Revoltas

Tumultos entre os membros da câmara e o governador Rui Vaz Pinto

Capitania Real do Rio de Janeiro (1567 – 1821)Rio de Janeiro

Início / fim

01 de julho de 1619 / 20 de junho de 1620

Data aproximada
Mapa de 1713 da cidade do Rio de Janeiro delimitada pelos morros do Castelo e de Santo Antônio à esquerda, e da Conceição e do São Bento à direita - Acervo do Serviço de Documentação da Marinha

No ano de 1619 o monarca Habsburgo Filipe III deixava Madri para visitar Lisboa com toda pompa e cerimônia, reiterando o papel fundamental que Portugal mantinha dentro da união das coroas portuguesa e espanhola, vigente desde 1580. A ocasião dessa visita ilustre podia tanto fortalecer os laços entre as partes, pois quanto mais próximos do monarca maior o prestígio dos portugueses, como podia representar fragilidade, já que quanto mais distantes menor seria sua relevância no jogo político com o centro do poder na Espanha.

Enquanto na corte portuguesa se disputava a atenção do rei, na cidade do Rio de Janeiro outras eram as preocupações. O titular da capitania vivia em conflito permanente com a câmara desde os primeiros dias de sua gestão em 1617, mas dois anos depois o governador Rui Vaz Pinto elevou esse atrito a uma temperatura máxima. O clima entre os oficiais da câmara e a alta autoridade nos anos iniciais chegou a motivar uma reprimenda formal a Vaz Pinto por parte do governador-geral do Brasil, com sede na Bahia, que atendia então às diversas reclamações apresentadas por parte dos oficiais camarários que o acusavam de alienação de seu juízo e incapacidade administrativa.

A combinação entre o desgosto com essa reprimenda recebida de seu superior e o ímpeto conflitivo que o consumia fez o governador do Rio de Janeiro reagir mal, emitindo uma ordem de prisão contra o juiz ordinário da câmara. Ele não só foi colocado a ferros na cadeia como deveria sofrer o degredo para as terras do Maranhão.

Tais medidas causaram alvoroço, inclusive por parte dos populares no segundo semestre de 1619. As cenas desencadeadas a partir de então ilustram bem a tensão daqueles dias: os membros da câmara, secundados por várias pessoas, dirigiram-se para a cadeia pública retirando de lá o juiz ordinário, que aguardava o degredo. Como num ringue, o governador respondeu de imediato com outro golpe, mandando prender novamente o oficial camarário, dessa vez em um local diferente, com sentinela à vista. Repetia o mesmo que havia feito anos antes Afonso de Albuquerque – antigo governador da mesma capitania – que requisitou a presença de moradores da urbe, sob pena de multa pecuniária, para servirem de guarda-costa, com a diferença de que estes deviam montar guarda na porta do governador.

Corria na cidade que Rui Vaz Pinto já não gozava de seu perfeito juízo, razão pela qual demonstrava nessas situações um gênio belicoso, sendo ainda infenso a qualquer tipo de reprimenda.

Aparentemente conformados com esse tipo de personalidade todo o imbróglio com o prende-e-solta do juiz da câmara da cidade foi resolvido de maneira cômoda: deixando-se o tempo passar até esgotar o mandato do governador, que durou de 1617 até o dia 20 de junho de 1620.

Fernando Pitanga

doutorando do PPGH da UFF e colaborador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ-CNE/2018-2021

Números da Revolta

Aproximadamente aproximadamente 1 ano. término da revolta é o fim do mandato do governador de duração
20 participantes

Grupos sociais

Autoridades

Lideranças

Bibliografia Básica

COARACY, Vivaldo. O Rio de Janeiro do século XVII: raízes & trajetória. 3 ed. Rio de Janeiro, Documenta Histórica, 2009, p. 53-54.

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Como Citar

Sem Nome, "Tumultos entre os membros da câmara e o governador Rui Vaz Pinto". Impressões Rebeldes. Disponível em: https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/revolta/tumultos-entre-os-membros-da-camara-e-o-governador-rui-vaz-pinto/. Publicado em: 05 de abril de 2022.