

Filho do carpinteiro José Joaquim dos Santos Querino e Luzia da Rocha Pita – ambos negros livres –, Manuel Raimundo Querino nasceu na cidade de Santo Amaro da Purificação, na província da Bahia, em 28 de julho de 1851. Ficou órfão aos 4 anos de idade, quando seus pais faleceram em um surto de cólera. Em decorrência disso, foi levado por uma amiga da família para a cidade de Salvador. Ali foi recebido pelo bacharel Manuel Correia Garcia, professor aposentado da Escola Nacional de Salvador, que seu tutor. Aprendeu as primeiras letras com o professor e por intermédio dele deu início ao ofício de pintor. Através do contato com a família de Manuel Correia Garcia desenvolveu habilidades para desenho, ofícios manuais e artes.

Ainda jovem, Querino passou uma curta temporada nas províncias de Piauí e Pernambuco. No final década de 1860, foi recrutado para a Guerra do Paraguai e, por saber ler e escrever, atuou como escriba em seu quartel no Rio de Janeiro. Retornou à Bahia, em 1870, e passou a trabalhar como pintor e decorador. Nesse momento também se dedicou ao estudo de francês e de humanidades, no Liceu de Artes e Ofícios da Bahia. Querino também frequentou o curso de desenho e arquitetura na Academia de Belas Artes e ganhou prêmios e reconhecimento em exposições e concursos dos quais participou. Foi autor do que é considerado o primeiro tratado sobre desenho gráfico no Brasil “Desenho linear das classes elementares “ publicado em 1903.

Inicia sua vida política por intermédio do seu padrinho, o conselheiro Manuel Pinto de Souza Dantas, chefe do Partido Liberal. A partir desse momento, Querino passa a ter importante atuação na luta abolicionista e no movimento republicano. Foi ativo na Sociedade Libertadora Baiana e teve artigos publicados no periódico Gazeta da Tarde. Seus textos denunciavam o absurdo da escravidão e anunciavam a necessidade de uma abolição imediata. Apesar de toda sua atuação intelectual e artística, Manoel Querino se identificava como operário e artesão. No ano de 1875, participou – juntamente com outros operários – da criação da Liga Operária Baiana.

A criação da Liga Operária Baiana possibilitou a reunião de operários da construção civil no sentido de derrubar o monopólio dos arrematantes de obras, permitindo que os operários também tivessem espaço no mercado de trabalho, realizando obras particulares e para o governo. A Liga se desfaz no final de 1870. No ano de 1887, Querino lançou o periódico A Província, que funcionou de 20 de novembro de 1887 até finais de 1888. Um ano após a proclamação da República, em 1890, o pintor tornou-se membro do diretório geral do Partido Operário e tomou parte no Conselho Municipal de Salvador em dois momentos diferentes: o primeiro, entre 1890 e 1891; o segundo, entre 1897 e 1899. Em 1892, Querino fundou outro periódico para defender a causa dos operários, O Trabalho.  Ainda na década de 1890, se tornou funcionário público no cargo de 3º oficial da Secretaria da Agricultura e se elegeu vereador na Câmara Municipal de Salvador.

No início do século XX, Manoel Querino decidiu abandonar a política e se dedicar ao estudo das manifestações populares e da cultura afro-brasileira. Nesse período produziu obras que tinham como intuito enfatizar a contribuição do negro na sociedade brasileira, destacando as influências negras em diversos segmentos da cultura – tais como dança, arte e religião –, e na própria formação histórica da nossa identidade nacional, atuando como um verdadeiro etnógrafo. Obras como “A Bahia de Outrora” (1916), “Raça africana e seus costumes na Bahia” (1916) e  “O colono preto como fator da civilização brasileira” (1918) permitem afirmar que Manuel Querino foi o primeiro intelectual a defender a positividade da herança e da presença negra e africana no Brasil.

No ensaio “O colono preto como fator da civilização brasileira”, Querino subverteu a lógica reinante ao apresentar a sociedade brasileira como fruto do trabalho negro, tanto daqueles que foram escravizados, como os libertos e livres. Além disso, ele frisou a debilidade da atuação portuguesa na elaboração de nossa riqueza cultural e classifica a virtude e a coragem como as preciosas contribuições africanas ao povo brasileiro. Nesta obra, Querino também versou sobre a formação da família e do afro-brasileiro. Manuel Raimundo Querino morre em14 de fevereiro de 1923, em sua casa em Matatu Grande, no distrito de Brotas (BA). Sua produção e contribuição foi reconhecida em vida, mas Querino permaneceu à margem do grupo seleto de intelectuais considerados fundamentais na compreensão do pensamento social brasileiro.

Publicações

Artistas baianos (1906)

As artes na Bahia (1909)

Bailes pastoris (1914)

A Bahia de outrora (1916)

“A raça africana e seus costumes na Bahia” (1916)

“O colono preto como fator da civilização brasileira” (1918)

 Costumes africanos no Brasil (publicado por Arthur Ramos, 1938)

A arte culinária da Bahia (1928)

Desenho linear das classes elementares (1903)

Elementos de desenho geométrico (1911)

“Um século de artes na Bahia” (incompleto)

“As modinhas baianas” (incompleto)

“Bailes pastoris – com música” (incompleto)

“O dia 2 de julho de 1823” (incompleto)